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Língua Estrangeira Moderna

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LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA

LIANI FERNANDES DE MORAES

 

  • OACESSOA QUESTÕESDERELEVÂNCIA SOCIOCULTURAL
  • SELEÇÃO, LEITURAE COMPREENSÃO DE TEXTOS
  • A PARTICIPAÇÃO EM UM PROJETO MULTIDISCIPLINAR
  • UM VEÍCULO DE INTERCÂMBIO E PROPAGAÇÃOCULTURAL

 

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA                                                            

 

MÓDULO1

OACESSOA QUESTÕESDERELEVÂNCIA SOCIOCULTURAL

 

 

O aproveitamento dos conhecimentos de nossos alunos, bem como de suas ex- periências, suas opiniões e seus gostos pessoais, aliado à escolha de textos signi- ficativos, contribuirá para aproximá-los de outros saberes e culturas, refletindo sobre as mudanças necessárias.

 

Tempo previsto: 16 horas

Finalidades do Módulo

Valorizar o uso da Língua Estrangeira Moderna como meio de acesso a questões socioculturais relevantes.

Escolher textos próximos do universo de interesses dos alunos do Ensino Médio que sejam significativos do ponto de vista sociocultural.

Criar condições de aproximação dos alunos com outras culturas e outros sa- beres.

Valorizar os conhecimentos dos alunos e favorecer o uso da Língua Estrangeira Moderna para ampliar esses conhecimentos e tomar consciência de outras rea- lidades.

Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:

  • perceber em que medida os enunciados refletem a forma de ser, pensar, agir e sentir de quem os produz;
  • perceber a Língua Estrangeira Moderna como veículo de acesso a outras culturas e outros grupos sociais, usufruindo do patrimônio nacional e internacional;
  • desenvolver a competência sociolingüística e outorgar importância a questões socioculturais, no sentido de eliminar estereótipos e preconceitos;
  • reconhecer a linguagem e suas manifestações como fontes de legitimação de acor- dos e condutas sociais (uso de variantes lingüísticas, expressões dialetais ).

 

Conceitos

Texto. Contexto.

Identificação de temática.

Materiais necessários

Dicionário Inglês-Português (um para cada grupo). Lousa e giz.

Caderno, lápis e caneta.

Anexos do Módulo 1 de Língua Estrangeira Moderna. PCNEM.

 

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Dinâmica de trabalho

 

Atividade 1

Distribua o Anexo 1 (página 130) para os professores lerem, em grupos de quatro ou cinco.

Entregue depois o Anexo 2 (página 131) e dê um tempo para lerem o poema. Explique em seguida que cada grupo discutirá as questões abaixo, ficando um de seus membros encarregado de registrar as respostas.

  1. Caracterizar Nellie Wong quanto a sua nacionalidade, local onde vive e cultura a que
  2. Justificar as razões socioculturais para os nomes ‘Nellie’, ‘Nah Lei’ e ‘Lai Oy’.
  3. Explicar, no contexto do poema, a razão da frase de Nellie: “I did not look my parents in the eye” .
  4. Identificar algumas conclusões que podem ser depreendidas, do ponto de vista sociocultural, a respeito da mudança pela qual Nellie passou após a adoção do nome ‘Lai Oy’.
  5. A partir do poema de Nellie Wong, justificar as afirmativas de Francisco Martins relacionadas no quadro (Copie os trechos na lousa.)

Quando terminarem, socialize as respostas dos grupos, estimulando os comen- tários e comparações. Registre na lousa um resumo das conclusões.

Espera-se que o grupo conclua que o poema incorpora, de forma explícita, os seguintes aspectos do contexto cultural:

  • O costume asiático de nomear pessoas, especialmente mulheres, a partir de carac- terísticas estéticas fica claro na escolha do nome ‘Lai Oy’, isto é, ‘Beautiful Love’.
  • A adoção de um nome inglês em países de língua inglesa é comum para nomear indivíduos oriundos de outras culturas – como forma de aproximação, para facilitar a pronúncia, por identificação com valores do país de adoção, ou superação de diferenças, como é o caso de

 

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LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 1                                            

 

 

  • O fato de não olhar seus pais nos olhos, e sentir-se na obrigação de justificar a escolha do nome ‘Nah Lei’, pela professora, revela o comportamento submisso de Nellie, obediente à expectativa das famílias orientais no relacionamento entre pais e
  • Por ser o chinês uma língua tonal, há a referência de que, além de ‘Beautiful Love’, ‘Lai Oy’ também pode significar ‘Lost Pocket’, “depending on the heart of a conversation ”.

 

Atividade 2

Distribua o Anexo 3 (página 132) e diga para os grupos lerem o texto, procu- rando selecionar os aspectos que julgarem mais relevantes do ponto de vista da compreensão do universo social e cultural do outro, a partir das diferentes ma- nifestações da linguagem.

Quando terminarem, socialize a discussão e registre na lousa as observações que considerar mais importantes.

Entregue então o Anexo 4 (página 133) e diga para lerem o texto “ My Name” , de Sandra Cisneros.

Peça para os grupos analisarem e comentarem o texto, tendo em vista os aspec- tos relacionados abaixo; em cada grupo, um professor ficará encarregado de registrar as conclusões.

  1. Referências socioculturais do
  2. Aspectos depreciativos da condição feminina que transparecem no texto, e as for- mas pelas quais esses traços se manifestam em nossa

Anote no quadro-negro as respostas dos grupos e estimule o debate, com a comparação dos pontos de vista, procurando sintetizar o assunto.

Leve a turma de professores a observar como a leitura do texto permitiu que se aproximassem do universo emocional de Esperanza. A narrativa de experiências pessoais feita em primeira pessoa instiga a reflexão sobre as próprias formas de pensar e ver o mundo, em comparação com outras culturas diferentes.

 

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Atividade 3

Diga para os professores observarem as fotos do Anexo 5 (página 134)e faze- rem um levantamento dos múltiplos temas que essas imagens podem sugerir para trabalhar em sala de aula. Proponha que valorizem particularmente os as- pectos com desdobramentos de ordem lingüística, além das implicações políti- cas, sociais, econômicas e culturais.

Faça na lousa uma síntese dos comentários e amplie o debate, pedindo para identificarem outras situações relevantes do ponto de vista sociocultural que possam suscitar discussão nas aulas de Língua Estrangeira Moderna – principal- mente no sentido de buscar eliminar caracterizações depreciativas em situações de submissão e desigualdade. Além do desenvolvimento de aspectos metalingüísticos, essas situações devem contribuir de forma prática para oenri- quecimento cultural dos alunos.

As situações identificadas não devem se referir apenas ao Brasil, mas sim gerar uma reflexão sobre outras realidades. Mostre que os professores não devem se limitar a situações que envolvam aspectos negativos, referindo também experiên- cias sociais e culturais bem-sucedidas – por exemplo, no âmbito da ecologia, da integração social, de projetos educacionais etc.

Atividade 4

Distribua os Anexos 6, 7 e 8 (páginas 135-137)e diga para cada grupo escolher apenas um dos textos, e a partir dele planejar uma atividade que destaque o aspecto sociocultural do tema. A atividade poderá ser oral, escrita ou com re- cursos de qualquer outra linguagem (quadrinhos, colagem, dramatização etc.).

Quando terminarem, promova a discussão coletiva, incentivando cada grupo a expor suas sugestões. Ressalte a importância de, nas aulas de Língua Estrangei- ra Moderna, levar os alunos a:

  • conhecer outras culturas e formas de encarar a realidade;
  • usar um idioma estrangeiro objetivando a comunicação real;
  • perceber o processo dinâmico que caracteriza o evoluir lingüístico (uso de gírias, dialetos, expressões de origem técnico-científica, variantes lingüísticas, expressões coloquiais e dialetais).

Proponha aos professores que explicitem formas de efetivar essas ações na prática da sala de aula e sintetize na lousa as conclusões que achar mais interessantes.

 

 

                               Para encerrar, recolha os Anexos.            

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Anexo 1

O nome próprio é mais que um signo ou um significante: ele é um texto

 

Sem dúvida, o nome, antes de mais nada, é uma palavra que tem um cunho bastante peculiar. […] Não podemos aceitar a idéia simplória e cartesiana de que o nome é somente um sinal que marcaria o outro, como um estímulo qualquer. Ele ultrapassa essa visão reducionista.

Dentro de um berçário, um neófito pode pensar que ‘todos os bebês’ são iguais. Ledo engano. Os humanos se afligem em logo tentar distinguir aquele corpo, o bebê, com uma marca distintiva, seja uma camisola, um bracelete com um número, um colar, ou então um nome: traço pretendidamente definitivo. É certo que esta marca servirá para o chamamento e identificação daquele pequeno ser humano. No en- tanto, o nome próprio transborda de muito esta perspectiva de servir somente para referência do sujeito. Em breve ele passará a construir o cerne daquilo que o sujeito mais preza: o seu próprio Eu.

Assim por vezes ocorre em um berçário, ou nos primeiros momen- tos de vida da criancinha, alguém decidir que o bebê se chamará Antô- nio, ou José, ou Maria, ou Dagoberto, por ter a cara de Antônio, José, Maria ou Dagoberto. Isto implica reconhecer a existência de um pensar que motiva tal afirmação. […] Assim, um nome nada tem de fortuito ou de natural. Ele é sempre fruto de uma elaboração virtual daquele que pensa ter a criança cara de Antônio, José, Maria, Dagoberto…

Logo que alguém resolve chamar o recém-nascido Dagoberto, por- que o garotinho tem ‘cara de Dagoberto’, poderíamos interrogar o mesmo a fim de que ele vá além desta resposta a tiracolo. Nesta hora, Dagoberto pode tornar-se não somente um signo que envia a um refe- rente, mas a outros signos, a uma rede de associações de idéias que atravessam aquele que nomeia.

 

Francisco Martins, O nome próprio. Brasília, Editora da UnB, 1984. pp. 11-13.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Anexo 2

 

 

How a Girl Got Her Chinese Name

On the first day of school the teacher asked me:

What do your parents call you at home? I answered: Nellie.

Nellie? Nellie?

The teacher stressed the l’s, whinnying like a horse. No such name in Chinese for a name like Nellie.

We shall call you Nah Lei

which means Where or Which Place.

The teacher brushed my new name, black on beige paper.

I practiced writing Nah Lei

Holding the brush straight, dipping the ink over and over.

After school I ran home.

Papa, Mama, the teacher says my name is Nah Lei. I did not look my parents in the eye.

Nah Lei? Where? Which Place?

No, that will not do, my parents answered. We shall give you a Chinese name,

we shall call you Lai Oy.

So back to school I ran,

announcing to my teacher and friends that my name was no longer Nah Lei, not Where, not Which Place,

but Lai Oy, Beautiful Love,

my own Chinese name. I giggled as I thought:

Lai Oy could also mean lost pocket

depending on the heart of a conversation.

But now in Chinese school

I was Lai Oy, to pull out of my pocket every day, after American school, even Saturday mornings,

from Nellie, from Where, from Which Place

to Lai Oy, to Beautiful Love.

Between these names

I never knew I would ever get lost.

 

Nellie Wong in Eileen Thompson Experiencing Poetry, Globe Book Company, 1987, pp. 38-39.

 

 

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Anexo 3

 

 

Trechos dos PCNEM

 

Não há linguagem no vazio; seu grande objetivo é a interação, a comuni- cação com um outro, dentro de um espaço social, como, por exemplo, a língua, produto humano e social que organiza e ordena de forma articu- lada os dados das experiências comuns aos membros de determinada co- munidade lingüística. (p. 125)

A organização do espaço social, as ações dos agentes coletivos, normas, os costumes, rituais e comportamentos institucionais influem e são influ- enciados na e pela linguagem, que se mostra produto e produtora da cultura e da comunicação social. […] (p. 126)

O exame do caráter histórico e contextual de determinada manifestação da linguagem pode permitir o entendimento das razões do uso, da valoração, da representatividade, dos interessessociais colocados emjogo, das escolhas de atribuição de sentidos, ou seja, a consciência do poder constitutivo da linguagem. […] (p. 127)

Na escola, o aluno deve compreender a relação entre, nas e pelas lingua- gens como um meio de preservação da identidade de grupos sociais me- nos institucionalizados e uma possibilidade de direito às representações desses frente a outros que têm a seu favor as instituições que autorizam a autorizar. (p. 130)

A visão de mundo de cada povo altera-se em função de vários fatores e, conseqüentemente, a língua também sofre alterações para poder expres- sar as novas formas de encarar a realidade. Daí ser de fundamental impor- tância conceber-se o ensino de um idioma estrangeiro objetivando a co- municação real, pois, dessa forma, os diferentes elementos que a com- põem estarão presentes, dando amplitude e sentido a essa aprendiza- gem, ao mesmo tempo em que os estereótipos e os preconceitos deixarão de ter lugar, e portanto, de figurar nas aulas. (p. 152)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Anexo 4

My Name

 

In English my name means hope. In Spanish it means too many letters. It means sadness, it means waiting. It is like the number nine. A muddy color. It is the Mexican recordsmy father plays on Sunday mornings when he isshaving, songs like sobbing.It was my great-grandmother’s name and now it is mine. She was a horse woman too, born like me in the Chinese year of the horse – which is supposed to be bad luck if you’re born female – but I think this is a Chinese lie because the Chinese, like the Mexicans, don’t like their women strong.My great-grandmother, I would’ve liked to have known her, a wild horse of a woman, so wild she wouldn’t marry until my great-grandfather

threw a sack over her head and carried her off. Just like that, as if she were a fancy chandelier. That’s the way he did it.And the story goesshe never forgave him. She looked out the window all her life, the way so many women sit their sadness on an elbow. I wonder if she made the best with what she got or was she sorry because she couldn’t be all the things she wanted to be. Esperanza, I have inherited her name, but I don’t want to inherit her place by the window.At school they say my name funny as if the syllables were made out of tin and hurt the roof of your mouth. But in Spanish my name is made out of a softer something, like silver, not quite as thick assister’s name Magdalena which is uglier thanmine. Magdalena who at least cancome home and become Nenny. But I am always Esperanza.I would like to baptize myself under a new name, a name more like the real me, the one nobody sees. Esperanza as Lisandra or Maritza or Zeze the X. Yes. Something like Zeze the X will do.

 

Sandra Cisneros, inThe House on Mango Street.

New York, Vintage Books, 1991, pp. 10-11.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Anexo 5

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Anexo 6

Women in Society

 

Women are a “mistake”. They are silly and superficial, with no depth or intelligence. They are only interested in trivial things, not “serious matters”. They are full of empty, meaningless chatter. Their main purpose in life is to look decorative and appealing to men. They are home-makers, men are wage- earners. They are the property of their husbands.

Less than 100 years ago, this was the kind of prejudice that forward-thinking women were still up against.

As children, middle-class women would learn to cook, sew, keep house and perhaps to sing and play a musical instrument. They had to attract a good husband, of course. He would ask the woman’s father for permission to marry her and she would be handed over from one man to another, like a parcel. There were few “respectable” jobs that women could do. They could look after other people’s children or teach. Singing and acting were considered immoral.

 

Rob Nolasco, Streetwise (Intermediate). Oxford, Oxford University Press, 1996.

 

 

Anexo 7

 

 

 

 

 

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Anexo 7

 

 

About the use of the word ‘nigger’:

Fats. It’s just a word we say, just to catch his attention. We all know we’re black, we just don’t mean nobody no harm. We just be sayin’ it just to be sayin’ it. It’s just another word.

 

About whites calling blacks ‘nigger:

Fats. See, they can’t call us that, you know what I’m sayin’? ‘Cause see when they call us that they ‘ just tryin’ to be down.

Revista Speak Up, São Paulo, Globo, June/1991.

Glossário

uptown (adj.) do Harlem.

nigger (gíria) termo pejorativo (a não ser nesse contexto) para indicar pessoa negra.

to get off of it copiar (expressão dialetal).

to be chill ser o mais legal, o mais bacana (expressão dialetal). check it out (gíria) veja isso.

to chill exibir-se; mostrar-se legal, bem arrumado. to be down ser ofensivo (expressão dialetal).

 

 

 

Anexo 8

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Anexo 8

her head and was busy stamping some cards on her desk.

“I would take proper care of the books.” He spoke distinctly and evenly, betraying no emotion and being very careful not to sound colored, like his father.

“This is the white library,” the old woman blurted out. “You people have your own library.”

Allen hadn’t known there was a colored library, but it didn’t matter. “But one does not have the wide choice of books there that are available

here. And I think it’s the duty of all Americans to be as fully educated as they can be. Don’t you agree?”

The old librarian turned a deep red and refused to answer. Just then a young white woman came out of a back office. “May I help you?” she said pleasantly.

“Yes, I would like to apply for a library card and this woman told me I can’t have one. I don’t understand why. All I want to do is read.”

“What are you interested in?” the young woman continued.

“Oh,” Allen began eagerly, “I’d like to see if there is a biography of Winslow Homer. He’s one of my favorite painters. And I’d also like the Thayer two-volume biography of Beethoven.”

He was so sincere, but he was also trying to impress her.

“Well, Mrs Helms,” the younger woman said, “since I know those books wouldn’t be available at the colored library, I don’t think we’d be breaking any rules if we let this young man have a card.”

The old librarian was furious, but she only spluttered, “whatever you say, Mrs MacIntosh.” (Adapted)

 

Rob Nolasco, op. cit, p. 112.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA                                                            

 

MÓDULO2

SELEÇÃO, LEITURAE COMPREENSÃO DE TEXTOS

 

 

Na escola, a intervenção pedagógica é fundamental para definir estratégias de leitura e abordagem de textos que sejam específicas para cada tipo de texto e cada manifestação de linguagem.

 

 

Tempo previsto: 16 horas

Finalidades do Módulo

Rever estratégias de seleção, leitura e interpretação de textos.

Considerar estímulos de diversas naturezas ao selecionar o material de trabalho (textos), favorecendo sistemas diversificados de leitura.

Perceber a diversidade dos sistemas simbólicos das diferentes linguagens dentro do caráter prático do uso da Língua Estrangeira Moderna.

Considerar o conhecimento da Língua Estrangeira Moderna como meio de acesso a distintos conhecimentos e informações.

Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:

  • compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como recur- sos de organização cognitiva da realidade, pela constituição de significados, ex- pressão, comunicação e informação;
  • construir categorias de diferenciação, apreciação e criação;
  • utilizar estratégias verbais e não-verbais para favorecer a efetiva comunicação e alcançar o efeito pretendido em situações de produção e

 

Conceitos

Estímulo. Leitura. Tradução. Linguagens.

Seleção de material de leitura de acordo com critérios definidos.

Materiais necessários

Dicionário Inglês-Português – um para cada grupo.

Filme Linguagens do mundo, da série “ Ensino Legal” , do dia 11/11/99. Televisor e videocassete.

Lousa e giz.

Caderno, lápis e caneta.

Anexos do Módulo 2 de Língua Estrangeira Moderna. PCNEM.

 

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Dinâmica de trabalho

 

 

Atividade 1

Peça para os professores se organizarem em pequenos grupos e exiba os 5 minutos iniciais do vídeoLinguagens do mundo – correspondente ao trecho em que o grupo de adolescentes canta orap com o refrão “Isso pra mim é grego” , com situações que permitem diferentes ‘leituras’.

Distribua os Anexos 1 e 2 (página 142) para leitura. Proponha que os grupos discutam situações – na vida profissional ou fora dela – nas quais seria cabível dizerem: “Isso pra mim é grego” .

Promova uma discussão coletiva, comparando as respostas dos grupos e procurando chegar a uma conclusão de consenso a respeito de como identificar uma situação de comunicação nessa categoria, ‘ser como grego’. Registre a síntese na lousa.

Sugira uma comparação entre as situações citadas pelos grupos, o texto em grego, e o texto do Anexo 2, que trata de Visual Basic.

Entregue o Anexo 3 (página 143) para os professores lerem, pedindo para iden- tificarem os trechos de texto relacionados à conclusão de consenso geral à qual o grupo chegou no sentido de tornar clara a compreensão de uma situação que poderia ser caracterizada como ‘de grego’.

Coloque em discussão:

Mesmo dispondo de glossários e dicionários, muitas vezes os alu-

nos reagem da mesma forma provocada pela ‘leitura’ dos Anexos 1 e 2. É comum essa ocorrência em sua aula? Em que situações?

 

 

Atividade 2

Distribua cópias do Anexo 4 (página 143) e peça para os professores lerem individualmente, em silêncio, o fragmento de texto tirado dosSymposium, de Platão, em que este dialoga com Sócrates.

Entregue então o Anexo 5 (página 144) para os professores lerem em seus grupos. Proponha as questões:

  • A tradução é uma estratégia útil para assimilar esse tipo de tex-

to? Justifique sua resposta.

  • Identifique outras possíveis estratégias de leitura e compreen- são desse

Passe para os professores lerem, a seguir, o Anexo 7 (páginas 144-145), pedin- do para estabelecerem estratégias de pré-leitura e leitura para:

  1. um texto de caráter científico, como o do Anexo 8 (página 146);
  2. um texto narrativo, como o do Anexo 12 (página 149).

Discuta as conclusões e sintetize na lousa as respostas.

Considerando que, nos Anexos 4 e 5, a tradução foi uma estratégia eficaz

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LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 2                                            

 

 

para a leitura/compreensão do texto de Platão, peça para os grupos:

  1. escolherem outro texto dos anexos em que a tradução fosse útil como estratégia eficiente de leitura;
  2. justificarem verbalmente o motivo da escolha do texto e as razões para avaliar a tradução como boa estratégia de compreensão.

Promova uma discussão coletiva das respostas.

Se os professores não conseguirem encontrar um vocábulo equivalente e preciso em português para o verbo bear, da forma que é usado no texto do Anexo 4, sugira que recorram a imagens ou metáforas visuais para dar idéia de criar, produzir, fazer emergir, gerar. Trechos de filmes (sem som), esculturas, pinturas, movimentos, situações do cotidiano e objetos são algumas das ferramentas que permitem criar significados em contextos nos quais os recursos lingüísticos se revelam insuficientes.

 

Atividade 3

Entregue aos participantes cópias do Anexo 6 (página 144).

Após a leitura, combine que um professor ficará encarregado de registrar as conclusões de seu grupo, no qual serão discutidas maneiras de:

  1. Explicitar e justificar o número de leituras necessárias para identificar a idéia central ou o assunto de que trata o texto do Anexo
  2. Explicitar e justificar o tipo de leitura e as estratégias de compreensão/interpreta- ção que podem ser usadas no texto do Anexo
  3. Explicar por que o grupo adotaria, para o texto do Anexo 6, uma atividade de leitura equivalente à aplicada ao texto do Anexo

Discuta coletivamente as respostas, promovendo comparações e, se necessário, sugerindo explicações detalhadas – se ocorrerem divergências flagrantes, ou pontos que não ficaram suficientemente claros.

 

 

 

 

 

 

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Atividade 4

 

Diga para os professores lerem mais uma vezo Anexo 7.

Apresente os Anexos 8 a 14 (páginas 146-150) para cada grupo selecionar dois textos, nos quais deverá:

  1. em um deles, estabelecer uma seqüência de passos de pré-leitura e leitura propria- mente dita;

 

 

  1. em relação ao segundo texto escolhido, formular questões de compreensão que impliquem o uso de outras linguagens, além da fala e da Para suprir falhas na comunicação, ou complementar atividades de compreensão, pode-se recorrer a símbolos, imagens, mímica, dramatização, linguagem gestual etc.

Levando em conta as técnicas de leitura mencionadas no Anexo 7, proponha aos professores que:

  1. escolham um texto dos Anexos 8 a 14 em que a leitura do tipo skimming seja adequada para a leitura/compreensão, justificando sua escolha;
  2. selecionem um texto dos Anexos 8 a 14 para o qual seja mais apropriada a leitura do tipo scanning, justificando a

Apresente o trecho abaixo, extraído dos PCNEM:

[…] compreender o discurso do outro […] divulgar suas idéias com objetividade e fluência. Tal exercício pressupõe a formação crítica frente à própria produção e a necessidade pessoal de partilhar sentidos em cada ato interlocutivo. (p. 130)

Peça para os grupos discutirem esse texto e em seguida:

  1. definir atividades significativas de leitura;
  2. sugerir tipos de texto que propiciem leituras diversificadas, de maneira a alcançar os objetivos citados nesse trecho dos

Promova a discussão coletiva das diferentes tarefas realizadas nessa atividade.

 

 

Glossário

skimming Técnica de leitura rápida, em que corremos os olhos pelo texto para apreender a idéia geral por meio de títulos, subtítulos e palavras-chave. scanning Técnica de leitura por meio da qual lemos o texto mais detalhadamente,

em busca de informações específicas (gráficos, dados, tabelas, nomes, números, citações, ilustrações, exemplos, definições etc.).

 

Consulte também

 

Reading Strategies and the Active Classroom. São Paulo, PUC, s/d. (Resource Package 2) Projeto: “ Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras” .

Using Authentic Texts with Beginners. São Paulo, PUC, s/d. (Reading Package 1) Projeto: Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras.

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Anexo 1

 

Anexo 2

 

 

Analisando um aplicativo

 

A vantagem que os projetos apresentam para o programador em Visual Basic é que um projeto é uma manutenção de registro de todo o conjunto de arquivos que compreendem um aplicativo. Quando você escreve o mais simples aplicativo Visual Basic, o VB cria um projeto para esse aplicativo para que, conforme cresça a funcionalidade do aplicativo, o projeto possa manter um registro de todos os arquivos relacionados com o projeto.

 

Greg Perry, Visual Basic 5 Aprenda em 24 horas. Rio de Janeiro, Sams Publishing Campus, 1977, p. 22.

 

Glossário

 

arquivo Informações guardadas de forma organizada em compu- tador.

aplicativo Programa de computador.

Visual Basic Uma determinada linguagem de programação de computador.

registro Índice de informações.

funcionalidade Conjunto das funções do aplicativo.

projeto Conjunto de programas inter-relacionados.

 

 

 

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Anexo 3

 

 

Trechos dos PCNEM

 

A linguagem é considerada aqui como a capacidade de articular significa- dos coletivos e compartilhá-los em sistemas arbitrários de representação, que variam de acordo com as necessidades e experiências da vida em sociedade. A principal razão de qualquer ato de linguagem é a produção de sentido. (p. 125)

O debate e o diálogo, as perguntas que desmontam as frases feitas, a pesquisa, entre outros, seriam formas de auxiliar o aluno a construir um ponto de vista articulado sobre o objeto em estudo. (p. 129)

O gostar ou não de determinada obra de arte ou de um autor exige antes um preparo para o aprender a gostar. […] Neste caso, o aluno deixaria de ser um mero espectador ou reprodutor de saberes discutíveis. Aproprian- do-se do discurso, verificaria a coerência de sua posição. Dessa forma, além de compreender o discurso do outro, ele teria a possibilidade de divulgar suas idéias com objetividade e fluência. (pp. 129-30)

A aprendizagem de Língua Estrangeira Moderna qualifica a compreensão das possibilidades de visão de mundo e de diferentes culturas, além de per- mitir o acesso à informação e à comunicação internacional, necessárias para o desenvolvimento pleno do aluno na sociedade atual. (pp. 131-2)

 

 

 

Anexo 4

 

 

 

 

 

 

 

 

143

 

Anexo 5

 

Anexo 6

 

Anexo 7

 

 

 

144

 

Anexo 7

  • A leitura feita na disciplina de Língua Estrangeira Moderna não deve ser apenas de caráter intelectual e metalingüístico: deve ser também um veí- culo de acesso a múltiplas informações e formas de conhecimento, além

da própria língua. Outro objetivo não menos importante é proporcionar a leitura que ofereça lazer e diversão. Estar habilitado para “ler o mundo” é ser capaz de fazer uso e tirar proveito desses três tipos básicos de leitura.

  • Conversas preliminares sobre o texto (adivinhar o assunto,prediction)

e questões prévias sobre o tema (pre-questions) são técnicas de explo-

ração de texto importantes e motivadoras.

  • Técnicasdecompreensão geral – skimming(quando corremos os olhos rapidamente pelo texto para perceber, por exemplo, a idéia principal a

partir de palavras-chave, títulos e subtítulos) e scanning (quando per- corremos o texto em busca de informações mais específicas, como grá- ficos, datas, tabelas, nomes, números, ilustrações, etc.) – são igualmen- te eficazes no trabalho de leitura e compreensão de textos.

  • A língua materna, no caso o português, pode e deve ser usada como auxi- liar da compreensão, por exemplo por meio do uso de palavras
  • Técnicas que focam a estrutura textual também devem ser empregadas:
    • que palavras iniciam os parágrafos?
    • título, subtítulos, ilustrações?
    • como separar informação essencial de informação complementar ou acessória?
    • como diferenciar argumentação de exemplificação / ilustração?
    • que vocabulário de origem anglo-saxônica é fundamental para a compreensão do texto? Como pesquisá-lo? Que vocábulo(s) em português se ajusta(m) melhor ao sentido que se quer dar àquele

contexto em língua estrangeira?

  • Traduçõeslongasde textos inteiros não levam a tipo algum de apren- dizagem, nem devem ser usadas como recurso sistemático no ensino

de Língua Estrangeira Moderna. Quando bem usada, a tradução é uma estratégia útil, que nos remete ainda à idéia de que outros recursos, além da língua verbal e escrita, podem e devem ser usados para suprir falhas na comunicação. Pensamos aí em outros tipos de ‘tradução’.

  • O foco central da leitura em língua estrangeira deve ser a comunica- ção e a produção de
  • Aleituracomo parte do processo de aprendizagem em Língua Es- trangeira Moderna deve ser vista dentro de uma perspectiva prática,

interdisciplinar, e relacionada com contextos reais e de interesse para o aluno do Ensino Médio.

 

 

145

 

  LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 2             

Anexo 8

 

 

 

 

 

Video Surgery

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  1. In video surgery, the doctor puts a small camera lens inside the
  2. The doctor inserts a tinysurgical

Americans love sports – they love to play them, to watch them on television, and to talk about them. But this national pastime sometimes has serious consequences – at least for the players. People who play tennis year after year, for example, often develop “tennis elbow.” And it is easy to hurt a knee or shoulder in a soccer or football game. These injuries happen while the player is having fun, but they still hurt.

A few months ago, Kathleen Simmons injured her knee on a volleyball game. Her doctor told her to rest her knee and wear a bandage. Simmons, a sports writer for a city newspaper, loves to play volleyball. When her doctor’s advice did not work, she thought she would never play again.

Then Simmons learned about “video surgery.” With the help of video technology, doctors can now repair injuries and get people back on the playing field and back to their jobs

  1. The lens sends pictures to a TV
  2. As he works, the doctor can see the inside of the knee and make accurate

much faster. Simmons found a hospital that was using this new technology and made an appointment. Doctors there told her the surgery could help.

For the operation, her doctor put a very small camera lens inside her knee. The special lens sent back pictures, which appeared on a television screen. The doctor then inserted a tiny surgical instrument. As he worked, he could see the inside of Kathleen’s knee on the TV. With the help of the large picture on the screen, he was able to make very accurate repairs without opening her knee.

Simmons started walking five days after her operation. “My knee hurt a lot the first few days,” she reported. “But I felt better very quickly.” Now, six months after her operation, Simmons can do everything she did before her injury. “It feels like a new knee,” she said. “I can even play volleyball again.”

 

Sandra Costinett & Donald R.H. Byrd in Spectrum. Prentice Hall

Regents, 1993, vol. 2, p. 20.

 

 

 

146

 

Anexo 9

Romantic Songs

 

This is the second time I’m writing you. As I’ve had some ideas about articles, I wanted to tell you them. Firstly, what about an article informing us about the brand-new bands that are smashing these days, and the ones which released great new hits? Another idea came into my mind. You could talk about penfriendship between people of different countries, and even among people who live in the same country. I have some penpals, and I can say it’s a fun way to exchange culture and improve my English. Well, I’m also writing to send you some lyrics, How deep is your love, from Take That, for Ana Luiza Couto Menna. I agree with her, there’s too much rock and you could tell us more about Mariah Carey, Laura Pausini, Take That, Gloria Estefan… and much more! I’m sure that lots of people would love it, as there are people who like rock, there are also those ones who like pop, romantic, and so on. Well, to take the opportunity, I’d like to ask for two lyrics: Because you love me, from Susanne Rye, and Machinehead, from Bush. I hope you can give me a hand! To finish, I’d like to say that I loved to see my letter published, and it won’t be bad if you do it again!

 

Priscila Barreto, 12, Cultura Inglesa – Santo André.

In Cultura Inglesa Magazine n. 27, ano VIII, março de 1997, seção “Letters”, p. 19.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

147

 

Anexo 10

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tapping the nose: In England, Scotland and, strangely, Sardinia, this means, “You and I are in on the secret.” But if a Welshman does it, he means, “You’re really nosy.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

The V sign: What Churchill meant was vic- tory – but the same sig- nal with the knuckles turned out is England’s equivalent of the Ameri- can middle finger.

Eurogestures show no sign of harmony

 

 

 

 

 

Tapping the temple: Do this if you want to say someone or something is crazy almost any- where in Europe – except in Holland, where the gesture means, “How clever!”

Thanks to 1992 and all that, European countries are becoming all alike, aren’t they? Well, yes and no. Teenagers in Bulgaria are at least trying to dress like kids in Britain. And if you have a bank account in Stuttgart, chances are you can withdraw money from an auto- mated teller machine in Seville. But lan- guages still build barriers, and gestures can be more troublesome yet. Desmond Morris author of The Naked Ape and of another book called Ges- tures, says some of Europe’s hand sig- nals emerged 2,000 years ago – and that details like the single market or the demise of communism are not about to change things.

 

 

 

 

 

 

 

Thumb and index circle: America’s “OK” sign means just that in much of Europe – though not in Germany, where it is an obscene anatomical reference.

A simple wave of the hand, a friendly greeting in most of the world, can be interpreted as a gross insult in Greece. Obscene gestures come in so many regional varieties that virtually any hand motion means something horrendous somewhere. And the codes can change from city to city… “Despite all the modern media, Naples’s gestures are different from many in Rome, for instance,” notes Morris. Another expert on body language, Oxford University psychologist Peter Collet, believes that culture-specific gesticulation will en- dure precisely because of the general trend toward unification. “We’ve got eve- rybody espousing European unity, but at the same time there is this enormous rise of nationalism,” he says. Newsweek offers this brief guide for the unwary.

 

 

In Apliesp Newsletter n. 2, June/1992, p. 4.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

148

 

Anexo 11

Anexo 12

The Little Girl and the Wolf

 

One afternoon a big wolf was waiting in a dark forest for a little girl to come along carrying a basket of food to her grandmother. Finally a little girl did come along and she was carrying a basket of food.

“Are you carrying that basket to your grandmother?” asked the wolf. The little girl said yes, she was. So the wolf asked her where her grandmother lived and the little girl told him and he disappeared into the forest.

When the little girl opened the door of her grandmother’s house she saw that there was somebody lying in bed with a nightcap and a nightgown on. She was about twenty-five feet from the bed when she realized that it was not her grandmother but the wolf, for even in a nightcap a wolf does not look any more like your grandmother than Donald Duck looks like Mick Jagger. So the little girl took an automatic out of her basket and shot the wolf dead.

Moral: It is not so easy to fool little girls nowadays as it used to be.

 

Adapted from a fable by James Thurber, in Valter Lellis Siqueira & Edson Leone Pellizzon inEnjoy It.

São Paulo, Atual, 1993, vol. 1, p. 48.

 

149

 

Anexo 13

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 2

 

Anexo 14

150

 

                           LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA                                                 

 

MÓDULO3

A PARTICIPAÇÃO EM UM PROJETO MULTIDISCIPLINAR

É tarefa do Ensino Médio hoje proporcionar aos alunos oportunidades de integra- ção em torno de projetos multidisciplinares, expondo-os a vivências intra e extra- escolares, de forma a desenvolver habilidades e competências que permitam seu acesso à informação e ao conhecimento de modo contextualizado e articulado. Cabe às Línguas Estrangeiras Modernas um importante papel nesse processo.

 

Tempo previsto: 16 horas

Finalidades do Módulo

Reconhecer a importância da Língua Estrangeira Moderna no processo de pesquisa e execução de projetos multidisciplinares.

Considerar a Língua Estrangeira Moderna como veículo e ‘ferramenta’ para outros aprendizados, valorizando a pesquisa e a busca de novos conhecimen- tos e informações.

Enfatizar a importância da interdisciplinaridade como meio eficaz para o de- senvolvimento de múltiplas competências e habilidades.

Retomar a abrangência do ensino de Língua Estrangeira, tomando-a não ape- nas como aquisição de habilidades lingüísticas, mas como um dos recursos que convergem para o desenvolvimento global do aluno.

Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:

  • perceber a linguagem dentro de sua natureza transdisciplinar, como articuladora de significados coletivos compartilháveis em sistemas arbitrários de representação;
  • perceber a inter-relação dos sistemas de linguagem, sem perder de vista a especificidade dos conceitos diretores das disciplinas e suas metodologias de pes- quisa;
  • conhecer e usar Línguas Estrangeiras Modernas como instrumento de acesso e suporte a múltiplas informações, sabendo colocar-se como protagonista no pro- cesso de produção e recepção;
  • considerar a aprendizagem de Línguas Estrangeiras Modernas no Ensino Médio em termos de competências abrangentes e articuladas a outras disciplinas do currículo.

 

Conceitos

Interdisciplinaridade. Contextualização.

Pesquisa dentro de projeto multidisciplinar.

Materiais necessários

Dicionário Inglês-Português (um para cada grupo)

Vídeo Pirâmides do Egito, da série “ Como Fazer? ”, da TV Escola. Televisor e videocassete.

Lousa e giz.

Caderno, lápis e caneta.

Anexos do Módulo 3 de Língua Estrangeira Moderna. PCNEM.

151

 

 

Dinâmica de trabalho

 

Atividade 1

Distribua o Anexo 1 (página 155) para os professores lerem, em grupos de quatro ou cinco. Em seguida, entregue-lhes também o Anexo 2 (página 156).

Baseados nos trechos dos PCNEM contidos no Anexo 2, peça para os grupos analisarem o texto do Anexo 1, explicitando os aspectos a seguir.

  1. Formas pelas quais Campbell está propiciando a seus alunos a perspectiva de diferentes visões de mundo.
  2. Linguagens (além da verbal e da escrita) usadas por Campbell para favorecer o conhecimento de outras culturas, que é o objetivo de seu projeto.
  3. Modo prático adotado por Mrs. Campbell para levar seus alunos a adquirir conheci- mentos e, ao mesmo tempo, refletir a respeito da cultura e dos valores de outros Oriente o grupo para que sua reflexão leve em conta a seguinte afirmação contida nos PCNEM: “O saber exige mais do que uma atitude de reprodução de valores ”. (p. 192)
  4. Outras matérias do currículo, além de Geografia, que poderiam se articular integradamente nesse projeto, se você fosse desenvolvê-lo em sua escola, e de que forma isso poderia ser

Terminado o exercício, discuta as conclusões com a turma toda e vá anotando no quadro os aspectos mais relevantes.

 

Atividade 2

Distribua o Anexo 3 (página 157) para os professores lerem.

Em seguida, exiba o vídeo Pirâmides do Egito, excluindo a parte do debate. Peça então para se organizarem em grupos e proponha que:

  1. discutam os aspectos mais importantes abordados pelo vídeo e pelos textos do Anexo 3;
  2. selecionem os três aspectos que julgarem mais relevantes, passíveis de ser relacio- nados a três outras disciplinas, além de Língua Estrangeira Moderna e História;

Promova uma discussão coletiva, em que cada grupo poderá expor suas esco- lhas e justificá-las. Para encerrar, proponha ao grupo que:

  1. chegue a um consenso quanto a três aspectos significativos do vídeo e dos textos que sejam adequados para desenvolver um trabalho multidisciplinar;
  2. também em consenso, eleja três disciplinas do currículo – além de Língua Estran- geira e História – que possam se articular nesse projeto;
  3. explicitem o papel a ser desempenhado pela Língua Estrangeira Moderna no

 

152

 

 

 

Atividade 3

Distribua o Anexo 4 (páginas 158-163), dizendo para os professores lerem todos os textos. São cinco notícias, extraídas de informativos escolares, rela- tando atividades de várias disciplinas realizadas por alunos do Ensino Médio.

Apresente o trecho dos PCNEM abaixo para os professores lerem e discutirem em seus grupos,:

O professor deixa de ser uma ilha ao interagir com os colegas, em busca de um projeto coletivo. Não há novidade na proposta. A novidade fica por conta da sua efetiva atualização na escola. Isso demandaconhecimento, participação, disponibilidade, interesse profissional e compreensão do pa- pel social da escola. (p. 192)

Dê um tempo para os grupos discutirem suas leituras e passe-lhes a seguir as tarefas abaixo.

  1. Explicar qual conhecimento está referido no trecho dos PCNEM acima, transcrito na
  2. Dar exemplos práticos do papel social da escola em projetos coletivos – podem ser citadas iniciativas bem-sucedidas de projetos sociais em escolas, envolvendo duas ou mais
  3. Identificar o projeto (ou os projetos) comentado(s) nos informativos do Anexo 4 em que a Língua Estrangeira teve papel de destaque, e com qual (ou quais) outras disciplinas se
  4. Indicar um projeto mencionado no Anexo 4 no qual a Língua Estrangeira Moderna não esteja incluída, embora pudesse estar, explicitando a maneira pela qual ocorre- ria essa participação.

Promova a discussão coletiva das respostas dos grupos.

 

Atividade 4

Apresente o seguinte trecho dos PCNEM:

É preciso entender os princípios das tecnologias da comunicação e infor- mação, associá-las aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte e aos problemas que se propõem a solucionar. (p. 132)

Peça para os professores, organizados em grupos, relacionarem esse texto com o planejamento e a execução de um projeto multidisciplinar envolvendo Língua Estrangeira Moderna. Peça para um professor de cada grupo se incum- bir de redigir as conclusões.

153

 

 

Socialize as conclusões, discutindo-as com a turma toda.

Distribua o Anexo 5 (página 163)para os grupos lerem e proponha a seguir que:

  1. identifiquem as disciplinas cuja participação seria natural em um trabalho interdisciplinar a partir do tema desse texto;
  2. indiquem outras disciplinas que poderiam participar do projeto, sem que se confi- gure interdisciplinaridade forçada;
  3. explicitem os campos semânticos específicos de cada disciplina que concorreriam para o au- mento do vocabulário em Língua Estrangeira relacionado coma adolescência;
  4. sugiram uma forma de participação da informática nesse projeto;
  5. explicitem outras linguagens, além da verbal, que poderiam concorrer para enri- quecer e tornar mais claras as informações contidas no

Proponha uma discussão coletiva para os grupos partilharem suas conclusões. Sugira a seguir que os grupos discutam as seguintes passagens dos PCNEM:

[…] o conhecimento puramente metalingüístico e gramatical cede lugar, na perspectiva atual, a uma modalidade de curso que tem como princípio geral levar o aluno a comunicar-se de maneira adequada em diferentes situações da vida cotidiana. (p. 148, adaptação)

[…] nenhuma área do conhecimento prescinde de outras. Ao contrário, elas estão perfeitamente interligadas e inter-relacionadas, e qualquer ten- tativa de desvinculá-las redundará, com certeza, na criação de contextos altamente artificiais, geradores de desinteresse. (p. 152)

[…] A Língua Estrangeira, pelo seu distanciamento de outra língua, qualifi- ca a compreensão das possibilidades de visões de mundo e permite o acesso à informação e à comunicação internacional, necessário ao desenvolvimento ple- no do indivíduo na sociedade atual. (pp. 191-2).

Se achar adequado, peça para os grupos exporem a síntese de suas discussões.

 

 

 

                               Para encerrar, recolha os Anexos.                        

 

154

 

Anexo 1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

155

 

Anexo 2

 

Trechos dos PCNEM

 

A opção por um trabalho dentro da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias procura considerar as intersecções que as linguagens estabe- lecem por sua natureza de articulação de significados culturais e sociais e função comunicativa. (p. 191)

A análise de outras linguagens como a televisual, a cinematográfica, a radiofônica e, a mais nova delas, a informática pode sugerir o encontro, cada vez mais propício, nos processos comunicativos, dos sistemas de lin- guagens. (p. 192)

Os usos das linguagens e seus códigos só são possíveis pela prática, mes- mo que em situações de simulação escolar. O saber exige mais do que uma atitude de reprodução de valores. É o sentido da eficácia simbólica mediada pela linguagem, o conhecimento das redes de textos que se cru- zam em constante transformação. (p. 192)

A proposta por área implica aceitar o caráter transdisciplinar da lingua- gem e a inter-relação dos sistemas de linguagens, sem perder a especificidade dos conceitos diretores das disciplinas e suas metodologias de pesquisa. Procura ainda provocar a integração horizontal e vertical dos conhecimentos trabalhados pela escola, à semelhança daqueles presentes no social. (p. 192)

Através da ampliação da competência sociolingüística como da compe- tência comunicativa, é possível ter acesso, de forma rápida, fácil e eficaz, a informações bastante diversificadas. […] (p. 152)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

156

 

Anexo 3

 

 

 

157

 

Anexo 4

 

 

Notícia 1

 

Um exemplo de trabalho contextualizado e interdisciplinar está aconte- cendo na Escola Estadual Prof. José Fernandes Machado, em Natal (RN). A professora Vera Lúcia Sanches Cerchi realiza com seus alunos várias experiências contextualizando o ensino-aprendizagem de Física.

Uma dessas experiências tem como objetivo geral comparar con- ceitos teóricos da fisica moderna sobre energia com a energia solar, apro- veitando um protótipo de aquecedor solar instalado na própria escola. São quatro etapas:

  1. Medições de temperatura de 15 em 15 minutos e elaboração de um gráfico que relaciona tempo e
  2. Visita a uma empresa de irrigação a fim de comparar o aquece- dor solar profissional com o protótipo da
  3. Elaboração de um projeto que mostra como a energia solar pode modificar a qualidade de vida de uma comunidade de baixa ren- da, que não tem os benefícios da energia elétrica. Do projeto, devem constar dados sobre o crescimento social, econômico e acesso aos meios de comunicação dessa
  4. Construção de um aparelho de energia solar que atenda às ne- cessidades de uma hipotética comunidade de 28 famílias, com cinco membros cada, morando numa propriedade rural de um hectare para cada família. Nessa comunidade não há escola, trans- porte, posto de saúde nem orientação para os agricultores, que vivem da agricultura de subsistência, cri-

ação de pequenos animais e de algu- mas cabeças de gado.

A execução do projeto envolve professo- res de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Geografia, Informática, Desenho, His- tória, Economia, Matemática, Química e Artes, além de profissionais e estudantes das áreas de Engenharia, Arquitetura, Saúde e Agricultu- ra.

A professora Vera Cerchi

conduz as experiências

 

 

Ministério da Educação. Informativo Novo Ensino Médio. Brasília, Semtec, mar/abr 2000, ano 1, n. 3.

 

 

 

 

 

 

158

 

Anexo 4

 

 

Notícia 2

 

Colégio Bandeirantes – São Paulo – 1º ano do Ensino Médio – Laboratório de Química

 

No 1º ano há dois temas principais de discussão: Saúde Pública (1º semes- tre) e Meio Ambiente (2º semestre).

Em Saúde Pública estudam-se, desde os procedimentos apropriados para a preparação de soluções, certos medicamentos etc., até a ação de agentes germicidas, como, por exemplo, o cloro e a água oxigenada, bem como algumas análises químicas que podem ser realizadas em remédios como controle de qualidade dos mesmos, entre outros assuntos. Durante o estudo de soluções iônicas e bebidas isotônicas foi realizado o “Projeto Hidrate- se”, juntamente com a área de Educação Física – na qual times de alunos jogaram handebol, consumindo alternadamente água mineral e uma bebida isotônica, para posterior comparação entre as duas bebidas.

O tema Meio Ambiente começou com alguns testes químicos realiza- dos em diferentes amostras de água recolhidas pelos alunos, numa ativida- de extraclasse, com o posterior estudo de uma forma de tratamento de água. Em seguida, o estudo transfere-se para os poluentes do ar atmosférico, sen- do que em cada aula há discussão de alguns tipos de poluente, entre eles os produtos da combustão do álcool e da gasolina, com testes realizados a par- tir de um motor a combustão, a chuva ácida formada a partir da reação entre gases poluentes e a água da chuva, as queimadas, a poluição causada pelo cigarro (e também os problemas que ele pode causar ao ser humano, fu- mante ativo ou passivo), a produção de alguns gases e possíveis reações entre eles no ar atmosférico.

 

Projeto Hidrate-se

Os alunos do 1º ano do Ensino Médio, nas aulas práticas de Laboratório de Química, discutem, no 1º semestre, assuntos relacionados à Saúde Públi-

  1. No 2º bimestre, os temas escolhi- dos para as aulas foram os produtos de características ácidas e básicas, antiácidos como o Leite de Magnésia, o uso do cloro como germicida, a de- composição e a ação da solução de água oxigenada, a obtenção do sal de cozinha, entre outros.

 

 

 

 

 

159

 

Anexo 4

 

 

 

Notícia 3

Site do Colégio Bandeirantes na internet.

 

Nathalia Federman, Pre-Intermediate, in Today by Day, ano 2, n. 3. Informativo do Day by Day – Curso de Inglês, São Paulo.

 

 

160

 

Anexo 4

 

 

Notícia 4

Os alunos do 2º ano do Ensino Médio do Colégio São Luís, em São Paulo, trabalharam nas aulas de Química e Inglês o texto abaixo, publicado na revista Scientific American, de fevereiro de 1999.

 

Breath of Fresh Liquid

Saving the sick by flooding their lungs Scientific American, February/1999, page 23.

 

If, while wandering the corridors of C.S. Mott Children’s Hospital in Ann Arbor, Michigan, you happened on a white-coated physician injecting an oversize syringe full of clear fluid into the air line of a dangerously sick infant, you might wonder whether it was Jack Kevorkian expanding his clientele. More likely, it would be Ronald B. Hirschl, a pediatric surgeon, filling the child’s lungs with liquid in order to save the baby’s life, not end it.

Hirschl and a handful of other specialists have given this counterintuitive treatment, called liquid ventilation, to some 270 adults and children in small-scale experiments over the past decade. The therapy seems able to

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUBMERGED IN PERFLUBRON

a mouse can breathe the oxygen carrying fluid for hours without harm.

 

rescue one quarter to one half of the patients who would otherwise die of respiratory failure, without causing any harmful side effects. But scientists cannot be sure of that until they put the technique through its first large-scale trial, which Alliance Pharmaceutical in San Diego launched last November.

Normally, of course, fluid in the lungs is a bad thing. In fact, many of the insults that frequently cause lungs to give out – shock, pneumonia, burns, gunshots – harm the organs by drowning them one tiny air sac at a time. “The clear part of the blood, known as plasma, leaks into the alveolar sacs,” explains Mark Wedel, who leads the liquid-ventilation project at Alliance. “Plasma is loaded with inflammatory messengers and clotting components. So that portion of the lung consolidates, leaving no room for air.” What is worse, these “microdrownings” happen where blood flow is heaviest, Wedel says. “So blood looking to dump its carbon dioxide and pick up oxygen tends to go to the sickest portion of the lung.”

 

 

 

 

161

 

Anexo 4

 

 

 

Gases such as oxygen cannot displace the plasma and flush out the inflammatory agents, but a liquid could if it were dense enough. Enter perfluorocarbons: colorless, odorless fluids that are biologically inert, that evaporate in air but do not mix with water, that absorb oxygen and CO2 but

readily give it up and that are denser than water and most bodily fluids. In a

famous experiment at the University of Alabama in 1966, Leland C. Clark, Jr., demonstrated that mice submerged in a perfluorocarbon would, after a few seconds of wide-eyed shock, begin breathing the liquid with no ill effects. Some doctors have hoped ever since that these chemicals could provide a gentler way to help people who cannot breathe for themselves than forcing high-pressure gas into their lungs. Progress was slow at first, Hirschl recalls, because “the initial approach was to try total liquid ventilation. There you use a special machine to oxygenate the liquid, remove CO2 from it, warm it and infuse it into the lungs.

It works fine,” Hirschl says, “but it requires advanced knowledge of flows and

physiology, and it seemed rather radical to many people.”

About 10 years ago pulmonologists hit on a simpler approach: fill the lungs up with the drug to reopen the alveoli and then connect the patient to a conventional gas respirator. It is that combination approach that doctors at 45 hospitals will test on some 450 gravely ill adults over the next 18 months. Each participant will be randomly given a fill-up with Alliance’s medical-grade perfluorocarbon, a half-dose of the drug or traditional treatment. Doctors will continue to trickle perflubron, as the compound is called, down patients’ air tubes for up to five days, after which the fluid will simply evaporate away. If the trial works as well as a previous (but much smaller and less reliable) test completed last year, 35 to 40 people will survive who otherwise would not have. Alliance plans to initiate smaller tests on children and on newborn infants, who succumb to lung failure much more frequently than adults do, later this year.

 

InformativoSão Luís, ano III, n. 21, abril de 2000.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

162

 

Anexo 4

 

Anexo 5

163

 

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA                                                            

 

MÓDULO4

UM VEÍCULODE INTERCÂMBIOE PROPAGAÇÃOCULTURAL

 

 

A valorização de outras culturas e outros grupos sociais é um importante aspecto a ser trabalhado no ensino e na aprendizagem de Línguas Estran- geiras Modernas.

 

 

Tempo previsto: 16 horas

Finalidades do Módulo

Refletir sobre a importância de dar destaque a temas culturais de âmbito univer- sal e que, ao mesmo tempo, estejam próximos do cotidiano dos alunos.

Planejar atividades que permitam tornar claro para os alunos o caráter dinâmico do evoluir lingüístico.

Criar condições de aproximação dos alunos com outras culturas e outros gru- pos sociais.

Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:

  • selecionar aspectos diversificados da cultura como tema para as aulas de Língua Estrangeira Moderna;
  • estimular a pesquisa e a articulação de informações variadas, aproximando os alu- nos de outros universos socioculturais;
  • estimular o aprendizado e o uso de novas tecnologias e linguagens para obter aces- so aos múltiplos aspectos da cultura;
  • perceber a língua como veículo de comunicação, informação e expressão no âmbi- to cultural;
  • perceber que o ensino e a aprendizagem de Língua Estrangeira Moderna contribu- em para o acesso à informação e à comunicação internacionais;
  • compreender em que medida os enunciados refletem a forma de ser, pensar, agir e sentir de quem os produz, reconhecendo a língua como meio de transmissão da cultura, das tradições e dos conhecimentos de um

 

Conceitos

Cultura e sociolingüística. Preservação cultural e dinamismo. Língua e cultura.

Língua Estrangeira Moderna como catalisadora e propagadora de múltiplos fa- zeres culturais.

Materiais necessários

Dicionário Inglês-Português (um para cada grupo). Vídeo Fast food, da série “ Como Fazer? ”, da TV Escola.

 

164

 

 

Televisor e videocassete. Lousa e giz.

Caderno, lápis e caneta.

Anexos do Módulo 4 de Língua Estrangeira Moderna. PCNEM.

Dinâmica de trabalho

 

Atividade 1

Exiba o vídeo Fast food, incluindo a fala da professora Maria Teresa Rocco.

Oriente os grupos para que selecionem os aspectos culturais mais importantes mostrados no vídeo; peça para um professor de cada grupo registrar esses as- pectos.

Em seguida, peça para cada grupo:

  1. relacionar o tipo de narrativa usado no vídeo com o termofast food’, explicitando essa relação;
  2. identificar os índices não-verbais que remetem para a cultura particular de que trata o vídeo;
  3. relacionar comida e cultura, a partir da fala em que o narrador argumenta quefast food é mais que comida, é um conceito; essa afirmação é também comentada pela professora Maria Teresa

Promova uma discussão coletiva para que cada grupo exponha e compare suas conclusões.

 

Atividade 2

Distribua os Anexos 1 e 2 (páginas 169-170)para os grupos e instrua os profes- sores para que observem as fotos e leiam o trecho dos PCNEM. Copie na lousa:

No mundo globalizado em que vivemos, o modo de vida americano, por exem- plo, tem influenciado nosso modo de vida e nossos costumes, com desdobra- mentos do ponto de vista lingüístico, comportamental e sociocultural.

Diga para os grupos observarem as fotos do Anexo 1 levando em conta o texto do Anexo 2 para que possam:

  1. ilustrar com exemplos do cotidiano as influências mencionadas no texto escrito na lousa;
  2. discutir os reflexos dessas influências na linguagem e no comportamento de nossos

 

165

 

 

Converse com a turma, levando os grupos a partilhar e comentar suas respostas.

Baseando-se nos quadrinhos do Anexo 3 (página 170) e nos textos dos Anexos 4 e 5 (página 171), os grupos devem:

  1. citar aspectos ou costumes da cultura brasileira que poderiam ser considerados estranhos ou ‘bárbaros’ aos olhos de outras culturas;
  2. citar aspectos ou costumes de outras culturas que nos causam estranheza e que caracterizaríamos como ‘bárbaros’;
  3. formular duas atividades demonstrando que o ensino-aprendizagem de Língua Es- trangeira Moderna pode levar os alunos a refletir sobre sua própria cultura e a de outros povos e grupos

Organize uma discussão coletiva, levando todos os grupos a relatar suas conclu- sões e comparar com as dos demais.

 

Atividade 3

Distribua para os grupos os Anexos 6 e 7 (páginas 172-173). O Anexo 6 trans- creve uma questão de Português da prova da Fuvest/2000.

Após a leitura, passe como tarefa aos professores:

  1. discutir a validade do uso de estrangeirismos e empréstimos lingüísticos;
  2. explicitar modos pelos quais a questão dos empréstimos lingüísticos pode ser trata- da nas aulas de Língua Estrangeira Moderna, sem implicar aculturação ou perda da identidade

Oriente os grupos para exporem suas respostas e comentarem as dos demais.

Entregue para leitura os Anexos 8 e 9 (páginas 173-174) e proponha que os grupos discutam os tópicos abaixo.

  1. Aspectos positivos e negativos dos empréstimos lingüísticos, especialmente em rela- ção ao repertório vocabular resultante de avanços tecnológicos – como no texto do Anexo
  2. Possibilidade de levar os alunos a refletir sobre os usos dos diferentes registros e variantes da língua, constatando a importância da aquisição de competências lin- güísticas abrangentes, que envolvam o uso de norma culta, gíria ou

Proponha aos grupos que discutam suas conclusões.

 

 

166

 

 

 

Atividade 4

Distribua para leitura os Anexos 10 e 11 (páginas 174-175). Dê um tempo para os professores lerem os textos e, a partir das leituras:

  1. citar maneiras pelas quais “ a linguagem também mantém estreita relação com a cultura” (conforme está dito no texto do Anexo 11), mediante as aulas de Língua Estrangeira Moderna;
  2. explicitar atividades ou maneiras práticas de promover a aproximação de nossos alunos com diferentes culturas, em situações de

Entregue os Anexos 12, 13 e 14 (páginas 175-177)para os professores lerem e procurarem:

  1. identificar as modificações lingüísticas observáveis nos textos dos Anexos 12 e 13 e as comentadas no texto do Anexo 14;
  2. explicitar possíveis razões para o surgimento dessas modificações, considerando o dinamismo da língua e os contextos de

Peça para os grupos comentarem as respostas coletivamente.

Proponha aos professores que, em seus grupos, leiam e comentem o Anexo 15 (páginas 178-179), associando esse texto a trechos do Anexo 14 e também a um ou mais dos fragmentos dos PCNEM transcritos no Anexo 10.

Promova a socialização das conclusões tiradas pelos grupos. Copie na lousa este trecho dos PCNEM:

A aprendizagem da Língua Estrangeira Moderna qualifica a compreensão das possibilidades de visão de mundo e de diferentes culturas, além de permitir o acesso à informação e à comunicação internacional, necessárias para o desen- volvimento pleno do aluno na sociedade atual. (pp. 131-2)

Proponha então que, baseados no texto da lousa e na leitura dos Anexos 16 e 17 (páginas 180-181), os grupos:

  1. explicitem maneiras de utilizar a Língua Estrangeira Moderna para a compreensão de diferentes culturas e visões de mundo;
  2. identifiquem trechos dos Anexos 16 e 17 que revelam preocupação com a preser- vação

Assim como falamos de empréstimos lingüísticos, podemos também falar de empréstimos culturais, dentro do processo de propagação e intercâmbio cultural.

Ainda em relação aos textos do Anexo 16, proponha aos professores:

  1. identificar empréstimos culturais nos contextos citados;
  2. citar outros exemplos de adaptações ou empréstimos culturais de outros povos incorporados à cultura brasileira, após adaptação a nossa

Leve os grupos a partilhar as respostas entre si. Copie na lousa os seguintes trechos dos PCNEM:

[…] as Línguas Estrangeiras na escola regular passaram a pautar-se, quase sem- pre, apenas pelo estudo de formas gramaticais, memorização de regras e priori- dade da língua escrita e, em geral, tudo isso de forma descontextualizada e desvinculada da realidade. (p. 148)

[…] assumem a sua função intrínseca que, durante muito tempo, esteve camufla- da: a de serem veículos fundamentais na comunicação entre os homens. (p. 148)

167

 

 

Solicite aos professores que, a partir desses fragmentos:

  1. explicitem maneiras pelas quais a abordagem de aspectos culturais nas aulas de Língua Estrangeira Moderna pode contribuir para a contextualização da aprendiza- gem e o estabelecimento de vínculos de nossos alunos com outras realidades;
  2. identifiquem atividades práticas em Língua Estrangeira Moderna que permitam a nossos alunos o acesso a diferentes visões de mundo e a valorização de aspectos culturais

Dê um tempo para os grupos apresentarem e comentarem suas respostas.

 

 

 

                               Para encerrar, recolha os Anexos.                        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Anexo 1

 

 

 

 

 

Fotos publicadas na revistaVeja.

Editora Abril, 26/4/2000.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Anexo 2

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 4

 

 

Anexo 3

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Anexo 4

 

Anexo 5

 

 

171

 

  LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 4             

Anexo 6

Recentemente, o Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B – SP), visan- do proteger a identidade cultural da língua portuguesa, apresentou um pro- jeto de lei que prevê sanções contra o emprego abusivo de estrangeirismos. Mais que isso, declarou o deputado, interessa-lhe incentivar a criação de um “Movimento Nacional de Defesa da Língua Portuguesa”.

Leia alguns dos argumentos que ele apresenta para justificar o projeto, bem como os textos subseqüentes, relacionados ao mesmo tema.

 

A história nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre outro se dá pela imposição da língua. […]

[…] estamos a assistir a uma verdadeira descaracterização da Língua Por- tuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária de estrangeirismos – como holding, recall, franchise, coffee-break, self-service– […]. E isso vem ocorrendo com voracidade e rapidez tão espantosas que não é exagero supor que estamos na iminência de comprometer, quem sabe até truncar, a comunicação oral e escrita com o nosso homem simples do campo, não afeito às palavras e expressões importadas, em geral do inglês norte-ame- ricano, que dominam o nosso cotidiano […]

Como explicar esse fenômeno indesejável, ameaçador de um dos elementos mais vitais do nosso patrimônio cultural – a língua materna – que vem ocor- rendo com intensidade crescente ao longo dos últimos 10 a 20 anos? […]

Parece-me que é chegado o momento de romper com tamanha compla- cência cultural, e, assim, conscientizar a nação de que é preciso agir em prol da língua pátria, mas sem xenofobismo ou intolerância de nenhuma espécie. […]

Deputado Federal Aldo Rebelo, 1999.

 

 

Na realidade, o problema do empréstimo lingüístico não se resolve com atitudes reacionárias, como estabelecer barreiras ou cordões de isolamen- to à entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e tem de conformar-se, queiram ou não queiram osseus gramáticos, à condição de mero usuário de criações alheias.

Celso Cunha, 1968.

 

Um país como a Alemanha, menos vulnerável à influência da colonização da língua inglesa, discute hoje uma reforma ortográfica para ‘germanizar’ expressões estrangeiras, o que já é regra na França. Não é preciso, porém, agir como Policarpo Quaresma, personagem de Lima Barreto, que queria transformar o tupi em língua oficial do Brasil para recuperar o instinto de nacionalidade.

No Brasil de hoje já seria um avanço se as pessoas passassem a usar, entre outros exemplos, a palavra ‘entrega’ em vez dedelivery.

Folha de S. Paulo, 20/10/1998.

 

172

 

Anexo 7

 

Anexo 8

 

 

173

 

Anexo 9

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 4

 

 

Anexo 10

 

 

Trechos dos PCNEM

 

Ao figurarem inseridas numa grande área – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias –, as Línguas Estrangeiras Modernas assumem a sua função intrínseca que, durante muito tempo, esteve camuflada: a de serem veículos fundamentais na comunicação entre os homens. Pelo seu caráter de sistema simbólico, como qualquer linguagem, elas fun- cionam como meios para se ter acesso ao conhecimento e, portanto, às diferentes formas de pensar, de criar, de sentir, de agir e de conce- ber a realidade, o que propicia ao indivíduo uma formação mais abrangente e, ao mesmo tempo, mais sólida. (p. 148)

Não nos comunicamos apenas pelas palavras; os gestos dizem muito sobre a forma de pensar das pessoas, assim como as tradições e a cultura de um povo esclarecem muitos aspectos da sua forma de ver o mundo e de aproximar-se dele. Assim, as similitudes e diferenças en- tre as várias culturas, a constatação de que os fatos sempre ocorrem dentro de um contexto determinado, a aproximação das situações de aprendizagem à realidade pessoal e cotidiana dos estudantes, entre outros fatores, permitem estabelecer, de maneira clara, vários tipos de relações entre as Línguas Estrangeiras e as demais disciplinas que integram a área. (p. 148)

 

 

 

 

 

 

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Anexo 11

 

 

[…] A cultura é […] o processo pelo qual o homem acumula as experiências que vai sendo capaz de realizar, discerne entre elas, fixa as de efeito favorá- vel e, como resultado da ação exercida, converte em idéias as imagens e lembranças, a princípio coladas às realidades sensíveis, e depois generaliza- das, desse contato inventivo com o mundo natural.

Vieira Pinto, Ciência e Existência, p. 123, apud Maria Lúcia A. Aranha & Maria Helena P. Martins,

Filosofando – Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna, 1991, p. 5.

 

[…] Além do pensamento, a linguagem também mantém estreita relação com a cultura. Se, por um lado, as várias linguagens fixam e passam adiante os produtos do pensamento do homem sob a forma de ciência, técnicas e artes, elas também sofrem a influência das modificações culturais. Nas lín- guas há modificações de repertório e semânticas a partir das novas desco- bertas e do desenvolvimento da técnica. Nas artes, as reestruturações da linguagem respondem a mudanças de valores, de anseios e de buscas no seio da cultura de cada sociedade.

Maria Lúcia A. Aranha & Maria Helena P. Martins,

Filosofando – Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna, 1991, p. 16.

 

 

 

 

Anexo 12

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Anexo 13

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 4

 

 

 

Londrinês?!

Os segredos do exótico idioma falado nas ruas da capital inglesa

Ricardo Marques da Silva e Tina Leme

 

Você está em Londres e ouve um carinha comentar com outro, apontando para o seu lado: “ Oh, boy, she is so sad! ” Não pense que você parece triste. Nem fique crusty ou dead rar. O melhor é procurar uma butique maneira e atualizar o guarda-roupa. E, a partir daí, começar a ouvir frases mais agradáveis, como “She is kosher”, ou, melhor ainda, “She is cris”, ou “She is so det”, o que significa que você pode estar realmente pukka.

Em todo caso, antes de arrumar as malas vale a pena conhecer a gíria das ruas e dos pubs londrinos, para não se confundir. Como em qualquer outro lugar, a linguagem em Londres nem sempre é literal – e nem sempre um bom dicionário é o suficiente. O impor- tante é “don’t give it the large”.

Sad, no caso, em vez de triste quer dizer ultrapassado, out of fashion. E tem sentido: para os jovens londrinos, em geral, uma pessoa fora de moda é alguém que não curte a vida – portanto, sad. Crusty é usado no sentido de estar chateado, “de saco cheio”, e rar é quando alguém está bravo de verdade. Dead apenas enfatiza o pensamento: “My Dad is dead rar because I got home too late last night”, ou seja, o pai da garota está uma fera porque a festa de ontem extrapolou.

Em compensação, sorria quando alguém disser que você está kosher. Essa palavra, que em iídiche designa a comida preparada segundo os preceitos judaicos, foi apropriada pelos jovens ingleses para identificar algo ou alguém very good, ou muito legal. E sorria ainda mais se lhe chamarem de cris ou det: ambos os termos foram inspirados pela comunidade afro-caribenha e podem ser o anúncio

de uma bela cantada, significando que você é gatíssima, ou

gatíssimo, e está abafando. Pukka, então, de origem indiana (pro- nuncia-se “paca”), é o máximo: indica algo maduro, pronto para comer. “To give it the large” é algo como exagerar, dar bandeira. Por exemplo, quando um carinha está dançando piradão demais, fala-se: “He’s giving it the large”.

 

Cultura Inglesa Magazine n. 27, ano VIII, março de 1997, pp. 15-16.

 

 

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Anexo 14

 

 

Ebonics: A Language Debate

 

In December of 1996, the Oakland, California Board of Education received nationwide attention after declaring, in essence, that African-American English, or “Ebonics”, is not a dialect of American English, but a separate language which has developed from the distinct African-American culture in the United States. Although the Board of Education later retreated from this statement, at the time this classification of Ebonics as a separate language led to the development of an Ebonics policy in the public school system.

Basically, this policy suggests that, rather than banishing African- American English from the classroom, it should actually be used as a tool with which to teach standard English.

The Board of Education said, “Too many African-American children are entering school year after year speaking differently, and it is obstructing their ability to learn. Let’s recognize that this is happening.”What the board was saying was that students who speak African-American English should not be criticized or harshly corrected, but given special assistance in learning standard English in much the same way as a student who moved from Mexico and spoke only Spanish would receive training in English as a second language. […]

The Ebonics controversy has divided African-American leaders. Some feel that recognizing that some African-American students who enter school do not speak standard English, is the first step toward helping these students achieve success in school. But other African-Americans, including the Reverend Jesse L. Jackson, said that movement toward Ebonics would limit African-American students’ ability to compete for jobs against graduates who speak standard English. On NBC’s “Meet the Press,” Jackson said, “I understand the attempt to reach out to these children, but this is an unacceptable surrender borderlining on disgrace. It’s teaching down to our children and it must never happen.”

M.E. Sokolik, Rethinking America, vol. 2, Heinle & Heinle, 1999, pp. 128-129.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

177

 

Anexo 15

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 4

 

 

Cozinha dos imigrantes – memórias & receitas

 

Dentre as diferentes formas de memória coletiva, uma das mais persisten- tes é a memória culinária, com sua variedade de sabores, aromas e cores que resistem ao impacto do tempo e até mesmo ao desenraizamento cul- tural e geográfico. Por isso, a lembrança dos pratos feitos pelos antepas- sados ocupa um lugar tão importante nos relatos dos imigrantes, obriga- dos a se adaptarem a novas relações sociais, novos costumes e, sobretu- do, novos hábitos alimentares, quando trocam de país.

O sabor de certos alimentos e a singularidade de certos temperos são um testemunho do passado. Eles reafirmam, pela materialidade dos sentidos, que esse passado a cada dia mais distante não se perdeu, que ele sobrevive na maneira especial de assar o pão, no formato gracioso de biscoitos que marcam as lembranças da infância, ou no odor forte de ingredientes que, não sendo encontrados no novo país, são preparados em casa, impregnando os quartos e corredores da memória. […]

[…] Por essa razão, Cozinha dos Imigrantes é ao mesmo tempo um livro de culinária e um livro de interesse sociológico e antropológico. Um livro de sabor e um livro de saber. Afinal, o alimento sempre poderá ser visto como um código simbólico que organiza a produção econômica e as relações sociais dos mais diversos grupos. O valor econômico de um ali- mento é dependente de seu valor social, pois a prática alimentar revela a classe de quem a consome e mapeia o imaginário e a história de sua co- munidade. É assim, por exemplo, que em determinadas sociedades a car- ne de coelho é índice de escassez, enquanto em outras é signo de sofisti- cação, ocupando lugar nobre nos cardápios da alta cozinha.

As distinções sociológicas feitas a partir da cultura gastronômica têm se tornado fundamentais nas ciências sociais contemporâneas. Elas ser- vem para demarcar esferas de civilidade e de segregação social expressas por meio da etiqueta à mesa, dos padrões de bom gosto e da qualidade dos ingredientes. E o que é válido no interior de uma sociedade mais fechada será válido também para o imigrante, que estabelece a ponte entre diferentes culturas. Pois se o imigrante carrega para seu novo desti- no os hábitos de sua terra nativa, logo ele é obrigado a se adaptar a novas formas de sociabilidade e trabalho, permanecendo a culinária como marca de resistência à aculturação absoluta.

Inferiorizado, o imigrante tem na comida uma despensa simbólica que garante a autonomia de sua subjetividade. Tão logo ele consegue

 

 

 

 

 

 

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Anexo 15

 

 

romper as barreiras da segregação material, porém, seus costumes mu- dam de estatuto para a sociedade que o acolhe: a polenta, por exemplo, prato que simboliza a privação dos períodos de guerra, passa a ser servi- da como iguaria por uma comunidade de italianos que agora integram a elite industrial paulistana.

Mais do que isso, porém, a culinária representa um amplo arsenal de identidades que, por não se diluírem no contato com o outro, mantêm a tensão da alteridade, do convívio multicultural que resiste aos efeitos pasteurizadores da globalização. […]

[…] E a melhor forma de dar voz a essa diversidade de experiências é certamente o relato oral do imigrante que vive a angústia do desterro – voluntário ou imposto –, que se vê obrigado a assimilar hábitos estra- nhos, que deve aprender uma nova língua para sobreviver e que, para completar, desembarca num lugar em que se come arroz com feijão e banana.

Mas o fato é que praticamente todos esses imigrantes acabaram por partilhar os mesmos gostos que os “brasileiros” – ou melhor, torna- ram-se brasileiros acrescentando sabores a uma tradição que já em sua origem colonial era miscigenada, fruto do encontro de paladares portu- gueses, indígenas e negros. Como resultado, temos emCozinha dos Imi- grantes uma espécie de “multiculturalismo culinário” que caracteriza a mesa brasileira.

 

Marina Heck & Rosa Belluzzo, Cozinha dos imigrantes – memórias & receitas. São Paulo, DBA/Melhoramentos, 1998, pp. 13-14 e 17.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Anexo 16

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – Módulo 4

 

 

 

 

Cada povo tem o seu…

Na Sibéria, segundo a lenda, as mulheres tártaras faziam uma gran- de quantidade de pequeninos pastéis recheados, que depois enter- ravam na neve. Assim que ouviam o trotar dos cavalos, trazendo os maridos de volta, bastava abrir a janela da cozinha, encher as mãos de pelhmenyse cozinhá-los em água fervente. Por sorte, quando os cossacos saquearam os tártaros, tiveram o bom senso de salvar a receita. Em toda a Ásia, grande parte da Europa e Oriente Médio, são encontrados pasteizinhos muito semelhantes, sempre feitoscom massa não-fermentada, mas ligeiramente diferenciados quanto ao recheio e formato. Na Ucrânia, elesse chamam varenickes; na China, giotze; na Armênia, boraks; entre os judeus asquenazim, kreplach. O equivalente ocidental, como se deduz facilmente, é o popular capelleti italiano em suas distintas opções regionais.

 

Minha mãe continuou fazendo repolho azedo e outras conservas, em um barrilzinho. Depois foi adaptando: fermentava a couve e fa- zia conserva de machucho.

Fanny Fayntych, filha de imigrantes poloneses.

 

 

Minha mãe aprendeu a cozinhar com a tia húngara, adaptando os pratos às difíceis condições financeiras de sua vida de imigrante.

Lenina Pomeranz, neta de imigrantes poloneses.

 

 

Marina Heck & Rosa Belluzzo,op. cit., pp. 255, 263 e 309.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Anexo 17

 

 

Persian Rugs

 

There is an old saying in Iran, “Where my carpet is, is my home.” Rugs have always played a very important role in Iranian life. Besides covering the floors of the home in a kaleidoscope of patterns, the rugs decorate the mosques and provide color for festivals, much as flags or streamers do. Prayer rugs protect the Moslem worshiper from dirt, while woven rugs close off the entrance to the nomads’ tents, providing a shield from the wind and a bright contrast to the drabness of the stark desert. Silk rugs make elegant walls and table coverings and Persian carpets were once even used to pay taxes!

Although a majority of the rugs are woven in factories throughout Iran, more than a third are made by nomadic families, each known for their origi- nal designs. These include members of the Bakhtiari, Turkoman, and Qashqai tribes. Each district gives its name to a particular style for which it has become famous. The rugs, both old and new, are highly prized throughout the world, with prices varying according to the size and quality. Collectors will pay well over seven thousand dollars for a Kashan, and forty-five thousand for a Tabriz! Each year seventeen million dollars’ worth of carpets is shipped to the United States alone.

 

Storytelling

 

Storytelling is an old tradition in Nigeria. Families often gather in their compounds in the evenings listening for hours to folktales that have been passed down from father to son for generations. The qualities of humor, fantasy and exaggeration give these stories universal appeal. Some are about superstition and magic or how the world came to be; others have frightening or violent themes; some describe heroes and tricksters; and many are fables with animals as the leading characters, a favorite among them being the tortoise known for his wisdom.

Ann Cole, Carolyn Haas, Elizabeth Heller & Betty Weinberger,

in Children Are Children Are Children.

Boston/Toronto, Little, Brown and Company, 1978, pp. 84 e 166.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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