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INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA

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BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Joaquim Corsino

 

Campo Grande, MS – 2009

 

 

 

LICENCIATURA

PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Carlos Eduardo Bielschowsky

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL REITORA
Célia Maria da Silva Oliveira
VICE-REITOR
João Ricardo Filgueiras Tognini

COORDENADORA DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA – UFMS COORDENADORA DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UFMS
Angela Maria Zanon

COORDENADOR ADJUNTO DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UFMS
Cristiano Costa Argemon Vieira

COORDENADORA DO CURSO DE BIOLOGIA (MODALIDADE A DISTÂNCIA)
Yvelise Maria Possiede

Obra aprovada pelo Conselho Editorial da UFMS – Resolução nº 46/09

CONSELHO EDITORIAL UFMS
Dercir Pedro de Oliveira (Presidente) Antônio Lino Rodrigues de Sá
Cícero Antonio de Oliveira Tredezini Élcia Esnarriaga de Arruda
Giancarlo Lastoria
Jackeline Maria Zani Pinto da Silva Oliveira Jéferson Meneguin Ortega
Jorge Eremites de Oliveira José Francisco Ferrari José Luiz Fornasieri Jussara Peixoto Ennes
Lucia Regina Vianna Oliveira Maria Adélia Menegazzo Marize Terezinha L. P. Peres
Mônica Carvalho Magalhães Kassar Silvana de Abreu
Tito Carlos Machado de Oliveira

CÂMARA EDITORIAL SÉRIE

Angela Maria Zanon Dario de Oliveira Lima Filho Damaris Pereira Santana Lima Jacira Helena do Valle Pereira
Magda Cristina Junqueira Godinho Mongelli

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Coordenadoria de Biblioteca Central – UFMS, Campo Grande, MS, Brasil)

 

Apresentação 7

 

 

UNIDADE 1
Introdução à Bioquímica
1.1 A Lógica Molecular da Vida 13
1.2 Propriedades da Água 14
1.3 Compostos Orgânicos 17
UNIDADE 2
Química de Aminoácido
2.1 Introdução 23
2.2 Denominação dos Principais Aminoácios 25

UNIDADE 3
Proteínas

3.1 Principais Funções 29
3.2 Estruturas das Proteínas 30
3.3 Processos de Separação de Proteínas 29
3.4 A Seqüência de Aminoácidos serve como
Informação da Cadeia Polipeptidica 32

UNIDADE 4
Química de Carboidratos
4.1 Carboidratos,
o “Sustento da Vida” para os Seres Vivos 35
4.2 Os Monossacarídeos como Agentes Redutores 36
4.3 Formação dos Dissacarídeos 36
4.4 Polissacarídeos como
Reserva de Combustível Celular 39
4.5 Classificação 41

UNIDADE 5
Química de Lipídeos
5.1 Introdução 49
5.2 Principais Funções dos Lipideos 50
5.3 Os Lipídeos podem ser Utilizados Como 51
5.4 Lipídeos são Classificados
de Acordo com sua Solubilidade 51
5.5 Classificação dos Ácidos Graxos 52
5.6 Principais Classes de Lipídeos 54

 

 

 

 

UNIDADE 6
Vitaminas
6.1 Introdução 65
6.2 Classificação das Vitaminas 65
6.3 Denominação das Vitaminas 66
UNIDADE 7
Introdução ao Metabolismo e Bioenergética
7.1 Introdução ao Metabolismo 77
7.1.1 Vias Metabólicas 78
7.1.2 Estruturas Biológicas 81
7.2 Introdução a Bioenergética 82
7.2.1 Fontes de Energia 82
7.2.3 Aspectos Biofísicos da Bioenergética 83
7.2.4 Aplicações da Bioenergética 84
UNIDADE 8

8.1 Introdução ao Metabolismo de Carboidratos 89
8.2 Ciclo do Ácido Cítrico 93
8.3 Cadeia Transportadora de Elétrons
e Fosforilação Oxidativa 97

UNIDADE 9
Metabolismo de Lipídeos
9.1 Digestão e Absorção 107
9.2 Mobilização de Lipídeos 109
9.3 Ácidos Graxos Ativados e
Transportados para o Interior das Mitocondrias 110
9.4 Gorduras da Dieta são
Absorvidas no Intestino Delgado 110
9.5 Local da – oxidação (nos Peroxissomos) 112
9.6 Oxidação dos Ácidos Graxos Insaturados 114
9.7 Regulação dos Ácidos Graxos 115
9.8 Biossíntese de Lipídios 115
9.9 Regulação da Biossíntese dos Ácidos Graxos 117
9.10 Biossíntese dos Esteróides,
a Partir dos Isoprenóides 118
UNIDADE 10
10.1 Síntese e Degradação de Aminoácidos 125

 

 

 

UNIDADE 11
Síntese e Degradação de Proteínas
11.1 Introdução 141
11.2 Degradação de Proteínas 160
UNIDADE 12
Biossinalização
12.1 Biossinalização ou Sinalização Celular 163
12.2 Transdução de Sinal 163
UNIDADE 13
13.1 Introdução 173

13.2 Importância 173
13.3 A Manutenção do
Meio Intra e Extracelular é Primordial 174
13.4 Estruturas das Membranas 174
13.5 Os Lipídeos das Membranas 175
13.6 As Proteínas das Membranas 176
13.7 Transporte Através das Membranas 177
UNIDADE 14
Integração e Regulação Metabólica
14.1 Introdução 193
14.2 Regulação das Vias Metabólicas 193
14 3 Perfis Metabólicos dos Órgãos mais Importantes 196
14.5 Controle Hormonal 197
UNIDADE 15
Tópicos em Bioquímica Aplicados a Biologia
Referências Bibliográficas 213

 

 

Caro(a) Acadêmico(a),
Este material de estudo corresponde ao Curso de Licenciatura em Biologia, oferecido pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, na modalidade à distância. Os módulos que o compõem discutem os fundamentos de Bioquímica.
O primeiro módulo envolve as unidades de um a cinco; faz uma introdução sobre a Bioquímica e traz conceitos da química de aminoácidos, proteínas, carboidratos e lipídeos. As unidades de seis a dez do segundo módulo, faz explanação sobre vitaminas, meta- bolismo e bioenergética, metabolismo de carboidratos, de lipídeos e de compostos nitrogenados. No terceiro módulo, as unidades de onze a quinze abordam: síntese e degradação de proteínas; biossinalização; membranas celulares e transportes através destas; integração e regulação metabólica; tópicos em bioquímica aplica- dos a Biologia.
Espera-se que esse material venha facilitar a compreensão dos processos Bioquímicos e contribuir para a formação geral dos alu- nos do curso de Biologia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre o autor
JOAQUIM CORSINO
Nasceu em 28 de fevereiro de 1963 na cidade de
Santa Mercedes no Estado de São Paulo. Licenciou-se em Química na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e doutorou-se em Química Orgânica na Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho (UNESP-Araraquara).
Atua como professor e pesquisador.

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Módulo 1

 

 

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

 

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 1
INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 1

1.1 A Lógica Molecular da Vida

A bioquímica é o estudo da base molecular da vida. Os meca- nismos químicos de muitos processos centrais da vida são agora conhecidos. A descoberta da estrutura em dupla hélice do ácido desoxirribonucléico (DNA), a elucidação do fluxo de informa- ção do gene para proteína, a determinação da estrutura tridimensional e dos mecanismos de ação de muitas moléculas protéicas, o esclarecimento das vias metabólicas centrais são al- guns dos mais destacados feitos da bioquímica. Muito também se aprendeu acerca dos mecanismos moleculares que colhem energia, detectam sinais e processam informações. O rápido desenvolvimento de poderosos conceitos e técnicas nos últimos anos tornou possível aos pesquisadores enfrentar alguns dos mais desafiantes e fundamentais problemas em biologia e medicina. Como um óvulo fertilizado dá origem à célula tão diferente quan- to as de músculo, cérebro e fígado? Como as células se encon- tram umas com as outras para formar um órgão complexo? Como é controlado o crescimento das células? Quais são as bases do câncer? Qual é o mecanismo molecular da memória? Qual é a base molecular de distúrbios tais como a doença de Alzheimer e a esquizofrenia?
Em meados do século XIX, com o emprego de métodos quími- cos para estudar os seres vivos, constatou-se que eles são constitu- ídos por vários elementos presentes também no mundo mineral. Modernamente, a composição química da célula é bastante conhe- cida e estudada em um ramo da Biologia Celular denominado de Bioquímica Celular ou Citoquímica. A composição química da cé- lula é a composição química da vida. Apesar da grande diversida- de de formas de vida, todas apresentam em comum uma compo- sição química básica com certos elementos, como carbono (C), hi- drogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N), fósforo (P) e enxofre (S), variando somente em quantidade, de um grupo celular para outro ou de um grupo de ser vivo para outro. Os compostos que constituem os seres vivos estão divididos em dois grupos: inorgânicos (água, sais minerais) que também são encontrados li- vremente no mundo mineral e orgânicos (proteínas, carboidratos, lipídeos e ácidos nucléicos), que resultam da atividade metabólica das células.

1.2 Propriedades da Água

A polaridade da água
A água tem uma estrutura molecular simples. Ela é composta de um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio. Cada átomo de hidro- gênio liga-se covalentemente ao áto- mo de oxigênio, compartilhando com ele um par de elétrons. O oxi-
gênio também tem um par de elétrons não compartilhados. As- sim, há 4 pares de elétrons em torno do átomo de oxigênio, dois deles envolvidos nas ligações covalentes com o hidrogênio e dois pares não-compartilhados no outro lado do átomo de oxigênio.

Ambiente aquoso terrestre conduziu os seres vivos a utilizarem- se das propriedades da água. Essas propriedades são: Interações fracas em sistemas aquosos, por meio de pontes hidrogênio com solutos polares. Compostos não polares produzem mudanças des- favoráveis na estrutura da água, por exemplo, os lipídeos. Interações fracas são importantes para função e estrutura das macromoléculas. Solutos afetam as propriedades coligativas de soluções aquosas (osmose). A dissociação da água pode ocorrer por
meio de ácidos ou bases fracas (pH).
Estrutura organizada das moléculas de água no estado de gelo, cada molécula de água forma 4 pontes de hidrogênio com outra molécula de água.
A água é uma molécula “polar”, o que quer
dizer que ela tem uma distribuição desigual da densidade de elé- trons. A água tem uma carga negativa parcial ( -) junto ao átomo
de oxigênio por causa dos pares de elétrons nãocompartilhados, e tem cargas positivas parciais ( +) junto aos átomos de hidrogênio. A atração eletrostática entre as car- gas positivas parciais dos átomos de hidrogênio e a carga negativa parcial do átomo de oxigênio re- sulta na formação de uma ligação denominada “ponte” de hidrogê- nio.
A ponte de hidrogênio ocorre entre os átomos de hidrogênio quando ligado a elementos químicos eletronegativos.

Tais ligações permitem a união entre as moléculas de água. Sem as pontes de hidrogênio, a temperatura de ebulição da água pode- ria chegar a -80º C, existindo na superfície terrestre somente na forma gasosa. Compostos similares ocorrem na natureza sob a for- ma de gases, com temperaturas de fusão e ebulição bem abaixo de 0ºC. A água é única porque ocorre nos três estados da matéria sóli- do, líquido e gasoso sob condições atmosféricas bastante restritas. Várias propriedades peculiares da água são devidas às ligações de hidrogênio. A flutuação do gelo pode ser citada como exemplo, uma vez que tais ligações mantêm as moléculas de água mais afas- tadas no sólido do que no líquido, onde há uma ligação hidrogênio a menos por molécula. Também é devido às ligações de hidrogênio o elevado calor de vaporização, a forte tensão superficial, o alto calor específico e as propriedades solventes quase universais. Em função da natureza química de sua molécula, as propriedades físi- cas e químicas da água diferem muito das de qualquer outra subs- tância, o que a caracteriza como constituinte fundamental da ma- téria viva e do meio que a condiciona.

Dissolução
Uma das propriedades mais importantes da água líqui- da é a sua capacidade de dissolver substâncias polares ou iônicas para formar soluções aquosas. A interação entre as moléculas do solvente (água) e as do soluto são responsá- veis pelo processo de solubilização: cada íon negativo, situ- ado no interior de uma solução aquosa, atrai as extremida-

des positivas das moléculas de água vizinhas, o mesmo acontecendo com os íons positivos relativamente às extremidades negativas.
Isso faz com que os íons fiquem como que recobertos por uma camada de moléculas de água solidamente ligadas a eles, o que con- fere grande estabilidade à solução. Nisso consiste o importante fenô- meno da hidratação dos íons. A hidratação dos íons é que promove a “quebra” do retículo cristalino da substância iônica, ou seja, a dis- solução: as forças existentes entre os cátions e ânions no sólido (liga- ção iônica) são substituídas por forças entre a água e os íons. Muitos compostos não iônicos também são solúveis em água, como por exemplo, o etanol. Esta molécula contém uma ligação polar O-H tal como a água, que permite à molécula fazer ligações intermoleculares.

Águas doces
São assim chamadas as águas terrestres que têm uma salinidade muito baixa. Sua principal fonte é a chuva, que é água quase pura, pois contém apenas uma pequena quantidade de oxigênio e de dióxido de carbono (CO2) em solução.

Água salgada
Em comparação com a água doce, a água dos mares e oceanos contém grandes quantidades de sais, embora tal salinidade não seja igual em todos eles. A maior salinidade registrada encontra-se no Mar Vermelho, com 39 gramas por litro, e a menor, a do Mar Báltico, com 30 gramas por litro. Dentre os elementos dissolvidos na água do mar, há seis que perfazem mais de 99% da massa dos sais: cloro, sódio, enxofre (sob a forma de íon sulfato), magnésio, cálcio e potássio. O cloreto de sódio (NaCl) corresponde a 77% dos sais contidos na água do mar, dando-lhe sabor salgado.

Propriedades físicas e químicas
A água, em seu estado natural mais comum, é um líquido transpa- rente, assumindo a cor azul esverdeada em lugares profundos. Possui uma densidade máxima de 1 g/cm3 a 4ºC e seu calor específico é de 1 cal/ºC. No estado sólido, sua densidade diminui até 0,92 g/cm3, mas são conhecidos gelos formados sob pressão que são mais pesados que a água líquida. Suas temperaturas de fusão e ebulição à pressão de uma atmosfera são de 0 e 100ºC, respectivamente, muito superiores às temperaturas de fusão e ebulição de outros compostos parecidos com a água. Ela é um composto estável que não se decompõe em seus elementos até 1.300º. Reage com os metais alcalinos (Li, Na, K, Rb e Cs) formando uma base e desprendendo hidrogênio:
Na + H2O NaOH + H2.

Reage com alguns óxidos metálicos para formar hidróxidos, como por exemplo:
CaO + H O  Ca(OH) ,
e com os não-metálicos para formar ácidos, SO + H O H SO

Significados Biológicos e propriedades da água usadas pelos seres vivos
Considerar:
Ponto de fusão e ebulição elevados: são consequência da forma- ção de pontes de Hidrogênio, necessitando portanto maior energia para rompê-las.
Calor específico da água (caloria): é a quantidade de calor neces- sária para aumentar a temperatura de 1 g de água de 15, para 16oC.
Calor de vaporização: Se 1 kg de água absorver 1Kcal de calor, sua temperatura aumenta 1oC. Porém, a vaporização de apenas 2g de água, diminuem a temperatura de 998g de Água restantes, em 1 oC. Esse efeito de resfriamento minimiza a perda de água por grandes variações de temperatura (funciona como termostato): ex: SUOR.
Calor de fusão: O calor depreendido pela água no congelamen- to minimiza mudanças de temperatura no inverno. O calor absor- vido quando o gelo derrete, diminui as mudanças de temperatura na primavera.
Tensão superficial: capilaridade: é uma camada na superfície do líquido que faz com que sua superfície se comporte como uma membrana elástica que não deixa o objeto afundar. Isso ocorre devi- do às moléculas da água, que interagem
entre si, por ligações de hidrogênio.
Densidade: O congelamento da água ocorre com aumento de volume e diminuição da densidade. Logo, quando ocorre forma- ção de gelo, sempre será de cima para baixo.

1.3 Compostos Orgânicos

Estes incluem moléculas orgânicas complexas como lipídeos, proteínas, carboidratos, hormônios, vitaminas e muitas outras. Estas substâncias ocorrem normalmente em baixas concentrações, sen- do, alguns destes compostos, como os complexos de vitamina, vi-

tais para promover o crescimento de bactéria, plantas e animais. A maioria dos organismos marinhos desenvolveu mecanismos fisio- lógicos de osmoregulação a fim de controlar os valores de pressão osmótica dos fluidos corporais (concentrações de sais e água). Um problema relacionado ao balanço osmótico concerne aos organis- mos que habitam áreas com mudanças abruptas na salinidade, ou ainda a peixes que migram entre águas doce e salgada. Tais orga- nismos geralmente exibem muitas formas de regulação osmótica, que podem variar desde impermeabilidade à complexos mecanis- mos de transporte ativo.
Os organismos vivos são capazes de se reproduzir com incrível precisão ao longo de milhares de gerações, através de um sistema de replicação auto-reparável.
• Toda a informação necessária para a construção de um novo ser vivo está armazenada e codificada no DNA de todas as cé- lulas que o compõe.
• Esta informação cabe em 0,000000000006 g de DNA, para a célula do ser humano.
Podem estes princípios simplistas e um tanto mecânicos se aplicar à complexidade de homens e mu- lheres enquanto seres humanos, com sua extraordinária e única capacidade para o pensamento, a linguagem, a criatividade, as emoções? Responder a estas e outras intri- gantes perguntas estão entre os grandes desafios que a Bioquímica se propõe e já começa a desvendar.

 

VOCÊ SABIA!

Sais Minerais
A água e os alimentos que você ingere trazem em sua composi- ção certa porcentagem de elementos minerais que atuam princi- palmente como reguladores da atividade celular. Os sais minerais representam cerca de 1% do total da composição celular. Podem ser encontrados sob a forma insolúvel, entrando na composição de estruturas esqueléticas e de sustentação, como os ossos, nos verte- brados, ou os pólipos de corais ou carapaças de algas diatomáceas, entre outras. Quando os sais minerais se encontram dissolvidos em água, formam os íons. É sob essa forma que eles desempe- nham a sua atividade reguladora fundamental. A seguir, relaciona- remos alguns dos principais íons com o seu respectivo papel bioló- gicos.

(PO —-) Íon Fosfato
É encontrado nos líquidos intercelulares e no plasma sangüíneo. No esqueleto, o íon fosfato, sob a forma de fosfato de cálcio, confe- re rigidez aos ossos. São fundamentais nos processos de transfe- rência de energia na célula.

(Mg ++) Íon Magnésio
É o átomo central das moléculas de clorofila. Essa substância é fundamental na captação da energia solar, indispensável para a rea- lização do processo de fotossíntese. (Cl-) Íon Cloreto – É um dos componentes do suco gástrico de animais sob a forma de ácido clo- rídrico HCl. Participa dos processos de equilíbrio hídrico celular.

(Na+) Íon Sódio
É o único íon que deve ser adicionado artificialmente à alimen- tação sob a forma de cloreto de sódio (NaCl – sal de cozinha), pois não se encontra nos alimentos em concentrações compatíveis com as necessidades celulares humanas. Está ligado à condução de estí- mulos nervosos nos neurônios.

(K+) Íon Potássio
Também está relacionado à condução de estímulos nervosos e ao equilíbrio hídrico das células. Ao contrário do sódio, encontra- se em maior concentração no meio intracelular e em menor con- centração no meio extracelular.

(Fe++) Íon Ferro
É um dos constituintes das moléculas da hemoglobina presente nas hemácias, responsável pelo transporte de gases da respiração pelo sangue. Também atua na fotossíntese.

(Ca++) Íon Cálcio
A maior parte do cálcio encontrado no organismo encontra-se sob a forma insolúvel (sais de cálcio) como componente do esque- leto. Está presente sob a forma iônica nos músculos, participando da contração muscular, nos líquidos intercelulares, linfa e no plas- ma sangüíneo, em que auxilia no processo de coagulação. Os com- postos orgânicos são constituídos por moléculas menores denomi- nadas de monômeros, os quais se ligam quimicamente, constitu- indo moléculas bem maiores e mais complexas, denominadas de polímeros.

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 2
QUÍMICA DE AMINOÁCIDO

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

Unidade 2

2.1 Introdução

Os 20 aas (aminoácidos) comumente encontrados como produ- tos da hidrólise de proteínas, contêm grupos -carboxila, um gru- po -amino e um grupo R distinto, substituinte no átomo de car- bono a. O carbono dos aa (exceto da glicina) é assimétrico e as- sim pode existir em pelo menos duas formas esterioisoméricas. Apenas os L-estereoisômeros, os quais estão relacionados com o L- gliceraldeído, são encontrados em proteínas.

 

Os aas são classificados com base na polaridade de seus grupos
R. Aminoácidos monoamino-monocarboxílicos são ácidos dipróticos (+NH CHRCOOH) em pH baixo, menor de 5. A medida que o pH aumenta até perto de 6, o ponto isoelétrico, o próton da carboxila é perdido para formar a espécie polar ou Zwitterion (+NH CHRCOO-), a qual é eletricamente neutra. Aumentando o pH provoca a perda do segundo próton e libera a espécie NH CHRCOO-. Aminoácidos com grupos R ionizáveis podem exis- tir em espécies iônicas adicionais, dependendo do pH.

Reação para caracterização de aminoácidos, estes formam deri- vados coloridos com reativo de ninidrina.

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Misturas complexas de aas podem ser separadas por eletroforese ou cromatografia de troca iônica e identificadas e caracterizadas por técnicas espectrométricas ou cristalografia de raio-x.
Os aas podem ser unidos covalentemente para formar peptídeos, através de ligações peptídicas; os peptídeos podem formar-se tam- bém pela hidrólise incompleta de proteínas. O comportamento ácido-base de um peptídeo é função do seu grupo amino-terminal, seu grupo carboxila-terminal e dos grupos R que ioniza. Peptídeos podem ser hidrolisados, por enzimas como a tripsina e quimotripsina, para produzir aas.

Resíduo de peptídeo.

 

O resíduo amino-terminal de um peptídeo pode reagir com 1- fluoro 2,4-dinitrobenzeno produzindo um derivado característico de cor amarelo. Alguns peptídeos ocorrem livres em células e teci- dos e têm funções biológicas específicas, incluem neste processo os hormônios, antibióticos e outros agentes com intensa atividade biológica.

2.2 Denominação dos Principais Aminoácidos
GRUPOS R APOLARES
GRUPO no quadro verde (característica dos aminoácidos).

 

 

GRUPOS R APOLARES

 

GRUPOS R CARREGADOS NEGATIVAMENTE GRUPOS R CARREGADOS NEGATIVAMENTE

Classificação dos aminoácidos, quanto ao grupo R, em polar, apolar, carregado negativamente e carregado positivamente.

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 3
PROTEÍNAS

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

Unidade 3

3.1 Principais Funções

As proteínas exercem funções cruciais em todos os processos biológicos, algumas das principais funções são:
1 – catálise enzimática. As proteínas catalisam tanto as reações complicadas, como as simples. Ex: replicação de todo um cromossomo ou hidratação do dióxido de carbono, respectivamente.
As enzimas aumentam a velocidade das reações em até um milhão de vezes.
Todas as enzimas conhecidas são proteínas.
2 – transporte e armazenamento. Moléculas e iontes são trans- portados por proteínas específicas. Ex: hemoglobina transporta o oxigênio nas hemácias, a mioglobina transporta oxigênio nos mús- culos e a transferrina transporta o ferro no plasma sangüíneo.
3 – movimento coordenado. As proteínas são o principal com- ponente do músculo. A contração muscular é normal, quando dois tipos de filamentos protéicos, estão presentes.
4 – sustentação mecânica. a alta força de tensão da pele e do osso é devida à presença de colágeno, uma proteína fibrosa.
5 – proteção imunitária. Anticorpos são proteínas altamente especificas que reconhecem e se combinam com substâncias es- tranhas tais como vírus, bactérias e células de outro organismo.
6 – Geração e transmissão de impulsos nervosos. A resposta das células nervosas a estímulos específicos é afeta através de pro- teínas receptoras. Ex: a rodopsina é a proteína sensível à luz nos bastonetes da retina; a acetil-colina, é responsável pela transmissão de impulsos nervosos nas sinapses, (nas junções entre as células nervosas).
7 – controle do crescimento e da diferenciação. A expressão seqüencial controlada da informação genética é essencial para o crescimento e a diferenciação ordenada das células. Ex: o fator de crescimento de nervos guia a formação de redes neurais. As ativi- dades celulares são coordenadas por hormônios; como a insulina e o hormônio estimulante da tireóide, são proteínas.
Proteínas servem em todas as células como sensores que con- trolam o fluxo de energia e de matéria.

As proteínas são constituídas a partir de um repertório de 20 aas, que podem ou não serem ligados por ligações peptídicas para formar cadeias polipeptídicas, sendo estas cadeias ramificadas ou não. As seqüências particulares de aas são especificadas por genes, que podem vir a forma algumas das mais importantes estrutura molecular – DNA. Se uma proteína for submetida a modificação ou clivagem molecular, isto lhe conferira uma nova capacidade molecular de interação com o meio. Sendo que as cadeias peptídicas podem se dobrar em estruturas regulares, tais como a-hélice. Essas conforma- ções só são possíveis devido algumas características das proteínas em fazer determinados tipos de ligação como, por exemplo, ligação de pontes de hidrogênio, ligação iônica e ligação de VanderWaals. Outra característica das proteínas é a solubilidade. Estas, quando são hidrossolúveis, têm a capacidade de se envolvem em estruturas compactas com o interior apolar, tornando-se solúvel em meio po- lar. E quando, as proteínas, projetam para o interior de sua estrutura molecular, a parte polar, estas têm agora uma capacidade de interagir com o meio apolar. Desta forma as proteínas podem ter várias con- formações estruturais, a qual pode lhe conferir diferentes tipos de atividades, estas conformações ou níveis básicos de estruturas, são descritos em quatro níveis de estruturas:

 

3.2 Estruturas das Proteínas

Estrutura primária – Sendo formada por meio das ligações lineares entre os aas.
Estrutura secundária – refere-se ao arranjo espacial de radi- cais de aas que estejam perto um do outro na seqüência linear (es- trutura primária). Algumas dessas relações estéricas são de um tipo regular, dando origem a uma estrutura periódica. Ex: a -hélice e a fita são elementos de estrutura secundária;
Estrutura terciária – refere-se a ligação entre os arranjos espa- cial de radicais de aas que estão próximos na seqüência linear. A proteína que contêm mais de uma cadeia polipeptídica em tal pro- teína, esta cadeia extra é denominada de subunidade.
Estrutura quaternária – refere-se ao arranjo espacial de subunidades e à natureza de sues contatos.
Ex: a hemoglobina é constituída de duas cadeias a e duas b; as interfaces das subunidades nesse tetrâmero participam na transmissão
de informações entre centros de ligação distantes para O , CO e H+.
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A seqüência de aas de uma proteína é que determina sua estru- tura tridimensional, sendo as ligações específicas e as alterações estruturais a essência das ações das proteínas.

3.3 Processos de Separação de Proteínas

A purificação de uma proteína é uma etapa essencial na elucidação de sua estrutura molecular e consequentemente na de- terminação de sua função biológica. As proteínas podem ser sepa- radas umas das outras ou de outras moléculas com base em carac- terísticas tais como: tamanho; solubilidade; carga elétrica e afinida- de das ligações.
A eletroforese em gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio (SDS) separa as cadeias polipeptídicas de proteínas em con- dições desnaturantes, principalmente de acordo com a massa molecular.
Eletroforese – as proteínas são separadas por focalização isoelétrica em um gradiente de pH.
Cromatografia de troca iônica – separa principalmente basea- do na carga global. A alta afinidade de muitas proteínas por grupamentos químicos específicos é explorada na cromatografia de afinidade, na qual as proteínas se ligam a suporte de coluna que contem grãos portadores de substratos, inibidores, ou outros grupamentos reconhecidos especificamente, ligados por covalência.
Ultra centrifugação – separação por densidade e tamanho das partículas;
Diálise – separação por tamanho de partículas.
A hidrólise – determina a composição de uma proteína em aas (HCl 6 N a 110 oC).
Cromatografia de troca iônica – processo em que consiste da troca de carga (+ ou –) entre o suporte, da coluna, e a solução protéica.
Cristalografia de raio-x – determina a estrutura molecular da proteína através da obtenção de um cristal da mesma, e está sendo complementada pela espectroscópica de RMN – (Ressonância Mag- nética Nuclear).
Espectroscópica de RMN – é especial por ser capaz de revelar a estrutura atômica de macromoléculas e junto com a espectroscopia de massa pode-se determinar a estrutura molecular das proteínas.
A tecnologia de DNA recombinante revolucionou o seqüencia- mento de proteínas.
A determinação de seqüência de proteínas é um processo que consome muito tempo e trabalho. A elucidação da seqüência de grandes proteínas, como as com mais de 1000 aas, geralmente re- quer esforços heróicos. Felizmente, tornou-se disponível uma abor- dagem experimental complementar baseada na tecnologia de DNA recombinante. Longos trechos de DNA podem ser clonados e

seqüenciados. A seqüência dos quatros tipos de bases no DNA – adenina (a), timina (t), guanina (g) e citosina(c) – revela diretamen- te a seqüência de aas da proteína codificada pelo gene ou pela cor- respondente molécula de RNA mensageiro.

1 – A seqüência de uma proteína de interesse pode ser compara- da com todas as outras seqüências conhecidas para verificar se exis- tem semelhanças significativas.
Ex. – a mioglobina e a hemoglobina pertencem à família das globinas. A quimotripsina e a tripsina são membros da família das serina-protease.
2 – A comparação de seqüências da mesma proteína em diferen- tes espécies gera uma riqueza de informações acerca das vias evolutivas.
Ex. – uma comparação das albuminas do soro de primatas indi- ca que os seres humanos e os macacos africanos divergiram há apenas cinco milhões de anos, e não há 30 milhões de anos como antes se pensava.
3 – As seqüências de aas podem ser investigadas quanto à pre- sença de repetições internas.
Ex. – a calmodulina, um sensor de cálcio onipresente em eucariontes, contém quatro módulos ligantes de cálcio semelhan- tes que surgiram da duplicação de genes.
4 – As seqüências de aas contém sinais que determinam o desti- no das proteínas e controlam seu processamento.
5 – os dados de seqüência fornecem uma base para o preparo de anticorpos específicos para uma proteína de interesse.
6 – As seqüências de aas são também valiosas para as feituras de sondas de dna que sejam específicas para os genes que codificam as proteínas correspondentes.

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 4
QUÍMICA DE CARBOIDRATOS

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 4

4.1 Carboidratos, o “Sustento da Vida” para os Seres Vivos

Na forma de açúcar ou amido, representa a maior parte de ingestão calórica dos seres vivos.
Os carboidratos podem estar junto com as proteínas (glicoproteínas e proteoglicanas) – importantes na superfície das células e dos sistemas de suporte extracelulares nos animais.
Também são chamados de Hidratos de Carbono ou Glicídios. São compostos de função mista poliálcool-aldeído ou poliálcool- cetona, assim como todos os compostos que, por hidrólise, produ- zem os referidos compostos de função mista. Suas moléculas são constituídas, geralmente, por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio.
As plantas verdes produzem açúcares na fotossíntese, a partir de CO2 e água. Os açúcares sofrem combustão, reagindo com o oxigênio e formando CO2 e água, na respiração celular. A combus- tão dos açúcares libera energia.
Um importante exemplo de açúcar é a glicose, encontrada no interior das nossas células e no nosso sangue. Sua função básica é fornecer energia para as atividades vitais. Uma molécula de glicose tem 6 átomos de carbono, 12 átomos de hidrogênio e 6 átomos de oxigênio, o que pode ser expresso pela fórmula C6H12O6.
Os monossacarídeos são açúcares simples, cuja hidrólise não resulta em moléculas de açúcares menores. A glicose é um exem- plo de monossacarídeo. Eles têm, geralmente, fórmula geral CnH2nOn, onde o valor de n varia entre 3 e 7.
O nome dos monossacarídeos é dado pelo valor de n. n = 3 (C3H6O3) trioses
n = 4 (C4H8O4) tetroses
n = 5 (C5H10O5) pentoses n = 6 (C6H12O6) hexoses n = 7 (C7H14O7) heptoses
Os mais abundantes são as hexoses, como a glicose, cujo princi- pal papel é energético. Degradadas na respiração celular, liberam energia para uso imediato. Também são as unidades de formação

dos açúcares mais complexos. Outras hexoses importantes são frutose e galactose. Ambas têm fórmula molecular C6H12O6.

4.2 Os Monossacarídeos como Agentes Redutores

Monossacarídeos reduzem agentes oxidantes, como o fer- ricianeto, o peróxido de hidrogênio e o íon cúprico (Cu+2). Lem- brando-se que os agentes redutores são doadores de elétrons e os oxidantes são receptores de elétrons. A glicose e outros açúcares são capazes de reduzir agentes oxidantes e são chamados de açú- cares redutores. No diagnóstico dos diabetes mellitus, pode-se medir a concentração de glicose no sangue e na urina. As pentoses são componentes das moléculas dos ácidos nucléicos (DNA e RNA). As trioses e as heptoses são intermediárias nos processos da respi- ração e da fotossíntese.

 

4.3 Formação dos Dissacarídeos
Os oligossacarídeos são formados pela união de 2 até 10 unida- des de monossacarídeos. Os mais abundantes, na natureza, são os dissacarídeos, formados pela união de dois monossacarídeos.
Por exemplo:
C6H12O6 (glicose) + C6H12O6 (frutose) ===> C12H22O11 (sacarose)
+ H2O (água).
A sacarose, o “açúcar de cana” ou de beterraba, é constituída por uma molécula de glicose ligada a uma frutose. A maltose é um dissacarídeo, pois é formada por duas moléculas de glicose. A lactose é encontrada somente no leite. Resulta da união de uma glicose com uma galactose.
Dissacarídeos são dois monossacarídeos unidos entre si covalentemente – essa ligação que une os dois monossacarídeos é chamada de ligação glicossídica, a qual é formada pela reação en- tre um grupo hidroxila de um dos açúcares e o carbono anomérico

do outro açúcar. As ligações glicosídicas podem ser hidrolisadas por ácidos e por fervura com ácido diluído. Os dissacarídeos mais comuns são: maltose, lactose e sacarose:
Maltose – constituída de 2 unidades de glicose – sendo que a ligação glicosídica é (1 4). Origina-se dos polissacarídeos de- gradados por meio da enzima amilase. A maltose é hidrolisada no intestino pela enzima maltase.
Lactose – presente apenas no leite, quando hidrolisado libera D–galactose e D–glicose. É também um dissacarídeo redutor. A lactose é hidrolisada pela lactase secretada pelas células da mucosa intestinal. Alguns grupos humanos (orientais, árabes, judeus, a maioria dos africanos, indianos e mediterrâneos), têm pouquíssima lactase intestinal, e muitos mostram intolerância à lactose. É uma diferença de natureza genética. Como a lactose não pode ser ab- sorvida pelo intestino para a corrente sanguínea sem ser hidrolisada, permanece no trato intestinal das pessoas que tem intolerância à lactose. Assim pode causar diarréia aquosa, fluxo intestinal anor- mal e cólica abdominal.

 

 

SACAROSE – Açúcar da cana, quando hidrolisada, forma glicose e frutose. Sintetizada por muitas plantas, não contém áto- mo de carbono anomérico livre, pois estão ligados entre si e desta forma é um dissacarídeo não redutor. Os animais não podem absorver a sacarose – assim ela é hidrolisada pela enzima sacarase ou invertase, existente nas células que recobrem o intestino del- gado. Entre os três dissacarídeos, a sacarose apresenta o sabor mais doce. Porem, hoje existe os adoçantes artificiais sem nenhum valor calórico alimentar, e muito usado por pacientes diabéticos ou obesos.
Exemplo – a sacarina é 400 vezes mais doce que a sacarose.

FORMULA MOLECULAR DE ADOÇANTES ARTIFICIAIS

 

POLISSACARÍDEO CONTÉM MUITAS UNIDADES DE MONOSSACARÍDEOS
A maior parte dos carboidratos encontrados na natureza ocorre na forma de polissacarídeo de alto peso molecular. Alguns polissacarídeos são formas biológicas de reserva de monossacarídeos, outros são elementos estruturais de paredes ce- lulares. Pela hidrólise, por ácido ou enzimas, são liberados na for- ma de monossacarídeos.
Os polissacarídeos se dividem em:
Homopolissacarídeos – contém apenas um tipo de unidade monomérica.
Ex: amido – formado unicamente por moléculas de glicose.
Heteropolissacarídeos – contém dois ou mais tipos de unida- des monoméricas.
Ex: ácido hianurônico – encontrado no tecido conjuntivo – formado por resíduos alternados de dois açúcares diferentes.

4.4 Polissacarídeos como Reserva de Combustível Celular

Os polissacarídeos mais importantes de reserva são: o amido, encontrado nas células vegetais, e o glicogênio, encontrado nas células animais. As moléculas de amido e de glicogênio são alta- mente hidratadas, por possuírem vários grupos hidroxilas.
Amido – encontrado em raízes, como batatas, e em algumas sementes, como o milho. Este contém dois tipos de polímeros da glicose:
A – amilose e amilopectina.
– amilose – Têm cadeias linear longas não ramificadas, ligadas por unidades de moléculas de D-glicose, sendo este tipo de liga- ções (1 4).
– amilopectina – As unidades de glicose estão ligadas pelo tipo de ligação (1 4), mas existem as ramificações onde temos ligações, entre moléculas de glicose, do tipo (1 6).
O glicogênio – é o principal polissacarídeo de reserva nas cé- lulas animais, e é semelhante à amilopectina. É um polissacarídeo ramificado constituído de resíduo de D-glicose unidos por liga- ções (1 4), e nas ramificações as ligações são do tipo (1 6). Sendo encontrado principalmente no fígado, mas tam- bém nos músculos esqueléticos e junto ao glicogênio encontram- se as enzimas responsáveis pela síntese e degradação do glicogênio. As ligações (1 4) são hidrolisadas pelas enzimas da saliva e do suco pancreático – à a-amilase. As ligações (1 6) das ramificações são hidrolisadas pelas enzimas de desramificação, a
(1 6) glicosidase. A ação em conjunto destas duas enzimas [a-amilase e (1 6) glicosidase], faz a degradação completa do glicogênio e da amilopectina à glicose.
O glicogênio nos animais pode ser degradado pela enzima fosforilase do glicogênio, fornecendo glicose 1-fosfato.
Celulose – substância fibrosa resistente e insolúvel na água, en- contrada na parede celular das plantas, principalmente de hastes, caules, troncos e em todas as partes lenhosas dos tecidos vegetais. O algodão é quase celulose pura, sendo a celulose formada por unidades monoméricas de glicose, e o tipo de ligação entre esses monômeros (moléculas de glicose) para formar a celulose é (1 4). A maioria dos vertebrados não tem a enzima (celulase) que hidrolisa a molécula de celulose.
Os fungos e bactérias que se alimentam de madeiras, produ- zem a enzima celulase, assim são capaz de hidrolisar a celulose e usa-la na forma de glicose como alimento. Os únicos vertebrados capazes de utilizar a celulose como alimento, são os bois e outros ruminantes (ovelhas, cabras, camelos e cavalos), todos utilizam a

celulase para hidrolisar essa molécula. O boi tem quatro estôma- gos – sendo que os dois primeiros constituem o rumem e abrigam microorganismos que secretam celulase, enzimas que degradam a celulose em D-glicose; estas são então fermentadas pelos microorganismos em ácidos graxos, dióxido de carbono e gás metano, sendo que os ácidos graxos são absorvidos na corrente sangüínea.
Nos outros dois estômagos os microorganismos são digeridos por enzimas secretadas pelas células que recobrem a parede inter- na do estômago. Este processo libera aminoácidos, açúcares e outros produtos de hidrólise, que são absorvidos e utilizados na nutrição do boi. Este é um relacionamento simbiótico, entre o boi e o microorganismo.
Os seres vivos podem formar cadeias com dezenas de molécu- las de glicose. Esses grandes açúcares são os polissacarídeos (ami- do), açúcares mais abundantes na natureza. Ao contrário dos monossacarídeos e dos dissacarídeos, os polissacarídeos são, geral- mente, insolúveis em água.

Parte de uma molécula de Amido

De acordo com suas funções biológicas, são classificadas em:
a) Polissacarídeos energéticos de reserva: são formas de armaze- namento de glicose. Nos vegetais superiores, o amido é a principal forma de armazenamento de açúcar: nas sementes, como no ar- roz; nas raízes, como na mandioca; ou no caule, na batata. Nos animais superiores, o açúcar é armazenado como glicogênio, nas células do fígado e nas células musculares.
b) Polissacarídeos estruturais: alguns polissacarídeos participam da manutenção da estrutura dos seres vivos, como um esqueleto. Os mais importantes são a celulose e a quitina.
A quitina é um polissacarídeo rígido e resistente, que contém átomos de nitrogênio na molécula. Constitui o esqueleto externo dos insetos, dos crustáceos e das aranhas.
A celulose forma a parede celular das células vegetais. Constitui 50% de toda a matéria orgânica da biosfera. Em muitas partes das plantas, com o passar do tempo, a parede celular ganha outros polissacarídeos mais rígidos, como a lignina, que podem torná-la impermeável.

4.5 Classificação

Os carboidratos mais simples são denominados monossacarí- deos, possuindo pelo menos um átomo de carbono assimétrico (tem quatro ligantes diferentes) que caracteriza a região denomi- nada centro quiral, pois fornece isômeros ópticos. Possuem de 3 a 8 carbonos, sendo denominado, respectivamente, trioses, tetroses, pentoses, hexoses, heptoses e octoses.

 

Os monossacarídeos de ocorrência natural mais comum, como a ribose (5C), glicose (6C), frutose (6C) e manose (6C), existem como hemiacetais de cadeia cíclica (e não na forma linear), quer na formas de furanose (um anel de 5 elementos, menos estável) ou de piranose (um anel de 6 elementos, mais estável).

 

Esta forma cíclica (hemiacetal) resulta da reação intramolecular entre o grupamento funcional (C1 nas aldoses e C2 nas cetoses) e um dos carbonos hidroxilados do restante da molécula (C4 na

furanose e C5 na piranose), ocorrendo nas formas isoméricas alfa e beta, conforme a posição da hidroxila do C1.

Os carboidratos formam compostos pela união de duas ou mais moléculas de monossacarídeos, sendo classificados como DIS- SACARÍDEOS, OLIGOSSACARÍDEOS e POLISSACARÍDEOS.
Nesses compostos, quando o carbono C1 apresenta a hidroxila li- vre (ou seja, não está formando ligação entre os monossacarídeos) o carboidrato apresenta poder redutor quando aquecido. Esta ca- racterística é utilizada, freqüentemente, em reações de identifica- ção.

 

Saiba Mais

Os Carboidratos engordam?
Muitos, temendo engordar, limitam o consumo de carboidratos como feijão, arroz, batata, lentilhas, pão, doces e outros. Em pri- meiro lugar é preciso distingui-los. Há “maus” e os “bons”. O nos- so corpo converte todos os carboidratos em glicose. A glicose é o combustível das nossas células para produzir o calor e a energia com que nos movemos! É indispensável classificá-los em função do açúcar que contêm e a forma como este açúcar é assimilado e convertido em glicose.

A concentração de glicose na corrente sanguínea é mantida a níveis sensivelmente constantes de cerca de 4-5 mM. A glicose en- tra nas células por difusão facilitada. Este processo não permite a acumulação na célula de concentrações de glicose superiores às existentes no sangue, pelo qual a célula deve ter um processo para acumular glicose no seu interior. Isto é feito por modificação quí- mica da glicose pela enzima hexoquinase:

A membrana celular é impermeável à glicose-6-fosfato, que pode por isso se acumulada na célula. A glicose-6-fosfato será uti- lizada na síntese do glicogênio (uma forma de armazenamento de glicose), para produzir outros compostos de carbono na via das pentoses fosfato, ou degradada para produzir energia (glicólise).
Os carboidratos simples são encontrados em: farinha branca, arroz branco e os alimentos feitos com estes, como o pão branco, massas etc. Esse grupo tem índice glicêmico alto, por isso há libe- ração muito rápida da glicose para o sangue.
Os carboidratos complexos são os que contêm fibras, como os cereais integrais, feijões, milho, arroz integral, pão integral, lenti- lhas, verduras, frutas. Esse grupo tem índice glicêmico baixo, por- tanto de liberação lenta da glicose. Formam o grupo dos alimentos saudáveis.
Os carboidratos simples são digeridos facilmente e a sua glicose segue rápido para o sangue. Isso rompe o delicado equilíbrio do açúcar x oxigênio no sangue, exige abundante produção de insuli- na para restabelecer o equilíbrio. E a freqüente produção de insu- lina (insulinismo), gera gordura no corpo, sem contar as avarias nas glândulas com esse desequilíbrio cíclico.
Com os carboidratos complexos acontece o contrário. As fibras contidas nestes alimentos retardam a liberação da glicose. Por isso, ao ingeri-los, reduzimos a elevação dos níveis de glicose no sangue e isso significa estabilizar os níveis de açúcar no sangue, prevenir obesidade, diabetes tipo 2, câncer no cólon, diverticulite, prisão de ventre e hemorróidas. Reduz também o colesterol “mau” e, ao

mesmo tempo, faz baixar a pressão arterial daqueles que sofrem de pressão elevada!
São estas mesmas fibras que removem metais tóxicos do corpo. E essas toxinas são resultado da má digestão das proteínas animais, carboidratos e gorduras ingeridos juntos! São toxinas geradas por alimentos consumidos às pressas, sem serem triturados por mastigação adequada, convertendo-os em gordura!
Os adoçantes artificiais emagrecem?
Somos bombardeados com anúncios diários induzindo-nos a substituir o açúcar por adoçantes artificiais, no cafezinho, no chá, no café da manhã. A promessa é que, desse modo, evitamos engor- dar por estarmos ingerindo menos calorias. Optamos então pelos refrigerantes adoçados com edulcorantes químicos, os ditos light, antes chamados de diet… Acreditamos, inclusive, que estes sejam mais saudáveis.
Mas você já parou para pensar até onde isso pode ser verdadeiro e se, de fato, está beneficiando o seu corpo? Os adoçantes artificiais visam atender às pessoas diabéticas, que não podem ingerir açúcar devido a dificuldade de processá-lo. Para elas, criaram-se os ali- mentos e bebidas diet. Primeiro veio a Sacarina, depois os Ciclamatos, os dois derivados do petróleo. Ambos foram acusados de aumentar a incidência de câncer na bexiga. Ciclamatos são proi- bidos em alguns países, entre eles o Canadá.

Depois surgiu o Aspartame, um produto sintético com as mes- mas calorias do açúcar, em peso, porém 200 vezes mais doce que a sacarose do açúcar. É o resultado da combinação química do ácido aspártico e a fenilalanina, juntamente com o metanol, o álcool metílico, álcool da madeira, altamente tóxico.

 

Estes são os adoçantes artificiais de maior uso, mas há mais. A ação de todos eles parte do princípio de que o organismo não os reconhece como nutrientes, por isso não os metaboliza. São, no entanto, substâncias que precisam ser expelidas pelo corpo e, em conseqüência, aumentam a tarefa do fígado e dos rins. Mesmo sen- do próprio somente para diabéticos, milhares de pessoas sadias usam o adoçante artificial no seu dia-a-dia, bebem refrigerantes diet ou light com o propósito de se livrar de calorias, pensando em não engordar. Este foi o grande argumento mercadológico usado. Mas a verdade é que há maneiras mais fáceis de livrar o corpo de calorias, sem ter de recorrer a adoçantes artificiais e sem precisar sujeitar-se aos riscos que eles oferecem. Ainda que se admita não terem efeitos tóxicos, perturbam o metabolismo. Isso acontece porque o corpo sempre detecta estes adoçantes e se prepara para digerir carboidratos, mas falha. A resposta do organismo a isso é um maior coeficiente de absorção da glicose dos carboidratos in- geridos durante o dia, portanto, exige mais insulina a ser liberada para o sangue. E veja que muita insulina no corpo, o hiperinsu- linismo, faz parte do processo de acumular gordura!
O fato é que os adoçantes artificiais não são em absoluto saudá- veis. Pelo contrário, oferecem risco à saúde, são produtos quími- cos que o corpo detecta como toxinas, os rejeita. Tidos como ino- fensivos aos adultos, no entanto, gestante jamais pode tomar aspartame, porque os seus efeitos sobre o feto são incertos!
Light x Diet

 

Freqüentemente, há uma confusão nesses dois termos quando nos referimos a alimentos com modificações feitas pelo homem. O produto denominado Light, geralmente industrializado, é aquele em que os constituintes como por exemplo: gorduras e açúcares, ricos em calorias; são reduzidos a níveis mais baixos que o usual. Já o produto Diet é isento de uma determinada substância, geralmente utilizado por pessoas com patologias específicas, como por exem- plo, diabéticos.

 

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 5
QUÍMICA DE LIPÍDEOS

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 5

5.1 Introdução

Os lipídeos são definidos por um conjunto de substâncias quí- micas que, ao contrário das outras classes de compostos orgânicos, não são caracterizadas por algum grupo funcional comum, e sim pela sua alta solubilidade em solventes orgânicos e baixa solubili- dade em água. Fazem parte de um grupo conhecido como biomoléculas. Os lipídeos se encontram distribuídos em todos os tecidos, principalmente nas membranas celulares e nas células de gordura. Algumas substâncias classificadas entre os lipídeos pos- suem intensa atividade biológica, entre elas incluem algumas como as vitaminas e hormônios.
Embora os lipídeos sejam uma classe distinta de biomoléculas, veremos que eles geralmente ocorrem combinados, seja covalentemente ou através de ligações fracas, como membros de outras classes de biomoléculas, para produzir moléculas hídricas tais como glicolipídeos, que contêm tanto carboidratos quanto gru- pos lipídicos, e lipoproteínas, que contêm tanto lipídeos como pro- teínas. Em tais biomoléculas, as distintas propriedades químicas e físicas de seus componentes estão combinadas para preencher fun- ções biológicas especializadas.
Existem diversos tipos de moléculas diferentes que perten- cem à classe dos lipídeos. Embora não apresentem nenhuma característica estrutural comum todas elas possuem muito mais ligações carbono-hidrogênio do que as outras biomoléculas, e a grande maioria possui poucos heteroátomos. Isto faz com que estas moléculas sejam pobres em dipolos localizados (car- bono e hidrogênio possuem eletronegatividade semelhante). Uma das leis clássicas da química diz que “o semelhante dis- solve o semelhante”: daí a razão para estas moléculas serem fracamente solúveis em água ou etanol (solventes polares) e altamente solúveis em solventes orgânicos (geralmente apolares
– hexano).
Ao contrário das demais biomoléculas, os lipídeos não são polímeros, isto é, não são repetições de uma unidade básica. Em- bora possam apresentar uma estrutura química relativamente sim- ples, as funções dos lipídeos são complexas e diversas, atuando em muitas etapas cruciais do metabolismo e na definição das estrutu- ras celulares.

Os químicos podem separar os lipídeos de uma amostra bioló- gica através de uma técnica conhecida como extração; um solvente orgânico é adicionado a uma solução aquosa da amostra e, com um auxílio de um funil de separação, obtém-se a fase or- gânica rica em lipídeos. Com a evaporação do solvente orgânico obtém-se o lipídeo. E desta maneira que pode se obter o óleo vegetal.
Alguns lipídeos têm a habilidade de formar filmes sobre a su- perfície da água, ou mesmo de formar agregados organizados na solução; estes possuem uma região, na molécula, polar ou iônica, que é facilmente hidratada. Este comportamento é característico dos lipídeos que compõe a membrana celular. Os lipossomos são “microenvelopes” capazes de envolverem moléculas orgânicas e entregarem-nas ao “endereço biológico” correto.

 

5.2 Principais Funções dos Lipídeos

Desempenham várias funções biológicas importantes no orga- nismo, entre elas:
– Reserva de energia (1 g de gordura = 9 kcal) em animais e sementes oleaginosas, sendo a principal forma de armazenamen- to os triacilgliceróis (triglicerídeos);
– Armazenamento e transporte de combustível metabólico;
– Componente estrutural das membranas biológicas;
– São moléculas que podem funcionar como combustível alter- nativo à glicose, pois são os compostos bioquímicos mais calóricos em geração de energia metabólica através da oxidação de ácidos graxos;
– Oferecem isolamento térmico, elétrico e mecânico para prote- ção de células e órgãos e para todo o organismo, o qual ajuda a dar a forma estética característica;
– Dão origem a moléculas mensageiras, como hormônios, prostaglandinas, etc.
– As gorduras (triacilgliceróis), devido à sua função de substân- cias de reserva, são acumuladas principalmente no tecido adiposo, para ocasiões em que há alimentação insuficiente. A reserva sob a forma de gordura é muito favorável à célula por dois motivos: em primeiro lugar, as gorduras são insolúveis na água e, portanto não contribuem para a pressão osmótica den- tro da célula, e em segundo lugar, as gorduras são ricas em energia; na sua oxidação total são liberados 38,13 kJ/g de gor- dura.

5.3 Os Lipídeos podem ser Utilizados como:

– Na alimentação, como óleos de cozinha, margarina, manteiga, maionese;
– Produtos manufaturados: sabões, resinas, cosméticos, lubrifi- cantes.
– Combustíveis alternativos, como é o caso do óleo vegetal transesterificado que corresponde a uma mistura de ácidos graxos vegetais tratados com etanol e ácido sulfúrico que subs- titui o óleo diesel, não sendo preciso nenhuma modificação do motor, além de ser muito menos poluente e isento de enxofre.

 

5.4 Lipídeos são Classificados de Acordo com sua Solubilidade

ÁCIDOS GRAXOS

 

A hidrólise ácida dos triacilglicerídios leva aos correspondentes ácidos carboxílicos – conhecidos como ácidos graxos. Este é o gru- po mais abundante de lipídeos nos seres vivos, e são compostos derivados dos ácidos carboxílicos. Este grupo é geralmente cha- mado de lipídeos saponificáveis, porque a reação destes com uma solução quente de hidróxido de sódio produzem o corresponden- te sal do ácido carboxílico, isto é, o denominado sabão sódico.
Os ácidos graxos possuem um pKa da ordem de 4,8. Isto signi- fica que, em uma solução onde o pH é 4,8, metade da concentra- ção o ácido está ionizada; a um pH maior (7, por exemplo) pratica- mente todo o ácido encontra-se ionizado, formando um sal com o seu contra-íon; num pH menor (3, por exemplo) todo o ácido en- contra-se protonado.
A natureza do cátion determina as propriedades do sal carboxílico formado. Em geral, sais com cátions divalentes (Ca2+ ou Mg2+) não são bem solúveis em água, ao contrário do formado com metais

alcalinos (Na+ e K+), que são bastante solúveis em água e em óleo – são conhecidos como sabão. É por este motivo que, em regiões onde a água é rica em metais alcalinos terrosos, é necessário se utilizar formulações especiais de sabão na hora de lavar a roupa. Na água, em altas concentrações destes sais, ocorre a formação de micelas – glóbulos microscópicos formados pela agregação destas moléculas. Nas micelas, as regiões polares das moléculas de sabão encontram-se em contato com as moléculas de água, enquanto que as regiões hidrofóbicas ficam no interior do glóbulo, em uma pseudofase orgânica, sem contato com a água.

 

5.5 Classificação dos Ácidos Graxos

Os ácidos graxos podem ser classificados como saturados ou insaturados, dependendo da ausência ou presença de ligações duplas entre carbono-carbono. Os insaturados (que contém tais ligações) são facilmente convertidos em saturados através da hidrogenação catalítica (este processo é chamado de redução). A presença de insaturação nas cadeias de ácido carboxílico dificulta a interação intermolecular, fazendo com que, em geral, estes se apre-

 

sentem, à temperatura ambiente, no estado líquido; já os saturados, com uma maior facilidade de empacotamento intermolecular, são sólidos. A margarina, por exemplo, é obtida através da hidrogenação de um líquido – o óleo de soja ou de milho, que é rico em ácidos graxos insaturados.
Conceitos Gerais:
É ácidos orgânicos, a maioria de cadeia alquil longa, com mais de 12 carbonos
Esta cadeia alquil pode ser saturada ou insaturada;
Ácidos graxos saturados:
-Não possuem duplas ligações
-São geralmente sólidos à temperatura ambiente
-Gorduras de origem animal são geralmente ricas em ácidos graxos saturados
Ácidos graxos insaturados:
Possuem uma ou mais duplas ligações è são mono ou poliinsaturados.
São geralmente líquidos à temperatura ambiente.
A dupla ligação, quando ocorre em um AG natural, é sempre do tipo “cis”.
Os óleos de origem vegetal são ricos em AG insaturados.
Quando existem mais de uma dupla ligação, estas são sempre separadas por pelo menos 3 carbonos, nunca são adjacentes nem conjugadas.
Nomenclatura de Ácidos Graxos:
O nome sistemático do ácido graxo vem do hidrocarboneto cor- respondente;
Existe um nome descritivo para a maioria dos ácidos graxos; Os ácidos graxos tem seus carbonos numerados de 2 formas: A partir da carboxila è Numeração Delta – “D “.
A partir do grupamento metil terminal è Numeração Ômega – “j“ Os carbonos 2, 3 e 4,contados a partir da carboxila, são denomi-
nados, respectivamente, a , b e g .
As duplas ligações, quando presentes, podem ser descritas em número e posição em ambos os sistemas; por exemplo: O ácido linoleico possui 18 átomos de carbono e 2 duplas ligações, entre os carbonos 9 e 10, e entre os carbonos 12 e 13; sua estrutura pode ser descrita como:

18;2 Delta 9,12 ou 18:2 (9,12). Pertencente à família Õmega-6. Outros exemplos de ácidos graxos:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ácidos Graxos Essenciais:
O homem é capaz de sintetizar muitos tipos de ácidos graxos, incluindo os saturados e os monoinsaturados.
Os ácidos graxos poliinsaturados, no entanto, principalmente os das classes j-6 – família do ácido linoleico – e j-3 – família do ácido linolênico – devem ser obtidos da dieta, pois são sintetizados ape- nas por vegetais.
Estes ácidos graxos participam como precursores de biomoléculas importantes como as PROSTAGLANDINAS, deri- vadas do ácido linoleico e com inúmeras funções sobre contratibilidade de músculo liso e modulação de recepção de sinal hormonal.

 

5.6 Principais Classes de Lipídeos

• TRIGLICERÍDEOS

 

Conhecidos como gorduras neutras, esta grande classe de lipídeos não contém grupos carregados. São ésteres do glicerol – 1,2,3- propanotriol. Estes ésteres possuem longas cadeias carbônicas atachadas ao glicerol, e a hidrólise ácida promove a formação dos ácidos graxos correspondentes e o álcool (glicerol).
Nos animais, os TAGs são lipídeos que servem, principalmente, para a estocagem de energia; as células lipidinosas são ricas em TAGs. É uma das mais eficientes formas de estocagem de energia, principalmente com TAGs saturados; cada ligação C-H é um sítio potencial para a reação de oxidação, um processo que libera muita energia.
Os TAGs provindo de animais terrestres contém uma maior quantidade de cadeias saturadas se comparados aos TAGs de ani- mais aquáticos. Embora menos eficientes no armazenamento de energia, as TAGs insaturadas oferecem uma vantagem para os ani- mais aquáticos, principalmente para os que vivem em água fria: elas têm uma menor temperatura de fusão, permanecendo no es- tado líquido mesmo em baixas temperaturas. Se fossem saturadas, ficariam no estado sólido e teriam maior dificuldade de mobilida- de no organismo do animal.
Os TAGs podem ser chamados de gorduras ou óleos, depen- dendo do estado físico na temperatura ambiente: se forem sólidos, são gorduras, e líquidos são óleos. No organismo, tanto os óleos como as gorduras podem ser hidrolisados pelo auxílio de enzimas específicas, as lipases (tal como a fosfolipase A ou a lipase pancreá- tica), que permitem a digestão destas substâncias.

 

Os triacilgliceróis são lipídeos formados pela ligação de 3 molé- culas de ácidos graxos com o glicerol, um triálcool de 3 carbonos, através de ligações do tipo éster. São também chamados de “Gor- duras Neutras”, ou triglicerídeos. Os ácidos graxos que participam da estrutura de um triacilglicerol são geralmente diferentes entre si. A principal função dos triacilgliceróis é a de reserva de energia, e são armazenados nas células do tecido adiposo, principalmente. São armazenados em uma forma desidratada quase pura, e forne- cem por grama aproximadamente o dobro da energia fornecida por carboidratos. Existem ainda os mono e diacilgliceróis, deriva- dos do glicerol com 1 ou 2 AG esterificados, respectivamente.

• FOSFOLIPÍDEOS

Os fosfolípideos são ésteres do glicerofosfato – um derivado fosfórico do glicerol. O fosfato é um diéster fosfórico, e o grupo polar do fosfolipídio. A um dos oxigênios do fostato podem estar ligados grupos neutros ou carregados, como a colina, a etanoamina, o inositol, glicerol ou outros. As fostatidilcolinas, por exemplo, são chamadas de lecitinas.

Os fosfolipídios ocorrem em praticamente todos os seres vivos. Como são anfifílicos, também são capazes de formar pseudomi- crofases em solução aquosa; a organização, entretanto, difere das

micelas. Os fosfolipídios se ordenam em bicamadas, formando vesículas. Estas estruturas são importantes para conter substâncias hidrossolúveis em um sistema aquoso – como no caso das mem- branas celulares ou vesículas sinápticas. Mais de 40% das mem- branas das células do fígado, por exemplo, é composto por fosfolipídios. Envolvidos nestas bicamadas encontram-se outros compostos, como proteínas, açúcares e colesterol.
Ou “Lipídeos Polares”, são lipídeos que contém fosfato na sua estrutura.
Os mais importantes são também derivados do glicerol – fosfoglicerídeos – o qual está ligado por uma ponte tipo fosfodiéster geralmente a uma base nitrogenada, como por exemplo:
Colina è Fosfatidilcolina, ou Lecitina; Serina è Fosfatidilserina; Etanolamina è Fosfatidiletanolamina.
As outras hidroxilas do glicerol estão esterificadas a ácidos graxos.
Os fosfoglicerídeos desempenham importante função na estrutura e função das membranas biológicas, pois são claramente anfipáticos.

As membranas celulares são elásticas e resistentes graças às for- tes interações hidrofóbicas entre os grupos apolares dos fosfolipídios. Estas membranas formam vesículas que separam os componentes celulares do meio intercelular – dois sistemas aquosos!
• ESFINGOLIPÍDEOS

A principal diferença entre os esfingolipídios e os fosfolipídios é o álcool no qual estes se baseiam: em vez do glicerol, eles são deriva-

dos de um amino álcool. Estes lipídeos contém 3 componentes fun- damentais: um grupo polar, um ácido graxo, e uma estrutra chama- da base esfingóide – uma longa cadeia hidrocarbônica derivada do d-eritro-2-amino-1,3-diol. É chamado de base devido a presença do grupo amino que, em solução aquosa, pode ser convertido para o respectivo íon amônio. A esfingosina foi o primeiro membro desta classe a ser descoberto e, juntamente com a di-hidroesfingosina, são os grupos mais abundantes desta classe nos mamíferos. No di-hidro, a ligação dupla é reduzida. O grupo esfingóide é conectado ao ácido graxo graças a uma ligação amídica. A esfingomielina, encontrada em muitos animais, é um exemplo de esfingolipídio.
Os vários tipos de esfingolipídios são classificados de acordo com o grupo que está conectado à base esfingóide. Se o grupo hidroxila esti- ver conectado a um açúcar, o composto é chamado de glicosfincolipídio. O grupo pode ser, também, um éster fosfófico, como a fosfocolina, na esfingomielina. Gangliosídios são glicosfingolipídios que contém o ácido N-acetilneurâmico (ácido siálico) ligado à cadeia oligossacarídica. Estas espécies são muito comuns no tecido cerebral.
São lipídeos importantes também na estrutura das membranas biológicas. Formados por uma molécula de ácido graxo de cadeia longa, a esfingosina – um aminoálcool de cadeia longa – ou um de seus derivados, e uma cabeça polar alcoólica.
Existem 3 subclasses de esfingolipídeos:
– As Esfingomielinas = Possuem a fosfocolina ou a fosfoetanola- mina como cabeça polar alcoólica;
– Os Cerebrosídeos = Não possuem fosfato, e sim, um açúcar simples como álcool polar – são glicoesfingolipídios, ou glicolipídios;
– Os Gângliosídeos = Possuem estrutura complexa, com cabeças polares muito grandes formadas por várias unidades de açúcar como por exemplo, o ácido siálico.
• ESTERÓIDES

 

Os esteróides são lipídeos derivados do colesterol. Eles atuam, nos organismos, como hormônios e, nos humanos, são secretados pelas gônadas, córtex adrenal e pela placenta. A testosterona é o hormônio sexual masculino, enquanto que o estradiol é o hormônio responsável por muitas das características femininas.
O colesterol, além da atividade hormonal, também desempe- nha um papel estrutural – habita a pseudofase orgânica nas mem- branas celulares. Muitas vezes chamado de vilão pela mídia, o colesterol é um composto vital para a maioria dos seres vivos. São lipídeos que não possuem ácidos graxos em sua estrutura. Derivam do anel orgânico Ciclopentanoperidrofenantreno. Os esteróis – esteróides com função alcoólica – são a principal subclasse dos esteróides. Destes, o principal exemplo é o colesterol que é um esteróide importante na estrutura das membranas biológi- cas, e atua como precursor na biossíntese dos esteróides biologi- camente ativos, como os hormônios esteróides e os ácidos e sais biliares é o Colesterol. O excesso de colesterol no sangue é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doen- ças arteriais coronarianas, principalmente o infarto agudo do miocárdio.

 

• LIPOPROTEÍNAS:
São associações entre proteínas e lipídeos encontradas na cor- rente sanguínea, e que tem como função transportar e regular o metabolismo dos lipídeos no plasma. A fração protéica das lipoproteínas denomina-se Apoproteína, e se divide em 5 classes principais – Apo A, B, C, D e E – e vária subclasses. A fração lipídica das lipoproteínas é muito variável, e permite a classificação das mesmas em 5 grupos, de acordo com suas densidades e mobilida- de eletroforética:

– Quilomícron – É a lipoproteína menos densa, transportadora de triacilglicerol exógeno na corrente sanguínea;
– VLDL – “Lipoproteína de Densidade Muito Baixa”, transporta triacilglicerol endógeno;
– IDL – “Lipoproteína de Densidade Intermediária”, é formada na transformação de -VLDL em LDL;
– LDL – “Lipoproteína de Densidade Baixa”, é a principal trans- portadora de colesterol; seus níveis aumentados no sangue aumen- tam o risco de infarto agudo do miocárdio;
– HDL – “Lipoproteína de Densidade Alta”; atua retirando o colesterol da circulação. Seus níveis aumentados no sangue estão associados a uma diminuição do risco de infarto agudo do miocárdio.

• PROSTAGLANDINAS
Estes lipídeos não desempenham funções estruturais, mas são importantes componentes em vários processos metabólicos e de comunicação intercelular. Um dos processos mais importantes controlados pelas prostaglandinas é a inflamação.
Todos estas substâncias têm estrutura química semelhante a do ácido prostanóico, um anel de 5 membros com duas longas cadei- as ligadas em trans nos carbonos 1 e 2. As prostaglandinas diferem do ácido prostanóico pela presença de insaturação ou substituição no anel ou da alteração das cadeias ligadas a ele.
A substância chave na biossíntese das prostaglandinas é o ácido araquidônico, que é formado através da remoção enzimática de hi- drogênios do ácido linoléico. O ácido araquidônico livre é convertido a prostaglandinas pela ação da enzima ciclooxigenase, que adiciona oxigênios ao ácido araquidônico e promove a sua ciclização. No orga- nismo, o ácido araquidônico é estocado sob a forma de fosfolipídios, tal como o fosfoinositol, em membranas. Sob certos estímulos, o áci- do araquidônico é liberado do lipídeo de estocagem (através da ação da enzima fosfolipase A2) e rapidamente convertido a prostaglandinas, que iniciam o processo inflamatório. A cortisona tem ação anti-infla- matória por bloquear a ação da fosfolipase A2. Este é o mecanismo de ação da maior parte dos anti-inflamatórios esteróides.
Existem outras rotas nas quais o ácido araquidônico é transfor- mado em prostaglandinas; algumas envolvem a conversão do áci- do em um intermediário, o ácido 5-hidroperox-6,8,1-eicosatetra- nóico (conhecido como 5-HPETE), que é formado pela ação da 5- lipoxigenase. Os anti-inflamatórios não esteróides, como a aspiri- na, agem bloqueiando as enzimas responsáveis pela formação do 5-HPETE. Desta forma, impedem o ciclo de formação das prosta- glandinas e evitam a sinalização inflamatória.

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Módulo 2

 

 

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 6
VITAMINAS

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 6

6.1 Introdução

A palavra Vitamina foi criada no princípio do século por Kazimierz Funk, um Bioquímico po- lonês, que achava que este nutriente era uma “amina da vida”. As aminas são compostos for- mados pela substituição de um ou mais átomos de hidrogênio na molécula da amônia (NH3) por radicais orgânicos. A palavra inglesa original
“Vitamine” foi posteriormente modificada para “Vitamin”, quan- do se reconheceu que nem todas as vitaminas eram aminas. Em português não houve modificação semelhante.
As vitaminas são nutrientes importantes para o funcionamento do organismo, e protegem-no contra diversas doenças. A maior parte das vitaminas não é sintetizada pelo organismo humano, embora o seu metabolismo normal dependa da presença de 13 vitaminas diferentes. A deficiência de vitaminas contribui para o mau funcionamento do organismo e facilita o aparecimento de doenças – avitaminoses.

 

6.2 Classificaão das Vitaminas

Vitaminas Hidrossolúveis
Como a designação sugere, são vitaminas solúveis em água. São absorvidas pelo intestino e transportadas pelo sistema circulatório para os tecidos onde são utilizadas. O grau de solubilidade é variá- vel e tem influência no seu trajeto através do organismo. Podem ser armazenadas no organismo em quantidade limitada, e a sua excreção efetua-se através da urina.
As vitaminas hidrossolúveis mais importantes para o homem são: B1, B2, B5, B6, B12, C, H, M e PP.
Vitaminas Lipossolúveis
As vitaminas lipossolúveis são solúveis em gorduras. São absor- vidas pelo intestino humano através da ação dos sais biliares segre- gados pelo fígado, e são transportadas pelo sistema linfático para diferentes partes do corpo. O organismo humano tem capacidade

para armazenar maior quantidade de vitaminas lipossolúveis, do que hidrossolúveis.
As vitaminas lipossolúveis mais importantes para o homem são: A, D, E, K. As vitaminas A e D são armazenadas, sobretudo no fígado, e a vitamina E nos tecidos gordos e órgãos reprodutores. A capacidade de armazenamento de vitamina K é reduzida.

 

6.3 Denominação das Vitaminas

Vitamina A (Retinol)
Grupo: vitaminas lipossolúveis.
Fonte: acerola, vegetais verdes e amarelos (alface, couve, espinafre, sal- sa, batata-doce, cenoura), gordura, lei- te, manteiga, queijo, ovo, fígado e ou- tras vísceras, sardinha.
Função: importante para o cresci- mento e formação dos ossos, indispen-
sável para a qualidade da visão, da pele e do cabelo.
Avitaminose: xeroftalmia (secura dos olhos).
Sinais e Sintomas: cegueira noturna, fotofobia (hipersensibilidade à luz), hemorragia ocular, cegueira (casos mais graves), alteração do paladar, desidratação da pele (com hiperqueratose e atrofia das glândulas sebáceas), desidratação das mucosas (com infecções fre- qüentes).
Vitamina B1
(Tiamina – Vitamina F)
Grupo: vitaminas hidrossolúveis.
Fonte: arroz integral, brócolos, ervilha, espargo, feijão, noz, pão integral, fígado, rim, carne de porco, peixe, ovo (gema).
Necessidades diárias: entre 1 mg (crianças e mulheres) e 1,4 mg (homens).
Função: importante para o metabolismo celular, sistema nervo- so e músculos.
Avitaminose: beribéri e encefalopatia de Wernicke-Korsakoff. Sinais e Sintomas:
Carência: alteração do tato, anorexia, depressão, dispnéia, dor abdominal e torácica, fadiga, irritação fácil e nervosismo, palidez, palpitações, perda de peso, parestesias (sensação de picadas no cor- po), sensação de calor nos pés (sensação de queimadura), vómitos;

Beribéri: atrofia muscular, cianose, taquicardia, hipertensão sistólica, hipotensão diastólica, distensão das veias cervicais;

Vitamina B2
(Riboflavina – Vitamina G) Grupo: vitaminas hidrossolúveis.
Fonte: cereais em grão, levedura de cerveja, vegetais de folhas verdes (couve-flor, espinafre, repolho), vegetais amarelos, leite, queijo, carnes de boi, porco e aves, fígado e rim (vaca), ovo.
Necessidades diárias: entre 1,5 mg (mulheres) e 1,7 mg (homens).
Função: importante para o metabolismo dos protídeos, lipídeos e glucídios.
Avitaminose: neuropatia.
Sinais e Sintomas: ardor e prurido ocular, fotofobia (hipersen- sibilidade à luz), aumento da vascularização da córnea, desidrata- ção da pele, estomatite, depressão.
Vitamina B3
(Ácido nicotínico – Niacina – Nicotinamida – Vitamina PP) Grupo: vitaminas hidrossolúveis.
Fonte: amendoim, cereais em grão, noz, ervilha, fava, feijão, le- gumes, leite, queijo, carne de aves, fígado.
Necessidades diárias: cerca de 18 mg.
Função: importante para as funções dos sistemas nervoso e di- gestivo, fígado e pele, ação reguladora da colestrolemia.
Avitaminose: pelagra.
Sinais e Sintomas: cefaleias, fadiga, insônia, irritabilidade fácil, dermatite (sobretudo na região cervical anterior) com descamação, edema e hiperpigmentação cutâneas, diarréia, gengivite, estomatite, demência e outras alterações cerebrais (alucinação, ansiedade, de- pressão, psicose, estupor).
Vitamina B5
(Ácido pantatênico)
Grupo: vitaminas hidrossolúveis.
Fonte: cereais em grão, cogumelos, legumes, milho, abacate, leite, carne de aves, fígado, ovo.
Necessidades diárias: cerca de 6 mg.
Função: importante para a produção de anticorpos e hormônios supra-renais (esteróides e cortisona), importante para o metabo-

lismo dos protídeos, lipídeos e glucídios (conversão em energia), ação facilitadora no controlo do stress. Elemento essencial da coenzima A.
Sinais e Sintomas: cãibras, dores e cólicas abdominais, fadiga, insônia, mal-estar geral, redução na produção de anticorpos.
Vitamina B6
(Piridoxina)
Grupo: vitaminas hidrossolúveis.
Fonte: arroz integral, aveia, batata, cereais em grão, trigo, leguminosas, banana, atum, carne de porco, vísceras.
Necessidades diárias: cerca de 2 mg.
Função: importante para o metabolismo celular (respiração ce- lular) e das proteínas.
Sinais de carência: anemia, dermatite, gengivite, náuseas, ner- vosismo.
Vitamina B9
(Ácido fólico – Vitamina Bc – Vitamina M) Grupo: vitaminas hidrossolúveis.
Fonte: vegetais de folhas verdes (couve-flor, espinafre, repolho), levedura de cerveja, fígado.
Necessidades diárias: cerca de 200 ìg.
Função: ajuda a formar o ácido tetrahidrofólico, que atua como uma coenzima no metabolismo dos aminoácidos, na formação dos ácidos nucléicos, das hemácias e do tecido nervoso.
Avitaminose: anemia (megaloblástica).
Sinais e Sintomas: fadiga, palpitações, cefaléias, dispnéia, irritabilidade, perda de peso, diarréia, estomatite, anemia, taquicardia, palidez (quadro clínico inespecífico).
Vitamina B12
(Cianocobalamina – Cobalamina) Grupo: vitaminas hidrossolúveis. Fonte: leite, carnes vermelhas, ovo. Necessidades diárias: cerca de 1 ìg.
Função: necessária à eritropoiese, e importante para o metabo- lismo dos aminoácidos e ácidos nucléicos.
Avitaminose: disfunções neurológicas e hematológicas (anemia).
Sinais e Sintomas: anemia (megaloblástica), palidez, fraqueza muscular, perda de peso, dispnéia, cefaléias, palpitações, neuropatia

periférica com Sinal de Romberg positivo e diminuição ou exacer- bação dos reflexos, depressão, paranóia, amnésia, demência.
Vitamina C
(Ácido ascórbico)
A vitamina C é necessária para manter normais as paredes dos vasos sangüíneos. As frutas cítricas, as verduras, o tomate e a cebo- la são ricos em vitamina C. Existem diversas substâncias que apre- sentam atividade em vitamina C, das quais a mais importante é o ácido L-ascórbico. O ácido ascórbico é sintetizado por um grande número de plantas e por todos os mamíferos conhecidos, exceto os primatas e o porquinho-da-índia.
Patologia
Devido a não sintetizar o ácido ascórbico por problemas genéti- cos, o homem necessita de ingestão constante de vitamina C. A deficiência de vitamina C causa o “escorbuto”. Os sintomas pato- lógicos do escorbuto limitam-se quase que exclusivamente ao teci- dos de suporte de origem mesenquimal (ossos, dentina, cartila- gens e tecido conjuntivo).
O escorbuto nos adultos caracteriza-se por: ulcerações, gengi- vas inchadas, afrouxamento dos dentes, modificação naintegridade dos capilares, anorexia, anemia. As crianças alimentadas com leite materno sem suplementação adequada com fontes vegetais de vi- tamina C tornam-se suceptíveis ao “escorbuto infantil”.
Este estado carencial caracteriza-se por fraqueza, juntas incha- das, dificuldade de movimentação, manchas hemorrágicas, feri- das difíceis de curar e anemia. Exceto a anemia, todos os outros sintomas são devidos a problemas na formação dos colágenos e de condriona sulfato. A anemia deve-se a uma dificuldade do indiví- duo em usar o ferro armazenado. É aventado também que a vita- mina C tem um papel importante na prevenção de gripes e resfri- ados, por participar da síntese da condroitina sulfato. Embora ten- do este papel na proteção das mucosas, a vitamina C é menos efici- ente que a vitamina A no controle de gripes e resfriados.
Grupo: vitaminas hidrossolúveis.
Fonte: acerola, ananás, laranja, limão, mamão, manga, melão, morango, batata, vegetais de folhas verdes (couve-flor, couve galega, espinafre, repolho), pimentão. A acerola é o fruto mais rico em vitaminas A e C (a quantidade de vitamina C é cerca de
trinta vezes superior à da laranja).
Necessidades diárias: cerca de 60 mg.

Função: importante para várias reações bioquímicas celulares. A principal função é a hidroxilação do colágeno, uma proteína que aumenta a resistência de ossos, dentes, tendões e paredes dos va- sos sanguíneos. Tem efeito antioxidante, é usada na síntese de hormônios e neurotransmissores, e contribui para o fortalecimen- to das defesas imunológicas do organismo.
Avitaminose: escorbuto.
Sinais e Sintomas: cicatrização difícil de ferimentos, secura da boca e dos olhos, dentes fracos, dores articulares, gengivite, he- morragias, perda de peso, fraqueza geral, lesões escorbúticas.
Vitamina D
(Calciferol – Colecalciferol e Ergocalciferol)
A Vitamina D1 é a mais impor- tante e é a que regula o metabolismo do Cálcio, ou seja, a calcificação ós- sea.
A Vitamina D2 chamada de Ergocalciferol, tem como precursor o ergosterol presente nos vegetais, centeio e leveduras.
A vitamina D3 ou Colecalciferol é a sintetizada na pele sob ação dos raios U.V. do sol em contato com o 7-dehidrocolesterol secretado pelas glândulas sebáceas presentes na nossa pele.
A Vitamina D aumenta a absorção do Cálcio e do Fósforo no lúmen intestinal por um mecanismo não esclarecido; junto ao hormônio Calcitonina tem função osteoblástica de depositar Cál- cio nos ósseos; tem função osteoclástica junto ao Paratormônio que retira Cálcio dos ossos quando a concentração deste mineral está baixa no sangue (hipocalcemia); aumenta a reabsorção do fosfato inorgânico pelos rins; estimula a síntese do colágeno.
Grupo: vitaminas lipossolúveis.
Fonte: fígado, ovo, peixes de água salgada, sol (favorece a pro- dução de calciferol pelo organismo).
Necessidades diárias: cerca de 10 mg ou 400 UI.
Função: importante para o crescimento, facilita a fixação de cál- cio nos ossos e dentes.
Avitaminose: raquitismo.
Sinais e Sintomas: atraso no crescimento, amolecimento do crâ- nio, deformações ósseas, curvatura acentuada dos membros infe- riores, malformação e envelhecimento precoce dos dentes, raqui- tismo.

Vitamina E
(Tocoferol)
Ela previne o dano celular ao inibir a peroxidação lipídica, a formação de radicais livres e doenças cardiovasculares. Melhora a circulação sanguínea, regenera tecidos e é útil no tratamento de seios fibrocísticos, tensão pré-menstrual e claudicação intermiten- te. É possível obter dos alimentos as doses de vitamina E que com- batem doenças cardíacas e o câncer, além de aumentar a resistên- cia imunológica, segundo consta uma pesquisa feita pelo em 2000 pelo Instituto de Medicina do EUA(IOM) . O IOM relatou que a maioria dos americanos consegue o suprimento necessário da vita- mina E pela alimentação diária. Além de alertar sobre dietas que restrinjam o consumo de gorduras, tendo essas pessoas que complementarem com suplementos(lembrando que o Tocoferol é uma vitamina lipossolúvel, portanto cumulativo no organismo. Podendo gerar a hipervitaminose).
Grupo: vitaminas lipossolúveis.
Fonte: abacate, avelã, aveia, batata doce, brócolos, cereais integrais, noz, trigo.
Necessidades diárias: cerca de 10 mg.
Função: importante para a atividade muscular, formação de células sexuais e sanguíneas, ação antioxidante (estabiliza- dora das estruturas celulares).
Avitaminose: esterilidade.
Sinais e Sintomas: distrofia muscular e fraqueza, descamação cutânea, anemia, catarata, derrames, disfunção neurológica (siste- ma nervoso, olhos e músculos); os sinais e sintomas são inespecíficos. Pensa-se que esta avitaminose favorece o aparecimen- to de certo tipo de neoplasias malignas (cancros).
Vitamina H
(Biotina – Vitamina B8)
Grupo: vitaminas hidrossolúveis. Fonte: fígado, ovo, vegetais.
Função: importante para o metabolis- mo dos lipídeos.
Sinais e Sintomas: problemas cutâneos.
Vitamina K
(Filoquinona – Naftoquinona) Grupo: vitaminas lipossolúveis.

Fonte: arroz integral, ervilha, tomate, vegetais de folhas verdes (couve-flor, espinafre, repolho), óleos vegetais, carne, fígado, leite, microflora intestinal (fornece cerca de 50% das necessidades diárias).
Necessidades diárias: 2 mg por quilo de peso. Função: importante na coagulação do sangue. Avitaminose: hemorragias.
Sinais e Sintomas: aparecimento fácil de hematomas e outros problemas hemorrágicos (sem causa aparente)

 

Você Sabia!

Todos os fatores receberam nomes e números, mas apenas alguns deles sub- sistiram, pois as pesquisas comprova- ram que nosso corpo pode produzir al- guns dos componentes necessários por si próprio. Isto explica porque faltam letras na série de vitaminas, ou seja, C, D, E mas não G ou I. Essa utilização de letras para as vitaminas surgiu antes do
nome “vitamina” e foi criada pelo cientista americano Elmer McCollum, que a princípio designou em “A”, a solúvel em gor- dura e “B” a solúvel em água. Naquele tempo (- McCollum rela- tou a extração da vitamina A da manteiga em 1914) ele só conhe- cia estas duas vitaminas, mas hoje se sabe que as chamadas vita- minas D, E e K também são solúveis em gorduras (“Lipossolúveis”) e que existem muitas outras solúveis em água (“Hidrossolúveis”).
Uma história de deficiência vitamínica
Antes que se compreendesse o papel das vitaminas e dos sais minerais, o povo sofria de muitas deficiências desses ele- mentos. Durante as grandes navegações dos séculos XV e XVI, um dos maiores flagelos dos marinheiros era uma estranha doença que atingia a tripulação, provocando queda de dentes e cabelo, hemorragias generalizadas (gengivas, nariz, etc.), ane- mia e intensa fraqueza. Não eram
poucos os que acabavam morren- do, em absoluta prostração. Essa doença, hoje conhecida como Escorbuto, surge no organismo em conseqüência da alimentação defi- citária em vitamina C.

Em um dos trechos de “Os Lusíadas”, Camões descreve os ma- rinheiros atacados pelo escorbuto:
“(…) ali lhes incharam
As gengivas na boca, que crescia A carne, e juntamente apodrecia! Apodrecia c’um fétido e bruto
Cheiro, que o ar vizinho inficionava.”

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 7
INTRODUÇÃO AO METABOLISMO E BIOENERGÉTICA

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 7

7.1 Introdução ao Metabolismo

O conhecimento da composição química e da estrutura das moléculas biológicas não é suficiente para entender o modo como elas se associam formando sistemas complexos, nem como elas funcionam para manter a vida.
É necessário analisar as reações pelas quais as moléculas biológi- cas são formadas e degradadas. Assim é torna imprecindivel o co- nhecimento sobre o metabolismo.

Metabolismo:
• Processo geral por meio do qual os sistemas vivos adquirem e usam energia livre para realizarem suas funções. Este processo se dividiu em duas partes:
1. Catabolismo ou degradação – é o processo no qual os nutri- entes e os constituintes celulares são degradados para aproveita- mento de seus componentes e/ou para geração de energia reali- zando oxidação – processo exergônico.
2. Anabolismo ou biossíntese: processo no qual as biomoléculas são sintetizadas a partir de componentes mais simples – processo endergônico (utiliza a energia liberada durante o catabolismo).
As necessidades nutricionais de um organismo refletem as fon- tes de energia livre metabólica de que ele dispõe.
Organismos Autotróficos – podem sintetizar todos os seus cons- tituintes celulares a partir de H2O, CO2, NH3 e H2S.
Há duas fontes de energia possíveis para esse processo:
1. Quimiolitotróficos – obtêm sua energia livre por meio da oxidação de compostos inorgânicos como NH3, H2S ou Fe2+.
2 NH3 + 4 O2 . 2 HNO3 + 2 H2O H2S + 2 O2 . H2SO4
4 FeCO3 + O2 + 6 H2O . 4 Fe(OH)3 + 4 CO2
Exemplo: Acidithiobacillus ferrooxidans (Habitat natural água ácida de mina) bactéria acidofílica (pH 1.0 a 4.0), fixa CO2 através do Ciclo de Calvin.

2. Fotoautotróficos – obtêm sua energia livre por meio da fotossíntese – a energia luminosa promove a transferência de elé- trons de doadores inorgânicos para CO2, produzindo carboidratos que serão oxidados para liberarem energia livre.

Exemplos: Algas e plantas
Organismos Heterotróficos – obtêm energia livre por meio da oxidação de compostos orgânicos (caboidratos, lipídeos e proteí- nas) e dependem de organismos autotróficos para obterem tais compostos.

Exemplo: animais.
Os organismos podem ser classificados segundo o agente oxidante utilizado para a degradação dos nutrientes.
• Aeróbicos obrigatórios: usam O2
• Anaeróbicos: usam agentes oxidantes como sulfato e nitrato
• Aeróbicos facultativos: crescem na presença e na ausência de O2
• Anaeróbicos obrigatórios: são intoxicados na presença de O2
A grande parte do metabolismo celular está focada em pro- cessos aeróbicos.

7.1.1 Vias Metabólicas

• Consistem em uma série de reações enzimáticas relacionadas que resultam em produtos específicos.
• Os reagentes, os intermediários e os produtos são chamados metabólitos
• Há mais de 2 mil reações metabólicas conhecidas, cada uma catalisada por uma enzima diferente.

Visão geral do catabolismo
Os catabólitos complexos são inicialmente degradados até suas unidades monoméricas, e depois ao comum a todos, a acetil- CoA. O grupo acetil é oxidado a CO2 por meio do ciclo do ácido cítrico com a concomitante redução de NAD+ e FAD. A reoxidação pelo O2 durante a fosforilação oxidativa produz H2O e ATP.

As vias catabólicas e anabólicas estão relacionadas

 

O ATP e o NADPH produzidos pela degradação de metabólitos complexos são fonte de energia para reações biossintéticas e outras reações.
As vias metabólicas ocorrem em locais específicos das célu- las
• Procariotos – podem estar localizados em áreas específicas do citosol.
• Eucariotos – a síntese de metabólitos em compartimentos específicos envolvidos por membranas requer mecanismos para transportar essas substâncias entre os compartimentos.

Célula eucariótica animal

Célula eucariótica vegetal

 

• Mitocôndria: ciclo do ácido cítrico, fosforilação oxidativa, oxi- dação de ácidos graxos, degradação de aminoácidos.
• Citosol: glicólise, via das pentoses-fosfato, biossíntese de áci- dos graxos, gliconeogênese.

• Lisossomo: digestão enzimática.
• Núcleo: replicação e transcrição de DNA, processamento do RNA.
• Aparelho de Golgi: processamento pós-traducional de proteí- nas de membranas e proteínas secretoras, formação da mem- brana plasmática e vesículas.
• Reticulo Endoplasmático Rugoso: síntese de proteínas ligadas a membranas e proteínas secretoras.
• Reticulo Endoplasmático Liso: biossíntese de lipídeos de esteróides.
• Peroxissomos (glioxissomos): reações de oxidação, catalisadas por aminoácido-oxidases e catalase, reações do ciclo do glioxilato nas plantas.

 

7.1.2 Estruturas Biológicas

Existem diferentes níveis organizacionais que formam uma cé- lula, alguns estão representados abaixo.

 

7.2 Introdução a Bioenergética

A bioenergética retrata a bioenergia e suas transformações liga- das aos fenômenos biológicos, utilizando-se de leis e princípios fí- sicos da termodinâmica aplicados aos seres vivos. Ela preside a to- das as manifestações vitais, tudo que exprime trabalho só pode ser realizado mediante as transformações energéticas.
Nos seres vivos estas transformações são provenientes da degradação metabólica de principalmente carboidratos e gordu- ras. Os carboidratos são metabolizados pela glicolise e pelo ciclo de Krebs e as gorduras apenas pelo ciclo de Krebs.

7.2.1 Fontes de Energia

Por leis físicas a energia não pode ser criada, apenas transfor- mada, sem ela não a realização de trabalho, ou seja, supondo que uma célula não tenha energia, esta perde suas funções vitais ocasi- onando a sua morte.
Várias são as fontes de energia, dentre elas se destacam:

 

 

 

 

 

 

 

Essas moléculas fornecedoras de energia trabalham associadas a enzimas, realizando as interações moleculares na obtenção das mais diferentes e profundas funções biológicas, encontradas nos dife- rentes ciclos metabólicos como por exemplo o da uréia, o de Krebs e até nos mais especializados como da rodopsina.
O ATP é sem dúvida a mais importante molécula fornecedora de energia, formando com o ADP um sistema importantíssimo no transporte e armazenamento de energia, este é produzido por três processos comuns “produtores” de energia para a elaboração da mesma:

1 – O sistema ATP-PC ou sistema de FOSFOGÊNIO; 2 – Glicólise anaeróbica;
3 – O sistema aeróbico.
No ciclo de Krebs os três processos aparecem de uma maneira geral. A energia liberada pela desintegração das substâncias alimen- tares, e a energia liberada quando a PC é desfeita são utilizadas para refazer a molécula de ATP.

 

7.2.3 Aspectos Biofísicos da Bioenergética

Os seres vivos em condições normais apresentam-se sob o pon- to de vista termodinâmico como sistema aberto, quando permite troca de energia como o meio envolvente, e que operam com trans- formações cíclicas, onde o estado inicial e final são os mesmos, é irreversível, já que os estágios iniciais e finais são iguais e os estági- os termodinâmicos num sentido e no outro da evolução não foram os mesmos. O que significa dizer que ao final de cada ciclo ou operação vital, o organismo encontra-se nas mesmas condições termodinâmicas para repeti-lo.
As trocas e transformações energéticas são regidas pelos três princípios da termodinâmica, os quais presidem os fenômenos da vida.
1º Princípio o de Meyer (ENTALPIA), estabelece as condições de indestrutibilidade e impossibilidade de criação de energia, e que qualquer tipo de energia pode apenas ser transformada. A maioria das reações biológicas ocorre com pressão constante, e a quantida- de de energia é designada por variação de entalpia, H. Quando o volume é constante diz-se que a transformação é exergônia, exotérmica e por isso espontânea, então por convenção a variação de entalpia é representada pelo sinal negativo (-). De acordo com o tipo de reação, o calor liberado é dito de combustão, de reação, de hidrólise, como por exemplo na combustão da glicose.

C H O + 6O  6CO + H= – 637 Kcal/mol

Ao contrário a transformação é endergônica ou a reação é endotermica, portanto não espontânea, e sua representação é feita com o sinal positivo (+). Em todos os seres vivos organizados po- dem ser identificadas as transformações energéticas; a energia quí- mica (alimentos) transformando-se em energia de calor (elevação térmica); a energia mecânica (contração muscular) em calor (ele- vação de temperatura) e eletricidade (bioeletrogênese); energia lu- minosa (aparelho visual) em elétrica (estímulo nervoso através do

nervo óptico); energia elétrica (estímulo nervoso) em energia me- cânica (contração muscular), energia sonora (audição) em energia elétrica; energia mental (cálculos e pensamentos) em energia elé- trica (ondas encefalográficas). Ainda podendo ser distinguida como forma de energia a energia de concentração (difusão por osmose).
Todo organismo vivo se empenha em manter sua energia inter- na e, melhor ainda, sua entalpia constante. Os gastos efetuados pelo organismo para o funcionamento de seus órgãos são repara- dos através da ingestão de alimentos, tendo sempre um equilíbrio entre a energia obtida dos alimentos e o trabalho realizado pelo organismo.
2º Princípio ou Princípio de Carnot (ENTROPIA), este princípio estabelece as condições necessárias para que uma transformação possa se realizar e as conseqüências que venham a ocorrer. Funda- mentalmente toda evolução termodinâmica exige que haja um transporte ou transformação de energia. Qualquer um desses dois aspectos implica na existência de uma fonte rica e outra pobre de energia, de modo que não haverá transporte de material para a dentro ou para fora da célula se não houver uma diferença de con- centração entre os meios, então chamamos a diferença de energia disponível para o trabalho (transporte) de energia livre.
Todas as transformações energéticas que ocorrem no ser vivo simbolizam a própria vida, exigindo necessariamente uma fonte rica e outra pobre em energia.
A entropia se manifesta com diferentes tendências ao longo de ciclo vital. No anabolismo há o armazenamento de energia tendo uma entropia negativa, no estágio há um equilíbrio no gasto de energia e entropia nula; já no catabolismo, onde o gasto de energia é maior que a receita, a entropia é positiva.
3º Principio, o de Wernst (ORDEM E DESORDEM), ressalta principalmente o valor das estruturas na utilização da energia para que ocorram extensas e intensas transformações bioenergéticas, com o mínimo de perda energética e com o máximo de rendimen- to. A natureza utiliza moléculas tradutoras, transportadoras e transformadoras de energia.

 

7.2.4 Aplicações da Bioenergética

Nota-se às aplicações da bioenergética no estudo de ciclos bioló- gicos, onde sempre há utilização de energia, alguns ciclos são:
• Transporte através de membranas – Por processo de difusão ou osmose, onde o grau de concentração influi no sentido do ciclo.

• Respiração – Na liberação de energia contida nos alimentos; através das mitocôndrias, ocorre no hialoplasma a fase anaeróbica (glicólise) formando 2 moléculas de ATP, e na fase aeróbica (Ciclo de Krebs + cadeia respiratória), ocorre no inte- rior das mitocôndrias a formação de 36 moléculas de ATP.
• Fermentação – É a liberação de energia dos alimentos na au- sência de oxigênio. Podendo ser alcoólica, acética (vinagre) ou láctica.
• Quimiossíntese# – Processo através do qual o ser autótrofo obtém energia por oxidação de várias substâncias: H2S, NH3, HNO , H O, Fe++ dentre outras.

SUBSTÂNCIAS + O PRODUTOS + ENERGIA QUÍMICA

• Fotossíntese – Processo pelo qual, o ser autótrofo, utilizando- se da luz para sintetizar açúcares, lipídios e proteínas, graças à presença do pigmento verde, clorofila, contido nos plastos*.

 

 

6CO +12H O + ENERGIA C H O +6O + 6H O

Torna-se evidente que a bioenergia tem fundamental importân- cia para a estabilidade e funcionalidade dos sistemas vivos. Assim o estudo aprofundado da mesma através da bioenergética, demons- tra quanto se pode ganhar com o maior conhecimento das propri- edades físicas que fazem com que a energia “movimente” a vida.

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 8
METABOLISMO DE CARBOIDRATOS: CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO,
CADEIA TRANSPORTADORA DE ELÉTRONS E FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA

 

LICENCIATURA

 

Unidade 8

8.1 Introdução ao Metabolismo de Carboidratos

Após a absorção dos carboidratos nos intestinos, a veia porta hepática fornece ao fígado uma quantidade enorme de glicose que vai ser liberada para o sangue e suprir as necessidades energéticas de todas as células do organismo.
As concentrações normais de glicose plasmática (glicemia) si- tuam-se em torno de 70 – 110 mg/dL, sendo que situações de hipergicemia tornam o sangue concentrado alterando os mecanis- mos de troca da água do líquido intra celular com o líquido extra celular, além de ter efeitos degenerativos no sistema nervoso cen- tral (SNC). Sendo assim, um sistema hormonal apurado entra em ação para evitar que o aporte sangüíneo de glicose exceda os limi- tes de normalidade.
Os hormônios pancreáticos insulina e glucagon possuem ação regulatória sobre a glicemia plasmática. Não são os únicos envolvi- dos no metabolismo dos carboidratos (os hormônios sexuais, epinefrina, glicocorticóides, tireoidianos e outros também influenci- am a glicemia), porém, sem dúvida, esses são os mais importantes.
A insulina é produzida nas células â das ilhotas de Langerhans e é armazenada em vesículas do Aparelho e Golgi em uma forma inativa (pró-insulina). Nessas células existem receptores celulares que detectam níveis de glicose plasmáticos (hiperglicemia) após uma alimentação rica em carboidratos. Há a ativação da insulina com a retirada do peptídeo C de ligação, com a liberação da insuli-

Figura 1 – Representação esquemática da captação de glicose. A) a insulina é liberada pelo estímulo hiperglicêmico e forma um complexo insulina/receptor.
B) a célula endocita complexa e possibilita a entrada de glicose para ser metabolizada. C) O receptor é regenerado, a insulina degradada intracelu- larmente e o processo reinicia levando a queda da glicemia plasmática.

na na circulação sangüínea. Como efeito imediato, a insulina pos- sui três efeitos principais:
1. Estimula a captação de glicose pelas células (com exceção dos neurônios e hepatócitos);
2. Estimula o armazenamento de glicogênio hepático e muscu- lar (glicogênese);
3. Estimula o armazenamento de aminoácidos (fígado e múscu- los) e ácidos graxos (adipócitos).

GLICOGÊNESE
Corresponde a síntese de glicogênio que ocorre no fígado e músculos (os músculos apresentam cerca de 4 vezes mais glicogênio do que o fígado em razão de sua grande massa).
O glicogênio é uma fonte imediata de glicose para os múscu- los quando há a diminuição da glicose sangüínea (hipoglicemia).
A primeira reação do processo glicolítico é a formação de glicose-6-fosfato (G6P) a partir da fosforilação da glicose. A insu- lina induz a formação de glicose-1-fosfato pela ação da enzima fosfoglicomutase que isomerisa a G6P. A partir daí, há a incorpo- ração da uridina-tri-fosfato (UTP) que proporciona a ligação en- tre o C1 de uma molécula com o C4 de outra ligação (catalisada pela enzima glicogênio sintase), formando uma maltose inicial que logo será acrescida de outras, formando um polímero a (1- 4). A ramificação da cadeia ocorre pela ação da enzima ramifica- dora (amido-1-4,1-6-transglucosidase) que transfere cadeias in- teiras para um C6, formando ligações a(1- 6).
O glicogênio fica disponível no fígado e músculos, sendo con- sumido totalmente cerca de 24 horas após a última refeição.
Na Tabela abaixo, pode-se observar a quantidade de glicose disponível para o ser humano, levando em considerações as re- servas hepáticas e musculares de glicogênio.

 

 

 

 

 

Armazenamento de carboidratos em homens adultos normais (70 kg). (1) Peso do fígado: 1.800g; (2) Massa muscular: 35kg: (3) Volume total: 10 litros.

Como resultado dessas ações, há a queda gradual da glicemia (hipoglicemia) que estimula as células a-pancreáticas a liberar o glucagon. Este hormônio possui ação antagônica à insulina, com três efeitos básicos:
1. Estimula a mobilização dos depósitos de aminoácidos e áci- dos graxos;
2. Estimula a glicogenólise

3. Estimula a neoglicogênse.
Esses efeitos hiperglicemiantes possibilitam nova ação insulínica, o que deixa a glicemia de um indivíduo normal em torno dos ní- veis normais de 70 – 110 mg/dL .
A captação de glicose pela célula se dá pelo encaixe da insulina com o receptor celular para insulina. Esse complexo sofre endocitose, permitindo a entrada de glicose, eletrólitos e água para a célula; a glicose é metabolizada [através da glicólise e Ciclo de Krebs], a insulina degradada por enzimas intracelulares e o recep- tor é regenerado, reiniciando o processo (Figura 1).
Quanto mais complexo insulina/receptor é endocitado, mais glicose entra na célula, até que o plasma fique hipoglicêmico. Esta hipoglicemia, entretanto, não é imediata, pois a regeneração do receptor é limitante da entrada de glicose na célula, de forma a possibilitar somente a quantidade de glicose necessária evitando, assim, o excesso glicose intracelular.

Nos músculos, a glicose em excesso é convertida em glicogênio, assim como a glicose que retorna ao fígado.
A grande maioria das células do organismo é dependente da insulina para captar glicose (o neurônio e os hepatócitos são exce- ções, pois não tem receptores para insulina, sendo a glicose absor- vidos por difusão).
A deficiência na produção ou ausência total de insulina ou dos receptores caracteriza uma das doenças metabólicas mais comuns: o diabetes mellitus.

Você Sabia!

 

A glicólise tem origem na via catabólica central, são usadas as moléculas de glicose como uma fonte de energia. Essa molécula é única fonte em algumas células, também atua como precursores para síntese de algumas substâncias, esta via possui 2 fases e 10 reações, que são de glicose a piruvato, sendo que os açúcares utili- zados são isômeros D (Figura 2).

Figura 2 – Degradação da glicose a piruvato, com fornecimento de energia na forma de 2 moléculas de ATP.

8.2 Ciclo do Ácido Cítrico

O ciclo do ácido cítrico, ciclo de Krebs ou do tricarboxílico, corresponde à uma série de reações químicas que ocorrem na vida da célula e seu metabolismo. Descoberto por Sir Hans Adolf Krebs (1900-1981).
O ciclo do ácido cítrico é executado na mitocôndria dos eucariotes e no citoplasma dos procariote. Trata-se de uma parte do metabolismo dos organismos aeróbicos (utilizando oxigênio da respiração celular); organismos anaeróbicos utilizam outro meca- nismo, como a glicólise – outro processo de fermentação indepen- dente do oxigênio.
O ciclo do ácido cítrico é uma rota anfibólica, catabólica e anabólica , com a finalidade de oxidar a acetil-CoA (acetil coenzima A), que se obtém da degradação de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos a duas moléculas de CO2.
Funções anfibólicas do ciclo do ácido cítrico e várias vias biossintéticas que utilizam os intermediários do ciclo como reagentes para reações anabólicas, mas o ciclo está envolvido na degradação e é o principal sistema de conservação de energia livre na maioria dos organismos e intermediários que são necessários para a manutenção da função de degradação (Figura 3).

Figura 3 – Ciclo de Krebs, degradação de piruvato até formação de ATP.

Este ciclo inicia-se quando o piruvato que é sintetizado durante a glicólise é transformado em acetil-CoA (coenzima A) por ação da enzima piruvato desidrogenase. Este composto vai reagir com o oxaloacetato que é um produto do ciclo anterior formando-se citrato. O citrato vai dar origem a um composto de cinco carbo- nos, o alfa-cetoglutarato com libertação de NADH, e de CO2. O alfa-cetoglutarato vai dar origem a outros compostos de quatro carbonos com formação de GTP, FADH2 e NADH e oxaloacetato. Após o ciclo de krebs ocorre outro processo denominado de fosforilação oxidativa.
Nos sistemas vivos, o processo de transferência de elétrons que conecta essas reações parciais, ocorre através de um caminho complexo que cul- mina com a liberação de energia livre na forma de ATP (Adenosina Trifosfato).
Os 12 pares de elétrons envolvidos na oxidação da glicose não são transferidos diretamente ao O2. Antes, eles são transferidos para as coenzimas NAD+ (Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo) e FAD (Flavina adenina Dinucleotídeo) para formar 10 NADH + 2 FADH2 nas rea- ções catalisadas pelas enzimas glicolíticas e enzimas do ciclo do ácido cítrico (Figura 4). Os elétrons passam, então, para uma cadeia trans- portadora de elétrons onde, através da reoxidação do NADH e FADH2, participam de redução-oxidação de cerca de 10 centros redox até redu- zir O2 em H2O.

Via metabólica do ciclo do ácido cítrico
Dois carbonos são oxidados, tornando-se CO2, e a energia des- sas reações é armazenada em GTP, NADH e FADH2. NADH e FADH2 são coenzimas (moléculas que ativam ou intensificam

Figura 4 – Até a quinta reação, o equivalente a um acetil foi completamente oxidado em duas moléculas de CO2, dois NADH e um GTP foram gerados para completar o ciclo, o succinato deverá ser reconvertido a oxaloacetato e essa conversão é alcançada pelas três reações restantes.

enzimas) que armazenam energia e são utilizadas na fosforilação oxidativa, tabela 1 e figura 4.

Tabela 1 – Reações que armazenão enegia na forma de GTP, NADH e FADH2. NADH e FADH2.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As principais etapas do ciclo do ácido cítrico
1°: Oxalacetato (4 carbonos) Citrato (6 carbonos)
O ácido acético proveniente das vias de oxidaçao de glicídios, lipídios e proteínas, combinam-se com a coenzima a formando o Acetil – CoA. A entrada deste composto no ciclo de Krebs ocorre pela combinação do ácido acético com o oxalacetato presente na matriz mitocondrial. Esta etapa resulta na formação do primeiro produto do ciclo de Krebs, o citrato. O coenzima A, sai da reação como CoASH.
2°: Citrato (6 carbonos) Isocitrato (6 carbonos)
O citrato sofre uma desidratação originando o isocitrato. Esta etapa acontece, para que a molécula de citrato seja preparada para as reações de oxidação seguintes
3°: Isocitrato á cetoglutarato (5 carbonos)
Nesta reação há participaçao de NAD, o isocitrato sofre uma descaborxilação e uma desidrogenação transformando o NAD em NADH, liberando um CO2 e origina como produto o alfa- cetoglutarato
4°: á cetoglutarato Succinato (4 carbonos)
O á-cetoglutarato sofre uma descarboxilação, liberando um CO2. Também ocorre uma desidrogenação com um NAD ori- ginando um NADH, e o produto da reação acaba sendo o Succinato
5°: Succinato Succinil – CoA
O succinato combina-se imediatamente com a coenzima A, ori- ginando um composto de potencial energético mais alto, o succionil-Coa.
6°: Succinil-Coa Succinato
Nesta reação houve entrada de GDP+Pi, e liberação de CoA-SH
O succinil-CoA libera grande quantidade de energia quando perde a CoA, originando succinato. A energia liberada é aproveita- da para fazer a ligação do GDP com o Pi (fosfato inorgânico), for- mando o GTP, como o GTP não é utilizado para realizar trabalho deve ser convertido em ATP, assim esta é a única etapa do ciclo de Krebs (CK) que forma ATP.
7°: Succinato Fumarato Nesta estapa entra FAD
O succinato sofre oxidaçao através de uma desidrogenação ori- ginando fumarato e FADH2. O FADH2 é formado apartir da redu- ção do FAD.

8°: Fumarato Malato
O fumarato é hidratado formando malato. 9°: Malato Oxalacetato
Nesta etapa entra NAD
O malato sofre uma desidrogenacão originando NADH, a partir do NAD, e regenerando o oxalacetato.

Função anabólica do ciclo do ácido cítrico
Os compostos intermediários do ciclo de Krebs podem ser utilizados como precursores em vias biossintéticas: oxaloacetato e a-cetoglutarato vão formar respectivamente aspartato e glutamato. A eventual retirada desses intermediários pode ser compensada por reações que permitem restabelecer o seu ní- vel. Entre essas reações, que são chamadas de anapleróticas por serem reações de preenchimento, a mais importante é a que leva à formação de oxaloacetato a partir do piruvato e que é catalisada pela piruvato carboxilase. O oxaloacetato além de ser um inter- mediário do ciclo de Krebs, participa também da neoglicogênese. A degradação de vários aminoácidos também produz interme- diários do ciclo de Krebs, funcionando como reações anapleró- ticas adicionais.

 

8.3 Cadeia Transportadora de Elétrons e Fosforilação Oxidativa

Lavoisier foi o primeiro a demonstrar que animais vivos conso- mem oxigênio, gerando dióxido de carbono. Mas, foi somente no começo do século XX que demonstrou que as oxidações biológicas são catalisadas por enzimas intracelulares. Sabemos que a glicose é completamente oxidada a CO2 por processos conhecidos como Glicólise e Ciclo do Ácido Cítrico (Figura 3). Examinaremos agora, como os elétrons são removidos e transportados, a partir da glicose, por processo de oxidação.
A completa oxidação da glicose por oxigênio molecular é descri- ta pela seguinte equação redox:

Para ver mais claramente a transferência dos elétrons, dividire- mos a equação em duas. Na primeira reação os carbonos da glicose são oxidados:

 

Na segunda, o oxigênio molecular é reduzido:

Nos sistemas vivos, o processo de transferência de elétrons que conecta essas reações parciais, ocorre através de um caminho com- plexo que culmina com a liberação de energia livre na forma de ATP (Adenosina Trifosfato).
Os 12 pares de elétrons envolvidos na oxidação da glicose não são transferidos diretamente ao O2. Antes, eles são transferidos para as coenzimas NAD+ (Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo) e FAD (Flavina adenina Dinucleotídeo) para formar 10 NADH + 2 FADH2 (Tabela 1) nas reações catalisadas pelas enzimas glicolíticas e enzimas do ciclo do ácido cítrico. Os elétrons passam, então, para uma ca- deia transportadora de elétrons onde, através da reoxidação do NADH e FADH2, participam de redução-oxidação de cerca de 10 centros redox até reduzir O2 em H2O.
Nesse processo, prótons são liberados da mitocôndria. A ener- gia livre estocada no gradiente de pH resultante leva à síntese de ATP a partir de ADP e Pi através da Fosforilação Oxidativa. A reoxidação de cada NADH resulta na síntese de 3 ATPs, e a reoxidação de FADH2 produz 2ATPs, resultando em um total de 38 ATPs para cada glicose completamente oxidada a CO2 e H2O (incluindo ATPs produzidos na glicólise e 2 ATPs produzidos no ciclo do ácido cítrico).
Os NADH e FADH2 produzidos na oxidação da glicose e de ou- tros substratos são reoxidados na mitocôndria por um processo que compreende a remoção de seus prótons e elétrons: os prótons são liberados no meio e os elétrons são conduzidos por uma série de transportadores de elétrons até o oxigênio. Recebendo elétrons, o oxigênio liga-se a prótons do meio formando água.
Cada um dos transportadores é capaz de receber elétrons do transportador imediatamente anterior e transferi-los ao seguinte, constituindo assim uma cadeia chamada cadeia transportadora de elétrons.
O doador de elétrons é, invariavelmente, uma coenzima reduzi- da, e o aceptor final de elétrons, o oxigênio. A maioria dos trans- portadores de elétrons tem natureza protéica, contendo grupos prostéticos associados à cadeia polipeptídica; a óxido-redução do composto se processa no grupo prostético.
Numa terceira fase, designada por fosforilação oxidativa, a mem- brana interna da mitocôndria desempenha o papel principal.
Como se viu, a mitocôndria possui duas membranas limitantes: a membrana externa e a membrana interna. Esta última é forte-

mente pregueada, pelo que a sua superfície total é muito superior à da membrana externa. As referidas pregas são comumente de- signadas por cristas mitocondriais. Entre as duas subsiste um es- paço, designado por espaço intermembranar. O interior da mitocôndria encerra a matriz mitocondrial.
É precisamente na matriz mitocondrial que se situa o genona da mitocôndria, herança da sua condição procariótica, ribossonas e, para além de muitas outras substâncias, os enzimas e os coenzimas que intervêm nas reacções acima descritas, nomeadamente o Ci- clo de Krebs.
A membrana interna da mitocôndria possui, como todas as membranas, proteínas intrínsecas e extrínsecas. Aquelas que in- tervêm na fosforilação oxidativa possuem a particularidade de se- rem susceptíveis de captar e de ceder electrões. Dada a mobilidade que lhes assiste, em virtude da fluidez da membrana, elas podem contactar umas com as outras e operar as transferências de electrões segundo uma escala crescente de potenciais redox: a cadeia respi- ratória. Ao longo desta cadeia, os electrões deslocam-se desde o NADH2 ou um FADH2, com potencial redox negativo até ao oxigénio (aceitador final) que possui um potencial redox positivo, de tal forma que a transferência de electrões do NADH2 ao oxigénio se efectua com uma grande variação de energia livre: ?Gº = – 52 Kcal.M-1. Essa energia é utilizada para a síntese de ATP.
Os diferentes componentes da cadeia agrupam-se em 3 com- plexos, que operam sequencialmente:

Complexo I
O Complexo I é constituído por :
a) a NADH-desidrogenase que actua conjugadamente com um coenzima, a Flavina Mononucleótido (FMN)
b) duas (ou três) proteínas Fe/S, isto é, proteínas que têm como grupo prostético, associações de ferro e enxofre, com potenciais redox diferentes.
c) a Ubiquinona ou Coenzima Q, molécula lipófila, relativamente pequena, solúvel na bicamada de fosfolípidos. A ubiquinona goza de grande mobilidade, podendo deslocar-se de uma das faces da membrana, à outra.
Num primeiro tempo, a NADH-desidrogenase catalisa a oxidação dos NADH2 em NAD. Os 2 electrões e os 2 protões daí resultantes são captados pela FMN, que deste modo se vê reduzida em FMNH2.
A seguir, as proteínas de Fe/S, detentoras de potenciais redox superiores ao da FMNH2, captam os electrões. Cada proteína de Fe/S só fixa 1 electrão de cada vez.

A FMN, ao perder os seus dois electrões a favor das proteínas de Fe/S, perde igualmente os dois protões, do lado oposto da mem- brana, isto é, no espaço intermembranar. Diz-se que os protões foram translocados da matriz para o espaço intermembranar.
A ubiquinona é susceptível de sofrer dois graus de redução, pas- sando pelos estados de quinona, semi-quinona e hidroquinona, transportando assim dois electrões que lhes são cedidos pelas pro- teínas Fe/S, e dois protões capturados no meio matricial

 

Complexo II
O complexo II, ou complexo b-c1, é constituído pelos citocrómios b , c1e c.Os citocrómios são proteínas que possuem como grupo prostético, um heme, isto é, uma estrutura molecular tetraporfírica (como se encontra na hemoglobina) que encerra um ião ferro, o qual se pode encontrar alternativamente no estado ferroso Fe2+ ou no estado férrico Fe3+, consoante se encontre reduzido ou oxidado.
Fe++  Fe+++ + e-
O citocrómio b é uma proteína intrínseca com um potencial redox superior ao da hidroquinona. Consequentemente, o citocrómio b é capaz de “roubar” um elétron à hidroquinona. Neste ato, o próton correspondente é translocado para o espaço intermembranar.
O citocrómio c1, por sua vez, sendo detentor de um potencial redox superior ao do citocrómio b, está em condições de oxidar este último. Finalmente o citocrómio c, que é uma proteína extrínseca, oxida o citocrómio c1.

Note-se que, como os citocrómios só transportam um elétron de cada vez, será necessário que cada um sofra duas oxido-redu- ções para que a ubiquinona seja “descarregada” dos seus 2 elé- trons e 2 prótons.

Complexo III
O complexo III, ou complexo citocrómio-oxidase, é constituido pelos citocrómios a e a3. O citocrómio a3, em lugar de ferro, tem cobre e é, de todos, o que possui maior poder redox.
Os elétrons transitam do citocrómio c, para o citocrómio a e, finalmente, para o citocrómio a3.
Desconhece-se o mecanismo pelo qual o complexo III, pela pas- sagem de e elétrons, transloca 2 prótons para o espaço intermembranar. Tal fato poderá estar relacionado com alterações alostéricas ao nível das proteínas dos citocrómios.
Por último, o citocrómio a3 cede os elétrons ao oxigénio, haven- do então lugar à formação de água.

Como se viu, uma parte desta energia foi empregue na translocação de prótons, da matriz para o espaço intermembranar (prótons extraídos dos NADH2 e FADH2 e prótons provenientes da fase aquosa da matriz). A oxidação de um NADH2 traduz-se na translocação de 6 prótons; da oxidação de um FADH2 resulta a translocação de 4 prótons.

Sendo a membrana mitocondrial interna, impermeável aos íons, a contínua translocação de prótons para o espaço intermembranar, gera uma desigualdade de concentração e, consequentemente, um gradiente de cargas elétricas ao qual corresponde um potencial de membrana de 150 mV. A energia libertada pelo transporte de elé- trons é, assim, convertida num gradiente electroquímico ou força protomotriz (designação obtida por analogia com a força hidromotriz das barragens hidroelétricas).
Os protões regressam à matriz através de estruturas proteicas integradas na membrana, os ATPsomas, em cuja constituição se encontram ATPases, isto é, enzimas que catalisam a fosforilação de ADP em ATP. Através dos ATPsomas, a energia inerente ao gradi- ente iónico é convertida em ligações fosfato. Os ATPsomas funcio- nam assim (em analogia com as barragens hidroeléctricas) como turbinas produtoras de ATP.
ADP + Pi  ATP Gº = – 8 Kcal M-1

Verifica-se ser suficiente a força protomotriz associada a 2 protões translocados para se sintetizar 1 ATP. Portanto, por cada NADH2 oxidado, formam-se 3 ATP. Diferentemente, a oxidação dos FADH2, apenas transloca 4 protões, daí resultando, consequentemente, 2 ATP.
Tendo em conta que a síntese de 1 ATP a partir de ADP e de fosfato inorgânico consome 8 Kcal Mol-1, a produção de 3 ATP de- verá consumir 24 Kcal Mol-1 . Podemos agora calcular o rendimen- to inerente à oxidação de 1 NADH2:
24.000 / 52.000 x 100 = ± 46%
O transporte de elétrons é inibido especificamente por certas substâncias que atuam em pontos precisos da cadeia respiratória.

Os mais conhecidos são a rotenona (inseticida) e o amital (barbitúrico), que bloqueiam o transporte entre o NAD e a ubiquinona (CoQ), a antimicina (antibiótico) que bloqueia o trans- porte entre os citocrómios b e c1, e o cianeto e o nonóxido de car- bono (CO) que bloqueiam o transporte entre o Complexo III e o oxigénio.

O ciclo do ácido cítrico e a respiração
A influência do ciclo do ácido cítrico no processo da respiração celular começa com a glicólise, processo ocorrido no citoplasma de uma célula, onde a glicose, obtida através dos alimentos ingeridos, passa por uma série de dez reações químicas que culminam na formação de duas moléculas de ácidos pirúvico. É a partir desse ponto que começa a participação do ciclo de Krebs na respiração propriamente dita. O ciclo de Krebs ocorre dentro da mitocôndria, logo as moléculas de ácido pirúvico têm que entrar nela. Esse pro- cesso só ocorre quando há moléculas de oxigênio suficientes para cada molécula de glicose, se há, na entrada do ácido pirúvico na mitocôndria faz com que o oxigênio reaja com o ácido formando gás carbônico e libera os elétrons dos átomos de hidrogênio pre- sentes na fórmula da glicose. Esses elétrons são transportados pelo NADH e o FADH, duas moléculas transportadoras. Os elétrons então se responsabilizam pela união de mais um átomo de fósforo, com uma molécula de adenosina difosfato (ADP) formando a adenosina trifosfato o famoso ATP. Esta molécula de ATP então é que fornecerá a energia para a vida da célula e o transporte ativo de substâncias pelo corpo.

 

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 9
METABOLISMO DE LIPÍDEOS

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 9

9.1 Digestão e Absorção

As células podem obter ácidos graxos por meio de três fontes.
1 – gorduras presentes na alimentação.
2 – gorduras armazenadas nas células na forma de gotículas. 3 – (nos animais) gorduras recém-sintetizadas em um órgão e
exportadas para outro.
Obtém gorduras pela ingestão, armazenando-as no tecido adiposo, na forma de triacilgliceróis. O fígado pode converte os excessos de carboidratos a gorduras. Em média 40% ou mais da energia diária necessária a um ser humano, é suprida pelos triacilgliceróis.
O fígado, coração e o músculo esquelético obtém mais da meta- de de suas energias necessárias dos triacilgliceróis.
Apesar da identificação de uma lipase lingual secretada pe- las células da base da língua, não há digestão salivar dos lipídeos devido a não haver um refluxo para a boca. Dessa forma, a identificação de uma lipase gástrica provavelmente corresponde àquela secretada pela língua. Porém, o pH extremamente áci- do do estômago não possibilita a ação integral desta lipase gás- trica, diminuindo a velocidade de sua ação enzimática, haven- do apenas a quebra de algumas ligações de ésteres de ácidos graxos de cadeia curta. Em crianças lactentes, entretanto, o pH gástrico aproxima-se bastante da neutralidade o que indica que a lipase gástrica pode ter ação na digestão das gorduras do lei- te. Mesmo assim, esta digestão não é eficiente devido as gor- duras não estarem emulsificadas o que dificulta a ação desta enzima hidrolítica.
A ação gástrica na digestão dos Lipídeos, portanto, está relacio- nada com os movimentos peristálticos do estômago, produzindo uma emulsificação dos lipídeos, dispersando-os de maneira equi- valente pelo bolo alimentar.
A chegada do bolo alimentar acidificado no duodeno induz a liberação de hormônio digestivo colecistocinina (um peptídeo de 33 aminoácidos, também denominado pancreozimina) que, por sua vez, promove a contração da vesícula biliar, liberando a bile para o duodeno.

Os ácidos biliares são derivados do colesterol e sintetizados no fígado. São denominados primários (ácido cólico, taurocólico, glicocólico, quenodesoxicólico e seus derivados) quando excretados no duodeno, sendo convertidos em secundários (desoxicólico e litocólico) por ação das bactérias intestinais. A bile, ainda, excreta o colesterol sanguíneo em excesso, juntamente com a bilirrubina (produto final da degradação da hemoglobina).
A colecistocinina possui, ainda, função de estímulo do pâncreas para a liberação do suco pancreático, juntamente com outro hormônio liberado pelo duodeno, a secretina. O suco pancreático possui várias enzimas digestivas (principalmente proteases e carboidratases) sendo a lipase pancreática a responsável pela hidrólise das ligações ésteres dos lipídeos liberando grandes quan- tidades de colesterol, ácidos graxos, glicerol e algumas moléculas de mono-acil-gliceróis (Figura 1).
Os lipídeos livres são, então, emulsificados pelos sais biliares em micelas e absorvidos pela mucosa intestinal que promove a libera- ção da porção polar hidrófila (sais biliares) para a circulação porta hepática e um processo de ressíntese dos lipídeos absorvidos com a formação de novas moléculas de tri-acil-gliceróis e ésteres de colesterol, que são adicionados de uma proteína (apo-proteína 48, ou aop-48) formando a lipoproteína quilimíocron, que é absorvida pelo duto linfático abdominal, seguindo para o duto linfático torácico e liberado na circulação sangüínea ao nível da veia jugular.

Figura 1 – Da digestão a absorção dos ácidos graxos.

9.2 Mobilização de Lipídeos

Quando há necessidade de energia a partir dos ácidos graxos, a mobilização da gordura inicia-se pela hidrólise de triacilglicerol dos adipócitos, formando ácidos graxos e glicerol. Primeiro a lipase sensível a hormônio promove a remoção do ácido graxo da posi- ção 1 ou 3, então as lipases adicionais removem ácidos graxos do mono ou diacilglicerol, formando glicerol e ácidos graxos livres. Os ácidos graxos livres movem-se através da membrana celular do adipócito e ligam-se à albumina no plasma, que os transportam aos tecidos, onde os ácidos graxos se difundem para as células e são oxidados para obtenção de energia. O cérebro e outros tecidos nervosos, eritrócitos e medula adrenal não utilizam ácidos graxos plasmáticos para obter energia. O glicerol é transportado até o fí- gado, onde é fosforilado e utilizado novamente.
Os hormônios, epinefrina e glucagon secretados quando se têm o nível baixo de glicose no sangue, ativam a enzima adenilato ciclase na membrana plasmática do adipócito, aumentando a concentra- ção intracelular de triacilgliceróis. Desta maneira os ácidos graxos são liberados do adipócito para o sangue, onde se liga a proteína soroalbumina para ser transportada na corrente sanguínea. Quan- do chega a um tecido específico, os ácidos graxos são liberados das proteínas e difundem-se para o citosol das células nas quais servi- rão de combustível (Figura 2).

Figura 2 – Transporte de ácidos graxos pela proteína soroalbumina

Os ácidos graxos são ativados nas membranas mitocôndriais externa por esterificação com a Coenzima A, formando tioésteres acil Coenzima A graxos.
ácidos graxos + CoA + ATP acil-CoA graxo + AMP + 2Pi Uma vez que a b-oxidação ocorre na matriz mitocondrial, o áci-
do graxo deve ser transportado através da membrana mitocondrial
interna (MMI) por um transportador específico denominado carnitina. O processo de transporte é denominado lançadeira da carnitina, um grupo acil é transferido da coenzima A citosólica à carnitina pela carnitina aciltransferase I, formando acilcarnitina, tal enzima está localizada na superfície externa da MMI. O grupo acilcarnitina é transportado através da membrana à matriz, onde é transferido a outra molécula de coenzima A pela carnitina aciltransferase II, na superfície interna da MMI. O ácido graxo (acil CoA graxa) deve ser transportado através da MMI por um trans- portador específico denominado carnitina e o processo de trans- porte é denominado lançadeira da carnitina (Figura 3).

Figura 3 – Transporte de ácidos graxos, pela acil-carnitina transferase.

9.4 Gorduras da Dieta são Absorvidas no Intestino Delgado

As apolipoproteínas são proteínas que se ligam aos lipídeos e são responsáveis pelo transporte destes. Há várias combinações entre lipídeos-proteínas, e produzem partículas de densidades di- ferentes que são denominadas de quilomicrons, os mais impor- tantes são: VLDL, IDL, LDL e HDL.
As lipoproteínas de baixa densidade (LDL) (Figura 3) são captu- radas e degradadas pelas células por meio de endocitose sendo mediada por receptores de LDL, em células de mamíferos a apolipoproteína do LDL liga-se a um receptor de membrana, pro- movendo a captação do LDL, o endossomo entrega o LDL ao

lisossomo, reciclando o receptor. A degradação lisossomal do LDL libera colesterol, que é incorporado às membranas ou reesterificados e armazenados nas lipoproteínas (Figura 4).

Figura 4 – Lipoproteínas de baixa densidade (LDL) “low density lipoprotein”.

O LDL é rico em colesterol, ésteres de colesteril e apoB-100 e são reconhecida por receptores específicos (Figura 5) .

Figura 5 – Degradação de apolipoproteina LDL por meio de endocitose.

Lipoproteínas de alta densidade (HDL) “high density lipoprotein”. O HDL uma apolipoproteína rica em proteína com pouco colesterol. Sua função primordial no metabolismo é de trans- portar as apolipoproteínas (LDL) de volta ao fígado, para ser

metabolizadas, atuando assim desta forma na prevenção de for- mação de placas de gorduras nas artérias (Figura 6).

Figura 6 – Lipoproteínas de alta densidade (HDL) “high density lipoprotein”.

Essas lipoproteínas (LDL e HDL) podem ser separadas por centrifugação, pois apresentam densidades diferentes.

 

9.5 Local da B-Oxidação (nos Peroxissomos)

Os peroxissomos são compartimentos celulares enxlausurados por membranas existentes em animais e plantas; neles o peróxido de hidrogênio é produzido por oxidação dos ácidos graxos e, ime- diatamente a seguir são destruídos enzimaticamente pela catalase, este processo consiste de quatro passsos:
1 – desidrogenação;
2 – adição de água à dupla ligação formada;
3 – oxidação do b-hidroxiacil-coA, a uma cetona; 4 – clivagem tiolítica através da coenzima a.
A diferença entre as vias existentes na mitocôndria e no peroxissomo está no primeiro passo (Figura 7).

– OXIDAÇÃO
Ocorre em três estágios:
1 – os ácidos graxos sofrem a remoção oxidativa, de sucessivas unidades de dois átomos de carbonos na forma de acetil-coA, ini- ciando pela extremidade carboxila da cadeia do ácido graxo.
2 – oxidação do ácidos graxo – os resíduos acetila do acetil-coA são oxidados até CO2, através do ciclo do ácidos cítrico.

Figura 7 – Oxidação dos ácidos graxos nos peroxisomas.

3 – os dois primeiros estágios produzem os transportadores de elétrons reduzidos (NADH e FADH2) e assim transferem os elé- trons para a cadeia respiratória mitocôndrial, sendo estes elétrons transportados até o oxigênio (Figura 8).

Figura 8 – Degradação dos ácidos graxos até produção de ATP.

A -oxidação dos ácidos graxos saturados têm quatro passos:
1 – desidrogenação – produz uma dupla ligação entre os átomos de carbonos e – liberando um trans 2-enoil-coa.
enzima responsável – acil-coA desidrogenase.
2 – uma molécula de água é adicionada à dupla ligação do trans-
2-enoil-coa, formando o esteroisômero l do -hidroxiacil-coa (ou 3-hidroxiacil-coa). enzima responsável enoil CoA hidratase.
2 – o l- -hidroxiacil-coa é desidrogenado para formar
-hidroxiacil-coa desidrogenase.
4 – oxidação dos ácidos graxos é catalisada pela acil-coA acetil- transferase (comumente chamado tiolase).
Esses quatro passos são repetidos para produzir acetil-coA e ATP. Palmitoil-coA + 7 coA + 7 O2 + 35 Pi + 35 ADP 8Acetil-coA +
35 ATP + 42 H2O
Oxidação do palmitoil-coA até 8 molécula de acetil-coA, inclu- indo a transferência de elétrons e a oxidação.

 

9.6 Oxidação dos Ácidos Graxos Insaturados

Requer duas reações adicionais:
Ligação dupla, na conformação cis, não sofre ação da enoil-coA hidratase – precisa de duas enzimas:
A primeira é uma isomerase, e a segunda uma redutase (Figura 9).

Figura 9 – Oxidação de ácidos graxos insaturados.

9.7 Regulação dos Ácidos Graxos

No fígado, o acil-coA graxo formado no citosol tem duas gran- des vias abertas:
1 – a -oxidação pelas enzimas da mitocôndria.
2 – a conversão em triacilgliceróis e fosfolipídios pelas enzimas do citosol.
– uma vez que os grupos acil-graxos entram na mitocôndria, é certa a oxidação deste até acetil-coA.
– um animal bem suprido com carboidratos, qualquer excesso de glicose que não pode ser armazenado como glicogênio, é convertido em ácidos graxos citosólicos para serem armaze- nados na forma de triacilgliceróis.
– duas das enzimas da b-oxidação também são reguladas:
– quando a relação [NADH]/[NAD+] está alta, a b-hidroxiacil- coA desidrogenase é inibida.
– alta concentração de acetil-coA inibem a tiolase.

CORPOS CETONICOS
São formados no fígado; durante a oxidação dos ácidos graxos nos animais, o acetil-CoA formado pode ir para o ciclo do ácido cítrico, ou pode ser convertido nos chamados corpos cetônicos (acetoacetato, D-b-hidroxibutirato e acetona), e são exportados para outros tecidos através da circulação sangüínea.
O cérebro que normalmente utiliza a glicose, como fonte de combustível, em condições de fome, pode adaptar-se para usar o acetoacetato ou o D-b-hidroxibutirato na obtenção de energia.

 

Anomalias – a superprodução de corpos cetônicos no diabetes, não tratado ou durante um jejum prolongado, pode levar à cetose e à acidose.

9.8 Biossíntese de Lipídios
Passamos agora da geração de energia metabólica, para a biossíntese de precursores de macromoléculas. Discutiremos a biossíntese de três componentes das membramas biológicas – fosfoglicerídeos, esfingolipídios e colesterol.

A via da biossíntese dos ácidos graxos não é simplesmente a inversão da oxidação dos ácidos graxos.
A biossíntese dos ácidos graxos e a sua oxidação ocorrem por vias diferentes, são catalizadas por diferentes enzimas e ocorrem em compartimentos distintos das células.
Na biossíntese dos ácidos graxos têm a participação do malonil-CoA.

Sendo este formado a partir do acetil-CoA e HCO –

A BIOSSÍNTESE DOS ÁCIDOS GRAXOS
1 – condensação – dos grupos ativados acetila e malonil para formar um grupo acetoacetil-ACP, liberando CO2
– reação catalizada pela enzima -cetoacil-ACP sintase.
2 – redução do grupo carbonila – a acetoacetil-acp sofre redu- ção do grupo carbonila em C-3 para formar D- -hidroxi- butiril-ACP.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 11 – Biossíntese dos ácidos graxos.

– reação catalizada pela enzi- ma -cetoacil-ACP redutase, NADPH (doador de e-).
3 – desidratação – eliminação de H2O, saindo OH do C-3 e H do C-2, e assim formando a dupla ligação no trans- 2-butenoil- ACP.
– enzima responsável -hi- droacil-ACP desidratase.
4 – redução da dupla ligação – a dupla ligação é reduzida (saturada) para formar butiril- ACP, pela ação da enzima enoil-ACP redutase, sendo NADPH doador de elétrons (Figura 11).
Assim as reações do ácido graxo sintase são repetidas para formar o palmitato, através de reação de condensação do gru- po butiril, com a malonil-CoA, liberando CO2. Sete ciclos pro- duzem o grupo palmitoil

saturado com 16 átomos de carbono. Também formar o estearato com 18 átomos de carbono.
Reação global:
8 acetil-CoA + 7 ATP + 14 NADPH + 14 H+ palmitato + 8 CoA + 6 H O + 7 ADP + 7 Pi + 14 NADP+
A biossíntese dos ácidos graxos requer acetil-CoA e o forneci- mento de energia química em duas formas: ATP e NADPH.
ATP – liga CO2 ao acetil-CoA – na síntese do malonil-CoA.
NADPH – reduz a dupla ligação. Local de sítese dos ácidos graxos: Nos animais – ocorre no citosol.
Nos vegetais – ocorre no cloroplastos.

 

9.9 Regulação da Biossíntese dos Ácidos Graxos

A reação é catalizada pela enzima acetil-CoA carboxilase, sendo está responsável pela velocidade na biossíntese dos ácidos graxos e também é um sítio importante de regulação.
Alta concentração do ácido graxo (palmitoil-CoA) e os hormônios glucagon e adrenalina agem como inibidores da enzima acetil-CoA carboxilase inativando e desacelerando a síntese de ácidos graxos (palmitoil-CoA), já o citrato e a insulina são ativadores das enzimas acetil-CoA carboxilase e do complexo piruvato desidrogenase, res- pectivamente.
Enquanto que, alta concentração de acetil-CoA e de ATP na mitocon- dria pode levar o citrato a ser trans- portado para fora da mitocôndria, sendo um precursor do acetil-CoA citosólico, agindo assim como um sinal para ativação da enzima acetil- CoA carboxilase.
A síntese dos ácidos graxos é muito importante, pois fornece pre- cursores para os lipídeos das mem- branas, este processo está envolvido no crescimento celular com a forma- ção das membranas (Figura 12).
Transporte do acetil-coA, prove- niente da degradação de glicose e

aminoácidos para do interior da

Figura 12 – Regulação da Biossíntese dos ácidos graxos.

mitocôndria para o citosol, na matriz mitocondrial, dos grupos acetila para síntese de ácido graxos (Figura 13).

Figura 13 – Transporte dos grupos acetila para síntese de ácido graxos.

 

A insulina promove a conversão de carboidratos em triacilgli- cerois, pessoas com diabetes, não utiliza a glicose adequadamente e têm falhas em sintetizar ácidos graxos a partir de carboidratos ou aminoácidos.

 

9.10 Biossíntese dos Esteróides, a partir dos Isoprenóides
O colesterol é essencial em muitos animais, inclusive no homem, não se obtém através da dieta, mas o fígado pode sintetiza-lo, a partir de precursores mais simples, seu precursor é o acetato, mas tem como intermediário chave o isopreno.

Experimentos com acetato marcado com 14C fornece o esque- ma dos passos enzimáticos que ocorre na biossínte do colesterol, este processo ocorre em 4 estágios (Figura 14).

Figura 14 – Biossíntese dos esteróides.

1 – três unidades de acetato se condesam para formar mevalonato. 2 – conversão do mevalonato em unidades de isopreno ativado. 3 – formação do esqualeno (seis unidades com cinco átomos de c.) 4 – a ciclização do esqualeno formando o colesterol.
Além do colesterol – pode-se obter outros esteróides, a partir do esqualeno.

DESTINO DO COLESTEROL
A síntese ocorre no fígado – parte sintetizada é incorporada nas membranas dos hepatócitos.

A maior parte do colesterol sintetizado, é exportado em for- ma de ácidos biliares e ésteres do colesterol, ambos são formados no fígado, os ésteres do colesterol é formado no fígado através da ação da enzima acil-coA-colesterol acil transferase (acat) (Figura 15 e 16).

Figura 15 – Produção de colesterol, através da inibição de HMG-CoA

Figura 16 – Inibição da produção de colesterol, através da ativação de HMG-CoA

Os ésteres do colesterol são armazenados no fígado ou transpor- tados para outros tecidos.
O colesterol é utilizado para síntese de membrana, é também precursor da vitamina D.

A biossíntese do colesterol é regulada por vários fatores:
A biossíntese do colesterol consome energia, e é regulada pela concentração de colesterol intracelular e pelos hormônios glucagon e insulina, sendo o passo limitante na via para o colesterol é a conversão em mevalonato do -hidroxi- -metilglutaril-coA, enzima reguladora da via é HMG-coA redutase.

HMG-coA é também regulada pelos hormônios.
glucagon – estimula a fosforilação (forma inativa).
insulina – promove a desfosforilação, (forma ativa), ativando a enzima e favorecendo a síntese do colesterol.
O aumento de colesterol em quantidades excessivas, das neces- sidades do organismo, pode desenvolver acúmulos patológicos na paredes dos vasos sangüíneos (placas ateroscleróticas) – obstru-

indo esses vasos (aterosclerose), levando ao ataque cardíaco pela obstrução das artérias coronarianas, é uma das causas principais de morte.
A doença hereditária – hipercolesterolemia familiar – os níveis de colesterol sangüíneo são extremamente elevados – já na infân- cia desenvolve a aterosclerose severa.
O receptor da LDL é defeituoso nesses indivíduos não ocorre a captação realizada pela HDL, mediada pelo receptor do colesterol.
Tratamento – lovastatina – pode diminuir em até 30% o colesterol do soro nos pacientes.

 

Você Sabia

O tratamento combinado de lovastatina e resinas que se podem associar ao colesterol resulta num decréscimo dramático de 50 a 60 % dos níveis de soro colestérico. Outros inibidores recentemen- te desenvolvidos da HMG-CoA redutase, como a pravastatina e a simvastatina, drogas conhecidas colectivamente por estatinas, pro- duzem resultados ainda mais eficientes.

Curiosidade

Cientistas acreditam que quando ingerido, o Reveratral (subs- tância existente nas cascas das uvas), tal como o DES (Dietilestilbestral), contribui para o “BOM COLESTEROL” (ele- var a concentração de HDL).

 

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 10
METABOLISMO DOS COMPOSTOS NITROGENADOS: SÍNTESE E DEGRADAÇÃO
DE AMINOÁCIDOS

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 10

10.1 Síntese e Degradação de Aminoácidos

Além de serem constituintes das proteínas os aminoácidos podem ser usados como precursores de moléculas biológicas azotadas: hemos, nucleóti- dos, glutationa e animas fisiologicamen- te ativas.
O excesso de aminoácidos da dieta
não é armazenado nem excretado: é convertido em piruvato, oxaloacetato, á-cetoglutarato. Conseqüentemente, os aminoácidos
são também precursores de glucose, ácidos graxos e corpos cetónicos. Po- dem por isso ser usados também para produção de energia.
O processo envolve a eliminação do grupo amina (desaminação), incorporação do amônio assim transformando em uréia para pos- terior excreção e conversão do esqueleto carbonado em intermedi- ários metabólicos.
A desaminação da maior parte dos aminoácidos envolve uma transaminação prévia, que consiste na transferência do seu grupo amino para um á-cetoácido, produzindo o aminoácido correspon- dente ao á-cetoácido e o á-cetoácido correspondente ao aminoácido
original. Geralmente o aceitador do grupo amina é o á- cetoglutarato, que é convertido em glutamato:

 

As aminotransferases usam piridoxal-5′-fosfato, um derivado da vitamina B6. O piridoxal está também envolvido em reações de descarboxilação de aminoácidos, e de eliminação das suas cadeias laterais. É também o cofator envolvido na reação da glicogênio fosforilase, embora neste caso o mecanismo de atuação seja dife- rente. As aminotransferases são específicas para cada tipo de aminoácido, produzindo os á-cetoácidos correspondentes. No en- tanto, a maioria só aceita á-cetoglutarato ou (em menor extensão) oxaloacetato, como aceitador de grupo amina, produzindo glutamato ou aspartato. Por conseguinte, os grupos amina da mai- or parte dos aminoácidos são utilizados para produzir glutamato ou aspartato, que por sua vez podem ser inter-convertidos pela glutamato-aspartato aminotransferase.

 

Existe um grupo de aminotransferases musculares que usa piruvato (que também é um á-cetoácido) como aceitador de amina. O aminoácido produzido por estas (a alanina), é lançado para a corrente sanguínea e absorvido pelo fígado, onde é transaminado a piruvato, que será usado na gluconeogênese. A glucose assim produzida é depois oxidada a piruvato pelo músculo, completan- do o ciclo da alanina. O grupo amina é depois utilizado para a síntese da uréia. O resultado do ciclo da alanina é o transporte de azoto do músculo para o fígado.

 

A transaminação conserva os grupos amina. A desaminação é levada a cabo principalmente pela glutamato desidrogenase, uma enzima mitocondrial que usa quer NAD+ quer NADP+.

O azoto libertado sob a forma de amoníaco nesta reação deve ser excretado. Muitos animais aquáticos excretam-no simplesmente sob a forma de amônio. Outros animais, que não têm tanta água à sua disposição, convertam o amônio em produtos menos tóxicos, e que por isso não precisam de tanta água para serem excretados. Um desses produtos é a uréia.
As causas da toxicidade do amônio não estão bem elucidadas, mas sabe-se que quando a concentração de amônio é muito alta, este reage com o glutamato para formar glutamina, numa reação catalisada pela glutamina sintase.

Para repor os níveis de glutamato, outros aminoácidos reagem com o á-cetoglutarato por transaminação. O resultado é o progres- sivo esgotamento das reservas de á-cetoglutarato e glutamato, com conseqüências particularmente lesivas a nível cerebral.
A uréia é sintetizada no fígado, que depois a secreta para a cor- rente sanguínea, de onde será excretada pelo rim. A reação global do ciclo da uréia é:

 

O primeiro passo é a formação de carbamoil-fosfato, uma for- ma ativada de azoto:

 

O grupo carbamoil é então transferido para a ornitina para pro- duzir citrulina. Esta duas moléculas são aminoácidos “especiais”, i.e., não fazem parte da estrutura de proteínas.

Estas duas primeiras reações ocorrem na mitocôndria. A citrulina é transferida para o citoplasma, onde ocorre a parte restante do ciclo.
O segundo átomo de azoto presente na uréia é proveniente do aspartato:

Nesta reação o ATP é hidrolizada a AMP, em vez de ADP (como acontece normalmente). Como o AMP pode receber um fosfato do ATP, dando origem a 2 ADP, hidrolizar ATP a AMP é equivalen- te a hidrolizar 2 ATP a 2 ADP.
O argininosuccinato é depois clivado em arginina e fuma- rato:

O fumarato pode entrar no ciclo de Krebs para produzir NADH e oxaloacetato, que por sua vez pode ser reconvertido em aspartato por transaminação.
A hidrólise da arginina produz uréia e ornitina, que depois de reentrar na mitocôndria pode recomeçar o ciclo.

 

O ciclo da uréia tem um elevado custo energético, equivalente à hidrólise de 4 ATP a 4 ADP. No entanto, este custo pode ser recu- perado na cadeia transportadora de elétrons, uma vez que um NADH é produzido na desaminasão do glutamato e outro NADH na posterior oxidação do fumarato a oxaloacetato, o que é equiva- lente a cerca de 6 ATP.

 

Síntese e degradação de derivados de aminoácidos com interesse biológico
Alguns aminoácidos sofrem, numa pequena percentagem, trans- formações químicas originando substâncias que têm uma enorme importância em biologia humana e medicina. Alguns destes deri- vados, como a creatina e a carnitina intervêm no metabolismo energético. Outros derivados de aminoácidos como o ácido ã- aminobutírico (GABA), a histamina, a dopamina, a noradre- nalina, a adrenalina, a serotonina (ou 5-hidroxi-triptamina) e a melatonina são segregados em determinadas células exercendo os seus efeitos quando se ligam a receptores da membrana celular de outras células. Alguns deles são neurotransmissores: são sintetiza- dos em neurônios e são vertidos na fenda sináptica provocando efeitos quando se ligam em receptores específicos da membrana de outros neurônios, do próprio neurônio que os segregou ou de outras células. No caso do monóxido de azoto (NO) não existem receptores membranares: o seu efeito exerce-se quando se liga a uma enzima do citoplasma das células musculares lisas (a cíclase do guanilato) ativando-a. O papel biológico mais conhecido do glutatião é a sua ação antioxidante.
Na síntese de muitos destes derivados intervêm enzimas que catalisam reações muito semelhantes entre si. Uma destas reações é catalisada por descarboxílases que catalisam a libertação (na for- ma de CO2) do grupo carboxílico (carbono 1) de aminoácidos ori- ginando aminas. São exemplos a descarboxilação do glutamato (originando GABA), da histidina (histamina), da L-dopa (dopamina) e do 5-hidroxitriptofano (serotonina).
Outra das reações comuns na síntese (e degradação) de mui- tos destes derivados de aminoácidos é catalisada por transferases de metila em que o doador de metila é a “metionina ativada” (Sadenosil-metionina). A S-adenosil-metionina forma-se por ação catalítica da adenosiltransférase da metionina (ATP + metionina S-adenosil-metionina + Pi + PPi). Transferases de metila dependentes da S-adenosil-metionina (que, ao ceder o metila, origina S-adenosilhomocisteína) estão envolvidas na sín- tese de creatina (guanidoacetato creatina), da carnitina (lisina
trimetil-lisina), da adrenalina (noradrenalina adrenalina) e da melatonina (acetilserotonina melatonina). O mesmo tipo de enzimas também pode estar implicado na degradação de de- rivados aminoacídicos; tal acontece nos casos da histamina (N- metiltransférases) e das catecolaminas (catecol-O-metil-trans- férase).
Reações de hidroxilação catalisadas por mono-oxigênases exis- tem nas vias metabólicas que levam à formação das catecolaminas (tirosina L-dopa e dopamina noradrenalina), da serotonina e

melatonina (triptofano 5-hidroxi-triptofano), do monóxido de azoto (arginina citrulina + NO) e da carnitina.
A creatina é um aminoácido que contém um grupo guanidina e na sua síntese intervêm três aminoácidos (glicina, arginina e metionina) e duas transferases. No primeiro passo ocorre a trans- ferência do grupo amidina da arginina para a glicina (arginina + glicina guanidoacetato + ornitina) formando-se guanidoacetato; no segundo o guanidoacetato aceita um grupo metila da S-adenosil- metionina (guanidoacetato + S-adenosil-metionina creatina + S-adenosilhomocisteína).
A creatina e o seu derivado fosforilado (a fosfocreatina) têm, nomeadamente no tecido muscular, um papel importante no me- tabolismo energético. A ligação entre o fosfato e a creatina na fosfocretina designa-se de fosfamida e é, tal como a ligação fosfoanidrido, uma ligação “rica em energia”. A fosforilação da creatina ocorre por ação catalítica da cinase da creatina (ATP + creatina  fosfocreatina + ADP) e a reação é fisiologicamente re- versível.
Quando a velocidade de hidrólise do ATP aumenta durante os primeiros segundos de um exercício muscular violento as concen- trações dos compostos envolvidos fazem com que a reação evolua no sentido em que se forma ATP consumindo-se fosfocreatina; o contrário acontece quando se recupera do esforço.
A creatina e a fosfocreatina são substâncias com grupos quími- cos com carga negativa; no caso da creatina a sua passagem através das membranas celulares está dependente da ação de transporta- dores. Por processos não enzímicos, em cada dia, uma pequena percentagem da creatina e da fosfocreatina dá origem a uma subs- tância sem carga que difunde através das membranas: a creatinina. A velocidade de formação de creatinina num mamífero é propor- cional à quantidade total de creatina e fosfocreatina e proporcional à massa muscular. O doseamento da concentração de creatinina plasmática e a avaliação da sua excreção na urina são usados na clínica para avaliar a função renal.
A carnitina é um aminoácido hidroxilado que contém o grupo amina trimetilado. Forma-se no fígado e rim numa via metabólica complexa (em que intervêm uma desidrogênase e monooxigênases de função mista) a partir da trimetil-lisina. Por sua vez, a trimetil- lisina origina-se quando da hidrólise de proteínas em que resíduos lisina sofreram metilação no grupo 6-amina por ação de transferases de metila: 3 S-adenosil-metionina + resíduo de lisina 3 S- adenosilhomocisteína + resíduo de trimetil-lisina. No transporte da carnitina do fígado e rim para os outros tecidos intervém trans- portadores específicos. A carnitina desempenha um papel chave na oxidação dos ácidos gordos e na síntese de corpos cetônicos. O

transporte dos ácidos gordos através da membrana mitocondrial interna implica a transferência de resíduos acila do acil-CoA para a carnitina (carnitina acil-transferase I), o transporte de acil-carnitina em troca com carnitina e a regeração do acil-CoA no interior da mitocôndria (carnitina aciltransferase II).
O ácido -aminobutírico (GABA) é um neurotransmissor2 que é sintetizado em determinados neurônios do SNC a partir do glutamato por ação de uma descarboxílase (glutamato GABA + CO2). No catabolismo do GABA intervêm uma transamínase espe- cífica (á-ceto-glutarato + GABA glutamato + semialdeído do succinato) e uma desidrogênase (semialdeído do succinato + NAD+
succinato + NADH) que levam à formação de succinato, um intermediário do ciclo de Krebs.
A histamina é um derivado da histidina formando-se a partir deste aminoácido por ação de uma descarboxílase (histidina  histamina + CO2). É sintetizada e segregada pelos mastócitos du- rante processos alérgicos, em certos neurónios do SNC e em célu- las cromafins da mucosa gástrica que são estimuladas pela gastrina3. No catabolismo da histamina intervêm enzimas que catalisam a metilação dependente da S-adenosil-metionina de um dos azotos do anel imidazol 1. Porque a creatinina não é segregada nem reabsorvida nos túbulos renais, um dos testes mais usados na ava- liação da função de filtração renal é o clearance da creatinina. O clearance da creatinina pode ser definido como a quantidade de plasma sanguíneo que é “limpo” de creatinina por unidade de tem- po (volume/tempo). Calcula-se usando a seguinte fórmula: (volu- me de urina / tempo) x (concentração de creatinina na urina / con- centração de creatinina no plasma).
Quando é libertado na fenda sináptica, o GABA liga-se a recep- tores específicos provocando diminuição da excitabilidade dos neurônios que contêm estes receptores. As benzodiazepinas são medicamentos que são usados como tranqüilizantes e o seu meca- nismo de ação está relacionado com os receptores do GABA. As benzodiazepinas ligam-se num outro local de ligação situado nos mesmos receptores provocando aumento da sua sensibilidade ao GABA.
A ligação da histamina a receptores específicos das células parietais do estômago (receptores H2) induz a libertação de HCl no lume gástrico. Alguns medicamentos usados na clínica no tra- tamento de úlceras gástricas e duodenais são inibidores dos recep- tores H2.
(N-metil-transférase) e a desaminação oxidativa dependente do oxigénio molecular do grupo amina terminal (RCH2NH2 + H2O +
O RCHO + NH + H O ).
2 3 2 2

A dopamina, a noradrenalina (ou norepinefrina) e a adrenalina (ou epinefrina) são catecolaminas: compostos orgânicos que con- tém um grupo amina e um núcleo catecol (1,2 diidroxi-benzeno). São todos derivados da tirosina que por ação da hidroxílase da tirosina origina L-dopa; a hidroxílase da tirosina é uma mono- oxigénase que usa como co-substrato a tetrahidro-biopterina (tirosina + O2 + tetrahidro-biopterina L-dopa + diidro-biopterina
+ H2O). Por sua vez a L-dopa passa a dopamina por ação de uma descarboxilase (L-dopa dopamina + CO ). A dopamina pode
gerar noradrenalina por ação doutra hidroxílase que usa como co- substrato o ascorbato (dopamina + O2 + ascorbato noradrenalina
+ desidroascorbato + H2O). A noradrenalina origina a adrenalina
por acção de uma transférase de metilo (noradrenalina + S-adenosil-
metionina adrenalina + S-adenosil-homocisteína).
A dopamina, a noradrenalina e a adrenalina são neurotrans- missores. Os dois últimos também podem ser considerados hormonas pois também são segregados para o plasma sanguíneo pelas células cromafins da medula supra-renal. O déficit de dopa- mina em determinados núcleos do sistema nervoso central causa doença de Parkinson que pode ser tratada pela administração de L-dopa. Entre os efeitos metabólicos da adrenalina e da noradre- nalina são de destacar a estimulação da glicogenólise hepática e muscular, da glicólise muscular e da lipólise no tecido adiposo.
No catabolismo das catecolaminas intervêm enzimas que catalisam a metilação dependente da S-adenosil-metionina do gru- po hidroxilo da posição 2 do anel benzénico (catecol-O- metiltransférase ou COMET) e a desaminação oxidativa dependente do oxigênio molecular do grupo amina terminal (mono-amino oxídase ou MAO: RCH2NH2 + H2O + O2 RCHO + NH3 + H2O2).
Os diferentes produtos formados no processo catabólico são elimi-
nados na urina.
A serotonina (ou 5-hidroxi-triptamina) é um neurotransmissor 4 derivado do triptofano. Forma-se por ação seqüenciada de duas enzimas numa via metabólica muito semelhante à que dá origem à dopamina. Nesta via metabólica estão envolvidas a hidroxílase do triptofano (triptofano + O2 + tetrahidro-biopterina ’! 5-hidroxi- triptofano + dihidro-biopterina + H2O) e uma descarboxílase (5- hidroxi-triptofano ’! 5-hidroxi-triptamina + CO2). No catabolismo da serotonina intervém uma mono-amino oxídase (MAO: RCH2NH2 + H2O + O2 ’!RCHO + NH3 + H2O2) que induz a sua
desaminação oxidativa.
A melatonina é uma hormona5 sintetizada na glândula pineal a partir da serotonina que, como já referido, tem origem no trip- tofano. A formação da melatonina envolve a ação de uma trans- férase de acetilo (serotonina + acetil-CoA acetil-serotonina + CoA)

e a posterior metilação (dependente da S-adenosil-metionina) do grupo 5-hidroxi (acetil-serotonina + Sadenosil-metionina  melatonina + S-adenosil-homocisteína). O seu catabolismo envol- ve a hidroxilação no carbono 6 do anel indol e a posterior conjuga- ção com o sulfato formando-se um composto (6-sulfatoximela- tonina) que é excretado na urina. A 5-hidroxi-triptamina tem múl- tiplos efeitos biológicos podendo destacar-se o seu efeito no hu- mor. Um dos fármacos mais usados no tratamento da depressão (fluxetina) é um inibidor da recaptação neuronal da serotonina, aumentando deste modo a sua concentração na fenda sináptica.

 

Você Sabia

Também conhecida como “a hormona do sono”, a melatonina re- gula os ciclos circadianos (dormir-acor- dar), sendo a sua produção estimulada pela escuridão e inibida pela luz.
Esta substância encontra-se em pe- quenas quantidades em alimentos como a cebola, a cereja, a banana, o milho, a aveia, o arroz, a hortelã, a verbena, a salva e o tomilho, e também no vinho tinto.
O monóxido de azoto (NO ou óxido nítrico ou fator relaxante derivado do endotélio) é um radical livre sintetizado em muitas células de mamíferos (incluindo as células endoteliais) a partir da arginina. A enzima responsável por esta síntese é uma mono- oxigênase habitualmente designada como síntase do NO (arginina
+ 2 O2 + 1,5 NADPH citrulina + NO• + 1,5 NADP+). O NO é um composto muito instável: poucos segundos após a sua síntese oxi- da-se (reações não enzímicas) originando íons nitrito e nitrato.
O glutatião na sua forma reduzida (GSH) é um tripeptídeo ( -glutamil-cistinil-glicina) que é sintetizado na maioria das célu- las do organismo. Forma-se numa seqüência de reações que envol- vem a formação de uma ligação amida entre o grupo carboxílico C5 do glutamato e o grupo amina da cisteína (sintetase do
-glutamil-cisteína: glutamato + cisteína + ATP  -glutamilcisteína
+ ADP + Pi) e uma ligação peptídica entre o grupo carboxílico da cisteína e o grupo amina da glicina (sintetase do glutatião:
-glutamil-cisteína + glicina + ATP glutatião + ADP + Pi).
A forma reduzida do glutatião (GSH) contém um grupo tiol que participa em reações de oxiredução; a forma oxidada do glutatião é formado por duas moléculas de glutatião em que os grupos tiol

foram oxidados e ligam as duas metades da nova molécula numa ligação dissulfureto (GSSG). O glutatião oxidado forma-se por acção da peroxídase do glutatião. Esta enzima catalisa a redução de peróxidos potencialmente tóxicos usando como agente redutor o GSH [2 GSH + H2O2 (ou R-OOH) GSSG + 2 H2O (ou H2O +
ROH)]. A regeneração do GSH é catalisada pela redútase do
glutatião (NADPH + GSSG 2 GSH + NADP+).
Pelo menos em certas células, como nas células tubulares re- nais, o GSH participa no transporte transmembranar de aminoácidos. O GSH sai da célula (por acção de um transporta- dor) e por ação catalítica de uma ecto-transferase ( -glutamil- transpeptídase) reage com um aminoácido do meio extracelular que vai ser transportado gerando como produtos dois dipeptídeos ( -glutamil-aminoácido e cistinil-glicina). No GSH, a ligação entre o glutamato e a cisteína não é uma ligação peptídica vulgar e não é hidrolisada por acção de peptídases mas pode ser rompida por ação da -glutamil-transpeptídase. Por acção de um transportador da membrana, o dipeptídeo -glutamil-aminoácido pode depois ser transportado para o interior da célula. Após hidrólise extracelular da cistinil-glicina, também a cisteína e a glicina são transportadas para o interior da célula. Entre os efeitos biológicos do NO pode destacar-se o seu papel como relaxante do músculo liso das arteríolas. Quando as células endoteliais são estimuladas por estímulos ner- vosos mediados pela acetil-colina aumenta a concentração do ião Ca2+ no seu citoplasma o que estimula a atividade da síntase do NO. O NO é um gás que difunde passivamente para as células musculares lisas da vizinhança. Aqui liga-se a uma cíclase de guanilato (GTP GMP cíclico + PPi) estimulando a sua atividade. É o aumento da concentração intracelular do GMP cíclico que cau- sa o relaxamento do músculo liso das arteríolas e a vasodilatação.

 

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Módulo 3

 

 

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

 

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 11
SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE PROTEÍNAS

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 11

11.1 Introdução

Falar de tradução e síntese de proteínas é uma matéria que vocês conhecem do secundário, pelo menos alguma coisa.
Este é o único dogma da biologia celular.
DNA transcrição RNA tradução proteínas.

 

A tradução envolve a interação dos 3 tipos de RNA celulares. O mRNA, que é a molécula que contém a informação a ser traduzida; o tRNA que é a molécula que faz a transição entre ácidos nucléicos e aminoácidos; e por fim o rRNA que é o componente essencial da

maquinaria que é o ribossoma, a estrutura que permite controlar todo o processo.

O mRNA nos eucariotas.
Esta é especificamente a estrutura do mRNA nos eucariotas: contém aqui a azul aquilo a que se chama Open Reading Frame – ORF – ou seja, o quadro de leitura, que é a sequência do mRNA que contém a informação essencial para produzir a proteína. No entanto, isto é apenas parte do mRNA, porque este nos eucariotas é muito maior do que simplesmente a ORF. Geralmente, é à volta do 2000 pares de bases, enquanto geralmente a ORF dum mRNA ronda à volta duns 1000, o que é metade. (isto em valores médios) Há um outro tanto de informação que e importante para controlar a estabilidade e todo o processo de tradução.
Portanto isto está orientado 5’-3’ e na parte 3’ é dita a parte 3’- UTR: untranslated region, ou seja, a região não traduzida. Faz senti- do… E do outro lado a parte 5’-UTR. Geralmente esta distância entre o início da ORF e a zona onde vocês têm o CAP é de cerca dos 100 nucleótidos (têm aqui o codão de iniciação- AUG, aqui a abertura inicial). Então normalmente a região 3’UTR é muito grande. Do outro lado, este mRNA termina com uma cauda poli-A, que ronda as 150 a 200 Adeninas. Isto tipicamente na estrutura do mRNA.
Relativamente ao tRNA, este é a estrutura que faz a ligação en- tre os aminoácidos e os ácidos nucléicos.
Vou referir a informação que vocês têm que conhecer, obvia- mente vou perder mais tempo em tentar que vocês consigam per- ceber os mecanismos de controlo que geralmente não se encon- tram nos livros, apenas nos artigos de revisão, artigos científicos. Portanto, estrutura do tRNa vocês já conhecem: têm aqui um anti- codão – a parte que reconhece a parte codão do mRNA – e do outro lado vem carregado um aminoácido específico para cada tipo de

tRNA. A ligação do aminoácido ao tRNA é conseguida através de uma enzima que se chama tRNA sintetase, está aqui o processo todo.

A enzima contém um local onde se liga o ATP (processo que requer energia), um local específico para um determinado tipo de aminoácido, onde ele se liga (várias aminoacil tRNA sintetases) e um local onde encaixa o tRNA e onde se faz a ligação do aminoácido com o tRNA específico. Fica-se então com o tRNA carregado com um tipo de aminoácido.

O código genético é a informação que vocês conhecem do se- cundário: tem redundâncias mas não tem ambiguidades. Falta só referir que a Metionina tem apenas um codão, o Triptofano tam- bém e há 3 codões STOP, que não são reconhecidos por nenhum anticodão.
Relativamente aos ribossomas, esta é a estrutura típica deles. Os ribossomas dos eucariotas e dos procariotas são muito seme- lhantes, varia o tamanho das subunidades. Portanto, o ribossoma dos eucariotas tem 2 subunidades, uma grande e uma pequena: a subunidade grande, dita de 60s, e a subunidade pequena, dita de 40s.

Esta estrutura de 60s é constituída por 49 proteínas, tem um peso total de 2800g/mol constituído também por 3 RNA’s: o rRNA de 5s, 28s e 5.8s. A subunidade pequena só tem um tipo de rRNA, o de 18s.
Nos procariotas, muito semelhantes, varia apenas o tamanho. Informação importante: o ribossoma é uma ribosima à tem ati-
vidade enzimática, ou seja, consegue catalizar reações enzimáticas.
Isto é muito importante porque a subunidade grande do ribossoma vai permitir, ou catalizar, a ligação peptídica entre os vários aminoácidos quando do alongamento, na formação da proteína, portanto quando se vão ligar os aminoácidos 1 com o 2, esta liga- ção peptídica que se forma no ribossoma é catalizada pelo rRNA da subunidade grande do ribossoma. Por isso é que os ribossomas se chamam de ribosimas, têm atividade. O investigador que des- cobriu isso foi Prémio Nobel.
Este é o constituinte do RNA dos ribossomas. Em cinzento vocês estão a ver aquilo que corresponde ao rRNA, a cores vocês têm aquilo que corresponde às proteínas, Portanto não se esqueçam que os ribossomas são ribonucleoproteinas, ou seja, têm uma com- ponente proteica e uma componente em rRNA, Mas vêem que a maior parte do constituinte (cerca de 60% nos eucariotas, 66% nos procariotas) tem a ver com rRNA.

Pormenorizando o ribossoma tem 3 locais, aqui a vermelho (isto é muito importante) têm o mRNA, a subunidade pequena e de- pois é que encaixa a grande, Depois disto estar formado, vocês têm de novo 3 locais: o dito local A, local P e o local E. O local A é o local da “Amino-Acil-tRNA”, ou seja, é o local onde vai entrar o tRNA carregado com o aminoácido. O local P é o local da “Peptidil-transfer tRNA” – local onde vai ocorrer a ligação peptídica, ou melhor, onde a cadeia polipeptídica se vai originar.

O local E é o local “empty” mas também é chamado de local de “exit”, ou seja, local de saída do tRNA não carregado após este ter depositado o seu aminoácido na cadeia peptídica nascente. Resu- mindo, 3 locais: local A, local P e local E. Geralmente todos os tRNA’s que vêm carregados com aminoácidos só conseguem entrar no local A do ribossoma, nunca no local P. Porquê? Neste local., é onde a cadeia nascente polipeptídica está a ocorrer. Ele tem que entrar aqui [local A], transferir para ali [local P] e depois sair [local E], Portanto, tem aqui a cadeia que está a nascer, tem aqui o tRNA, tem aqui outro (tRNA) que está a entrar. A ligação peptídica ocorre, este sai e este (tRNA) passa do local P para o local E. Então, se entrasse no local P, o P já estava cheio, já tinha lá qualquer coisa, portanto não pode entrar. Assim, ele só tem a possibilidade de ir sempre para o local A. Isto acontece tirando uma excepção: o primeiro! O primeiro tRNA não pode entrar no local A porque se o fizesse não poderia passar para o P. Portanto tem que entrar logo no local P, senão isto não funcionava, E qual é o primeiro tRNA? Aquele que vem carre- gado com a metionina iniciadora. Trata-se do único tRNA que con- segue entrar no local P. Como? O tRNA iniciador, e não se esqueçam que o tRNA iniciador vem carregado com a metionina, mas no meio duma cadeia duma proteína há muitas metioninas, que possuem o mesmo codão. Para reconhecer qual o iniciador, há uma diferença entre o tRNA carregado com uma metionina que entra no local P e um tRNA também carregado com uma metionina mas que desta vez entra pelo local A. Veremos isso adiante.
A tradução tem 3 etapas: iniciação, alongamento e a finalização. A mais importante de todas é obviamente a iniciação. E aqui ocor- re um controle de qualidade.

A diferença entre um tRNA, iniciador, que contém uma metionina (e entra no local P) e tRNA que também transporta uma metionina mas não vai entrar no local P tem a ver com modifica- ção. Os procariotas modificam o tRNA iniciador, ou seja, que vem carregado com a Metionina através dum grupo formil (CHO). Por- tanto, o tRNA iniciador vem também carregado com um grupo formil. E é esta modificação que permite a entrada no local P. Por

 

outro lado, os outros tRNA’s que vêm carregados com Metionina mas que não são formilados vão entrar no local A e são usados quando algures no meio da cadeia encontram uma metionina. Es- tão a ver a diferença? Então há aí diferenças entre uma metionina inicial e uma metionina no meio da cadeia polipeptídica.
Nos eucariotas, não é um grupo formil que promove a modifi- cação, mas antes uma fosforilação, alterando a conformação deste tRNA, permitindo-lhe entrar no local P. Através destas diferenças o tRNA é modificado.
Relativamente ao Quadro de Leitura, quando se tem uma se- qüência de nucleotídeos é preciso ter esta noção: por exemplo, se vocês começarem a ler daqui, no primeiro 1, têm UAC. Isto vai dar aminoácido (tirosina). Mas se começarem no segundo, vão ler ACU, e vai dar uma trionina.

Podem ainda começar no terceiro, obtendo CUA, que resulta numa leucina, No quarto, voltam ao início, ou seja, UAC. Portan- to, de acordo com o sítio onde vocês começam, têm três tipos de quadros de leitura. Isto é essencial porque se a leitura do mRNA falhar num nucleotídeo, vai dar uma proteína completamente di- ferente. Este processo é extremamente controlado. A leitura ou a identificação dum quadro de leitura correto é essencial para a célu- la, Senão vocês vão ter proteínas que não conhecem.
Por isso, como é que a célula sabe qual o primeiro AUG? Qual é o codão iniciador? Ela tem uma seqüência do mRNA que tem muitos AUG’s. Ela identifica-o pelo contexto à volta do AUG, ou seja, não interessa apenas ter aqui um codão iniciador. È também importante o que se passa à volta do AUG.

Nos procariotas, que é o caso aqui em cima, eles têm uma sequência muito conservada entre todas as proteínas, que é a se- qüência de Shine-Delgarno. E é uma seqüência que está aqui a amarelo e que é reconhecida especificamente pelo rRNA da subunidade pequena do ribossoma. Portanto neste rRNA há uma sequência complementar à seqüência Shine-Delgarno. Não se es- queçam que este rRNA faz parte do ribossoma e portanto quando isto [subunidade pequena] encaixa ali [mRNA], por complementaridade de bases, a subunidade ribossomal vai encai- xar ali [na sequência Shine-Delgarno] e vocês sabem que ao lado têm um AUG, portanto quando começa a tradução, esta começa no quadro de leitura correto.
Nos eucariotas o sistema é ligeiramente diferente. Primeiro por- que a subunidade pequena do ribossoma 40s começa a ligar-se ao mRNA sempre na extremidade 5’, no CAP (no início do mRNA). A subunidade pequena vai depois fazer um “scanning”, ou seja, vai deslocar-se ao longo da cadeia do mRNA até encontrar aquilo que ele acha que é um AUG iniciador. Ele encontra-o novamente pelo contexto à volta do AUG, ou seja, até encontrar aquilo que se chama de seqüência Kozac, Este é o consenso típico duma seqüên- cia Kozac: ACCAUGG. Quando a subunidade pequena encontra este contexto (que pode variar ligeiramente), a subunidade pára e então vem a subunidade grande do ribossoma que encaixa e co- meça a tradução. Concluindo, não é qualquer AUG que dá início à tradução, necessita duma seqüência Kozac, um contexto à sua vol- ta que o define exatamente como o cordão iniciador, Isto é muito importante!

Como é que se identificam as seqüências? Simplesmente isto [a vermelho] é a sequência Shine-Delgado, na sequência Kozac é muito semelhante, ou seja, peguem numa
dúzia de proteínas, fazem um alinhamento das seqüências à volta do AUG e vêem o que é que está conservado e reparem: vocês têm aqui o número de nucleótidos, que é sempre igual em todas as proteínas e com isso vocês conseguem estabelecer uma seqüência de consenso. È assim que se identifica este tipo de seqüências.
Relativamente à tradução, existem obviamente muitos fatores protéicos que assistem em todo o processo. Os fatores de iniciação, nos procariotas chamam-se IF1, IF2 e IF3. Têm os equivalentes nos eucariotas, só que com um “e” atrás: “eukaryotic initiation factors”.

Quanto aos de alongamento, é a mesma nomenclatura – EF- e para os eucariotas o “e” atrás, ficando “eucaryotic elongating factors” 1, 2 e por aí fora. O release fator, ou seja, de finalização, os procariotas têm 3 e os eucariotas só têm um.
Como é que se processa a tradução nos procariotas? Basicamen- te vocês têm a ligação das subunidades pequenas no AUG, inicia- dor, em que vocês sabem ter uma seqüência Shine-Delgado à vol- ta: tem um contexto que é muito importante.
A subunidade pequena liga-se com a ajuda de vários fatores ini- ciadores (não é importante saberem os nomes e função de todos, não é o objetivo da disciplina, excepto alguns que são muito im- portantes). O que é importante aqui é que percebam a mecânica

do processo. Portanto, têm sempre a subunidade pequena a ligar- se ao sitio certo do mRNA, o tRNA, que vem carregado com a Met está modificado, ou seja, nos procariotas tem 1 grupo formil que encaixa no local P e depois vem a subunidade grande que encaixa aqui com a ajuda de fatores, montando todo o ribossoma. Portan- to, o ribossoma só é montado quando da tradução.
No citoplasma, o ribossoma completo não existe. As subunida- des, grandes e pequeninas, estão sempre desassociadas. Depois, quando isto se monta, está tudo pronto, o tRNA com a Met. no local P e começa a 2ª etapa da tradução que é o alongamento.

Nos eucariotas ocorre um processo que passarei mais tempo a explicar porque é muito importante. Existe um controlo de quali- dade.

 

Nas células existem muitos controles de qualidade, e este é ex- tremamente importante, ou seja, quando o mRNA sai do núcleo, ele vem com uma cauda poli-A e um CAP.

As 2 extremidades do mRNA só coincidem por ação de proteí- nas que se ligam aqui a verde na cauda poli-A e por factores aqui no CAP, neste a amarelo, que é outra proteína que se chama “CAP- binding protein”, ou seja, proteína que se liga ao CAP e aqui “Poli- A binding protein” – proteína que se liga à cauda Poli-A. E vêem aqui um fator, este é muito importante, têm que se lembrar que é o fator iniciador 4. Existem vários: 4A, 4B, 4C, 4D, etc. O que é importante é que só os fatores iniciadores 4 e proteínas semelhan- tes que se ligam aqui à cauda poli-A e ao CAP e vão formar um “U” no mRNA. Ou seja, através destes fatores protéicos a cauda poli-A vai estar em contacto com o CAP. Isto tem que ocorrer! Se não acontecer, se o mRNA não passar neste controlo de qualidade, isto é, se este “loop” não se formar, o mRNA é degradado. Isto significa que se o mRNA não tiver 1 cauda poli-A completa ou se não tiver o CAP, este RNA nunca é usado na tradução e, portanto, não passa neste controlo de qualidade. Se ocorrer aqui algum pro- blema, ou seja, se o mRNA não estiver completamente intacto, o mRNA é logo degradado e descartado pelas células. Se passar este controlo de qualidade, então o mRNA, mesmo que tenha erros, continua e é traduzido, dando origem, se tiver um erro qualquer, a uma proteína truncada modificada. Mas tem que passar neste con- trolo de qualidade. Portanto, este “loop” é essencial.
Estes fatores iniciadores 4 têm várias funções, como por exem- plo, remover esta estrutura secundária, que pode ocorrer no mRNA: não passa do controlo de qualidade, portanto o mRNA é degrada-

do. Estão a ver a importância destes fatores iniciadores 4? São estes que decidem se o RNA vai ser traduzido ou se vai ser degradado.

A seguir, o que acontece é que, tal como nos procariotas, o tRNA vem carregado com uma Met. modificada, no caso dos eucariotas é uma fosforilação que lhe permite estar no local P. Este complexo vai ligar-se no complexo formado por aquele “loop” que se for- mou. Assim, onde este se forma, com mRNA, esta estrutura aqui (subunidade pequena carregada com tRNA) vai ligar-se a estes fa- tores protéicos todos, por isso é que se vai ligar às extremidades e não aqui no meio.

 

Liga-se a estes fatores iniciadores que assistem a ligação e este complexo inteiro com estes fatores vai fazer um “scanning” no mRNA até encontrar aquele que ele acha que é AUG iniciador. Encontra-o através do contexto à volta do AUG, até encontrar 1 seqüência Kozac. E aí pára, libertando-se de todos os fatores inici- adores que impediam a ligação da subunidade grande. Ao libertar estes fatores, a subunidade grande do ribossoma já consegue en- caixar na subunidade pequenina no sítio certo, isto é, no sítio onde encontrou o AUG iniciador e, tal como nos procariotas, começa a 2ª etapa da tradução.
Nos livros de texto encontram este tipo de esquema muito bem explicado, portanto não se preocupem em com isso. Aqui, há que realçar a importância deste controlo de qualidade,
Nalguns casos existe aquilo que se chama de iniciação em locais internos do mRNA à IRES.

 

Isto foi identificado inicialmente em infecções víricas, e estas estruturas formam este tipo de “loop” muito semelhante ao que acontece aqui (no normal). Basta que o ribossoma possa começar a tradução no meio do mRNA. Acontece em casos muito raros, mas acontece. Por isso é que eu vos faço esta ressalva, só para saberem que isto existe nalguns casos específicos, em condições de patolo- gia.
Há muitas condições: infecções víricas e por aí fora, onde este mecanismo pode ocorrer. No fundo, permite que a tradução ocor- ra em locais muito afastados da ponta do CAP. Deste modo, numa situação normal o iniciador está muito perto (cerca de 100

nucleótidos) da extremidade 5’. No entanto, nalguns casos há mRNA que pode ser traduzido em distâncias muito afastadas da extremidade. Esta situação pode ser muito importante em situa- ções de cancro e por aí fora.

 

Passamos agora ao alongamento. Fatores de elongação estão envolvidos na transferência de aminoácidos do tRNA para a cadeia peptídica nascente. A situação começa aqui: o local P tem um local com o tRNA carregado com a Met. e no local A, que está vazio, vai encaixar o segundo tRNA carregado com aminoácido. Este proces- so onde se liga o tRNA carregado no local A é assistido por um factor de elongação, chamado EF-Tu (nos procariotas) ou eEF1 (nos eucariotas). Este factor regula todo o processo. A seguir, quando um tRNA encaixa no local A, a ligação peptídica ocorre (no local

P) , sendo catalizada pelo rRNA da subunidade pequena do ribossoma.
No caso dos eucariotas (a imagem é o caso dos procariotas) é um rRNA 18s. O tRNA sai então, e inicia-se um novo ciclo, o ribossoma desliza ao longo do mRNA. Isto é tudo controlado por estes fatores protéicos.
Este percurso acaba com o codão STOP. Este codão não é reco- nhecido por nenhum tRNA mas fatores protéicos denominados “release factors” (RF) reconhecem-no. São 2 nos procariotas (1 e 2): o RF1 reconhece 2 codões (UAG e UAA) e o RF2 reconhece o UGA e UAA.

Para os eucariotas, o eRF1 reconhece os 3 codões STOP. O tru- que deste mecanismo é o seguinte: estes fatores protéicos têm uma estrutura molecular muito semelhante ao tRNA. Assim, apesar de não ser um tRNA, consegue encaixar no local A do ribossoma. Quando o “release factor” entra aqui no local A do ribossoma destabiliza a maquinaria, fazendo com que as subunidades se dissociem, acabando o processo de tradução. Os fatores IF3 e IF6 quando ligados a uma subunidade, impedem a formação do ribossoma.
A tradução é um processo que gasta muita energia, tanto na forma de ATP como de GTP (que é utilizado em muitos processos celulares deste género).
Na tradução, a célula até utiliza muito mais GTP do que ATP. Devido a este fato (gasto de grande quantidade de energia), é ne- cessário um controle de qualidade muito eficaz para que não se desperdice energia em mRNA que não está bem, que vai dar ori- gem a uma proteína não-funcional.

Os procariotas conseguem acoplar a transcrição com a tradu- ção. Ou seja, quando o mRNA é transcrito, é logo traduzido. Nos eucariotas, não acontece isso porque existe um núcleo que isola. Assim, tem-se a transcrição no núcleo mas a tradução no citoplasma, portanto estes acoplamentos não podem ocorrer. Isto faz prever que o processo de síntese protéica, seja muito mais efi- caz e rápido nos procariotas. Mas os eucariotas também conseguem acelerar o processo, através da formação daquilo que se chama de polirribossomas ou polissomas. Os polissomas são uma cadeia de mRNA onde encaixam muitos ribossomas, ou seja, tem-se um mRNA com um ribossoma a ligar-se e a começar a tradução en- quanto outro já a iniciou. O resultado da existência destes

polissomas é um único mRNA a conseguir dar origem a várias moléculas de proteínas.
Os polissomas têm este aspecto visto no microscópio eletrônico. São pontinhos que se vêem no citoplasma, que correspondem a ribossomas. Podem-se ver os ribossomas livres, mas quando apa- recem estas cadeias de ribossomas está-se a olhar para os polissomas. Vemos outro exemplo no [PPT 31], com um mRNA a traduzir a mesma proteínas mas em sítios diferentes.
Isto permite aumentar muito a taxa de síntese duma determi- nada proteína.

 

Passando aos chaperones… A cadeia polipeptídica está a ser for- mada e está a sair do ribossoma. Só que já se sabe que as proteínas têm aminoácidos hidrofóbicos e hidrofílicos. Ora isto é chato por- que o citoplasma é só água à volta e a proteína tem tendência a enrolar-se de modo a esconder os aminoácidos hidrofóbicos, enrolamento este que não é específico. Para evitar este tipo de enrolamento incorreto existem umas proteínas – chaperones – que têm muitas funções, sendo uma delas manter a estrutura protéica linear quando a cadeia polipeptídica está a sair do ribossoma. Os chaperones são muitas vezes denominados HSP (Heat Shock Protein) e um número que tem a ver com o tamanho da proteína. O nome vem do fato de terem sido inicialmente identificadas em situação de stress térmico, na qual a célula passava a produzir muitas proteínas destas. A justificação para isto é esta: com o aquecimen- to, as proteínas começam a perder a sua estrutura, o que causa a sua desnaturação e então os chaperones começam logo a ser sobre- expressos para impedir que estas proteínas começassem a ser

desnaturadas. Portanto, são as mesmas proteínas que assistem aqui, no fim da tradução.

As substâncias que permitem inibir a síntese protéica são muito úteis porque normalmente são antibióticos. Têm um senão: alguns antibióticos têm efeito só nas bactérias e outros nas mitocôndrias (p. ex.). Apesar do processo em procariotas e eucariotas ser muito semelhante, há algumas diferenças, mas no fundo é a mesma coi- sa. No entanto, estas diferenças permitem arranjar substâncias tão específicas para inibir a tradução nos procariotas e não nos eucariotas.
Esta tabela contém alguns antibióticos e o local da relação ao longo do mecanismo de tradução.
A puromicina é muito engraçada, é um dos exemplos. Tem uma estrutura que é muito semelhante ao tRNA, conseguindo então enganar o ribossoma e encaixar no local A, inativando a tradução.
Aqui está outra lista de outros antibióticos [PPT 36], isto é mui- to importante, o modo de atuação.

 

11.2 Degradação de Proteínas

 

Você Sabia!

A proteína é degradada em dois sistemas: os lisossomas, que já conhecem, e o sistema ubiquitina-proteassoma, um sistema espe- cífico no citoplasma. . Em 2004, 3 investigadores foram Prêmio Nobel da Química com um trabalho sobre este complexo. Tem um impacto muito grande em termos clínicos e por isso está a ser um alvo terapêutico muito apetecível pelas farmacêuticas porque controlar este sistema é permitir controlar a degradação de deter- minadas substâncias. Relembrem-se que em situações de cancro o ciclo celular está alterado e a degradação de certas proteínas é es- sencial para controlar todo o processo. Sabendo que este sistema é o que as degrada, controlá-lo é controlar o ciclo celular, e controlar
o ciclo celular é controlar o cancro. E o cancro é só um exemplo: doenças neuro-degenerativas – acumulação de determinadas pro- teínas; Alzheimer… Controlar este sistema é controlar a doença.

Você Sabia!

Os alimentos como carne, ovos e grãos con- tém grandes moléculas de proteínas que preci- sam ser digeridas antes de serem utilizadas para reparar e construir os tecidos orgânicos. No estômago há uma enzima que inicia a de- gradação das proteínas. A digestão é finaliza- da no intestino delgado pelo suco pancreático e intestino propriamente dito. O produto final das proteínas é absorvido pelo intestino delga-
do e encaminhado ao organismo pela corrente sanguínea. É utilizado para a construção das paredes e diversos componentes das células.

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 12
BIOSSINALIZAÇÃO

 

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

Unidade 12

12.1 Biossinalização ou Sinalização Celular

As células, representam a menor porção de matéria viva, sendo as unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos e rece- bem constantemente informação do meio extracelular, a qual tem de ser transmitida para o seu interior. As bactérias, por exemplo, recebem informação constante – através de receptores membranares
– sobre o pH; nutrientes; força osmótica; oxigénio; luz; produtos tóxi- cos; entre outros fatores. Estes sinais são reconhecidos pelas células que desencadeiam uma resposta adequada ao estímulo que rece- bem. No caso de organismos multicelulares, a transmissão de in- formação ocorre igualmente entre as células com diferentes fun- ções. Os sinais celulares nos animais podem classificar-se, conso- ante o local onde são produzidos e onde desempenham a sua fun- ção, em: autócinos (desempenham funções na mesma célula que os produzem), parácrinos (atuam numa célula vizinha) ou endócrinos (produzidos numa célula, transportados pela corrente sanguínea e atuando numa célula distante). Em qualquer dos casos, o sinal é reconhecido por um receptor que o converte num sinal celular.
A natureza do sinal recebido é diversa – podendo ser antigêno, fatores de crescimento, hormonas, neurotransmissores, entre ou- tros – bem como a variedade de respostas a esses sinais. No entan- to, os organismos possuem apenas um pequeno conjunto de me- canismos evolucionariamente conservados para detectar os sinais extracelulares e traduzi-los em mudanças intracelulares.

 

12.2 Transdução de Sinal

As transduções de sinal são extremamente específicas e profun- damente sensitivas. A especificidade é obtida através de uma per- feita complementaridade ao nível molecular entre o sinal e a molé- cula receptora. No que concerne à ligação química, esta complementaridade é mediada pelo mesmo tipo de forças que ocorrem na ligação entre a enzima e o seu substraro ou o anticorpo e antigénio.
A sinalização intercelular ocorre por uma grande variedade de estímulos como: hormônios, neurotransmissores e fatores de cres- cimento.

Habilidade das células de receber e reagir a sinais vindos do outro lado da membrana plasmática:
SINAIS + RECEPTORES AMPLIFICAÇÃO DO SINAL TRANSMISSÃO PARA DENTRO DA CÉLULA

 

Exemplo de transdução de sinal:
A provável estrutura da rodopsina complexada com a proteína G transducina.

 

Rodopsina é o conjunto (11-cis retinal em azul (vem da vitami- na A) e opsina, em vermelho. Verde é a proteína G transducina (sub-unidades alfa, beta e gama) conectada no lado citosólico com a rodopsina (alças alaranjadas) e as caudas hidrofóbicas (em ama- relo) indicam a ligação carboxiterminal da rodopsina ao ácido palmítico e as ub-unidades alfa e beta ancoradas nos lipídeos.

Efeitos metabólicos da insulina; no metabolismo de carboidratos: fígado, músculo e tecido adiposo.
Fígado: diminui produção de glicose (inibe a gluconeogênese e a glicogenólise);
Músculo e fígado: aumenta síntese de glicogênio (glicogênese);
Músculo e tecido adiposo: aumenta captação de glicose pelo aumento no número de transportadores na membrana celular;
Metabolismo de lipídeos:
Tecido adiposo: diminui a degradação de triacilgliceróis pela ini- bição da lipase sensível ao hormônio promovendo a defosforilação da enzima;
Tecido adiposo: aumenta a síntese de triacilgliceróis pelo aumen- tos do transporte e metabolismo da glicose fornecendo o substrato glicerol 3-fosfato para a formação de triacilgliceróis. Também au- menta a atividade da lipase lipoproteica fornecendo ácidos graxos para esterificação.

Metabolismo de proteínas: estimula a entrada de aminoácidos nas células para síntese de proteínas na maioria dos tecidos.
Receptor de insulina

Regulação da expressão gênica pela insulina

 

Síntese de glicogênio. Glicogênio sintase

 

Ativação da glicogênio sintase pela insulina

 

Transdução do sinal da epinefrina (adrenalina): via Beta- adrenérgica

Cascata da adrenalina. Amplificação do sinal

 

Recepção da luz nos olhos dos vertebrados

Hiperpolarização das células bastonetes induzidas pela luz

 

A provável estrutura da rodopsina complexada com a proteína G transducina.
odopsina é o conjunto(11-cis retinal em azul(vem da vitamina A) e opsina, em vermelho.
Verde é a proteína G transducina (sub-unidades alfa, beta e gama) conectada no lado citosólico com a rodopsina (alças alaranjadas) e as caudas hidrofóbicas (em amarelo) indicam a liga- ção carboxiterminal da rodopsina ao ácido palmítico e as ub-uni- dades alfa e beta ancoradas nos lipídeos.

Vitamia A

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 13
MEMBRANAS CELULARES E TRANSPORTE ATRAVÉS DE MEMBRANAS

 

 

 

LICENCIATURA

Unidade 13

13.1 Introdução

Membranas são estruturas altamente viscosas e, no entanto, permeável. Membranas plasmáticas formam compartimentos fe- chados em torno do protoplasma celular para separar uma célula da outra e permitir a individualidade celular. A membrana plasmática tem permeabilidade seletiva e atua como uma barreira, mantendo assim diferenças de composição entre o interior e exte- rior da célula.
A permeabilidade seletiva é devida à canais e bombas de íons e receptores específicos de sinais (hormônio). As membranas fazem trocas de materiais com o meio externo por exo e endocitose, e há áreas especiais na estrutura da membrana – pontos de junção – através dos quais as células adjacentes trocam materiais.
Membranas também formam compartimentos especializados dentro da célula. As membranas intracelulares as organelas – mitocôndria, retículo endoplasmático, retículo sarcoplasmático, complexo de Golgi, grânulos secretores, lissomos e membranas nucleares. Nas membranas localizam-se enzimas, atuam os elemen- tos de acoplamento excitação-resposta, sítios de transdução de ener- gia (fotossíntese e fosforilação oxidativa).

13.2 Importância

Alteração da membrana afeta o balanço hídrico e fluxo de íons e todos os processos celulares. Deficiências específicas ou alterações de certos componentes da membra-
na levam à uma variedade de doen- ças. A perda de um transportador de iodeto leva ao bócio congênito; a endocitose defeituosa das lipopro- teínas de baixa densidade (LDL) re- sulta numa hipercolesterolemia e doença coronariana.
Função celular normal se inicia com membranas normais.
Exemplo de célula vegetal nor- mal.

13.3 A Manutenção do Meio Intra e Extracelular é Primordial

Reações enzimáticas, processos celulares e subcelulares ocorrem em meio aquoso. As membranas internalizam e compartimen- talizam a água do organismo.
A água representa 70 % da massa do organismo:
1 – Fluido intracelular (ICF) – contém 2/3 do total da água e propicia meio para a célula: Produzir, armazenar e utilizar ener- gia; renovar a si própria; replicar e desempenhar funções especí- ficas e
2 – Fluido extracelular (ECF) – contém cerca de 1/3 do total da água, compreende o plasma e compartimentos intersticiais. Tra- zem os nutrientes celulares (glicose, ácidos graxos, aminoácidos), O2, ínos, traços de minerais e moléculas reguladoras (hormônios). Remove CO2, produtos da degradação e material tóxico ou detoxificado do meio celular circundante.
Por que existe diferença na composição do meio interno e externo? Porque reações enzimáticas e outros processos bioló- gicos funcionam melhor no meio aquoso e com as concentra- ções intracelulares. Assim, as células desenvolvem barreiras (membranas), associadas com bombas, para manutenção do meio interno.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comparação da concentração médias de várias substâncias intra e extracelular de mamíferos.

13.4 Estruturas das Membranas

Cada membrana possui composição característica – funções di- ferentes. Estruturas assimétricas com uma superfície interna e ou- tra externa, e estão não covalentemente unidas, são termodina- micamente estáveis e metabolicamente ativas.

As membranas e seus componentes formam uma estrutura di- nâmica. Os lipídeos e proteínas se movimentam. Diferentes lipídeos e proteínas têm diferentes velocidades de movimentação, a mem- brana se movimenta (Figura 1).

Figura 1 – Estrutura de membrana celular.

 

13.5 Os Lipídeos das Membranas

Os lipídeos são anfipáticos, portanto as membranas são anfi- páticas.
– fosfolipídeos – Os fosfoglicerídeos são os fosfolipídeos mais en- contrados.
– Esfingolipídeos – Esfingomielinas – predominam na bainha de mielina.
– Glicoesfingolipídeos – Cerebrosídeos e os gangliosídeos.
– Esteróis – Colesterol – Mais encontrado no lado externo das membranas plasmáticas e em menor quantidade nas mito- côndrias, complexo de Golgi e membrana nucl;ear. O colesterol intercala fosfolipídeos, com seus grupos hidroxilicos na fase aquosa e o restante da molécula no interior da membrana. O anel esteróide rígido interage com o acil dos fosfolipídeos, man- tendo a fluidez da membrana.
Os lipídeos organizam-se em bicamadas. Fosfolipídeos, no iso- lamento elétrico e aumenta a velocidade de propagação do impul- so, o fluxo de íons ocorre na membrana sem mielina. É composta de esfingomielinas, colesterol e glicoesfingolipídeos. Proteínas in- tegrais e periféricas unem as bicamadas hidrofóbicas – estrutura impermeável à água e íons.

Lipossomos como transportador de drogas e enzimas – Um obstáculo no uso de drogas é a falta de tecido-especificidade na sua ação. Quando administradas por via oral ou endovenosa atuam em muitos tecidos e não exclusivamente no tecido-alvo, produzin- do efeitos tóxicos – drogas anticâncer. Outras são metabolizadas rapidamente e seu período de efetividade é relativamente curto. Lipossomas tem sido preparados com drogas, enzimas e DNA encapsulado no seu interior e usados como transportadores destas substância. Lipossomos preparados a partir de fosfolipídeos puri- ficados e colesterol não são toxicox e são biodegradáveis. Antibióti- cos, agentes antineoplásicos, antimaláricos, antifúngicos e antiinflamatórios são efetivos quando administrados em lipossomos.
Anomalias na fluidez da membrana – O aumento na concentra- ção de colesterol na membrana dos eritrócitos, dimiui a fluidez da membrana – doenças graves do fígado, como a cirrose hepática dos alcóolatras. Efeito da intoxicação pelo etanol sobre o sistema nervoso é devido a modificação da fluidez da membrana e altera- ções em receptores e canais iônicos. Na abetolipoproteína aumen- ta conteúdo de esfingomielina e diminui a fosfatilcolina, reduzin- do a fluidez.

 

13.6 As Proteínas das Membranas

As proteínas da membrana podem ser integrais ou periféri- cas. Estas proteínas têm atividade catalítica, de transporte, es- trutural, antigênica (histo-compatibilidade) e de receptores para várias moléculas.
Proteínas integrais – interagem com os fosfolipídeos da mem- brana. São globulares e anfipáticas, as regiões hidrofílicas estão salientes nas faces interna e externa e regiões hidrofóbicas per- correm a camada bilaminar, com distribuição assimétrica. A por- ção da proteína que atravessa as membranas contém aminoácidos hidrofóbicos (Ala, Phe, Gly, Ile, Leu, e Val) e de a-hélice ou folha pregueada.
Proteínas periféricas – não interagem diretamente com os fosfolipídeos na bicamada lipídica, estão unidas nas regiões hidrofílicas das proteínas integrais das membranas. A espectrina (integral) está ligada à anquirina (periférica), atua na manuten- ção da forma bicôncava dos eritrócitos. Receptores de hormônios são proteínas integrais e os hormônios poloipeptídeos que se liga a estes receptores moleculares são considerados proteínas perifé- ricas.

MARCADORES ENZIMÁTICOS DE DIFERENTES MEMBRANAS

 

 

Algumas destas enzimas estão localizadas semente em certas membranas e servem de marcadores para a purificação destas membranas.

 

13.7 Transporte Através das Membranas

Se as membranas plasmáticas são relativamente impermeáveis, como fazem a maioria das moléculas para entrarem nas Células? Como a seletividade deste movimento é estabelecida?

ESTRUTURA DA MEMBRANA PLASMÁTICA
As membranas plasmáticas de todos os tipos de células são muito parecidas. Nelas, encontram-se, principalmente, dois componen- tes: fosfolipídios e proteínas. Assim, a membrana plasmática pode ser caracterizada como uma membrana lipoprotéica.

TRANSFERÊNCIA DE MATERIAL E INFORMAÇÃO ATRAVÉS DA MEMBRANA

I – MOVIMENTO DE PEQUENAS MOLÉCULAS TRANSPORTE NÃO MEDIADO – DIFUSÃO PASSIVA
OU SIMPLES.
A água e os gases podem entrar na célula por difusão, sem o auxílio de gradientes eletroquímicos e não requerem energia metabólica. O processo depende da agitação térmica das molé- culas, do gradiente de concentração através de membrana, da solubilidade do soluto na porção hidrofóbica da membrana.

TRANSPORTE MEDIADO
A solubilidade é inversamente proporcional ao número de pontes de hidrogênio, a ser quebrado por um soluto, para incor- porar-se a bicamada hidrofóbica. Os eletrólitos não formam pon- tes de hidrogênio, mas possuem uma camada de hidratação – interações eletrostáticas. Quanto maior a densidade de carga do eletrólito, maior a cobertura de água e menor a velocidade de difusão. O Na+, tem maior densidade de carga do que o K+, quan- do hidratados o Na+ é maior do que o K+, então ele se move mais facilmente através da membrana.
A passagem transmembrana de compostos polares e íons é pos- sível através de proteínas de membrana – transportadores

protéicos ou permeases, que formam canais transmembrânicos
– poros de proteínas específicos. Diminuem a energia de ativação do transporte.
A difusão facilitada e o transporte ativo são sistemas que utili- zam transportadores protéicos e transportam íons, açucares e aminoácidos.
Os dois sistemas assemelham-se a reações enzimáticas: há um sítio específico de ligação para o soluto; o transportador é saturável
– Vmáx de transporte; há uma constante de ligação para o soluto (Km); inibidores podem bloquear o transporte.
A classificação dos sistemas de transporte depende do número de moléculas movimentadas e a direção do movimento.
Unitransporte ou uniporte – movimenta apenas um substrato
– permeasse da glicose do eritrócito;
Co-transporte ou sitransporte ou simporte – movimenta os solutos na mesma direção. Transportadores de próton-açucar (glicose, manose, galactose, xilose e arabinose) e os transportado- res Na+-aminoácidos – os dois solutos movem-se simultaneamente na mesma direção Na+-glicose.
Anti-transporte, antiporte ou contra transporte – move duas moléculas em direção opostas – entra Na+, sai Ca++.

DIFUSÃO FACILITADA
Muitos sistemas de difusão facilitada são estereoespecíficos. Mecanismo de “Ping-Pong” – proteína no estado “Pong”, é ex-
posta a altas concentrações do soluto e ele liga-se a sítios específicos
no transportador. Uma alteração conformacional expõe o trans- portador a concentrações menor de soluto (estado “Ping”), ocor- rendo o transporte. O processo é reversível e o fluxo através da membrana depende:
1 – gradiente de concentração;
2 – quantidade de transportadores disponíveis – etapa chave; 3 – rapidez da interação soluto-transportador e
4 – rapidez da alteração conformacional dos transportadores.
Hormônios regulam a difusão facilitada alterando o número de transportadores. Insulina aumenta o transporte de glicose no tecido adiposo e o transporte de aminoácidos do fígado para ou- tros tecidos, recrutando transportadores das reservas intracelulares. Glicocorticóides aumentam o transporte de aminoácidos para o fígado – substratos para a gliconeogênese. Hormônio do cresci- mento aumenta o transporte de aminoácidos para todas as células e os estrógenos para o útero.

Existem pelo menos cinco transportadores de aminoácidos – sistema simporte-Na+. O Cl– e o HCO3- são contra transportados através da membrana dos eritrócitos – Trocador cloreto-bicarbo- nato ou proteína trocadora de ânion. Vários transportadores de glicose são conhecidos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TRANSPORTE ATIVO
O transporte ativo leva ao acúmulo de soluto em um dos lados da membrana e é termodinamicamente desfavoravel;, consome energia (hidrólise de ATP, movimento eletrônico – oxidação, ab- sorção da luz solar ou fluxo concomitante de outro soluto a favor do gradiente de concentração). A manutenção do gradiente eletroquímico nos sistemas biológicos consome 25% da energia total gasta pela célula.
Transporte ativo primário – O acúmulo do soluto está acoplado diretamente a uma reação exergônica – hidrólise de ATP – ATPase Na+ – K+.
Existem três tipo de ATPase transportadoras de íons: Tipo P – transportadores são fosforilados reversivelmente (Asp) durante o transporte e são sensíveis à inibição pelo vanadato – ATPase Na+-K+
; Tipo V – responsáveis pela acidificação dos compartimentos intracelulares (lisossomos), não sofrem fosforilação e do Tipo F – bombas de prótons, desempenham um papel central nas reações que conservam energia (fatores de acoplamento de energia) – ATP sintetase.
As baixas concentrações intracelulares de Na+ e altas de K+ , geram um potencial elétrico negativo na célula. Este gradiente é mantido por uma bomba (ATPase) – proteína integral da mem- brana e necessita de fosfolipídeo; tem sítio catalíticos para ATP e Na+ do lado inteno e sítio do K+ do lado externo. A oubaína e digitalis inibem a ATPase ligando-se no domínio de K+ – antagonizada por K+ extracelular.

Transporte ativo secundário – um transportador acopla o flu- xo de soluto (H+ ou Na+) a favor do gradiente de concentração ao bombeamento de outro soluto (glicose ou lactose) contra o gradi- ente. No intestino a glicose e certos aminoácidos são captados pelo co-transporte com o Na+ , usando o gradiente de Na estabelecido pela ATPase Na+ – K+ . O transportado para fora da célula e 3 íons Na+ entram, mantendo a concentração intracelular da Ca++ baixa – contra-transporte.
Fibrose cística e os canais de Cl- – Doença multi-órgão – ocor- re obstrução pulmonar com infecções bacteriana; disfunção pan- creática provocando esteatorréia. Devido uma permeabilidade re- duzida ao Cl-, o que dificulta a secreção de fluidos e eletrólitos le- vando a desidratação luminal. Cl- diminuído no suor.
Varias patologias são devidas a alterações nos sistemas de transporte. Diminuição na captação de glicose intestinal – per- da do transportador de glicose-galactose acoplado a Na+. Sindrome de má absorção de frutose – alteração na atividade de transporte de frutose. Cistinúira, reabsorção renal de cistina, lisina e arginina é anormal – formação de cálculos renais de cistina. Raquitismo hipofosfatêmico, resistente a vitamina D – absorção renal de fosfato é anormal.

EXOCITOSE
Macromoléculas, sintetizadas no complexo de Golgi, são trans- portadas para o exterior em vesículas. O sinal para a exocitose é um hormônio, que liga ao receptor da superfície celular, induz uma alteração passageira na concentração de Ca++ , que dispara a exocitose.
Moléculas liberadas pela exocitose podem: prender-se a super- fície das células e tornar-se proteínas periféricas (antígenos); torna- se parte matriz extracelular (colágeno e glicosaminoglicanos) e aque- las que no fluido extracelular servem de sinal para outras células (insulina, hormônio paratireoidiano e catecolaminas – armazena- dos e processados nas células e liberado por estímulos específicos).

II – MOVIMENTO DE MOLÉCULAS GRANDES ENDOCITOSE
É o processo pelo qual células captam grandes moléculas – polessacarídeos, proteínas e polinucleotídeos. A endocitose forne- ce um mecanismo para a regulação do conteúdo de componentes da membrana, como os receptores de hormônio.
Vesículas endocíticas são produzidas pela invaginação de seg- mentos membrana plasmática, englobando um pequeno volume

de fluido extracelular e seus constituintes. A vesícula estão funde- se na membrana e consegue o transporte do seu conteúdo para outros compartimentos ou para o exterior da célula. As vesículas endocitóticas se fundem com lisossomas, que contém enzimas hidrolíticas, formando organelas especializadas. O conteúdo macromolecular é digerido, fornecendo aminoácidos, açucares sim- ples e nucleotídeos, que se difundem para fora das vesículas, sen- do reutilizados no citoplasma.
A endocitose requer: energia, – hidrólise de ATP; Ca++, do fluido extracelular e elementos contrácteis da célula, provavelmente sis- temas de microfilamentos.

Existem dois tipos de endocitose: fagocitose e pinocitose.
Fagocitose – ocorre em células especializadas (macrofágos e granulócitos). Ingestão de grande partícula (vírus, bactérias, célu- las ou fragmentos). Macrofágos podem ingerir 25% do seu volu- me/hora ou internalizar 25% de sua membrana plasmática/minu- to, ou a membrana interna em 30 minutos.
Pinocitose – ocorre em todas as células.
1 – fase fluida da pinocitose – processo não seletivo, permite a captação de soluto do fluido extracelular, pela formação de vesículas. Fibroblastos internalizam sua membrana com 1/3 da velocidade dos macrofágos. As membrans são refeitas por exocitose ou reciclagem, na velocidade que elas são removidas por endocitose.
2 – Pinocitose absortiva – Processo seletivo mediado por re- ceptores específicos: mantém a concentração de solutos do meio e regulam a velocidade de captação de fluido ou macromoléculas. As vesículas formadas são derivadas de invaginação que ocorrem no lodo citoplasmático da mem- brana. A claratrina, uma proteína periférica da membrana participa deste processo.
LDL (lipoproteína de baixa densidade) e seu receptor são internalizados através de vesículas endocitóticas que fundem-se à lisossomos na células. O receptor é liberado e reciclado e volta à superfície celular e a apoproteína da LDL é degradada, os ésteres de colesterol são metabolizados. A síntese do receptor é regulada por produtos metabólicos – colesterol liberado durante a degrada- ção da LDL. Alterações no receptores de LDL e sua internalização são fatores médicos importantes.
Outras moléculas (vários hormônios), estão sujeitos a pinocitose absortiva e formam receptossomo, vesículas que liberam seu con- teúdo complexo de Golgi.

Pinocitose de glicoproteínas extracelulares requer que elas apre- sentem um sinal de reconhecimento – carboidratos específicos. As hidroxilases ácidas captadas por pinocitose nos fibroblastos – resí- duos de manose 6-fosfato.
Existem receptores mediadores da endocitose – vírus da he- patite, poliomielite (neurônios motores) e AIDS (células T). In- toxicação pelo ferro começa com a captação excessiva pela endocitose.

III – COMUNICAÇÃO POR CONTATO INTERCELULAR
As células desenvolvem regiões especializadas em suas mem- branas, para comunicação intercelular. As junções em fendas são capazes de mediar e regular a passagem de íons e pequenas molé- culas através de um ponto hidrofílico, conectado o citoplasma de células adjacentes.

IV – TRANSMISSÃO DE SINAIS ATRAVÉS DA MEMBRANA
A coordenação do metabolismo nos órgãos dos mamíferos é alcançada pela sinalização hormonal e neuronal. Células um te- cido sentem uma alteração no organismo e respondem secretando um mensageiro químico extracelular. As células endócrinas secretam hormônios; os neurônios secretam neurotransmissores. O mensageiro extracelular passa a uma outra célula onde se liga a receptor específico e desencadeia uma alteração na atividade da segunda célula. Na sinalização neuronal, o mensageiro químico (neurotransmissores – acetilcolina), viaja através da fenda sináptica ao neurônio seguinte. Os hormônios são transportados no sangue entra entre órgãos e tecidos distan- tes e encontram a sua células-alvo. Exceto, esta diferença anatômica, a sinalização química nos sistemas neuronal e endócrino é semelhante no mecanismo. Alguns mensageiros químicos são comuns a ambos os sistemas. A epinefrina e a norepinefrina, funcionam como eurotransmissores em sinapses do cérebro e músculo liso e como hormônios, regulando o me- tabolismo energético do fígado e músculo. Os sistemas hormonal e endócrino na regulação do metabolismo formam um, sistema neuroendócrino único.
A palavra hormônio (verbo grego horman = agitar ou exci- tar). Eles controlam os diferentes aspectos do metabolismo, motilidade do trato gastrointestinal, secreção de enzimas diges- tivas e de outros hormônios, lactação e a atividade dos sistemas reprodutores.

MECANISMOS MOLECULARES DA TRANSDUÇÃO DE SINAIS
A ação hormonal inicia-se com a ligação não-covalente do hormônio a proteína receptora da membrana plasmática de uma célula sensível. O sítio de ligação é estereoespecífico e liga apenas o Hormônio ligante natural ou moléculas com estrutura semelhan- te. Análogos estruturais que mimetizam os seus efeitos são chama- dos agonista; antagonistas são análogos que bloqueiam os efeitos dos agonistas.

Hormônio que utilizam o AMPc como segundo mensageiro
Vários hormônios agem aumentando o nível intracelular de AMPc (adenosina 3’-5’-monofosfato) e, portanto, a atividade da proteína quinase-AMPc dependente – glucagon, epinefrina, corticotrofina (ACTH), hormônios paratireoideano (PH), estimulante da tireóide (TSH), folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH).
Alguns hormônios agem inibindo a adenilato ciclase, diminuin- do os níveis de AMPc e suprimindo a fosforilação de proteínas, através da ativação de uma proteína inibidora G ou Gi, que é estru- turalmente homóloga ao Gs – somatostatina, prostaglandina E1 (PGE1) – adipócitos) – antagonistas do glucagon e adrenalina. PGE1 em outros tecidos aumenta a concentração de AMPc, porque a epinefrina se liga aos receptores a-adrenérgicos e diminuem a con- centração de AMPc.
Resposta celular da epinefrina – é o mecanismo molecular melhor conhecido e envolve o AMPc como segundo mensageiro. Estes hormônios utilizam os receptores – adrenérgicos (hepatócito, miótico ou adipócito), proteínas integrais da membrana. A ligação do hormônio desencadeia uma alteração estrutural no domínio intracelular do receptor e permite sua integração com a segunda proteína na via da transdução do sinal – proteína de ligação do GTP (proteína G).

ENZIMAS REGULADAS PELA FOSFORILAÇÃO DEPENDENTE DE AMPc

 

 

Hormônios que utilizam o GMPc como segundo mensageiro
O GMPc (guanosina 3’5’-monofosfato), é um segundo mensa- geiro em certas células, mediado pela proteína qauinase depen- dente de GMPc (fosforila Ser e Thr). A mensagem transprtada pelo GMPc varia com o tecido onde ele age: nos ductos coletores dos rins e células de revestimento intestinal, altera o transporte de íons e à retenção de água; no músculo cardíaco ele sinaliza relaxamen- to; no cérebro ele está envolvido no desenvolvimento e na função do cérebro adulto.

Você Sabia!

Tubocuranina, componente ativo do curare (veneno de flecha
– Amazonas) e a cobrotoxina e bungarotoxina (serpente) bloque- iam o receptor de acetilcolina ou inibem a abertura do seu canal, o músculo não recebem estímulo – paralisia e causa a morte.
Tetrodotoxina (peixes sopradores) e saxitoxina (dinoflagelado
– marés vermelhas), bloqueiam a abertura de canais de Na+.
Tumores e câncer é o resultado da divisão celular não controla- da. A divisão celular é regulada pelos fatores crescimento, proteí- nas que induzem células em repouso a sofrerem divisão celular e diferenciação. Muitos tipos de câncer são o resultado de proteínas transdutoras anormais, que levam à produção continuada de si- nais para a divisão. Os genes, que codificam estes defeitos nestas proteínas são os oncogenes.
[Ca++] baixas no fluídos extracelular, aumenta a permeabilidade da membrana e a difusão de Na+. Despolariza a membrana e dis- para um impulso nervoso – torpor, formigamento, cãibras muscu- lares, sintomas de baixos níveis de Ca++ no soro.

HORMÔNIOS ESTERÓIDES E TIREOIDEANOS ATUAM NO NÚCLEO
O mecanismo pelo qual os hormônios, esteróides e tireoideano, vitamina D e retinóides exercem seus efeitos é diferentes dos ou- tros tipos de hormônios. Os hormônios esteróides (estrógenos, andrógenos, progesterona e cortisol) – hidrofóbicos, são transpor- tados por proteínas carreadoras específicas até os tecidos-alvo. Ai, estes hormônios passam através da membrana por simples difu- são e ligam-se a proteínas receptoras específicas no núcleo. Os com- plexos hormônio-recepetor interagem com fatores de transcrição específicos, alterando a expressão gênica. A ligação do hormônio desencadeia alterações na conformação de; proteínas receptoras, elas ligam-se a sequência específica no DNA – elementos de res-

posta de um hormônio (HRE), aumenta ou diminui a expressão de genes, portanto a síntese de proteínas.
Cada sequência HRE consiste de duas sequência de nucleotideos. o complexo hormônio-receptor liga-se ao DNA como um dímero, com cada monômero reconhecendo uma seqüência de seis nucleotídeos. Mutações no receptor no sítio de ligação do hormônio, leva a perda da resposta ao sinal – homens incapazes de responder ao cortisol, testosterona, vitamina D ou tiroxina.
Alguns hormônios (testosterona, tiroxina e vitamina D) são enzimaticamente convertidos em derivados mais ativos dentro das células-alvo; cotisol, é convertido a uma forma inativa em algumas células, tornando estas resistente ao hormônio.
Tamoxifeno – em alguns tipos de câncer, como o de mama, a divisão das células cancerosas depende da presença de estrógeno. A droga compete com o hormônio na ligação ao receptor, inibindo a expressão gênica.
RU486 – antagonista da progesterona, bloqueia as ações hormonais essenciais à implantação do ovo fertilizado no útero.

HORMÔNIOS QUE USAM RECEPTORES COM ATIVIDADE CATALÍTICA
O receptor de insulina é uma proteína quinase – Tyr quinase, que transfere um grupo fosfato do ATP para o grupo hidroxila de resíduos de tyr. Ele possui duas cadeias a idênticas (ligação da insu- lina), que se salientam externamente da membrana e duas cadeias b (domínio Tyr quinase) transmembrana, na face citosólica.
Insulina liga-se às cadeias a e ativa as cadeias b -Tyr quinase, que se autofosforila, esta enzima, fosforila outras proteínas da mem- brana ou do citosol, indicando uma cascata de fosforilação de pro- teínas. A autofosforilação ativa uma Tyr quinase, que fosforila ou- tra quinase do tipo Ser ou Thr, que alteram funções celulares.
Indivíduos com diabetes “insulina resistente” secretam insulina normalmente, mas seus tecidos não respondem à insulina – modi- ficação do receptor (mutação).
Outros hormônios e fatores de crescimento possuem receptores com atividade catalítica: fator de crescimento epidérmico e fator de crescimento derivado das plaquetas.

CANAIS ABERTOS POR LIGANTES E PELO POTENCIAL DE MEMBRANA
Canais iônicos abertos por ligantes – nesta classe de transdução de sinais, os receptores são acoplados direta ou indiretamente a canais

iônicos na membrana – receptor nicotínico da acetilcolina, respon- de ao neurotransmissor acetilcolina. Encontrado nas células pós- sinápticas em certas sinapses nervosas e na junção neuromuscular. Acetilcolinma é liberada, liga-se ao receptor na célula pós-sináptica, o receptor do canal iônico abre-se e permite a passagem de Na+ e K+ através da membrana, despolarizando a membrana e desencadeando a contração muscular ou potencial de ação do neurônio.
Canais abertos por voltagem – potencial de ação é uma onda de despolarização que varre o neurônio do local do estímulo inicial até a sinapse seguinte. Este mecanismo necessita de canais iônicos abertos por voltagem – proteínas transmembrana, abrem e fecham- se em resposta a alterações no potencial elétrico transmembrana. Quando a onda de despolarização alcança estes canais eles se abrem deixando o Ca++ entrar a partir do meio externo e desencadear aa liberação de acetilcolina na fenda sináptica. Ela difunde-se para a célula pós-sináptica, onde se liga aos seus receptores.
Esclerose múltipla e síndrome de Guillian–Barré – são carac- terizadas por desmielinização e diminuição da condução do im- pulso nervoso.
Toxinas, oncogenes e promotores de tumores interferem na transdução de sinais.
Toxina colérica, secretada Vibrio cholerae, é uma enziam que liga ADP-ribose a subunidade G, bloqueando a sua atividade GTPase e tornando-a permanentemente ativada, aumenta a [AMPc] e de- sencadeia a secreção contínua de Cl- e HCO – e água na luz intesti- nal – desidratação e perda de eletrólitos.
Toxina de coqueluche, produzida pela Bordetella pertussis, liga ADP-ribose a subunidade Gi bloqueando a inibição da adenilato ciclase – hipersensibilidade a histamina e diminuição da glicose sanguínea.
Lítio – doença maníca-depressiva ocorre devido a superatividade de células do SNC – níveis elevados de neurotransmissores ou hormônio – estimulam o ciclo do IP. Após interação receptor de membrana-hormônio/neurotransmissor – via do fosfatidilinositol (IP) – IP3 + DAG, e envolve o complexo proteína G e ativação da fosfolipase C. IP3 e seus derivados são defosforilados gerando inositol livre, que é utilizado na síntese de fosfatidilinositolmonofosfato. Li+ inibe esta fosfatase e interfere na função da proteína G. O ciclo IP é retardado mesmo com estímulo hormonal/neurotransmissor contínuo, a célula fica menos sensível.

Você Sabia!

Existem duas isozimas da guanilato ciclase:

1 – Proteína integral – domínio do receptor hormonal externo e o domínio formador do GMPc na face citosólica. Ativada pelo fator atrial natiurético (ANF), liberado pelas células cardíacas, quando o volume cardíaco aumenta e distende o átrio. O ANF ativa a guanilato ciclase dos ductos coletores, aumenta a excreção de Na+ e de água e causa relaxamento dos vasos (vasodilatação), reduzindo a pressão arterial. Endotoxina bacteriana termoestável, na célula intestinal liga-se à recepto- res de guanilato ciclase – aumenta GMPc, diminui a absorção de água – diarréia.
2 – Proteína citosólica – com grupo heme, ativada pelo óxido nitroso (NO), produzido pela NO sintase a partir da Arginina, e nitrovasodilatadores (nitroglicerina e nitroprussiato – NO). GMPc leva a um relaxamento do coração, estimulando a bomba de íons que mantém uma baixa concentração citosólica de Ca++.

Hormônios que usam dois mensageiros secundários
Outra classe de receptores de sinais é acoplada, através de uma proteína G, a uma fosfolipase C da membrana, específica para o fosfatidilinositol-4,5-bifosfaato da membrana. Esta enzima hormônio-sensível catalisa a formação de dois mensageiros secun- dários: Diacilglicerol (DC) e o inositol-1,4,5-trifosfato (IP3). Vasopressina (hepatócitos), hormônio de liberação da tireotrofina (hipófise) e serotonina.
Hormônio liga-se ao receptor específico, catalise a troca GTP- GDP na proteína G – Gp, ativando-a, mecanismo idêntico ao da epinefrina e proteína Gs. Gpativada, ativa a fosfolipase C, que hidrolisa o fosfatidil-4,5-bifosfato – DG e IP3.
IP3 atua no retículo endoplasmático, onde se liga a receptores específicos e abre canais de Ca++ , liberando-o para o citosol.
DG – atua como segundo mensageiro, ativa uma enzima de membrana a proteína quinase C – Ca++-dependente, que fosforila resíduo de Ser e Thr de proteínas-alvo específica, alterando sua atividade catalítica.

Ca++ atua como mensageiro secundário em muitas transduções de sinais
Ca++ é um mensageiro em células sensíveis à hormônios, neurônios, células musculares e outras células, desencadeando res- postas intracelualres. Exocitose no nervo e células endócrinas e a contração no músculo. [Ca++] citosólico é mantida baixa, pela ação de bombas de Ca++ – retículo endoplasmático, mitocôndria e mem- brana plasmática. Estímulos induzem o influxo de Ca++ para o

citosol ou o efluxo do retículo ou mitocôndria, aumenta a [Ca++] e desencadeia a resposta celular.
Ca++ ativa uma variedade de enzimas Ca++ -dependente – prote- ína quinase, cuja subunidade reguladora é a calmodulina/Ca++. Quando [Ca++] aumenta, a enzima é fosforilada e regula várias enzimas.
Fosforilase b quinase ativada pelo Ca++ e a NO sintase, possuem calmodulina com subunidade. Uma isozima da nucleotídeo cíclico fosfodiesterase que degrada o AMPc é dependente da calmodulina/ Ca++. [AMPc], um segundo mensageiro, é regulado pela ação de outro segundo mensageiro Ca++; há uma conversa cruzada e retroalimentação entre os vários sistemas de transdução de uma célula.

 

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 14
INTEGRAÇÃO E REGULAÇÃO METABÓLICA

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 14

14.1 Introdução

Denomina-se metabolismo ao conjunto de reações químicas que ocorrem nas células, e que lhe permitem manter-se viva, crescer e dividir-se. Classicamente, divide-se o metabolismo em:
Catabolismo – obtenção de energia e poder redutor a partir dos nutrientes.
Anabolismo – produção de novos componentes celulares, em processos que geralmente utilizam a energia e o poder redutor obtidos pelo catabolismo de nutrientes.
Existe uma grande variedade de vias metabólicas. Em huma- nos, as vias metabólicas mais importantes são:
• glicólise – oxidação da glucose a fim de obter ATP
• ciclo de Krebs – oxidação do acetil-CoA a fim de obter energia
• fosforilação oxidativa – eliminação dos elétrons libertados na oxidação da glucose e do acetil-CoA. Grande parte da energia libertada neste processo pode ser armazenada na célula sob a forma de ATP.
• vias das pentoses-fosfato – síntese de pentoses e obtenção de poder redutor para reações anabólicas.
• Ciclo da uréia – eliminação de NH + sob formas menos tóxicas
• -oxidação dos ácidos graxos – transformação de ácidos gor- dos em acetil-CoA, para posterior utilização pelo ciclo de Krebs.
• gluconeogênese – síntese de glucose a partir de moléculas mais pequenas, para posterior utilização pelo cérebro.

14.2 Regulação das Vias Metabólicas

Regulação da Glicólise
O fluxo metabólico através da glicólise é regulado em três pontos:
• hexocinase: é inibida pelo próprio produto, glucose-6-P
• fosfofrutocinase: inibida por ATP e por citrato (que sinaliza a abundância de intermediários do ciclo de Krebs). É tam- bém inibido por H+, o que é importante em situações de

Figura 1 – As diversas vias metabólicas relacionam-se entre si de forma complexa, de forma a permitir uma regulação adequada. Este relacionamento envolve a regulação enzimática de cada uma das vias, o perfil metabólico característico de cada órgão e controle hormonal.

anaerobiose (o fermentação produz ácido láctico, que faz bai- xar o pH). Provavelmente este mecanismo impede que nes- tas situações a célula esgote toda a sua reserva de ATP na rea- ção da fosfofrutocinase, o que impediria a ativação da glucose pela hexocinase. É estimulada pelo substrato (frutose-6- fosfato), AMP e ADP (que sinalizam falta de energia disponí- vel), etc.
• piruvato cinase: inibida por ATP e por acetil-CoA

Regulação da Gluconeogênese
O fluxo é regulado nas reacções características da gluconeo- génese. Assim a piruvato carboxilase é activada por acetil-CoA, que sinaliza a abundância de intermediários do ciclo de Krebs, i.e., di- minuição da necessidade de glucose.

Regulação do Ciclo de Krebs
O ciclo de Krebs é controlado fundamentalmente pela disponi- bilidade de substratos, inibição pelos produtos e por outros inter- mediários do ciclo.

• piruvato desidrogenase: é inibida pelos próprios produtos, acetil-CoA e NADH
• citrato sintase: é inibida pelo próprio produto, citrato. Tam- bém inibida por NADH e sucinil-CoA (sinalizam a abundância de intermediários do ciclo de Krebs).
• isocitrato desidrogenase e a-cetoglutarato desidrogenase: tal como a citrato sintase, são inibidas por NADH e sucinil- CoA. A isocitrato desidrogenase também é inibida por ATP, e estimulada por ADP.Todas as desidrogenases mencionadas são estimuladas pelo ião cálcio.

Regulação do Ciclo da ureia
A atividade da carbamoil-fosfato sintetase é estimulada por N- acetilglutamato, que assinala a abundância de azoto no organis- mo.

Regulação do metabolismo do glicogênio
O fígado possui uma hexocinase com pouca afinidade para a glucose e que não é inibida por glucose-6-P. Portanto, a glucose só é fosforilada no fígado quando existe no sangue em concen- trações muito elevadas (i.e. depois das refeições). Assim, quan- do a concentração de glucose no sangue é baixa o fígado não compete com os outros tecidos, e quando os níveis de glucose são elevados o excesso de glucose é convertido pelo fígado em glicogénio.

Regulação do Metabolismo dos ácidos graxos
A entrada dos acil-CoA na mitocôndria é um factor crucial na regulação. O malonil-CoA, que se encontra presente no citoplasma em grande quantidade em situações de abundância de combustíveis metabólicos, inibe a carnitina aciltransferase impedindo que os acil-CoA entrem na mitocôndria para serem degradados. Além disso, a 3-hidroxiacil-CoA desidrogenase é inibida por NADH e a tiolase é inibida por acetil-CoA, o que diminui a degradação de ácidos gordos quando a célula tem energia em abundância.

Regulação da Via das pentoses-fosfato
O fluxo metabólico na via das pentoses-fosfato é determinado pela velocidade da reação da glucose-6-fosfato-desidrogenase, que é controlada pela disponibilidade de NADP+.

14.3 Perfis Metabólicos dos Órgãos mais Importantes

Cérebro
Utiliza normalmente apenas glucose como fonte de energia. Armazena muito pouco glicogénio, pelo que necessita de um for- necimento constante de glucose. Em jejuns prolongados, adapta- se à utilização de corpos cetônicos. É sempre incapaz de utilizar ácidos gordos.

Fígado
Uma das suas principais funções é manter o nível de glucose no sangue, através da gluconeogênese e da síntese e degradação do glicogênio. Realiza a síntese de corpos cetônicos em situações de abundância de acetil-CoA. Responsável pela síntese da ureia.

Tecido adiposo
Sintetiza ácidos graxos e armazena-os sob a forma de triacil- gliceróis. Por ação do glucagon, hidroliza triacilgliceróis em glicerol e ácidos graxos, que liberta para a corrente sanguínea em lipo- proteínas.

Músculo
Utiliza glucose, ácidos gordos, corpos cetónicos e aminoácidos como fonte de energia. Possui uma reserva de creatina fosfatada, um composto capaz de fosforilar ADP em ATP e assim produzir energia sem gasto de glucose. A quantidade de creatina presente no músculo é suficiente para cerca de 3-4 s de actividade. Após este período, realiza a glicólise, primeiro em condições anaeróbicas (por ser bastante mais rápida do que o ciclo de Krebs) e posterior- mente (quando o aumento da acidez do meio diminui a actividade da fosfofrutocinase e o ritmo da glicólise) em condições aeróbicas.

Rim
Pode realizar a gluconeogénese e libertar glucose para a corren- te sanguínea. Responsável pela excreção de electrólitos, ureia, etc. A síntese de ureia, que ocorre no fígado, usa HCO3-, o que contri- bui para a descida do pH sanguíneo. Situações de acidose metabó- lica poderão, portanto ser agravadas pela ação do ciclo da ureia. Nestas circunstâncias, o azoto é eliminado pela ação conjunta do fígado e do rim: o excesso de azoto é primeiro incorporado em glutamina pela glutamina sintase. A glutaminase renal cliva então a glutamina em glutamato e NH3, que excreta imediatamente. Este

processo permite a excreção de azoto sem eliminar o anião bicar- bonato.

 

14.5 Controle Hormonal

É efetuado principalmente por duas hormonas sintetizadas pelo pâncreas: a insulina e o glucagon. A insulina é libertada pelo pâncreas quando a concentração de glucose no sangue é elevada, i.e., sinaliza a abundância de glucose. A insulina esti- mula a entrada de glucose no músculo, a síntese de glicogênio e a síntese de triacilgliceridos pelo tecido adiposo. Inibe a degra- dação do glicogênio e a gluconeogênese. O glucagon é produzi- do pelo pâncreas quando os níveis de glucose no sangue bai- xam muito, e tem efeitos contrários aos da insulina. No fígado, o glucagon vai estimular a degradação do glicogênio e a absor- ção de aminoácidos gluconeogênicos. Vai também inibir a sín- tese do glicogênio e promover a libertação de ácidos gordos (em nível do tecido adiposo).

 

 

 

 

 

 

 

BIOQUÍMICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unidade 15
TÓPICOS EM BIOQUÍMICA APLICADOS A BIOLOGIA

 

 

 

 

 

LICENCIATURA

 

Unidade 15

 

As mudanças ambientais e a evolução hominídea (o surgimento da espécie Homo sapiens).
A origem dos seres vivos está intimamente associada às circuns- tanciais e transformações ocorridas desde a formação do planeta Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos, passando por momentos de aquecimento e resfriamento, radiações UV, descargas elétricas, in- tenso vulcanismo, precipitações e evaporações.
Em virtude de tais acontecimentos, com incidência direta sobre compostos e elementos químicos da atmosfera primitiva: gás carbônico, gás nitrogênio, amônia, gás hidrogênio, metano, e va- por d’água, foi possível uma reorganização molecular que passou por alterações gradativas, a ponto de viabilizar o surgimento de uma rudimentar estruturação orgânica (os coaservados), evolutivamente capazes de promover interações entre si e com o meio.
Indícios revelam a existência de vidas (os fósseis), contidos no arcabouço geológico transcorrido 1 bilhão de anos desde a forma- ção do planeta.
O metabolismo é o conjunto de reações químicas que ocorrem no organismo afim de que esse gaste energia. Tais reações ocorrem em dois processos: o anabolismo, que cria moléculas complexas a partir de moléculas simples, e o catabolismo, que decompõe as moléculas complexas criadas no anabolismo para produzir ener- gia. Dessa forma, quando o anabolismo trabalha superando a ati- vidade do catabolismo o organismo ganha peso e ocorre inversa-

mente a perda de peso quando o catabolismo supera as atividades do anabolismo.
Cada organismo possui seu metabolismo distinto, ou seja, o metabolismo de cada organismo trabalha de forma única, sendo mais lento ou mais ágil dependendo do nível mínimo de energia que o organismo precisa para funcionar e desempenhar suas fun- ções vitais. Existem vários tipos de metabolismo, porém existem alguns tipos que são mais importantes como o Metabolismo Basal que trabalha em função das principais atividades básicas do orga- nismo, como a regulação da temperatura corporal, a regulação da pressão arterial e a regulação dos batimentos cardíacos, por exem- plo. O Metabolismo da Atividade Física é o responsável por gastar energia enquanto o organismo está realizando atividades físicas específicas para a queima de energia e inespecíficas como escovar os dentes e pentear os cabelos, por exemplo. O Metabolismo Ali- mentar trabalha desde a ingestão do alimento no processo de mastigação até o processamento dos nutrientes pelo organismo.
Os carboidratos atuam de forma a acelerar o metabolismo, pois acelera os músculos, o sistema nervoso e as células sanguíneas, o que o torna indispensável para ter disposição e estar sempre ativo. As gorduras também são fundamentais para o metabolismo, pois retarda a digestão dos carboidratos e faz com que a energia gerada pelo organismo seja gasta de forma homogênea. As proteínas di- minuem a velocidade da digestão dos carboidratos e ainda auxilia na queima de calorias.
A descoberta de como a planta se alimenta vem desde muito tempo (não foi uma verdadeira descoberta, mas foi um bom co- meço e na época foi bem aceita, pois essa dedução veio de um grande filosofo), começou exatamente no século IV a.C. com o fi- lósofo Aristóteles que tinha dúvidas de como a planta se alimenta- va por que todo ser vivo precisa de alimento para se manter vivo. E depois de pensar, ele tirou a conclusão de que a planta tira seu alimento do solo. Essa idéia durou muito tempo.

• Priestley
Vários séculos depois exatamente no século XVIII um Químico chamado de Priestley queria saber por que o oxigênio da terra não se acabava afinal o ar era injuriado pela queima de velas (combus- tão) e pelos os animais. Até que um dia acidentalmente ele desco- briu. Ele deixou uma vela acesa em um local fechado e sem querer deixou cair uma folha de hortelã junto à vela, depois de um tempo depois do oxigênio ter acabado por causa da combustão ele perce- beu que dava para acender a vela novamente. Então ele chegou a seguinte descoberta:

plantas
Ar irrespirável ——— ————> Ar respirável
Essa descoberta teve um impacto muito grande no mundo cientifico da época.

• Ingen – Housz
Pouco tempo depois, o cientista Ingen – Housz descobriu que para as plantas restaurarem o ar, elas precisavam de luz. Ele chegou a essa conclusão através desse experimento: ele pegou plantas e divi- diu ela em partes (Raiz, caule e folhas) e colocou cada parte em um recipiente, deixando – os em ambiente escuro, depois fez o mesmo processo só que em vez de colocar no escuro colocou em ambiente com luz. Depois ele percebeu que nas partes que estavam no escu- ro, nenhuma tinha recuperado o ar e na partes que estavam em ambiente com luz eles percebeu que apenas o local que estavam às folhas (e partes verdes), é que havia recuperado o ar.
Através dessa descoberta outros químicos descobriram que no ar esgotado pela respiração dos animais havia mais CO2 e menos O2. Um tempo depois Ingen – Housz propôs a hipótese de que o Carbono seria utilizado para produzir seu alimento e oxigênio se- ria apenas um subproduto desse processo.
Aumentado à proposta de Prietley, ela ficou assim: o gás carbônico (CO2) na planta com presença de luz tem como produto os compostos orgânicos que a planta necessita para viver e o oxigê- nio (O2).

• Saussere
Ainda no século XVIII o cientista Saussere dizia que a água (H2O) participava da produção dos compostos orgânicos (Fotossíntese) e ele provou isso através de um experimento onde ele pesava uma planta, pesava o vaso onde a planta ia ser coloca- da e pesava a areia que ia ser colocada no vaso e plantou a planta, diariamente regava a planta, depois de certo tempo ele voltou a pesar tudo novamente e percebeu que o solo pesava um pouco a mais, ou seja, era o peso da água então a partir disso ele verificou que a água é essencial no processo de fotossíntese. Então a fór- mula novamente foi modificada:
CO2 (Gás Carbônico) + H2O (Água) na planta com presença da luz é igual a Compostos Orgânicos + O2 (Oxigênio).
A partir dessa descoberta outros cientistas deduziram que o com- posto orgânico que era produzido pela planta era a Glicídio, mais especificamente a glicose. A razão a que se deu essa dedução é que

a glicose é o glicídio mais utilizado no metabolismo das plantas. A partir disso a fórmula começou a ser escrita assim:
CO2 (Gás Carbônico) + H2O (Água) na planta com presença da luz é igual a (CH2O)n (Glicídio) + O2 (Oxigênio).
E a partir disso eles (cientistas) disseram que todos o oxigênio liberado vinha da molécula de CO2 e o carbono unia – se a molécu- la de água formando o carboidrato.

• Van Niel
Van Niel era um estudante de uma faculdade de Microbiologia nos Estados Unidos. Um dia ele estava estudando sobre um grupo de bactérias que podiam fazer fotossíntese havia uma diferença no processo de fotossíntese dessas bactérias para a das plantas, é que em vez de elas utilizarem a água, elas utilizavam o Sulfeto de hi- drogênio (H2S) e do mesmo modo das plantas elas utilizavam o CO2 (Gás Carbônico), mas não tinha como produto o O2 (Oxigê- nio) diferente das plantas e nas pesquisas de Niel ele verificou que havia no citoplasma dessa bactéria Enxofre (S) e água (H2O) então Van Niel se perguntava se essas bactérias precisam de CO2 para fazer o processo de fotossíntese por que o oxigênio não é também subproduto dessa fotossíntese? Então ele chegou a ao seguinte re- sultado: o oxigênio liberado na fotossíntese das plantas não vem da molécula de CO2 (Gás Carbônico) e sim da molécula de H2O (água). Essa descoberta não chegou com muito impacto no mundo cientifico, mas Niel não parou por ai ele criou a partir dessa desco- berta uma fórmula geral da fotossíntese que servia para qualquer ser fotossintetizante. A fórmula é a seguinte:
CO2 + H2 X (CH2O)n + X + H2O, onde X vai ser uma molécula que faz parte do elemento que vai ser absorvido, fora o CO2.
Já essa fórmula chamou a atenção de muitos cientistas e o resul- tado disso foi a comprovação dessa descoberta como veremos a seguir.

• Calvin e outros Cientistas
Calvin e sua equipe foram bastante importantes para a desco- berta de Niel através da uma experiência onde eles pegaram uma planta (alga verde, chamada de Chlorella) colocaram em um local onde só era fornecida água com a molécula de oxigênio isótopo, um oxigênio mais pesado o e já no CO2 era o oxigênio normal o mais comum na natureza. Essa foi uma forma de distinguir-los.
Depois do processo foi verificado que o oxigênio que estava no ar era o mesmo que estava na molécula de água fornecida a planta.

E no carboidrato (glicose) verificou-se que nas moléculas de oxigê- nio era o mesmo. Essa experiência foi feita várias vezes, invertendo as moléculas, ou seja, a água com a molécula de oxigênio mais comum (16O) e no gás carbônico a molécula de oxigênio mais pesa- da (18O ) e o mesmo resultado, a molécula de oxigênio que estava na água era a mesma que estava no ar depois do processo de fotossíntese e a molécula que estava no carboidrato (glicose) era a mesma que estava na molécula de CO2 e assim foi confirmada a descoberta de Van Niel.

Esquematização de uma junção desmossomal.

Os tecidos de um organismo são formados por agrupamentos de células semelhantes quanto à morfologia e a fisiologia, necessi- tando em algumas situações orgânicas de extrema conexão entre células adjacentes (vizinhas), assegurando, por exemplo: proteção contra a penetração de microorganismos patogênicos (que causam doenças), e em outros casos, estruturas que proporcionam o inter- câmbio de substâncias.
Tais funções ocorrem devido a especializações presentes nas re- giões mediadas pela membrana plasmática e envoltórios celulares, denominadas junções intercelulares, sendo: os desmossomos, as zônulas oclusivas (junções oclusivas), as zônula de adesão, e os ne- xos (junções comunicantes).
Desmossomo ponte estabelecida entre duas células vizinhas, por onde se conectam filamentos intermediários, formando uma

estrutura de grande força tensora, composta de várias proteínas intracelular (placoglobina e desmoplaquina) e extracelular (desmogleina e desmocolina), existentes principalmente no tecido epitelial de revestimento (a pele) e músculo cardíaco.
Zônulas oclusivas união entre as células (do intestino), impe- dindo a passagem e o armazenamento de substâncias e macromoléculas nos espaços intercelulares, vedando a comunica- ção entre dois meios (cavidades).
Nexos são pontos comunicantes entre a membrana de uma célula e outra, através de proteínas transmembranares de ambas as células, formando poros (canais), por onde passam íons e pe- quenas moléculas. Esse tipo é encontrado em tecidos embrionári- os, células cardíacas e hepáticas.
Zônula de adesão regiões que unem células vizinhas por meio de substâncias intercelulares adesivas, causando aderência sem que haja contato entre as membranas plasmáticas.

O citoplasma e as organelas de uma célula eucarionte.

O citoplasma é o espaço da célula compreendido entre a mem- brana plasmática e a membrana nuclear nos eucariotos, correspondendo nos procariotos toda a totalidade do conteúdo li- mitado pela membrana.
Esta região contém um fluido viscoso chamado de hialoplasma, também denominado de citosol ou citoplasma fundamental, cons- tituído basicamente por íons dissolvidos em solução aquosa e subs- tâncias de fundamental necessidade à síntese de moléculas orgâni- cas (carboidratos e proteínas).
Dessa forma, o citoplasma é considerado um colóide, onde es- tão imersas as organelas celulares: as mitocôndrias, os peroxissomos, os lisossomos, os cloroplastos, os vacúolos, os ribossomos, o com-

plexo de golgi, o citoesqueleto e o retículo endoplasmático liso e rugoso.
Entre as funções realizadas pelo citoplasma estão: o auxílio na morfologia da célula, relacionada à consistência do citosol e o armazenamento de substâncias indispensáveis à vida. Seu conteúdo está em constante movimentação, caracterizado por ciclose, visivel- mente analisado em células vegetais observadas ao microscópio.

O complexo de Golgi e o aspecto morfológico de sacos empilhados

O complexo de golgiense, ou conhecido pelas seguintes deno- minações: aparelho de golgi, dictiossomo, golgiossomo ou com- plexo de golgie, constitui uma organela citoplasmática típica de células eucarióticas, com função fundamental de eliminação de substâncias produzidas pela síntese celular através do processo de secreção.
É formado por vesículas com morfologia de sacos achatados. Além de promover maturação e armazenamento de proteínas ribossomáticas, efetua também a distribuição das moléculas sinte- tizadas e empacotadas nas vesículas.
Aderidas ao citoesqueleto as vesículas são transportadas no in- terior da célula até a região basal da mebrana plasmática. A partir desse instante a membrana da vesícula se funde à membrana da célula, eliminando o conteúdo protéico para o meio extracelular.
Boa parte das vesículas transportadoras do retículo endoplasmático rugoso (RER) são transportadas em direção ao com- plexo de Golgi, passando por sínteses modificadas e enviadas aos seus destinos finais.

Essa organela tende a se concentrar em células especializadas na secreção de substâncias hormonais, principalmente células de ór- gãos como: o pâncreas (síntese de insulina e glucagom), Hipófise (somatotrofina – hormônio do cescimento) e Tireóide (T3 e T4).

O aspecto morfológico de uma célula e sua fisiologia

Uma célula, de acordo com o controle genético, possui forma relacionada com a função que desempenha. Nos vegetais a morfologia é limitada devido à presença da parede celulósica con- ferindo angulosidades às células com aspecto romboédrico, en- quanto nos animais a não existência da parede permite variados formatos.
– No epitélio estratificado pavimentoso (da pele, por exemplo), as células possuem formas poliédricas conferindo um grau de proximidade que desempenha proteção mecânica, bem como evitando a perda de água por desidratação, revestindo o orga- nismo com muita eficácia.
– No tecido muscular a forma alongada e a estrutura das células contribuem com a capacidade de contração e distensão.
– No tecido conjuntivo sangüíneo, os glóbulos vermelhos do san- gue (as hemácias), com forma achatada e região central abau- lada (bicôncava), proporcionam melhor transporte de gás oxi- gênio e distribuição aos diversos tecidos do organismo.
– No tecido nervoso, as numerosas ramificações (dendritos e telodendros) das células nervosas realizam a recepção de estí- mulos e a transmissão de impulsos nervosos, muitas vezes com grande velocidade.
– O formato do espermatozóide, constituído por uma cabeça, uma peça intermediária e uma cauda, permite sua maior mo- bilidade.
Fatores externos podem influenciar no comportamento anatômico de uma célula. A pressão exercida pelo aglomerado ce- lular em um tecido pode remodelar a estruturação de cada unida- de, visto a maleabilidade conferida pela membrana plasmática.

Formação das vesículas lisossômicas

Os lisossomos são organelas citoplasmáticas membranosas pre- sentes em praticamente todas as células eucariontes. Em seu inte- rior existem enzimas que realizam normalmente a digestão intracelular, porém extracelular em casos excepcionais.
A estrutura de um lisossomo tem sua origem a partir do proces- so de síntese e transformações que envolvem a complexidade ce- lular. Partindo inicialmente do controle genético, são sintetizadas moléculas de RNA precursoras das enzimas digestivas. Essas mo- léculas juntamente ao retículo endoplasmático rugoso realizam o processo de transcrição de uma proteína.
Finalizada a síntese, essas proteínas são transportadas em vesículas (pequenas bolsas) que se dissociam do retículo com des- tino ao complexo de Golgi. Nesse local as proteínas irão passar por transformações (maturação), havendo acréscimo de grupamentos químicos (fosforilação) nas extremidades dos filamentos protéicos, caracterizando o seu potencial enzimático.
Após esse estágio as enzimas formadas são empacotadas em vesículas que se desprendem do aparelho golgiense, constituindo o lisossomo. A este estado de pré-formação dá-se o nome de lisossomo primário e quando em ação funcional propriamente dita, formado: o vacúolo digestivo, o vacúolo autofágico e corpo residu- al, recebem a denominação de secundário.
Quanto ao aspecto interno da vesícula lisossômica, esta possui um pH por volta de 5, um potencial hidrogeniônico ácido em vir- tude do conteúdo, visto que as enzimas são chamadas de hidrolases ácidas.
Durante o processo digestivo, os lisossomos podem tanto asociar- se a fogossomos quanto a pinossomos (denominação que condiz com a consistência das substâncias ou partículas engolfadas), for- mando o vacúolo digestivo.

À medida que a digestão se processa, as moléculas necessárias ao metabolismo da célula atravessam a membrana do vacúolo dis- persando-se pelo hialoplasma. O material não digerido constitui o corpo residual, eliminado por exocitose (clasmocitose ou defecação celular).
Essas organelas também podem atuar na degeneração de ou- tros orgânulos da própria célula, mantendo a renovação das estru- turas permanentemente reconstruidas, mecanismo chamado de autofagia (auto = próprio, fagia = comer).
Dependendo da informação e controle gênico, as enzimas lisossômicas, em resposta ao envelhecimento das células ou a qual- quer alteração morfofisiológica (hormonal, lesões ou tumores), po- dem desencadear o mecanismo de morte celular programada (apoptose), ou seja, a célula se alto destrói, evitando maiores danos ao organismo.

O Modelo Mosaico Fluido

A membrana plasmática também denominada: plasmalema, membrana celular, membrana citoplasmática, constitui uma fina película lipoprotéica, com espessura variando de 7,5 a 10nm (nanômetros), delimitando o citoplasma de todos os tipos de célu- las vivas (eucariontes e procariontes).
Entre os modelos já propostos quanto à composição e estru- turação membranar ao longo da história da citologia, a melhor representação aceita atualmente foi a sugerida pelos cientistas Singer e Nicolson em 1972, simulada através de um mosaico flui- do. Por essa representação, a membrana celular seria formada por uma bicamada fosfolipídica incrustada de proteínas transmembranares, situação comprovada a partir da visualização em microscópio.
À medida que se aperfeiçoavam os microscópios e técnicas de análise, foram sendo esclarecidos os questionamentos relaciona-

dos ao funcionamento deste limiar, assegurando as características intracelulares e o meio circundante.
A composição anfipática (polar e apolar) da molécula fosfolipídica, estabelecida pela bicamada juntamente com especificidade das proteínas nela contida, funcionam como portas de passagem para as substâncias, permitindo a translocação de soluto e solvente conforme a necessidade metabólica da célula, ou seja, a membrana possui característica semipermeável (permeabilidade seletiva) de substâncias ou partículas.
Pelo processo de difusão ou osmose são transportados substratos através da membrana, mantendo diferenças de concentração (hipotonicidade e hipertonicidade).

Fases da divisão mitótica

Mitose é o processo de divisão celular pelo qual uma célula eucarionte origina, em seqüência ordenada de etapas, duas célu- las-filhas cromossomicamente e geneticamente idênticas.
A grosso modo costuma-se dividir este processo em dois mo- mentos: o primeiro relacionado à formação de dois núcleos filhos e o segundo correspondendo à citocinese (divisão do citoplasma). Contudo, didaticamente detalhada em quatro etapas: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
Prófase é a etapa preparatória da célula para início da divi- são, ocorrendo eventos correlacionados ao período de interfase, es- senciais para o ciclo celular:
– Princípio da condensação (espiralização / compactação) dos cromossomos duplicados na interfase;

– Desaparecimento do nucléolo em conseqüência da paralisação do mecanismo de síntese;
– Duplicação do centríolo e migração desses para os pólos opos- tos da célula, formando microtúbulos, as fibras do fuso e do haster, ambas constituídas de tubulinas alfa e beta. As do fuso unir-se-ão ao cinetócoro, região do centrômero (ponto de intersecção entre os braços cromossômicos), e as do haster dan- do suporte (fixação) juntamente à face interna da membrana plasmática.

Metáfase Fase de máxima condensação dos cromossomos e desfragmentação total da carioteca (membrana nuclear), havendo:
– Deslocamento e disposição linear dos cromossomos na placa equatorial (metafásica) da célula.
– ligação dos centrômeros às fibras do fuso.

Anáfase Fase da divisão onde ocorre a separação dos cromossomos duplicados, migrando cada cromátide irmã em di- reção aos pólos opostos, devido ao encurtamento dos microtúbulos, conseqüente à retirada de tubulinas.

Telófase Última etapa da divisão mitótica, caracterizada pelo agrupamento e descompactação dos cromossomos (genoma) em

extremidades opostas, recomposição da carioteca e nucléolo, fina- lizando o processo com a citocinese (individualização do citoplasma em duas células-filhas).

 

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