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Febraban: Composição do Spread Bancário
Informativo Assessoria Econômica Novembro | 2017
Com base nos balanços anuais consolidados dos 5 maiores bancos e intuito de diagnosticar a formação do spread bruto nas operações de crédito no Brasil, a Febraban em parceria com a Accenture produziu uma extensa análise comparativa com 12 países emergentes e avançados. As informações disponibilizadas pelo Banco Central indicam que o spread das operações aqui realizadas apresenta o nível mais elevado. As conclusões do documento assinalam os custos mais elevados como principal fator contributivo. Especificadamente: (1) o da inadimplência (custo das provisões/operações de crédito); (2) o financeiro (despesa de juros/ativos rentáveis); (3) o operacional (despesa operacional/ativos rentáveis); e (4) o tributário (alíquotas efetivas).
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Com relação ao custo da inadimplência, os bancos brasileiros possuem o maior montante de provisões (PDD) em relações à carteira de crédito. Entre os fatores explicativos para essa proporção, foram assinalados os critérios mais conservadores para a constituição das provisões, de modo que as despesas de PDD de 4,5% em relação ao total de ativos de crédito é a maior entre os países analisados. Para tanto, há a contribuição da dificuldade na execução de garantias (tanto nos gastos, como no tempo e no valor recuperado) e as ineficiências nas informações utilizadas para a concessão de crédito (não efetividade do cadastro positivo). O custo de PDD de aproximadamente 38% da margem financeira representa o segundo maior do grupo considerado. Excetuando-se essas despesas, a margem financeira aproxima-se da mediana da amostra. (3,6% contra 2,7%)
Despesa de PDD sobre margem financeira
44,9%
35,5%
31,8% 33,0%
29,8% 31,6%
38,7%
32,3%
24,4%
27,3%
19,0% 18,8%
11,5%
12,5%
11,5%
2012 2013 2014 2015 2016
Brasil Desenvolvidos Emergentes
Fonte: Febraban/Accenture
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No que se refere aos custos financeiros, o destaque é para o peso do elevado grau de recolhimento compulsórios dos depósitos e do direcionamento de crédito que exigem que os bancos brasileiros tenham uma maior captação para realizar o mesmo volume de operações que os seus pares. Como consequência, as despesas com juros em relação aos ativos rentáveis são de 8,8% ante a mediana de 2,3% da amostra. No Brasil, as alíquotas nominais de compulsório mais elevadas, resultam em um total recolhido de 6,4% dos ativos totais dos bancos comparativamente a mediana de 1,9% dos demais. Ademais, representando aproximadamente 50% do saldo total das operações, o crédito direcionado indica a presença do subsídio cruzado e limita a rentabilidade dos recursos captados. Por último, o relatório ressalta o pouco desenvolvimento do mercado de capitais e a estrutura de passivo das instituições financeiras nacionais com prazos relativamente mais curtos e custos mais elevados quando comparadas com os seus pares internacionais.
Cobertura de funding
Depósito e captações / Ativos rentáveis
1,12 1,12
1,11
1,06
1,05 1,05 1,05 1,05 1,05
2012 2013 2014 2015 2016
Brasil Desenvolvidos Emergentes
Fonte: Febraban/Accenture
A despesa operacional dos bancos brasileiros é mais elevada, onerada pelos custos trabalhistas e pela alta densidade da rede física de atendimento. A sua proporção em relação aos ativos rentáveis é de 4,5%, enquanto que os demais países apresentam mediana de 2,7%. O documento elenca como prováveis razões para o elevado custo de pessoal: (1) a carga horária reduzida de 6 horas; (2) as atividades de apoio; (3) as atividades de observância regulatória; (4) o retrabalho; e (5) a falta de automação e digitalização de processos. Ademais, a legislação trabalhista tem impacto significativo no desempenho operacional. Os bancos nacionais apresentam nível mais alto de provisionamento para processos trabalhistas, cíveis e fiscais em relação ao passivo total (1,22% contra 0,05% da mediana dos demais países). A burocracia tem papel relevante no montante dos custos operacionais, bem exemplificada no número de procedimentos e tempo gasto para registrar um imóvel.
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Saldo de provisões para processos trabalhistas, cíveis e fiscais em relação ao pasiivo total
Brasil India Alemanha
UK EUA
México Colombia Turquia
Chile Coréia do S.
Rússia África do S. Austrália
1,22%
Fonte: Febraban/Accenture
De acordo com trabalho, a tributação acentuada e as regras mais conservadoras no diferimento de despesas também favorecem o elevado spread. Com isso, tem-se um volume elevado de créditos tributários não rentáveis nos balanços patrimoniais. Nos últimos anos, houve crescimento acelerado dos créditos tributários diferidos, motivado pelo maior volume de provisões com a deterioração da qualidade das carteiras de crédito e, principalmente, pelo descasamento contábil das regras prudenciais e das deduções fiscais. Como agravante, o Brasil é um dos poucos países que tributam a intermediação financeira (PIS/COFINS de 4,5% do spread), além do imposto indireto sobre as operações de crédito (IOF). A alíquota nominal de 45% de IR e CSLL representa a maior da amostra estudada. Destaca-se ainda que a CSLL para os bancos é de 20%, enquanto para os demais setores econômicos é de 9%.
O estudo Febraban/Accenture aponta algumas iniciativas que podem estimular a redução do spread. No âmbito do próprio sistema bancário, destaca as ações individuais para promover uma maior eficiência operacional, como: (1) investimentos em tecnologia; (2) a criação de novos canais digitais; e (3) a redução dos custos de captação e de capital. Como medidas coletivas: (1) os avanços no compartilhamento de ATMs via Tecban; (2) a criação de um novo bureau de crédito (GIC); (3) o estímulo à portabilidade; (4) a criação de centrais de colaterais e
(5) o investimento em Cyber Security. Além disso, destaca a agenda de Governo que contempla as reformas microeconômicas que objetivam a redução do custo de inadimplência, a modernização do ambiente regulatório e o aumento da eficiência operacional. Nesse sentido, são apresentadas 14 ações para promover a redução gradual do spread bancário.
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Fonte: Febraban/Accenture
Alguns exemplos de propostas:
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O estudo também avalia o eventual impacto da concentração bancária na composição do spread. Dentre os países da amostra o Brasil é o quinto mais concentrado com os cinco maiores bancos representando 71% do total da carteira de crédito do sistema financeiro. Entretanto, este índice é relativizado pela participação dos bancos públicos no crédito direcionado, notadamente nas operações de financiamento imobiliário e para o setor rural.
Em termos internacionais, o trabalho identificou uma baixa correlação entre concentração bancária e o spread. Apesar dos spreads mais altos, a rentabilidade dos bancos brasileiros assemelha-se a obtida nos demais países. A média de cinco anos do retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) dos cinco maiores bancos é de 16,2%, a segunda maior da amostra. Descontada a taxa básica de juros, o retorno é de 8,8% o que leva as instituições financeiras locais à sétima posição. Contudo, quando se compara com outros setores da economia, o setor bancário ostenta a 14ª posição, com um ROE de 11,8% em 2016.
Concentração da carteira de crédito
% maiores bancos no total do sistema financeiro em 2015
África do S. | 91% | ||||||
Austrália | 82% | ||||||
Chile | 73% | ||||||
México | 72% | ||||||
Brasil | 71% | ||||||
Rússia | 69% | ||||||
Colombia | 68% | ||||||
Coréia do S. | 64% | ||||||
Brasil sem RD | 62% | ||||||
Turquia | 56% | ||||||
UK | 41% | ||||||
India | 40% | ||||||
EUA | 40% | ||||||
Alemanha | 24% |
Fonte: Febraban/Accenture
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ROE (Lucro Líquido / PL médio)
% a.a. média 5 anos dos 5 maiores bancos comerciais
Chile | 17,8% | |||||
Brasil | 16,2% | |||||
África do S. | 15,2% | |||||
Colombia | 14,8% | |||||
Turquia | 14,5% | |||||
México | 13,9% | |||||
Austrália | 13,4% | |||||
Rússia | 12,0% | |||||
India | 11,0% | |||||
EUA | 8,1% | |||||
Coréia do S. | 5,4% | |||||
UK | 1,5% | |||||
Alemanha | 1,4% |
Fonte: Febraban/Accenture
Para ler o relatório completo, clique aqui.
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