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ÉTICA NO CONTEXTO PEDAGÓGICO PDF

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ÉTICA NO CONTEXTO PEDAGÓGICO

 

 

Marcela Dantas Ximenes 1

Elisângela Monteiro da Silva Aguiar 2

 

 

 

RESUMO

 

Por ser um tema que traduz as principais preocupações da sociedade brasileira presentes sob várias formas, a ética é apresentada à escola em sua globalidade, inserida no currículo escolar articulado a outros temas, buscando um “tratamento didático” que contemple sua complexidade e sua dinâmica, podendo ser priorizado e contextualizado com as diferentes realidades locais e regionais. Nesse sentido, a proposta de transversalidade partiu da necessidade de a escola refletir e atuar conscientemente na educação de valores e princípios morais que favoreçam o desenvolvimento de atitudes e comportamentos éticos fundamentais para a existência humana. A ética apresenta-se no currículo, segundo os PCN’s, sob diversos aspectos que pode ser chamado de tendências de formação moral tentadas pelo Brasil e outros países ao longo dos tempos, tais como as tendências: filosófica, cognitivista, afetivista e moralista. A Tendência Filosófica tem por finalidade envolver os vários sistemas éticos propagados pela Filosofia perante as ideias de antigos filósofos. A família deve assumir, juntamente com a escola, o papel de vivenciar valores e posturas éticas, veiculadas pelos meios de comunicação diversos a que todos têm acesso, lembrando ainda os valores implícitos na educação formal através do currículo escolar. Diante de todas as preocupações em inserir a ética no contexto escolar é de suma importância que se atente ao fato de que não basta apenas pautar-se na abordagem de conceitos teóricos sobre a temática ética se a mesma não é vivenciada diariamente em cada contexto. Antes de falar da ética faz-se necessário adquirir uma postura propriamente ética.

 

Palavras-chave: Ética, Educação, Currículo, Escola.

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

O que é ética?

 

 

A ética possui várias concepções, dependendo da abordagem pela qual é apresentada. Tradicionalmente, é compreendida como um estudo ou reflexão, científica ou filosófica, podendo ser até mesmo teológica, sobre as ações e costumes do ser humano. A própria vida de

 

 

1 Professora Assistente da Universidade do Estado do Amazonas, [email protected];

2Professora de Língua Portuguesa, Literatura e Produção Textual do Estado do Rio de Janeiro, [email protected]

 

acordo com os costumes e ações que consideramos corretos. É então, o estudo das ações e dos costumes, podendo ser a realização de um tipo de comportamento. (VALLS, 2008).

Ainda segundo Valls, através de uma reflexão teórico-científica, tratando-se de normas de comportamento, é uma ciência normativa; tratando-se de costumes, seria uma ciência descritiva, ou uma ciência mais especulativa que tratasse de questões como a liberdade. (VALLS, 2008).

Dois nomes largamente citados como estrelas de primeira grandeza na conceituação de ética são o grego antigo Sócrates (470 – 399 a.C.) e o alemão prussiano Kant (1724 – 1804). Sócrates foi chamado por muito tempo “o fundador da ética moral”, porque a sua ética (e a palavra moral é sinônimo de ética, destacando-se talvez o aspecto das normas) não se fundamentava somente nos costumes do povo e dos ancestrais e nas leis exteriores, mas também na convicção pessoal, adquirida através de segundo Sócrates, um processo de consulta ao seu “demônio interior”, na tentativa de entender a justiça das leis. Parece até mesmo que Sócrates abandonou o estudo das ciências da natureza, para se ocupar somente consigo mesmo e com o se agir.

Já Kant buscava uma ética de validade universal, que se apoiasse apenas na igualdade fundamental entre os homens. Sempre se voltando, em primeiro lugar para o homem, e é chamada filosofia transcendental por buscar encontrar no homem as condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro e do agir livre. O núcleo das questões éticas seria então o dever ou obrigação moral, diferente da ética das ciências exatas e naturais, pois seria necessidade para uma liberdade, e a vontade verdadeiramente boa deve agir sempre conforme o dever e por respeito ao dever. Valls afirma que:

 

Partindo do pressuposto, típico do movimento iluminista que acompanhou a ascensão da burguesia, da igualdade básica entre os homens, Kant precisa chegar a uma moral igual para todos, uma moral racional, a única possível para todo e qualquer ser racional. (VALLS, p. 18, 2008).

 

Apesar de conceitos variados e de convergências e divergências, a ética varia com o tempo e mesmo de sociedade para sociedade. O que ontem era considerado errado, hoje poder ser aceito, e o que é crime em uma sociedade pode ser comum em outra. Não seria então, a ética, uma simples lista de convenções sociais temporárias ou cabíveis a determinadas sociedades?

A influência da filosofia na construção da ética no âmbito escolar

 

A Filosofia implica numa questão amplamente discutida, tornando-se objeto de considerações dos mais diversos pontos de vista teóricos para uma ação educativa de forma a preparar os indivíduos para a vida social. Desse modo, cabe à educação filosófica construir na criança a consciência do que é estar e viver no mundo, possibilitando a aquisição de uma percepção ética e de valores que promovam maior autonomia do pensar e do agir.

A educação cumpre seu papel na medida em que oferece ao educando instrumentos necessários e pertinentes para o exercício do pensar reflexivo como o acesso ao desenvolvimento científico e tecnológico, além da participação crítica na vida política, postos em evidencia ao serem descritos os meios educacionais que possibilitarão que todos os cidadãos deles se apossem.

A ética deve permear toda ação docente, sendo este um dos “papéis mais importantes no ambiente escolar”, tendo em vista a constante exigência educacional atual de formar a autonomia e, sobretudo, a responsabilidade em praticar a ética nos diferentes contextos, inclusive no seu cotidiano através de um processo de participação, cooperação e respeito mútuo. (PAIVA, 2005, p. 54)

Conforme Paiva (2005. p. 56) “vivemos uma ética capitalista nas quais os valores éticos, estéticos e morais são guiados pela ganância do lucro e da massificação da cultura de mídia e do consumo”. Nesse sentido, vê-se de forma clara e precisa a intenção pedagógica da Filosofia para a aceitação de diferentes posicionamentos entre o professor na escolha dos conteúdos programáticos centrados na formação da cidadania e temáticas que variam de acordo com a realidade cultural de cada um. Além disso, a filosofia abre espaço para tematizar e explicitar os conceitos que permeiam todas as outras disciplinas e o faz de forma radical, buscando suas raízes e pressupostos.

Por ser um tema que traduz as principais preocupações da sociedade brasileira presentes sob várias formas, a ética é apresentada à escola em sua globalidade, inserida no currículo escolar articulado a outros temas, buscando um “tratamento didático” que contemple sua complexidade e sua dinâmica, podendo ser priorizado e contextualizado com as diferentes realidades locais e regionais.

Nesse sentido, a proposta de transversalidade partiu da necessidade de a escola refletir e atuar conscientemente na educação de valores e princípios morais que favoreçam o desenvolvimento de atitudes e comportamentos éticos fundamentais para a existência humana.

A ética apresenta-se no currículo, segundo os PCN’s, sob diversos aspectos que pode ser chamado de tendências de formação moral tentadas pelo Brasil e outros países ao longo dos tempos, tais como as tendências: filosófica, cognitivista, afetivista, moralista e a democrática.

 

A Tendência Filosófica tem por finalidade envolver os vários sistemas éticos propagados pela Filosofia perante as idéias de antigos filósofos;

A família (pilar primordial da educação) deve assumir, juntamente com a escola, o papel de vivenciar valores e posturas éticas, veiculadas pelos meios de comunicação diversos a que todos têm acesso, lembrando ainda os valores implícitos na educação formal através do currículo escolar.

Diante de todas as preocupações em inserir a ética no contexto escolar é de suma importância que se atente ao fato de que não basta apenas pautar-se na abordagem de conceitos teóricos sobre a temática ética se a mesma não é vivenciada diariamente em cada contexto. Antes de falar da ética faz-se necessário adquirir uma postura propriamente ética.

 

A ética na educação escolar

Os problemas teóricos da ética podem ser divididos didaticamente em duas áreas: os problemas fundamentais e gerais (liberdade, consciência, bem, valor, lei e outros) e os problemas específicos, de aplicação concreta como (ética profissional, ética política, ética sexual, ética educacional, etc.). Mas esta é apenas uma divisão didática, visto que, na vida real eles não vêm assim separados.

Com os constantes avanços que ocorrem na sociedade, os comportamentos mudam, exigindo assim, a quebra de alguns paradigmas e a busca de novas posturas. Vivemos atualmente numa época em que se fala muito em ética. Ética na política, na religião, no esporte, ética profissional, sendo que muitas profissões possuem o seu código de valores definido.

Como pensar a questão da ética no ambiente pedagógico? Ela é importante na profissão do educador? Qual a postura do professor frente à nova sociedade, frente à escola, frente aos alunos? Qual o professor que precisamos? E o professor possui o seu código de ética? A profissão de educador também exige posturas éticas bem definidas, pois o professor representa um modelo para seus alunos e para a sociedade em geral.

A ética no contexto pedagógico implica um compromisso com a justiça social, levando em consideração não só a conservação das tradições e da ordem social; mas principalmente, a formação das gerações futuras, estruturadas sobre um passado histórico-cultural que não pode ser esquecido. O professor deve atuar como norteador do processo de ensino aprendizagem, servindo de “modelo”, inspirando comportamentos morais e valores positivos tanto para os alunos quanto para suas famílias.

A ética profissional do educador é avaliada através da sua relação com o universo da escola, com a sociedade, com o trabalho escolar que desenvolve e com sua própria postura. Na

 

relação com a sociedade o professor possui a responsabilidade de ajudar o educando a se tornar um cidadão e participante ativo na sociedade na qual está integrado. A colaboração da direção da escola ao trabalho realizado pelo professor é fundamental para o sucesso da instituição escolar, pois ambos devem direcionar seus esforços e ter como único objetivo a educação e o crescimento do aluno.

Outro ponto fundamental para a educação é o bom relacionamento entre professor e aluno, pois é preciso criar uma relação baseada na amizade e no respeito mútuo. Entre os aspectos que devem nortear a conduta na relação entre educador e educando, Moreto (1995, p. 4-8) cita alguns que devem ser observados:

  • Cultivar atitude de justiça e trato igualitário entre os alunos;
  • Abster-se de assumir atitudes racistas, quer em relação à cor, ou nacionalidade;
  • Ao chamar a atenção do aluno, fazê-lo franca e lealmente, não invocando nunca razões de defeitos físicos, deficiências de inteligência, raça ou nacionalidade. A observação deve dizer respeito ao que dependa da própria ação do aluno;
  • Não revelar, em classe, aspectos da vida particular do aluno;
  • Não comentar as provas dos alunos em público. Não é ético também, ridicularizar alunos por conta de seus erros;
  • Evitar expressões e modismos linguísticos vulgares;
  • Abster-se de assumir uma posição político-partidária;
  • Cumprir sempre o que prometeu a seus alunos;
  • Evitar que sempre prevaleça a sua opinião;
  • Esforçar-se para se tornar amigo de seus

 

  1. A ética como tema transversal segundo os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais.

A importância do tema é discutida pelos autores dos PCNs, no campo da sociedade democrática e a primeira questão que se levanta é: Como devo agir perante os outros? Segundo o documento, esta é uma questão central da Moral e da Ética, palavras que podem ser sinônimas, enquanto “conjunto de princípios ou padrões de conduta”. (BRASIL, p. 69, 1997).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Brasil elencam os temas transversais, que são: ética, saúde, meio-ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural. Como podemos ver, a ética figura como um dos temas transversais, cronologicamente o primeiro.

Segundo os PCNs,

 

Na escola, o tema Ética encontra- se, em primeiro lugar, nas próprias relações entre os agentes que constituem essa instituição: alunos, professores, funcionários e pais. Em segundo lugar, o tema Ética encontra-se nas disciplinas do currículo, uma vez que, sabe-se, o conhecimento não é neutro, nem impermeável a valores de todo tipo. Finalmente, encontra-se nos demais Temas Transversais, já que, de uma forma ou de outra, tratam de valores e normas. (BRASIL, p. 26, 1997) (grifo nosso).

 

 

 

 

 

 

Conforme os PCN’s (1998) dentre os objetivos de ética para o Ensino Fundamental, estão os que visam às capacidades de:

  • Reconhecer a presença dos princípios que fundamentam normas e leis no contexto social;
  • Refletir criticamente sobre as normas morais, buscando a legitimidade na realização do bem comum;
  • Valorizar e empregar o diálogo como forma de esclarecer conflitos e tomar decisões

 

Ainda segundo os PCNs:

 

 

A Ética diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas. A pergunta ética por excelência é: “Como agir perante os outros?”. Verifica-se que tal pergunta é ampla, complexa e sua resposta implica tomadas de posição valorativas. A questão central das preocupações éticas é a da justiça entendida como inspirada pelos valores de igualdade e equidade. (BRASIL, p. 26, 1997)

 

Vemos então que os PCNs colocam a ética no âmbito escolar como o modo de se deve agir uns com os outros, diante das diferenças raciais, religiosas, sociais, sempre aceitando o seu próximo como igual, sem discriminação e com direitos e oportunidades sociais iguais. Deveria então a cidadania, eticamente, ser compreendida como um produto de histórias vividas por determinados grupos sociais, constituída pelos diferentes direitos sociais.

Seria então, a ética, uma reflexão crítica sobre as diversas faces da conduta humana, fazendo parte de uma escola comprometida com a formação da cidadania. O tema ética então,

 

(…) traz a proposta de que a escola realize um trabalho que possibilite o desenvolvimento da autonomia moral, condição para a reflexão ética. Para isso foram eleitos como eixos do trabalho quatro blocos de conteúdo: Respeito Mútuo, Justiça, Diálogo e Solidariedade, valores referenciados no princípio da dignidade do ser humano, um dos fundamentos da Constituição brasileira. ((BRASIL, p. 26, 1997).

 

Conforme indicado nos PCNs, no Brasil, a ética, ao ser dissolvida de seu caráter disciplinar, tornou-se uma atividade pedagógica disseminada, perpassando transversalmente os diversos domínios da educação formal. Como tema transversal, a ética não se constitui numa nova área, mas passa a ser tratada como integrada nas diferentes disciplinas e áreas tradicionais, como ocorre com a questão ecológica, a pluralidade cultural e a saúde. A ética é reconhecida como fundamental dentro e fora da sala de aula, no convívio em que estão envolvidos todos os sujeitos da comunidade.

 

 

A prática pedagógica e a cidadania

Cabe lembrar a necessidade de situar a ética no contexto escolar, pois é por meio dela que vamos encontrar subsídios para a definição do que é ser bom, correto ou moralmente certo. O problema é que se acredita existir, de antemão, um rol de valores definidos, quando na verdade, esses valores devem se estabelecer conforme a relação do homem com o mundo. É dentro do ambiente escolar, então, que é possível proporcionar ao discente situações em que ele vivencie o compartilhar, a cooperação recíproca, a convivência em sociedade, o exercício da cidadania e tornar-se assim um ser autônomo.                                                                                               .

Faz-se necessário aproveitar o espaço escolar a fim de que o aluno aprenda a dialogar e, por conseguinte, a ouvir, ser ouvido, e ser solidário. Desse modo, tornar-se-á possível a construção da cidadania, visto que o trabalho pedagógico passa a fazer sentido tanto para quem aprende quanto para quem facilita e intermedeia a aprendizagem. O ambiente escolar vai se tornar, então, propício para o resgate da cidadania, para conhecer e exercer os direitos humanos, quais sejam, direitos de todos, e a respeitá-los. Assim, cumpre aos docentes ensejar situações e atividades em que se possa estabelecer diálogo com os alunos, fomentar a discussão, suscitar indagações, ampliar o espaço para a construção do conhecimento crítico, do recebimento de informações que visem a transformações e ao reconhecimento das diferenças para respeitar a si e aos outros, com os quais deverá relacionar-se.

Além do mais, é fundamental que o educador conheça o tipo de sociedade para a qual está preparando o educando e, em razão disso, questionar-se sobre essa tarefa, uma vez que cabe lembrar que, quando se trata de ética, é preciso situá-la no contexto escolar. Em outros termos, é por meio dela que vamos encontrar subsídios para a definição do que é ser bom, correto ou moralmente certo. O problema é que se acredita existir de antemão, um rol de valores definidos, quando, na verdade, esses valores devem se estabelecer conforme a relação do homem com o mundo.

É dentro do ambiente escolar, então, que é possível proporcionar ao discente situação em que ele vivencie o compartilhar a cooperação recíproca, a convivência em sociedade, o exercício da cidadania, e, tornar-se assim, um ser autônomo. Faz-se imperativo aproveitar o espaço escolar a fim de que o aluno aprenda a dialogar e, por conseguinte, a ouvir e ser ouvido, e ser solidário. Desse modo, torna-se possível a construção da cidadania, visto que o trabalho pedagógico passa a fazer sentido tanto para quem aprende quanto para quem facilita e intermedeia a aprendizagem.

 

O ambiente escolar vai se tornar, então, propício, para o resgate da cidadania, conhecer e exercer os direitos humanos, quais sejam, direitos de todos, e a respeitá-los. Deste modo, cumpre aos docentes ensejar situações e atividades em que se possa estabelecer diálogo com os alunos, fomentar a discussão, suscitar indagações, ampliar o espaço para a construção do conhecimento crítico, do recebimento de informações que visem a transformações e ao reconhecimento das diferenças para respeitar a si e aos outros, com os quais deverá relacionar- se.

Além do mais, é fundamental que o educador saiba para que tipo de sociedade está preparando o educando e em razão disso questionar-se sobre essa tarefa, uma vez que são pessoas e cidadãos que terão em suas mãos o destino do país. É preciso que o professor não perca de vista o seu papel crucial no desenvolvimento do educando, agindo com convicção na sua prática pedagógica, envidando esforços para interagir com esse educando, criar conduções favoráveis ao desenvolvimento de suas potencialidades, ser capaz de interferir nesse desenvolvimento de modo positivo, propiciando condições favoráveis para que ele possa entender mundo em que vai se inserir.

Tendo então o professor como agente mediador do seu conhecimento, que passará a utilizar com uma postura ética, o educando estará efetivamente exercendo de modo pleno a sua cidadania.

Em suma:

 

 

Precisamos pôr na ética nossas mãos e nosso coração (…) uma ética que, tecendo-se nos confrontos e se desenhando a partir da diversidade de vida comum não abdica nunca de si mesma (..) trata-se pois de uma nova forma didática política (…) uma ética que concretiza, assim sua ligação visceral com a educação. (Kramer, 1993).

 

Professor, sociedade e ética

O professor ético não vê a sua profissão apenas como forma de ganhar dinheiro, ele tem responsabilidade social com a comunidade na qual trabalha. Elabora um plano de curso e planos de aula, para ter condições de selecionar conteúdos significativos, demonstrando respeito ao discente.

Além disso, o educador deve procurar uma formação continuada, que o ajude a sempre inovar e melhorar seu desempenho como profissional. Atualmente, têm-se vários meios de inteirar-se dos novos métodos e conceitos pedagógicos, através da internet, de cursos online, de pesquisas, de livros, de seminários, etc. Sempre avaliando criticamente os conteúdos e também a sua postura diante dos alunos e da comunidade escolar.

 

Na 2ª Jornada Catarinense de Tecnologia Educacional, promovida pelo SENAC no ano de 2000, em Florianópolis/SC, Morreto afirma:

 

A ação do educador deve pautar-se na ética profissional vista como o compromisso de o homem respeitar os seus semelhantes, no trato da profissão que exerce. Este é o foco da ética profissional: o respeito. O corolário deste valor é um conjunto de valores, como a competência do profissional, a constante atualização no domínio dos conteúdos, a honestidade de propósitos na educação, a avaliação eficiente e eficaz dos alunos. Assim, podemos afirmar que educar é, por essência, uma atividade ética, tendo em vista as consequências para a vida dos educandos.

 

Assim, percebemos que a qualificação constante é uma questão ética do profissional frente à sociedade, levando em conta sua grande influência como formador, devendo demonstrar maturidade para lidar com situações de conflito com alunos e pais. A sociedade precisa de profissionais comprometidos, equilibrados, ousados, críticos, éticos, capazes de lutar por uma sociedade mais igualitária e solitária.

A educação do novo milênio exige um docente que olhe para o futuro, formando cidadãos críticos e autônomos, qualificados para um mundo globalizado, que desenvolvem suas habilidades e competências e sabem enfrentar os desafios do mundo.

 

(…) não pode ser movido somente pela inteligência, mas também pela emoção. Sem ela, como desempenhar com alegria, uma tarefa desgastante, muitas vezes, pouco compreendida pelos pais, autoridades e alunos entediados? Sua missão não é de facilitador, mas de animador. Viver como um intelectual transformador. (MORETO, 2000, p. 8).

 

O professor deve o tempo todo avaliar o seu papel para ter o perfil necessário para transformar o aluno e assim a sociedade. Para tal, é necessário desenvolver o aluno de forma integral, nas suas potencialidades cognitivas, afetivas, psicomotoras e sociais. Trabalhando com competência, de forma humanizada, tendo interação com os alunos de forma coerente e sem autoritarismo, e sim dialogando e com postura humilde.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

A ética, objeto de estudo desde a Grécia antiga, é inseparável do contexto educacional e se situa como tema de primordial compreensão e aplicação pelos discentes e pelo quadro administrativo escolar. Como ensinar sem ética? Como assumir a missão de educador sem permear o tramite éticos que deve fazer parte da vida de qualquer cidadão?

 

A ética se faz tão necessária que, nos PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais do Brasil, é colocada como o primeiro tema transversal, sendo também interdisciplinar com toda a grade curricular nacional. Um profissional sem ética, não pode e não deve assumir a sala de aula, pois não terá como repassar ao educando formação social adequada para uma sociedade justa e igualitária, baseada em princípios morais e éticos.

É, portanto, de responsabilidade dos educadores, questionarem-se constantemente sobre o tipo de sociedade para qual devem preparar o educando, que será responsável pelo rumo do país em um futuro próximo. Dentro da conjuntura educacional, o papel dos professores é quem sabe o mais significativo da realidade global, capaz de interferir na transformação do ser humano a desenvolver-se como ser completo, nas suas potencialidades cognitivas, afetivas, psicomotoras e sociais, criando condições favoráveis para o educando conhecer e compreender o mundo em que vive e, assim, poder construir-se dando ensejo ao educando de tracejar seu papel como ser pensante, consciente, fecundo, livre e participante — transformador crítico da realidade na qual vive.

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Temas Transversais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

 

MORETO, Vasco Pedro. Ética Profissional. Mimeo. (Palestra proferida no curso Avaliação e Melhoria da Qualidade de Ensino. Junho de 1995 em São Ludgero).

 

                                        . 2ª Jornada Catarinense de Tecnologia Educacional. Tecnologia, Ética e Valores Humanos SINEPE/SC, nº 85, Florianópolis, setembro de 2000.

 

PAIVA, Raquel. Mídia e política de minorias. In: PAIVA, Raquel e BARBALHO, Alexandre (orgs). Comunicação e cultura das minorias. São Paulo: Paulus, 2005, p. 15-26.

 

KRAMER, Sonia. Por Entre as Pedras: Arma e Sonho. São Paulo: Ática, 1993. VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 2008.

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