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Aviação de Reconhecimento e Ataque na FAB: A Saga dos Guerreiros Polivalentes

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Aviação de Reconhecimento e Ataque na FAB

A Saga dos Guerreiros Polivalentes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INSTITUTO HISTÓRICO-CULTURAL DA AERONÁUTICA

Rio de Janeiro 2015

 

FICHA TÉCNICA

 

Aviação de Reconhecimento e Ataque na FAB A Saga dos Guerreiros Polivalentes

 

 

Edição

Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica

 

Editor

Maj Brig Ar R/1 José Roberto Scheer

 

Autor

Cel Av Refm Aparecido Camazano Alamino

 

Projeto Gráfico

Seção de Tecnologia da Informação

 

Capa

3S Tiago de Oliveira e Souza

 

Impressão

INGRAFOTO

 

 

 

 

Rio de Janeiro 2015

 

Apresentação

“Levas n’alma a nobreza do guerreiro; levas no peito a insígnia do Ataque”.

 

Algumas lembranças tendem a cair no esquecimento, quando passam a não ser comen- tadas com frequência, de forma intencional ou por simples falta de oportunidade.

A história da FAB registra feitos memoráveis, guardados na memória de alguns abnega- dos, que nem sempre encontram o foro ideal para divulgá-la.

Estórias não esquecidas, apenas esmaecidas como bruma que pode até prejudicar a vi- são por alguns instantes, mas que não oculta o que está por detrás dela, de forma perene.

Essas imagens forjadas, guardadas nas gavetas do tempo, mas que, ao abrirmos o ar- quivo, saltam ansiosas para se mostrarem mais vivas do que nunca, porque marcaram, de forma indelével, o seu tempo na vida da Força Aérea.

Esta verdade não foi esquecida e nem deixou de existir pelo simples fato de que os Pi- lotos de Ataque continuam mantendo-a viva com a mesma chama de vibração que um dia foi acesa e que viveu em sombras durante certo tempo.

Neste documento, ela está sendo alimentada com a ajuda das melhores memórias, de todos aqueles que participaram da rica e operacional história das Esquadrilhas de Reconhe- cimento e Ataque, que neste ano comemoram o cinquentenário de suas criações; dos Esquadrões de Reconhecimento e Ataque; dos Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque; e do Esquadrão JOKER, como 1º EIA, que viram o nascimento e os fecundos anos de uma Aviação de Combate que nasceu iluminada, cresceu fertilizada pelos idealistas e colheu os frutos, cujas pródigas sementes foram plantadas num dia de luz.

Até então, a Aviação de Ataque não tinha sido contemplada com o seu devido mérito, justificado pelas participações operacionais de emprego real que tiveram e que muito con- tribuíram para a vida do País.

Mas, nunca pairou qualquer dúvida que a melhor defesa é o ATAQUE !

A vitória através da história é o que está sendo proposto neste trabalho ora apresentado, com a pretensão de que ele não seja considerado nem melhor, nem pior, nem diferente… polivalente.

Que retrate o espírito de combate que envolveu aquelas Unidades Aéreas, que ao inimi- go somente deram a certeza do combate.

Instituições surgem e desaparecem, mas, na memória do INCAER e dos tripulantes operacionais que a viveram intensamente, a Aviação de Ataque permanecerá viva!

Este é o objetivo dos sempre guerreiros polivalentes…

 

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Aviação de Reconhecimento e Ataque na FAB

A Saga dos Guerreiros Polivalentes

Aparecido Camazano Alamino

 

 

 

AS ESQUADRILHAS DE RECONHECIMENTO E ATAQUE (ERA)

PRIMÓRDIOS

Antes de abordar a História das Es- quadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA), cabe ser mencionado que algumas ações anteriores as suas criações já des- cortinavam a possibilidade do emprego dos aparelhos North American T-6 em missões de ataque. Em 1956, a Esquadri- lha de Adestramento da Base Aérea de Natal (BANT) armou oito aviões North American T-6 com uma metralhadora .30 (ponto 30) na asa direita e quatro supor- tes para bombas e lançadores de foguetes de 2.25 sob as asas.

Durante as festividades da Semana da Asa daquele ano, na cidade de Belém (PA), tal Esquadrilha realizou uma de- monstração, com o lançamento de bom- bas incendiárias de 100 libras. Em Porto Alegre (RS), também já havia sido realiza- da experiência semelhante, com o mesmo tipo de aeronave.

Com a constante evolução das ações do comunismo internacional, foi tomando corpo e consistência a necessidade de uma melhor preparação contra o tipo de atua- ção comunista, na sua fase de luta armada.

Mais e mais foram se avolumando os conhecimentos de guerra revolucionária,

 

 

bem como as práticas especiais de anti- guerrilha, em que se incluem as “OPE- RAÇÕES ESPECIAIS”. Dessa necessi- dade, surgiu a ideia do aproveitamento do velho e valente avião North American T-6, de versatilidade comprovada, como equipamento transitório de unidades de emprego, nesse campo de ação, sendo ar- mados com uma metralhadora .30 na asa direita, suportes para bombas e lançado- res de foguetes de 2.25 sob as asas.

Após a Revolução de 31 de março de 1964, a Força Aérea Brasileira (FAB) es- tava equipada com material aéreo relati- vamente desatualizado nas suas unidades de combate, dispondo, à época, de um Grupo e dois Esquadrões de Aviação de Caça, sediados em Santa Cruz, Canoas e Fortaleza, respectivamente, operando os jatos Gloster F-8 Meteor e os Lockheed F-80C, bem como os treinadores de caça Lockheed T-33A.

Também existia um Esquadrão de Bom- bardeio Médio, localizado em Natal (RN), dotado com os robustos, porém já ultra- passados, Douglas B-26B/C Invader, que se encontravam bem desgastados, pois, em seguida, foram enviados para os Estados Unidos para modernização e atualização de sua estrutura, aviônica e armamentos.

 

 

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Frota de T-6 das ERA no pátio da ERA-41, em Cumbica (SP), em 25.01.1968 (Foto: Paulo F. Laux)

 

 

Nesse cenário, uma solução mais plau- sível e econômica foi o aproveitamento dos aviões North American T-6, exis- tentes em relativa quantidade e ainda em condições de serem aproveitados para eventuais missões operacionais. Tal plane- jamento foi aprovado pelo Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) e os T-6 foram transformados em TF-6, recebendo pin- tura camuflada, equipamentos de comu- nicações mais completos e atualizados e dotados do armamento já referido acima.

Foi assim que surgiu a ideia da criação das ESQUADRILHAS DE RECO- NHECIMENTO E ATAQUE (ERA).

No período que se seguiu à Revolução de 1964, foram criadas as ERA 10, 20 e 30, sediadas em Santa Cruz, Cumbica e Canoas, respectivamente. Também estava prevista a ERA 21 em Cumbica, mas não chegou a ser ativada. Essas Esquadrilhas iniciais tive- ram duração efêmera, embora proveitosa.

Também serviram de precursoras das ERA-21, 31, 41, 51 e 61, que foram cria- das em 1965, fruto de um criterioso es- tudo feito pelo EMAER, tendo em vista a distribuição estratégica de unidades de emprego, para uso em missões de se- gurança interna na área de jurisdição de cada Zona Aérea.

 

 

Linha de T-6 da ERA-31, realizando operação conjunta com a ERA-41,

na BASP, em 25.01.1968 (Foto: Paulo F. Laux)

 

No tocante à heráldica, somente a ERA-20 teve o seu emblema “Vampiros”, que é uma adaptação da silhueta do avião T-6 com os adereços do vampiro, que, posteriormente, foi adaptado para a sua sucessora ERA-41. As ERA-10 e 30 não utilizaram qualquer emblema durante as suas curtas existências.

 

CRIAÇÃO DAS ESQUADRILHAS DE

RECONHECIMENTO E ATAQUE – ERA

 

As Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA) foram criadas pela Porta- ria nº 44/GM3, de 18 de junho de 1965, as quais, além da possibilidade de evoluí- rem para Esquadrões, também poderiam se transformar em Grupos, quando as necessidades de serviço assim o deter- minassem. Os meios aéreos e de pessoal, para o início de suas atividades, foram os já existentes nas Esquadrilhas de Ades- tramento das Bases Aéreas que sediariam cada ERA.

Emblema da ERA-20

 

 

Seus Comandantes eram os Comandan- tes do Esquadrões de Comando das res- pectivas Bases Aéreas onde estavam sedia- das e a dotação inicial de cada Esquadrilha previa uma aeronave do tipo T-6 G, para treinamento de voo por instrumentos, e seis T-6 D, para as missões operacionais.

A principal missão das Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque era a sua utili- zação no:

“EMPREGO EM MISSÕES ESPECÍFICAS DE COOPERAÇÃO NA MANUTENÇÃO DA SEGURANÇA INTERNA.”

 

 

 

ORGANIZAÇÃO DAS PRIMEIRAS ERA

 

ERA BASE AÉREA ZONA AÉREA CIDADE/ESTADO
21 Recife Segunda Recife/PE
31 Santa Cruz Terceira Rio de Janeiro/RJ
41 São Paulo Quarta Guarulhos/SP
51 Canoas Quinta Canoas/RS
61 Brasília Sexta Brasília/DF

Fonte: Portaria Nº 44/GM3, de 18.06.1965

Após um período inicial de quatro meses, o Ministro da Aeronáutica, considerando proposta do EMAER e com os meios aéreos e de pessoal das Esquadrilhas de Ades- tramento das respectivas Bases Aéreas sedes, criou e organizou, por intermédio das Portarias nº 144/GM3, de 20 de outubro de 1965, e nº 150/GM3, de 22 de outubro do mesmo ano, as seguintes ERA:

 

ERA BASE AÉREA/ DESTACAMENTO ZONA AÉREA CIDADE/ESTADO
32 Galeão Terceira Rio de Janeiro/RJ
42 Campo Grande1 Quarta Campo Grande/MT

Fontes: Portarias nº 144/GM3, de 20.10.1965, e nº 150/GM3, de 22.10.1965

 

Acampamento da ERA-42 em manobra isolada, em 1968 (Foto: Arquivos do Autor)

 

 

MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES DAS

ERA

Com a experiência de utilização dessas Esquadrilhas e as necessidades estraté- gicas, decorrentes da situação política à época, ocorreram duas modificações de sede das ERA:

  • ERA-21 – mudou a sua sede de Recife (PE) para Natal (RN), de acordo com a

 

 

Portaria nº 026/GM3, de 9 de maio de 1967; e

  • ERA-32 – foi transferida da Base Aérea do Galeão (BAGL) para a Escola Prepa- ratória de Cadetes do Ar (EPCAR), sedia- da em Barbacena (MG), no ano de Convém destacar que o emblema desta

 

 

1 O Destacamento de Base Aérea de Campo Grande (DBACG), no então Estado de Mato Grosso, foi transformado em Base Aérea, pelo Decreto nº 67.204, de 15.09.1970.

 

ERA também foi modificado quando ela passou a operar em Barbacena, tendo em vista que o emblema utilizado no Galeão mencionava a sua vinculação ao Comando de Transporte Aéreo (COMTA).

 

QUADRO FINAL DAS ESQUADRILHAS DE RECONHECIMENTO E ATAQUE

Após as modificações de sede mencionadas, o mapa definitivo das Esquadrilhas de

Reconhecimento e Ataque passou a ser o seguinte:

 

ERA SEDE CIDADE/ESTADO ZONA AÉREA CÓDIGO-RÁDIO
21 BANT Natal/RN Segunda Jerimum
31 BASC Rio de Janeiro/RJ Terceira Águia
32 EPCAR Barbacena/MG Terceira Carcará
41 BASP Guarulhos/SP Quarta Vampiro
42 DBACG Campo Grande/MT Quarta Caracará
51 BACO Canoas/RS Quinta Falcão
61 BABR Brasília/DF Sexta Gorila

Fontes: Arquivos do Autor – EMAER

A FORMAÇÃO DAS EQUIPAGENS DAS ERA

 

A formação operacional dos pilotos da FAB, até a criação do Centro de Aplica- ções Táticas e Recompletamento de Equi- pagens (CATRE), em 1º de janeiro de 1974, determinava que os pilotos recém- formados pela Escola de Aeronáutica, atu- al Academia da Força Aérea (AFA), eram selecionados em dois grupos, a saber:

  • Grupo I – Aspirantes a Oficial que realizavam o curso de piloto de caça, no Primeiro Esquadrão do Quarto Grupo de Aviação (1º/4º GAv), sediado em Fortaleza (CE), onde voavam os jatos Lockheed AT-33A T-Bird e F-80C Shooting Star; e
  • Grupo II – Aspirantes a Oficial que eram selecionados para a realização do curso de piloto de bombardeio ou de bimotor (após 1964), que eram destaca- dos para o Quinto Grupo de Aviação (5º

GAv), localizado em Natal (RN), empre- gando as aeronaves bimotores Beechcraft TC-45T Super Beech, conhecidas cari- nhosamente na FAB como “Muriçoca”, que operaram no Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2º/5º GAv), de 1964 até 1969.

Convém ressaltar que, com a aquisição dos jatos Cessna T-37C, para utilização na Escola de Aeronáutica, nos Estágios Básico e Avançado, a partir de 1969, um grande número de aviões North Ameri- can T-6D/G foi colocado à disposição das Bases Aéreas, para a dotação de Es- quadrilhas de Adestramento e, conse- quentemente, das ERA.

Nessa época de transição, ou seja, de 1970 a 1971, muitos oficiais recém-for- mados nos jatos Cessna T-37C, nunca ha-

 

viam voado o T-6. Assim, as ERA se viam obrigadas a ministrarem toda a instrução de voo no tipo de aeronave, que incluía desde a fase de transição até o estágio operacional, onde o avião era utilizado como plataforma de armamentos, realizando missões de tiro, bombardeio e lançamento de foguetes.

Aviões T-6 da ERA-31 partem para a Operação Xavante, em nov. 1967 (Foto: BASC)

 

 

A formação dos pilotos acarretou algum atraso na operacionalidade das ERA, pois essas esquadrilhas acabavam se tornando, praticamente, uma unidade de instrução, prejudicando o bom rendi- mento do emprego real das equipagens, como também os necessários e constan- tes treinamentos operacionais, que, em muitos casos, eram realizados com pou- ca freqüência. Normalmente, quando os pilotos estavam formados e prontos para operar, chegavam novos oficiais e o ciclo de formação dos pilotos recomeçava.

PRINCIPAIS TIPOS DE MISSÕES REALIZADAS PELAS ERA

Desde a criação, em 1965, até a sua evolução, em março de 1970, as ERA es- tiveram empenhadas em enorme gama de atividades, mesmo cumprindo um vasto programa de instrução, ao par que, por inúmeras vezes, foram conclamadas a executar missões operacionais reais, como por exemplo: repressão a contrabando, patrulhamento de fronteiras, reconheci- mento foto e visual, patrulhamento sobre

 

campos de pouso clandestinos, bombar- deamento de plantações de maconha, operações contra guerrilhas na Serra do Caparaó, patrulhamento de localidades para evitar roubo de gado e outras inú- meras operações de menor vulto.

No fim de cada ano, após a criação das ERA, era realizada uma grande operação ou manobra conjunta, com a participa- ção de todas as Esquadrilhas, contando, muitas vezes, com a participação de ou- tras unidades operacionais da FAB e até forças do Exército Brasileiro e da Ma- rinha do Brasil. Dentre essas operações destacaram-se:

 

  • OPERAÇÃO POTI: realizada em de- zembro de 1965 na Região Nordeste do Brasil, abrangendo a 2ª Zona Aérea, atual Segundo Comando Aéreo Regional (II COMAR). Foi a primeira operação desse tipo, com a mobilização total de recursos da FAB em Operações Aéreas Especiais, incluindo-se, também, unidades de bom- bardeio, ligação e observação, transporte, caça, etc.. Nesse exercício, não houve a participação das forças de superfície.

Como primeira operação que envol- veu todas as ERA, ela foi de muita valia, pois desenvolveu e treinou os setores de mobilidade, acampamento, operações, suprimento, manutenção, etc.. Observan- do as necessidades e dificuldades para um envolvimento total desse tipo de aviação, as medidas corretivas e os ensinamentos obtidos, imediatamente foram introduzi- dos nas operações normais e futuras das ERA, o que propiciou uma relativa pa- dronização das ações.

Os resultados auferidos na Operação Poti foram tão significativos que o Mi- nistro da Aeronáutica Marechal do Ar Eduardo Gomes editou o Aviso nº 61- GMRP-R, de 20 de dezembro de 1965, elogiando os participantes pelo êxito al- cançado.

 

  • OPERAÇÃO CHARRUA: ocorreu de 30 de novembro a 11 de dezembro de 1966 na Região Sul do Brasil, abrangen- do a área da 5ª Zona Aérea, atual Quinto Comando Aéreo Regional (V COMAR). Nessa segunda grande manobra, com a participação de todas as ERA, que foram deslocadas diversas vezes de suas bases para bases secundárias aleatórias, retor- nando todas para a Base Aérea de Canoas (BACO), no Rio Grande do Sul, onde foi realizado o encerramento do exercício, que constou de disputa com modalidades de tiro e bombardeio entre as

Nessa operação, também participaram outras unidades da FAB, principalmente de transporte, caça e ligação e observa- ção, além de unidades de controle e alar- me, que foram responsáveis pela execu- ção das comunicações do evento.

A Charrua foi planejada por alunos da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR), abrindo cami- nho para a que foi a maior manobra rea- lizada durante toda a existência das ERA, a do ano de 1967.

 

  • OPERAÇÃO XAVANTE: executada entre 1º e 10 de dezembro de 1967 na re- gião compreendida entre Campo Grande, Corumbá, Aquidauana e Forte Coimbra, no Estado de Mato Grosso, atual Estado

 

de Mato Grosso do Sul. Pela primeira vez, participaram grandes unidades do Exér- cito Brasileiro e da Marinha do Brasil, com lançamento de tropas aerotranspor- tadas e desembarque de fuzileiros navais de navios que navegavam pelo Rio Para- guai. A FAB também incluiu unidades de caça, transporte, bombardeio, ligação e observação e busca e resgate, sendo uti- lizados, pioneiramente, helicópteros Bell SH-1D, recém incorporados ao Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAv).

Nessa manobra, que também foi pla- nejada pela ECEMAR, as experiências anteriores começaram a surtir efeito, sen- do introduzidos hospitais de campanha, novos tipos de acampamentos e o em- prego do Controlador Aéreo Avançado (CAA). No segmento de suprimento de material, foi criada uma Unidade Celular de Manutenção (UCM), totalmente inde-

pendente, que propiciou novo alento na revisão das aeronaves operando em bases improvisadas.

Na Operação Xavante, começou a ser diagnosticada a necessidade de substitui- ção dos velhos aviões North American T-6, o que acarretou um estudo aprofun- dado, para a escolha de uma nova aerona- ve que atendesse às necessidades do tipo de missão.

OPERAÇÕES DE MENOR ENVERGADURA REALIZADAS PELAS ERA

 

Além das três grandes operações, que podem ser consideradas como as precur- soras das manobras reais que a FAB rea- lizou nos anos de 1976, 77 e 78, foram, ainda, realizadas operações de menor vulto, normalmente com o emprego de uma só ERA. O quadro a seguir destaca algumas dessas operações:

 

 

 

OPERAÇÃO ERA LOCAL PERÍODO
Catrapo I 10 e 20 Santa Cruz (RJ) maio/jun. 1965
Anchieta 41 e 42 Santos (SP) fev./mar. 1966
Ipameri 61 Ipameri (GO) mar. 1966
Catrapo II 41, 42 e

51

Santa Cruz (RJ) 31 maio/20 jun.

1966

Taguatinga 61 Estado de Goiás set. 1966
Manobra Regional 66 61 Fazenda Palmeiras (GO) maio 1967
Manobra Regional 61 61 Brasília (DF) maio 1967
Basiléia 41 Basiléia (GO) ago. 1967
Independência 61 Uruaçu (GO) set. 1967
Caldas Novas 61 Corumbaíba (GO) 1968

Fonte: Livro Histórico da ERA-41 – Cumbica (SP)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

T-6 FAB 1643 da ERA-31, na BASC, em 16.07.1966 (Foto: Mario R. V. Carneiro)

 

 

 

A HERÁLDICA DAS ERA

Cada ERA teve o seu emblema, que não possuía descrição heráldica e nem era aprovado, pois não existia ainda na FAB um setor responsável pelo tema, sendo de livre desenho e formato, com dimensões que não obedeciam qualquer padrão he- ráldico.

A ERA-32 foi a única que teve dois emblemas diferentes, a qual utilizou o seu primeiro emblema quando estava sedia- da na BAGL, possuindo inscrições que a vinculavam ao COMTA, a quem a BAGL era subordinada. Com a transferência de tal Esquadrilha, em 1968, para a EPCAR, foi adotado um novo emblema.

EMBLEMAS DAS ERA

 

ERA-21               ERA-31             ERA-41

ERA-51             ERA-61         ERA-32 (Galeão)

 

 

 

 

 

ERA-32 (Barbacena)                  ERA-42

 

AS CORES DAS AERONAVES DAS ERA

No início de suas operações, a pintu- ra dos aviões era com as cores do padrão de instrução, com asas e estabilizador horizontal em laranja e a fuselagem em alumínio, utilizada na Escola de Aeronáu- tica. Para diferenciar os aviões TF-6, as ERA começaram a camuflar os seus avi- ões com o padrão verde-oliva nas partes superiores e laterais e cinza nas partes in- feriores.

Outro esquema utilizado, antes da pa- dronização da pintura dessas unidades, foi em dois tons de verde e a cor cinza nas partes inferiores. O último esquema que padronizou a pintura foi o chamado “padrão Vietnã”, com dois tons de verde

e marrom na fuselagem, asas e estabiliza- dores e a cor cinza nas partes inferiores.

Cada ERA utilizava o seu emblema pintado na aeronave, normalmente no “nariz”, no lado esquerdo, porém, no caso da ERA-32 (quando no Galeão), esta pintou o seu emblema no meio da fuselagem traseira das aeronaves. As co- res das letras dos caracteres pintados nos aviões também variavam, de acordo com a época do padrão de pintura, sendo ama- relo ou branco no início e preto no final.

As ilustrações apresentam os padrões de pintura dos aviões das ERA. Cabe o realce de que esse foi o período mais rico de pinturas variadas que o North American T-6 teve na FAB.

 

 

 

 

T-6 ERA-21 – Natal -1969                                         T-6 ERA-31 – Santa Cruz – 1965

 

 

 

T-6 ERA-32 – 1º Padrão de Pintura – Galeão                    T-6 ERA-32 – 2º Padrão de Pintura – Galeão

 

 

T-6 ERA-32 – 3º Padrão de Pintura – Barbacena                        T-6 ERA-41 – 1º Padrão de Pintura

T-6 ERA-41 – 2º Padrão de Pintura                                T-6 ERA-42 – 1º Padrão de Pintura

 

T-6 ERA-42 – 2º Padrão de Pintura                                     T-6 ERA-51 – Canoas – 1965

T-6 ERA-61 – Brasília – 1966                                          T-6 ERA-61 – Brasília – 1968

 

 

 

A INFLUÊNCIA DAS OPERAÇÕES CATRAPO I E II

OPERAÇÃO CATRAPO I

 

Contando com a colaboração de uma Unidade Especial da USAF (United States

Participaram dessa Operação as ERA- 10 e ERA-20, com um total de doze avi- ões North American T-6. Posteriormen- te, os militares dessas ERA irradiaram os conhecimentos adquiridos para todos os integrantes das outras ERA, que foram criadas em julho do mesmo ano.

 

Air Force – Força Aérea dos Estados                                                   

 

Unidos), o 605th Air Command Squadron Compost, aconteceu de 3 de maio a 23 de junho de 1965 na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), Rio de Janeiro, a Operação Catrapo I, com o objetivo de proporcionar instrução de técnicas de guerra antiguerrilha aos pilotos da FAB.

O Exercício foi coordenado por um MTT (Mobile Training Team – Unidade de Treinamento Móvel), pertencente ao 605th da USAF. O MTT era uma equipe móvel que treinava unidades de emprego em Operações Aéreas Especiais, transmi- tindo a experiência já adquirida pela USAF nas operações de combate no Vietnã.

Em 6 de maio do mesmo ano, foi criado o Esquadrão Especial da FAB, comandado pelo Maj Av Cherubim Rosa Filho e composto pelas aeronaves brasileiras que participavam do evento. Esse Esquadrão Especial, posteriormente, serviu como modelo para a criação dos Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA) da FAB.

A grande valia da Operação CATRAPO I foi a transmissão de conhecidos relativos ao emprego em operações aéreas especiais diurnas e noturnas, o que deu novo alento às ERA, permitindo as qualificações, com proficiência, na operação noturna de ataque ao solo e voo de formatura.

OPERAÇÃO CATRAPO II

 

 

Realizada no período de 31 de maio a 20 de junho de 1966, na BASC, com a finalidade de ministrar instrução antiguerrilha, foi efetuada pela mesma 605th, que já havia ministrado a instrução da Operação Catrapo I em 1965.

Participaram do evento, com doze aviões North American T-6, as ERA-41, ERA-42 e ERA-51.

 

Militares da ERA-42 preparam um T-6 em missão fora de sede, em 1967 (Foto: BACG)

 

Na última semana da Operação, ocorreu na região de Resende (RJ), uma manobra em conjunto com Forças Terrestres, na qual as equipagens puseram em prática os ensinamentos adquiridos.

 

T-6 da ERA-41, na BASP, em 1969 (Foto: BASP)

 

 

O FIM DAS ERA E A SUA EVOLUÇÃO PARA ESQUADRÃO

 

Atendendo aos anseios operacionais da FAB na época, em 26 de dezembro de 1969, foi publicada a Portaria nº S-005/ GM3, que estabelece a desativação de to- das as ERA, em data a ser fixada oportuna- mente, bem como organiza, ativa e sedia, subordinados aos respectivos comandos das Bases Aéreas sedes, os seguintes ES- QUADRÕES DE RECONHECIMEN- TO E ATAQUE (ERA):

  • 1º ERA = Base Aérea de Canoas – Ca- noas (RS)
  • 2º ERA = Base Aérea de São Paulo – Guarulhos (SP)
  • 3º ERA = Base Aérea de Santa Cruz – Rio de Janeiro (RJ)

OS ESQUADRÕES DE RECONHECIMENTO E ATAQUE (ERA)

PRIMÓRDIOS

 

Seguindo a evolução normal de Es- quadrilhas para Esquadrões, já constante dos estudos do EMAER, em 10 de março de 1970, a Portaria nº 003/GM3 desativa as sete Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA), bem como organiza e ativa os Esquadrões de Reconhecimento e Ataque (ERA), que serão apoiados pe- las respectivas Bases Aéreas que sediarão essas unidades operacionais e terão o co- mando de Major Aviador.

O planejamento inicial era criar essas três Unidades para utilização em um pe- ríodo de transição, pois a compra e a en- trega de aeronaves tinham retardo, sendo a ideia definitiva a ativação de esquadrões mistos. Já no dia 13 de março de 1970, foi publicado o Decreto nº 66.314, que prevê a criação dos Esquadrões Mistos de Reco- nhecimento e Ataque, sendo a sua ativa- ção efetuada quando fosse possível. Cada Zona Aérea teria uma dessas unidades mistas, aproveitando a experiência das Es- quadrilhas de Reconhecimento e Ataque.

 

 

ORGANIZAÇÃO DOS ESQUADRÕES DE RECONHECIMENTO E ATAQUE

De acordo com a distribuição tática das Unidades Aéreas de combate da FAB no território nacional, foram estabelecidas as seguintes localidades para sediar os ERA:

 

ESQUADRÃO BASE AÉREA CIDADE ESTADO ZONA AÉREA
1º ERA Canoas (BACO) Canoas RS Quinta
2º ERA São Paulo (BASP) Guarulhos SP Quarta
3º ERA Santa Cruz (BASC) Rio de Janeiro RJ Terceira

Fonte: Estado-Maior da Aeronáutica

 

ESQUADRILHAS QUE FORMARAM CADA ESQUADRÃO

O documento que criou os ERA estabeleceu que o pessoal, o material aeronáutico e o acervo dessas Unidades seriam provenientes da junção das sete Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque, que foram desativadas, ficando assim constituídos:

 

ESQUADRÃO ESQUADRILHAS CONSTITUINTES CÓDIGO
1º ERA ERA-42 e ERA-51 Falcão
2º ERA ERA-32, ERA-41 e ERA-61 Fênix
3º ERA ERA-21 e ERA-31 Águia

Fonte: Estado-Maior da Aeronáutica

 

LINHA DE SUBORDINAÇÃO DOS ERA

 

Os novos Esquadrões ficaram subordi- nados operacionalmente ao Comandante da então Primeira Força Aerotática (I FAT), que estava sob a linha de subordinação do Comando Aerotático (COMAT), que, por sua vez, estava vinculado diretamente ao Comando-Geral do Ar (COMGAR), que era subordinado ao, então, Ministro da Ae- ronáutica.

Os comandantes das respectivas Bases Aéreas sedes, por sua vez, tinham a res- ponsabilidade pela gestão administrativa e disciplinar dessas Unidades Operacionais.

Cabe ressaltar que a missão dos ERA foi idêntica à das ERA.

 

O PESSOAL DOS ERA E A

UNIDADE DE INSTRUÇÃO OPERACIONAL

 

Em 1970, a FAB passou por diversas transformações, sendo uma delas a desa- tivação do 2º/5º GAv, sediado em Natal (RN), que era a Unidade responsável pela instrução em aeronaves bimotoras dos Aspirantes Aviadores, que eram recém- formados pela AFA e não haviam sido indicados ou não haviam optado para a realização do curso de piloto de caça.

Essa modificação teve implicação dire- ta nos recém-criados ERA, fato este que atribuía a essas novas Unidades a respon- sabilidade de formar os pilotos de com- bate, especializados em Operações Aére- as Especiais, utilizando aeronaves North American AT-6D/G, transformando-os, durante um ano de instrução, em alas operacionais da Aviação de Reconheci- mento e Ataque.

Tais mudanças acarretaram uma série de providências dos três ERA, dentre as quais a elaboração de um programa de instrução aérea e terrestre, a formação de oficiais instrutores, a criação de áreas de instrução de voo nas proximidades das sedes dos esquadrões, bem como a am- pliação das instalações e da infraestrutura locais.

É interessante frisar que tais pilotos ainda não haviam voado nos veneráveis aviões North American T-6, pois foram formados na AFA com a utilização dos jatos Cessna T-37C. Assim, tiveram que realizar o curso completo no novo avião, que consistia de duas partes distintas, a saber:

  • primeira – era ministrada a transição do piloto para a aeronave North American T-6, sendo constituída com as seguintes fases: pré-solo, manobras de precisão, aproximações, acrobacias, voo básico e avançado por instrumentos, navegação aérea e voo de formatura; e
  • segunda – tinha a incumbência de transformar o piloto básico em operacio- nal, onde era utilizado o avião como pla- taforma de armamentos, ou seja, como arma de combate. Incluía as seguintes fases: navegação tática rasante, bombar- deios picado, nivelado e rasante, tiro com metralhadoras e lançamento de

Todo o curso tinha a duração de um ano e o piloto voava cerca de 150 horas.

Essas modificações estruturais na FAB, a partir de 1970, fizeram com que também houvesse a indicação para a for- mação dos pilotos de helicópteros, com

 

o envio de Aspirantes para o Centro de

OPERAÇÃO COMENDO PÓ

 

Instrução de Helicópteros (CIH), sediado                                                          

 

no Guarujá (SP).

 

PRINCIPAIS OPERAÇÕES DOS ERA

 

Além da formação dos pilotos, os ERA, normalmente, realizavam operações em qualquer parte do território nacional, pois o ponto alto desses Esquadrões era a grande mobilidade. Dentre essas opera- ções e missões reais destacam-se:

OPERAÇÃO JACUPIRANGA

 

Realizada pelo 2º ERA na região de Registro (SP), entre os dias 20 de abril e 2 de junho de 1970. Essa operação consis- tiu em apoiar, pelo ar, as forças do Exér- cito Brasileiro que estavam combatendo um movimento de guerrilha naquela área remota do Sul do Estado de São Paulo. Foram empregados seis aviões North American AT-6D.

Executada com a participação dos três Esquadrões de Reconhecimento e Ata- que desenvolveu-se na região de Brasília (DF), entre os dias 10 de setembro e 16 de outubro de 1970. Consistiu no deslo- camento dos ERA para Brasília, em qua- tro diferentes turnos, para a realização de emprego operacional com os aviões AT-6 no Estande de Tiro “Gorilão”, localizado na cidade de Planaltina (GO).

Durante tal operação foram voadas 803 h 15 min e a maior ênfase do exer- cício foi dada ao treinamento de mobili- dade dos Esquadrões e à vida em acam- pamento das equipagens de combate dos ERA, sendo alcançados excelentes resul- tados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

T-6 FAB 1415 do 2º ERA, nos Afonsos, em 1971 (Foto: Arquivos do Autor)

 

 

OPERAÇÃO CARAJÁS

Foram empregados os 2º e 3º ERA, em enorme área que abrangia três Estados (Goiás, Pará e Maranhão). Dela também participaram forças do Exército Brasilei- ro e da Marinha do Brasil, além de mais treze outras Unidades Aéreas da FAB.

A Operação teve início em 19 de no-

um total de oito aviões T-6D, para a reali- zação de treinamento de emprego real no Estande de Tiro de São Jerônimo, onde foram efetuadas 360 missões de lança- mento de bombas e foguetes. O exercí- cio prolongou-se até o dia 22 de julho do mesmo ano e foram voadas 123 h 20 min, alcançando-se todos os objetivos propostos.

 

vembro e encerrou-se em 1º de dezembro                                                        

 

de 1970, consistindo no maior exercício desse tipo já realizado no Brasil até aquela data, sendo simulado um enfrentamento a uma situação de guerrilhas naquelas lo- calidades, tendo como foco central a ci- dade de Marabá (PA).

Os ERA voaram 414 h 05 min na ope- ração, sendo as tripulações dessas Unida- des elogiadas várias vezes pelos árbitros do evento. A Operação Carajás também ficou conhecida como “Operação MA- RABÁ-70”.

Operação Pinguim

Realizada na cidade de São Jerônimo (RS), constou do deslocamento do 2º ERA no dia 10 de julho de 1971, com

OPERAÇÃO PAPAGAIO

 

 

Executada nas cidades de Marabá e Xambioá, ambas localizadas no Estado do Pará, entre os dias 18 de setembro e 8 de outubro de 1972. Constou do em- prego real de aeronaves dos 1º e 2º ERA contra forças guerrilheiras lá estabeleci- das.

Também participaram dessa Ope- ração outras unidades da FAB e forças do Exército Brasileiro e da Marinha do Brasil. As aeronaves dos ERA realiza- ram missões reais de bombardeio, reco- nhecimento e ataque, contribuindo para a posterior derrocada do movimento guerrilheiro.

 

 

QUADRO DAS PRINCIPAIS OPERAÇÕES REALIZADAS PELOS ERA

 

OPERAÇÃO ERA LOCAL DATAS
Jacupiranga 2º ERA Registro (SP) 20.04 a 02.06.1970
Comendo Pó 1º, 2º e 3º ERA Brasília (DF) 10.09 a 16.10.1970
Carajás 2º e 3º ERA Marabá (PA) 19.11 a 01.12.1970
Pingüim 2º ERA São Jerônimo (RS) 10.07 a 22.07.1971
Papagaio 1º e 2º ERA Xambioá (PA) 18.09 a 08.10.1972

Fonte: Livro Histórico do 2º ERA

 

Estas foram algumas das mais impor- tantes operações dos Esquadrões de Re- conhecimento e Ataque, que, entre o final de 1972 e princípios de 1973, passaram a realizar outro tipo de missão, evoluindo para uma utilização mais completa, base- ada nos diversos anos de experiência ope- racional da Aviação de Operações Aéreas Especiais e de acordo com as necessida- des táticas de segurança interna do País, naquela época.

 

ESQUADRÃO SALAMANCA – O BRAÇO ARMADO DO 1º ERA

 

O “Esquadrão Salamanca” foi um seg- mento criado no 1º ERA que atuou como o braço operacional da Unidade, cujas ta- refas eram bivalentes, pois ministrava o curso de operações aéreas especiais para os Aspirantes, recém-formados pela AFA, que não haviam sido selecionados para a aviação de caça ou de helicópteros, bem como realizava missões operacionais, de acordo com as necessidades da FAB.

Seguindo as tradições da Real Força Aérea (RAF) e da Força Aérea Alemã (Luftwaffe) durante a 2ª Guerra Mundial, que utilizavam códigos de letras pintados em suas aeronaves, para identificá-las em combate, o então Primeiro-Tenente Avia- dor José Maria Ribeiro Mendes, Oficial de Material do Esquadrão, teve a ideia de diferenciar as duas missões do 1º ERA.

Os aviões utilizados para o voo com os Aspirantes conservavam a cor dos aviões de instrução, com a fuselagem em alumí- nio e as asas e profundores em laranja, porém os aparelhos operacionais eram camuflados em três tons, sendo dois em verde e um na cor terra, além das partes inferiores pintadas na cor cinza médio.

Esses aviões estavam armados com uma metralhadora .30 na asa direita e quatro suportes para bombas e foguetes, sendo dois sob cada asa. Somente os ins- trutores voavam os aviões camuflados, que tinham a capacidade de levar um tan- que de combustível adicional na estação central, sob a fuselagem, que também

 

 

T-6 da Esquadrilha de Espadas do Esquadrão Salamanca, do 1º ERA, em 1972 (Foto: Arq. do Autor)

 

podia receber uma bomba incendiária ou de emprego geral de maior capacidade (peso) nesse local.

O nome SALAMANCA veio da lenda gaúcha “A Salamanca do Jarau”, a qual conta a história de um sacristão gaúcho que liberou uma princesa moura, trans- formada em bruxa, e que teria vindo em uma urna de Salamanca, na Espanha, ten- do ido morar em uma caverna no Cerro do Jarau, Quaraí, no Rio Grande do Sul. Esta lenda foi publicada pela primeira vez em 1913 e inspirou o escritor gaúcho Érico Veríssimo a escrever partes de seu romance “O Tempo e o Vento”.

Com o objetivo de realçar os sacrifí- cios, a coragem, o desprendimento e o altruísmo dos pilotos do Esquadrão, além de a área sob a jurisdição do 1º ERA in- cluir o Cerro do Jarau, foi realizada uma adaptação da história, buscando enaltecer esses valores na terra das tradições, o Rio Grande do Sul, pois tudo tem a ver com o ditado: “Tradição é tudo aquilo do pas- sado que não morreu!”

Assim, o Ten Ribeiro Mendes estabe- leceu códigos para cada uma das quatro Esquadrilhas operacionais do 1º ERA, relacionadas com os naipes de baralho, a saber: Esquadrilha de Espadas = códi- go “E”, Esquadrilha de Copas = código “C”, Esquadrilha de Paus = código “P” e Esquadrilha de Ouros = código “O”. A configuração desses códigos identifi- cavam as Esquadrilhas, que recebiam as letras “SL”, de Salamanca, brancas em grandes dimensões, mais o código “E”, “C”, “P” ou “O” de cada Esquadrilha após a estrela da FAB. O avião recebia tal codificação nos dois lados da fuselagem,

sendo que do lado direito tal sistemática era invertida. O emblema do 1º ERA es- tava pintado no lado direito do “nariz” das aeronaves (ver desenhos).

Esq. de Espadas

 

Esq. de Copas

Esq. de Ouros

Esq. de Paus

 

Emblema do 1º ERA

 

Esq. de Espadas (vista do lado direito)

 

Durante os anos de 1970 e 1972, o Esquadrão Salamanca deu provas de efi- ciência e operacionalidade, atuando com determinação em todas as missões que lhe foram alocadas, bem como cultuando as belas tradições do folclore gaúcho.

Texto baseado em entrevista com o Cel Av Refm José Maria Ribeiro Mendes, seu criador.

 

DESATIVAÇÃO DA I FORÇA AEROTÁTICA

Atendendo à nova organização ope-

  1. Esses emblemas eram pintados no “nariz” dos aviões, normalmente, no lado esquerdo, sendo que o 1º ERA o utilizava no lado direito. Os pilotos do 2º ERA fo- ram os únicos que utilizaram o distintivo de Operações Aéreas Especiais.

 

racional adotada à época, a Portaria nº R014/GM3, de 11 de maio de 1972, de- sativou a I FAT. Em consequência, a su- bordinação dos ERA passou diretamente para o COMAT.

1º ERA – 1º Emblema 1970-1971

Emblema do 2º ERA 1970-1973

1º ERA – 2º Emblema 1972-1973

 

Emblema do 3º ERA 1970-1973

 

 

 

Emblema da

I Força Aerotática

1º Emblema do COMAT

 

 

 

A HERÁLDICA DOS ERA

Cada ERA teve o seu emblema, que não possuía descrição heráldica e nem era aprovado, sendo de livre elaboração e com dimensões e formas que não obe- deciam a qualquer padrão heráldico. So- mente o 1º ERA que teve dois emblemas diferentes, o qual utilizou o primeiro em- blema logo no início de suas operações, mudando-o para o padrão final a partir de

Distintivo de Operações Aéreas Especiais ERA

 

AS CORES DAS AERONAVES DOS ERA

A pintura dos aviões obedeceu, a prin- cípio, em todo o período de operação dos ERA, o chamado “padrão Vietnã” de ca- muflagem, com dois tons de verde e mar- rom na fuselagem, asas e estabilizadores e a cor cinza médio nas partes inferiores da aeronave.

 

Todavia, também foi mantido o padrão de instrução, com as asas e o estabilizador horizontal na cor laranja e as demais partes da aeronave em alumínio. Alguns ERA ainda mantiveram, no início de suas operações, as cores dos aparelhos recebidos das antigas ERA que ostentavam cores diferentes, como é o caso do 1º ERA que recebeu aparelhos com as cores antigas da ERA-42, em dois tons de verde. A cor das letras pintadas nos aviões era a preta. As ilustrações esclarecerão possíveis dúvidas quanto aos padrões de pintura dos aviões dos ERA.

 

 

T-6 do 1º ERA – Canoas – 1970                                    T-6 do 1º ERA – Canoas – 1972

 

 

 

 

T-6 do 2º ERA – Cumbica – 1973

 

 

 

 

T-6 do 2º ERA – Cumbica – 1972                                 T-6 do 3º ERA – Santa Cruz – 1972

 

A EVOLUÇÃO DOS ERA

De acordo com a nova filosofia de em- prego da FAB, adotada devido às neces- sidades prementes de defesa interna do País, decorrentes da experiência adquirida nos últimos empregos operacionais reais realizados contra focos de guerrilha em Registro (SP) e em Xambioá (PA), os Es- quadrões de Operações Aéreas Especiais foram totalmente reformulados e equi- pados com aeronaves mais modernas e atualizadas.

 

T-6 do 2º ERA, em operação na BASC, em 1972 (Foto: Mário R. Vaz Carneiro)

 

Essas novas Unidades deveriam ter condições de atuar em diversas modali- dades de emprego, inclusive com a ado- ção de helicóptero e aviões de Ligação e Observação, criando-se um verdadeiro Esquadrão Misto de Operações Aéreas Especiais, ou seja, efetivou o que já estava previsto no Decreto nº 66.314, de 13 de março de 1970.

Nesse contexto, o EMAER realizou estudos, entre os anos de 1970 e 1972, com o propósito de que fossem adquiri- das aeronaves para formar esse novo tipo de esquadrão, que seria denominado de Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (EMRA).

Os EMRA seriam equipados inicial- mente com aviões North American AT- 6D/G, para as missões de ataque, e os Cessna O-1 Bird Dog (perdigueiro), de- signados na FAB como L-19A/E, para as tarefas de Ligação e Observação. As aeronaves Cessnas L-19 seriam as já uti- lizadas pelas 1ª e 3ª ELO (Esquadrilhas de Ligação e Observação) e os novos he- licópteros Bell UH-1D/H Huey foram adquiridos da fábrica Bell.

Atendendo ao plano de reequipamen- to da FAB, até o ano de 1975, os aviões T-6 deveriam ser substituídos pelos jatos de fabricação nacional EMB 326GB Xa- vante AT-26 nas missões de Ataque. Já os monomotores NEIVA L-42 Regente ELO, de fabricação nacional, substitui- riam os L-19 nas operações de Ligação e Observação. No tocante aos helicópte- ros selecionados, seriam mantidos os Bell UH-1D/H, de versatilidade comprovada e já utilizados nas tarefas de Busca e Res- gate (SAR) pela FAB no 2º/10º GAv.

 

A EVOLUÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DOS ERA

 

Com vistas a atender ao planejado, a Portaria nº 019/GM3, de 19 de julho de 1972, estabelecia a união do 3º ERA à 1ª ELO, objetivando formar o Terceiro Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (3º EMRA), cuja sede seria na Base Aérea de Santa Cruz (RJ), como estava previsto no Decreto de criação nº 66.314, de 13 de março de 1970. A nova Unidade Mista foi equipada com aeronaves North American AT-6D/G, Neiva L-42 Regente ELO e helicópteros Bell OH-4 Jet Ranger e UH-1H Huey.

 

Esquadrilha de T-6 do 4º EMRA em voo de formação (Foto: Paulo F. Laux)

 

 

 

O 1º ERA, por sua vez, foi desativado pela Portaria nº 025/GM3, de 10 de novembro de 1972, e se juntou com a 3º ELO em 15 de janeiro de 1973, constituindo o 1º EMRA, com sede na Base Aérea de Belém (PA).

O 2º ERA foi desativado pela Porta- ria nº R-016/GM3, de 13 de setembro de 1973, e formou o 4º EMRA, ativado pela mesma Portaria, mantendo a sua sede na Base Aérea de São Paulo (BASP), em Guarulhos.

Como pode ser observado, esse curto período de atividades dos ERA foi repleto de grandes experiências no emprego da Aviação de Operações Aéreas Especiais, encerrando uma época pioneira e gloriosa

no seio da FAB, principalmente com o grande sucesso alcançado nas operações em que participaram durante os agitados anos do início da década de 1970.

 

OS ESQUADRÕES MISTOS DE

RECONHECIMENTO E ATAQUE (EMRA) PRIMÓRDIOS

A criação dos Esquadrões Mistos de

Reconhecimento e Ataque (EMRA) foi o resultado da experiência adquirida pe- las Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA), entre os anos de 1965 e 1970, no combate aos movimentos in- surrecionais que começaram a surgir no Brasil após a Revolução de 31 de março de 1964.

 

Tal experiência demonstrou que a FAB carecia de unidades operacionais e espe- cializadas para fazer frente a essa nova situação, com equipagens adestradas e os meios aéreos necessários e adequados para atuar nesse ambiente não convencio- nal com sucesso.

A reestruturação da FAB, iniciada em 1967 e estendida até meados dos anos 1970, previa que os Comandos Opera- cionais disporiam de Unidades Aéreas Mistas de Reconhecimento e Ataque, de acordo com o Decreto nº 66.314, de 13 de março de 1970.

Tal decisão foi fruto, também, da expe- riência adquirida com as duas Operações Catrapo, realizadas no fim dos anos 1960 na BASC e ministradas pela USAF, quan- do foi demonstrado que, para tal tipo de atividade operacional, uma unidade mista era bem mais eficaz do que operando so- mente com um tipo de aeronave.

Como a adequação da infraestrutura e a aquisição de novas aeronaves não ocor-

rem em curto prazo, a FAB optou pela ativação de alguns EMRA, que operariam em paralelo com os ERA (Esquadrões de Reconhecimento e Ataque) de outras localidades, os quais estavam equipados somente com os aviões North American AT-6D/G.

Assim, esses EMRA utilizariam os meios aéreos já existentes, como os versáteis mo- nomotores North American AT-6 e os avi- ões de Ligação e Observação Cessna L-19- A/E Bird Dog, além de alguns helicópteros Bell OH-4 Jet Ranger e Bell UH-1D Huey, que começaram a ser recebidos no início dos anos 1970.

Nesse cenário, a inauguração da Base Aérea de Santa Maria (BASM), ativada pela Portaria nº 54/GM3, de 22 de julho de 1971, foi um bom motivo para que um EMRA lá fosse ativado já em 1971, utilizando alguns aviões T-6 transferidos do 1º ERA, L-19 da 3ª ELO e helicópteros Bell OH-4 Jet Ranger, do Centro de Instrução de Helicópteros (CIH).

 

 

Cessna L-19E FAB 3153, em Belém (PA), em 31 jul. 1980 (Foto: Autor)

 

A FORMAÇÃO DOS PILOTOS DOS EMRA

 

 

 

 

Essa nova filosofia de emprego tam- bém modificou a sistemática de formação dos pilotos que integrariam esses novos Esquadrões. Os EMRA não formariam os seus pilotos, e sim a nova unidade especia- lizada criada em Natal (RN) com o nome de “Esquadrão Joker”, que fazia parte, como Primeiro Esquadrão de Instrução Aérea (1º EIA), do Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipa- gens (CATRE), ativado em 1º de janeiro de 1974 nas antigas instalações do Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM), que foi desativado na mesma data.

Com a evolução, o CATRE foi dota- do com um Grupo de Instrução Aérea (GIA), que possuía três esquadrões, as-

sim organizados: 1º Esquadrão de Ins- trução Aérea (1º EIA), denominado de “Esquadrão Joker”, que formava os pilo- tos de ataque, empregando os jatos EMB 326GB Xavante AT-26 (Base Leste); o 2º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA) “Esquadrão Potengi”, que formava os pilotos da reserva de 2ª Classe da FAB, empregando os monomotores a pistão Neiva T-25 Universal (Base Oeste); e o 3º Esquadrão de Instrução Aérea (3º EIA) “Esquadrão Seta”, ativado em 1975, que formava os pilotos de Caça, também nos jatos Xavantes (Base Leste).

O Curso de Piloto de Ataque tinha a duração de um ano e o piloto, ao con- cluí-lo, estava pronto para atuar como ala operacional nos EMRA na operação do Xavante, que substituiria o venerável T-6 nas tarefas de ataque a partir de 1975. Essa sistemática de formação perdurou de 1974 até 1980, quando os EMRA fo- ram desativados

 

AT-26 do 1º EIA (CATRE), sobrevoando a Praia de Ponta Negra

(Posição Jangal), em 1977 (Acervo: Maj Brig Scheer)

 

 

COMO SURGIU O NOME JOKER

Segundo o seu criador, o então Primeiro-Tenente Aviador Washington Amorim (Aspirante de janeiro de 1970), logo após a ativação do 1º EIA, os oficiais se reuniram para decidir qual seria o nome do novo Esquadrão, bem como quais seriam os códigos dos diversos órgãos do CATRE, para uso na fraseologia-rádio da Unidade, como a Torre de Controle, o Estande de Tiro de Maxaranguape, a Ambulância, etc..

“Ao ser aberta a discussão para o nome do Esquadrão, eu me pronunciei com a minha sugestão: JOKER, tendo em vista que esse nome vinha da minha infância em que via o senhor, que vivi em sua casa por algum tempo no Rio de Janeiro, jo- gando cartas, especificamente Buraco.”

Nas cartas que ele usava, o coringa tinha o seu desenho e o nome JOKER: “Sempre

o achei bonito” – disse o Ten Amorim.

Apenas um dos oficiais da reunião sugeriu outro nome, mas o Joker venceu em votação unânime de todos os pre- sentes na reunião e está em uso até os nossos dias.

Conforme relatado, o código JOKER nasceu, naquele momento, no 1º EIA, sem que houvesse qualquer influência ou analogia com código anteriormente utilizado por outra unidade aérea.

Foi, também, “batizado” o Estande de Tiro de Maxaranguape como “CAS- SINO”, bem como os alvos de Tiro Terrestre “BACARÁ”, de Bombardeio Nivelado “POKER, de Bombardeio Rasante/Bombardeio Picado/Emprego de Foguetes “ROLETA” e de Controla- dor do Estande “CRUPIÊ”, observando que todos os nomes foram relacionados a um cassino.

As quatro Esquadrilhas do 1º EIA se- riam Copas, Espadas, Ouros e Paus.

 

Estagiários da Aviação de Ataque desfilam no dia 7 de setembro de 1974,

em Natal, Rio Grande do Norte (Acervo: Maj Brig Scheer)

Instrutores do 1º EIA – Esquadrão JOKER – 1976 (Acervo: Maj Brig Scheer)

 

Os primeiros anos de instrução foram marcados como verdadeiros desafios para o Esquadrão JOKER. Novos ins- trutores, mesclados com experientes pi- lotos, implantando uma nova doutrina de emprego, um novo modo de fazer, uma nova Aviação de Ataque no Brasil, onde passava a existir uma escola capacitada a formar, de modo a entregar aos EMRA, tripulações prontas para empregar efeti- vamente o avião.

Pouco a pouco, o Curso de Formação de Piloto de Ataque foi melhor estruturado.

A partir de 1975, foram criados o Cur- so de Formação de Líder de Elemento e o Curso de Formação de Líder de Esqua- drilha. Eram cursos longos, nos quais a exigência era extremada. A formação se desenrolava praticamente durante todo um ano letivo, obedecendo a um rígido programa, com rigorosas avaliações por parte dos líderes mais experientes.

As mais recentes marcas operacionais de emprego da aeronave, que tiveram como testemunha ocular o Estande de Maxaranguape (CASSINO), eram cons- tantemente superadas, confirmando o acerto do caminho que havia sido percor- rido. Obteve-se 100 % (cem por cento) em Tiro Terrestre (TT) e médias, nesta modalidade, acima de 77 % (setenta e sete por cento).

A árdua tarefa foi muito facilitada pelo ambiente de respeito, camaradagem e de amizade que reinava no Esquadrão JOKER.

O conceito, muitas vezes alardeado, de uma grande família teve morada efetiva no seio daquele espaço físico. As profí- cuas reuniões, os detalhados aprontos, os

eficientes brifins, os cuidados no preen- chimento das fichas de voo e as análises prévias da situação do estagiário antes da próxima missão somaram-se à vontade de acertar e ao entusiasmo de consolidar o JOKER, tornando tudo extremamente prazeroso.

Assim, o 1º EIA entregava, no fim de cada Curso, jovens Pilotos de Ataque, alas operacionais, principalmente para os 3º, 4º EMRA e 5º EMRA, sediados na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), no Rio de Janeiro, na Base Aérea de São Paulo (BASP), em Cumbica e na Base Aérea de Santa Maria (BASM), respectivamente, tendo em vista que os mesmos utilizavam a aeronave AT-26 Xavante.

Os EMRA recebiam os novos alas e os transformavam em pilotos polivalen- tes, voando, operacionalmente, três tipos de aeronaves (Xavante, Regente ELO e helicóptero). Ao encarnarem o espírito vivenciado no dia-a-dia de suas Unidades, diziam eles: “Nem melhores, nem pio- res, nem diferentes… polivalentes!”

O Esquadrão JOKER foi, dentre as Unidades Aéreas que operavam o Xavan- te, a que mais voava, com quase o dobro das horas empenhadas em relação às de- mais. Deve ser enfatizado, ainda, que a sua operação, na maior gama de missões, desenrolava-se por meio de navegação a baixa altura, culminando com o ataque preciso a um objetivo na superfície, de- vido às características inerentes a esta Aviação.

Ainda a partir de 1975 e nos anos sub- sequentes, o Esquadrão ministrou instru- ção para oficiais paraguaios, equatorianos e togoleses.

 

AT-26 do 1º EIA (CATRE), com bombas incendiárias (Acervo: Maj Brig Scheer)

 

AT-26 do 1º EIA (CATRE), com bombas incendiárias

1º lançamento deste tipo no Esquadrão JOKER (Acervo: Maj Brig Scheer)

 

AT-26 do 1º EIA (CATRE), em lançamento de bombas incendiárias no “CASSINO”,

tendo o 1º Ten Scheer como o nº 4 da Esquadrilha (Acervo: Maj Brig Scheer)

“Bingo” (Acervo: Maj Brig Scheer)

 

DISTINTIVO OPERACIONAL DA AVIAÇÃO DE ATAQUE

 

1º Distintivo 1974              2º Distintivo 1975                  3º Distintivo 1976            4º Distintivo 1976-80

 

Os pilotos de helicópteros, por sua vez, eram formados na recém-criada ALA- 435, baseada no Guarujá (SP), que ministrava os cursos de pilotagem de aeronaves de asas rotativas no helicóptero Bell 47 (H-13), ficando a parte operacional a cargo de cada EMRA. Os pilotos de Ligação e Observação (ELO) também eram formados no próprio EMRA, nas aeronaves Cessna L-19 ou nos novos aparelhos Neiva L-42 Regente ELO.

Com exceção dos Mecânicos de Voo e dos especialistas em Armamento dos heli- cópteros, que faziam curso específico na ALA-435, no Guarujá (SP), os demais gra- duados das supracitadas especialidades eram formados na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) e faziam os cursos específicos nas próprias Unidades Aéreas.

Prosseguindo nesse planejamento, outros EMRA também começaram a ser ati- vados, como poderá ser observado no histórico individual de cada Unidade, cons- tante deste trabalho, completando um total de cinco esquadrões operacionais.

 

 

 

A MISSÃO DOS ESQUADRÕES MISTOS DE RECONHECIMENTO E ATAQUE

 

A missão desse novo tipo de unidade mista permaneceu com a mesma filoso- fia das Esquadrilhas e dos Esquadrões de Reconhecimento e Ataque.

 

A HERÁLDICA E AS CORES DAS AERONAVES DOS EMRA

 

Os desenhos e as ilustrações anexados a este trabalho esclarecerão os diversos

tipos de emblemas de todos os EMRA, bem como as evoluções durante a sua existência. Uma das curiosidades dessa época é que a maioria dos EMRA tam- bém utilizava logomarcas, além dos em- blemas normais, o que possibilitava uma melhor identificação das aeronaves de cada Esquadrão.

Tratando-se das cores dos aparelhos, a partir de 1978, foram mantidos esquemas padronizados de camuflagem, nos quais somente os detalhes dos emblemas e das logomarcas de cada Esquadrão eram os seus diferenciais.

 

HISTÓRICO DE CADA EMRA EM

ORDEM CRONOLÓGICA DE ATIVAÇÃO

 

 

A história do 5º EMRA começa, na re- alidade, com sua denominação como 4º EMRA, conforme elucidado no transcor- rer do trabalho.

Sediado na Base Aérea de Santa Maria (RS), o 4º EMRA foi ativado pela Portaria nº R-014/GM3, de 19 de julho de 1971, para atender à evolução da FAB no em- prego em Operações Aéreas Especiais, tendo sido este o primeiro Esquadrão desse tipo criado na Instituição.

Em 11 de agosto de 1971, a nova Uni- dade começou a receber as primeiras ae- ronaves Bell UH-1D Huey e OH-4 Jet Ranger, oriundas do CIH.

O 4º EMRA estruturava-se, então, com três esquadrilhas, sendo que a 1ª e a 3ª eram formadas com pessoal e mate- rial do 1º ERA, acrescida de tripulantes e alguns aviões da 3ª ELO, sediadas, ante- riormente, na BACO. A 2ª Esquadrilha, por sua vez, foi constituída com o pessoal e os helicópteros recebidos do CIH.

CONSTITUIÇÃO DO 4º EMRA

 

 

OH-4 Jet Ranger do 5º EMRA (Foto: Arquivo de José de Alvarenga)

 

Com pouco mais de 3.000 horas de voo e um ano de intensa atividade, o 4º EMRA, pela Portaria nº R-025/GM3, de 10 de novembro de 1972, teve a sua deno- minação alterada para 5º EMRA, seguindo a sistemática de que esse tipo de unidade seria numerado de acordo com a localiza- ção da sede, no caso, a 5ª Zona Aérea.

Como 5º EMRA, a Unidade viveu um período de importantes operações e muitas realizações, formando um grande número de equipagens operacionais e to- mando parte na maioria dos acontecimen- tos que envolveram a FAB naquela época, com destaque para as Manobras Reais de 1976, 1977 e 1978. Também realizou o apoio às missões presidenciais no Sul do país, empregando helicópteros, bem

 

 

MEIOS ORIGEM AERONAVES
Duas Esquadrilhas 1º ERA North American T-6D/G
Uma Esquadrilha CIH Bell OH-4 Jet Ranger e Bell UH-1D Huey
Fração de Esquadrilha 3ª ELO Cessna L-19A/E Bird Dog

Fonte: Livro Histórico do 5º EMRA

 

como as suas equipagens participaram dos Projetos Radar na Amazônia (RADAM) e

Dinamização da Cartografia (DINCART), ambos realizados naquela região.

Voo de Esquadrilha com Regente L-42, do 5º EMRA, nos anos 1970 (Foto: José de Alvarenga)

 

 

 

AERONAVES OPERADAS PELO 5º EMRA

 

 

AERONAVE DESIGNAÇÃO PERÍODO DE UTILIZAÇÃO
Cessna Bird Dog L-19A/E 1971 – 1973
Bell Jet Ranger OH-4 1971 – 1973
North American T-6D/G 1971 – 1975
Neiva Regente ELO L-42 1971 – 1980
Bell Huey UH-1D 1971 – 1979
EMB 326GB Xavante AT-26 1975 – 1976
Neiva Universal T-25A/C 1976 – 1980
Bell Huey UH-1H 1979 – 1980
EMB 810 Sêneca U-7 1980

Fonte: Livro Histórico do 5º EMRA

 

Tendo em vista que a FAB havia adqui- rido certa quantidade de helicópteros Bell UH-1D Huey, logo após ter sido comple- tada a dotação do 2º/10º GAv, tais apare- lhos, cuja turbina era de menor potência (Lycoming T53-L11B) que os novos UH- 1H, foram destinados ao 5º EMRA, para aproveitar a sua utilização na Região Sul do Brasil, a qual apresenta as temperatu- ras mais baixas do País, obtendo, assim, um melhor rendimento para os aparelhos Bell UH-1D.

Como os UH-1D começaram a rece- ber a nova turbina dos UH-1H (Lycoming T-53-L13B) em 1979, a Unidade começou a operar, também, com helicópteros Bell UH-1H a partir desse ano.

O 5º EMRA operou com os jatos Xa- vante AT-26 nos anos de 1975 e 1976, sendo a terceira Unidade desse tipo a ser dotada com essas aeronaves2 . Todavia, em decorrência de problemas logísticos e operacionais, os AT-26 do 5º EMRA foram destinados ao 4º EMRA em 1976, tendo sido substituídos pelos monomo- tores Neiva T-25 Universal.

 

T-25 do 5º EMRA com seu primeiro padrão de camuflagem, em 1977 (Foto: Autor)

Quase oito anos após a sua ativação e com mais de 47.000 horas voadas, o 5º EMRA, atendendo ao contido na Porta- ria nº R-239/GM/3, de 9 de setembro de 1980, teve a sua denominação alterada para Quinto Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º GAv), também sediado na Base Aérea de Santa Maria (BASM) e subordinado, diretamente, ao COMAT, passando a executar as seguintes Tarefas Operacionais: Transporte Aéreo, Liga- ção e Observação, Busca e Salvamento e Operações Aéreas Especiais. O “Reco- nhecimento e Ataque” deixou de existir no seio da Unidade.

 

A HERÁLDICA DO 5º EMRA

 

O 5º EMRA utilizou três padrões distintos de emblemas, que poderão ser observados nas ilustrações que acompa- nham este trabalho. O seu emblema que foi elaborado de acordo com a formalís- tica adotada pela FAB, no fim da déca- da de 1970, estabelecendo que todas as Unidades Operacionais deviam possuir o

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2 Os outros EMRA que operaram os AT-26 Xavante foram o 3º EMRA e o 4º EMRA.

 

escudo francês, foi o último que teve a sua aprovação estabelecida pela Portaria nº 002/COMGAR, de 31 de janeiro de 1980.

 

COMO NASCEU O EMBLEMA DO 5º EMRA

 

No início de suas atividades em 1971, como 4º EMRA, a Unidade não teve em- blema naquele tumultuado primeiro ano de existência, quando tudo era novo, inclusive a própria BASM. O 5º EMRA usava o distin- tivo redondo da Pantera, onde está escrito “Operações Aéreas Especiais”, ainda sem existir um emblema oficial do Esquadrão que o personalizasse.

Em 1972, quando a Unidade mudou a sua denominação para 5º EMRA, veio logo a necessidade de que ela tivesse um emblema e, segundo o Suboficial QAR José de Alvarenga, desenhista do Esqua- drão, cuja ideia foi colocar o número “5” no centro do distintivo e a sigla EMRA na parte superior do emblema. Após a aprovação do comandante do Esquadrão, tal emblema foi considerado oficializado, a partir de então, para a Unidade.

O 5º EMRA ganhou um emblema, mas perdeu o distintivo de Operações Aéreas Especiais, fato que originou o desenho do novo distintivo, que é um brevê, também desenhado pelo Suboficial retromencio- nado, contendo a face de uma pantera preta ao centro, o qual é usado até hoje pelo atual 5º/8º GAv.

Fonte: Depoimento do SO QAR José de Alvarenga

Dist. Op. Aé. 1971

 

1º Embl. do 5º EMRA 1972-1980

 

2º Embl. do 5º EMRA 1980

 

 

Dist. Op. Aé. Especiais 1972-1980

 

Logomarca do 5º EMRA 1972 – 1980

 

AS CORES DAS AERONAVES DO 5º EMRA

 

North American T-6D/G (1971 – 1975)                          Cessna L-19A/E Bird Dog (1971 – 1973)

 

 

 

 

Neiva L-42 Regente ELO (1971 – 1980) Primeiro padrão de Pintura (1971 – 1978)

Bell OH-4 Jet Ranger (1971 – 1973)

 

 

 

 

 

 

EMB 326GB AT-26 Xavante (1975 – 1976)                         Neiva T-25 Universal (1976 – 1980)

Primeiro padrão de Pintura (1976 – 1978)

 

 

 

Neiva T-25 Universal (1976 – 1980) Segundo Padrão de Pintura (1978 – 1980)

Neiva L-42 Regente ELO (1971 – 1980) Segundo Padrão de Pintura (1978 – 1980)

 

 

 

Bell UH-1D Huey (1971 – 1979)                                      Bell UH-1H Huey (1979 – 1980)

EMB 810 Sêneca II U-7 (1980)

 

 

 

Constante do previsto no Decreto nº 66.314, de 13 de março de 1970, com sede na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), no Rio de Janeiro, o 3º EMRA foi ativado pela Por- taria nº R-019/GM3, de 19 de julho de 1972. Essa nova Unidade foi formada com o pessoal e o material do 3º ERA e uma pequena fração dos meios da 1ª ELO, a saber:

Portaria nº R019/GM3, de 19 de julho de 1972.

Desativa e Ativa Unidades Aéreas.

Art. 1. – Desativar o 3º ERA, sediado na BASC.

Art. 2. – Desativar a 1ª ELO, baseada no Campo dos Afonsos.

Art. 3. – Ativar o 3º EMRA na BASC, com pessoal e acervo do 3º ERA e da 1ª ELO. Art. 6. – A dotação de aeronaves do 3º EMRA será, inicialmente:

05 T-6G, 21 T-6D, 15 L-42, 06 L-19, 02 Bell OH-4 e 06 Bell UH-1H.

 

 

 

CONSTITUIÇÃO DO 3º EMRA

 

 

MEIOS ORIGEM AERONAVES
Três Esquadrilhas 3º ERA North American T-6D/G
Fração de Esquadrilha 1ª ELO Cessna L-19A/E Bird Dog

Fonte: Livro Histórico do 3º EMRA

 

 

Os meios aéreos alocados estavam constituídos com os T-6D/G, já exis- tentes no 3º ERA, aviões Neiva Regente ELO L-42, recebidos diretamente da fá- brica, e alguns aviões Cessna L-19A/E, da dotação da 1ª ELO, que, em 1973, fo- ram transferidos para o 1º EMRA.

Já os helicópteros Bell OH-4 Jet Ran- ger operaram somente até 1973, pois o helicóptero Bell UH-1H Huey foi esco- lhidos como o helicóptero padrão dos EMRA3. Por outro lado, os veneráveis North American T-6 foram substituídos pelos jatos EMB 326GB Xavante AT-26 em 1975.

 

 

 

 

3 Com exceção do 5º EMRA, que foi equipado com os Bell UH-1D.

 

AERONAVES OPERADAS PELO 3º EMRA

 

 

AERONAVE DESIGNAÇÃO PERÍODO DE UTILIZAÇÃO
Cessna Bird Dog L-19A/E 1972 – 1973
Bell Jet Ranger OH-4 1972 – 1973
North American T-6D/G 1972 – 1975
Neiva Regente ELO L-42 1972 – 1980
Bell Huey UH-1H 1972 – 1980
EMB 326GB Xavante AT-26 1975 – 1979
EMB 810 Sêneca U-7 1980

Fonte: Livro Histórico do 3º EMRA

 

 

O 3º EMRA obteve enorme sucesso em participações nas Manobras Reais da FAB de 1976, 1977 e 1978, com o empre- go dos AT-26 Xavante e dos helicópteros UH-1H. Também participou, juntamente com o 4º EMRA, em Anápolis (GO), da Operação CINDACTA, que tinha o ob-

jetivo de formar os novos Controladores- radar do Centro de Operações Militares (COPM), os quais atuariam nas intercep- tações com os supersônicos Mirage III da então Primeira Ala de Defesa Aérea (1ª ALADA).

 

 

 

 

 

Outra atribuição que esteve sob o en- cargo do Esquadrão foi a de colaborar com o Exército Brasileiro para a forma- ção dos seus observadores aéreos, coo- perando com a Escola de Instrução Es- pecializada. Também apoiou a instrução dos Cadetes da Academia Militar de Agu- lhas Negras (AMAN), com o emprego dos helicópteros Bell UH-1H em missões de treinamento de infiltração, exfiltração e embarque e desembarque de tropas.

O 3º EMRA foi um dos poucos Es- quadrões da FAB que estava plenamen- te adestrado para a realização de ataque noturno, empregando os seus três tipos de aeronaves simultaneamente. Para tal, era realizada a iluminação dos alvos pelo Controlador Aéreo Avançado (CAA), de um avião L-42, tripulado por militar do Esquadrão e um observador do Exérci- to, que comandava do ar a iluminação do alvo, a qual era realizada por uma peça do “Morteiro 81”, que havia sido transporta- da por um helicóptero da Unidade. Du- rante vários anos o 3º EMRA foi a Uni- dade da FAB que mais utilizou munição real em suas missões.

 

 

UH-1H 8669, do 3º EMRA, em 19.05.1978

(Foto: Autor)

Aproveitando a realização da IV Reu- nião da Aviação de Ataque, em Belém (PA), de 15 a 21 de julho de 1978, após o evento, o 3º EMRA realizou a Operação Boa Vista, prosseguindo o seu desloca- mento até o então Território de Roraima. Foi deslocada a sua esquadrilha de AT-26 Xavante, que fez escala em Manaus (AM) e operou vários dias desse que é o mais longínquo e meridional aeródromo do Brasil, com pleno sucesso.

Outra missão interessante que este- ve a cargo do 3º EMRA foi a de minis- trar a instrução básica de voo em AT-26 Xavante para os oficiais da Força Aérea Paraguaia, em 1979, tendo em vista que aquele país adquiriu dez aviões desse tipo para equipar o seu “Grupo Aerotáctico”, sediado na cidade de “Asunción”.

No primeiro semestre de 1979, as au- toridades da FAB determinaram que o 3º EMRA não mais operaria os jatos AT-26 Xavante, destinando-os ao recém-criado Terceiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (3º/10º GAv) e ao Primeiro Esquadrão do Quarto Grupo de Aviação (1º/4º GAv).

Em 9 de setembro de 1980, pela Por- taria nº R-239/GM3, o 3º EMRA teve a sua denominação alterada para Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (3º/8º GAv), subordinada, diretamente, à Quinta Força Aérea de Transporte Aéreo (V FATA), passando a executar as seguin- tes Tarefas Operacionais: Transporte Aé- reo, Busca e Salvamento e Operações Aé- reas Especiais. O “Reconhecimento e Ataque”, não mais constava na sua mis- são. Assim, os seus helicópteros foram

 

destinados ao recém-criado 3º/8º GAv, sediado na Base Aérea dos Afonsos (BAAF), e os seus L-42 Regente ELO para o também recém-ativado Primeiro Esquadrão do Dé- cimo Terceiro Grupo de Aviação (1º/13º GAv), que teria a responsabilidade de ocupar as instalações no Hangar dos Zepellins, localizado na BASC.

Efetivo de oficiais do 3º EMRA e seus três tipos de aeronaves, em 1979 (Foto: 3º EMRA)

 

A HERÁLDICA DO 3º EMRA

 

 

 

 

1º Embl. do 3º EMRA 1972 – 1974

2º Embl. do 3º EMRA 1974 – 1980

Logomarca do 3º EMRA 1978 – 1980

 

AS CORES DAS AERONAVES DO 3º EMRA

 

Cessna L-19A/E Bird Dog (1972 – 1973)                            Bell OH-4 Jet Ranger (1972 – 1973)

 

 

 

North American AT-6D/G (1972 – 1975)

 

 

 

 

 

North American AT-6D – Vista Inferior                            North American AT-6D – Vista Superior

 

 

 

Neiva L-42 Regente ELO (1972 – 1980) Primeiro Padrão de Pintura – até 1978

Bell UH-1H Huey (1972 – 1980)

Primeiro Padrão de Pintura – até 1978

Neiva L-42 Regente ELO (1972 – 1980) Segundo Padrão de Pintura – 1978 – 1980

Bell UH-1H Huey (1972 – 1980)

Segundo Padrão de Pintura – (1978 – 1980)

 

 

EMB 326GB Xavante AT-26 (1975 – 1979)

 

 

 

 

Previsto pelo Decreto nº 66.314, de 13 de março de 1970, e sediado na Base Aérea de Belém (BABE), no Pará, o 1º EMRA foi ativado pela Portaria nº R-025/GM3, de 10 de novembro de 1972.

A Unidade foi constituída com o pes- soal e o material aéreo do 1º ERA e da 3ª ELO, ambos sediados na Base Aérea de Canoas, RS. Tendo em vista a necessidade de concentração de aeronaves do mesmo tipo em certas regiões e para aproveitar as excelentes características dos aviões Ces- sna L-19A/E Bird Dog para operarem nas inóspitas e mal preparadas pistas da região Amazônica, esse tipo de avião foi concentrado no 1º EMRA.

Portaria nº R-025/GM3, de 10 de no- vembro de 1972.

Criação do 1º EMRA:

Desativação e Ativação de Unidades:

Art. 1. – Desativar o 1º ERA, sediado em Canoas em 15/01/1973.

Art. 2. – Desativar a 3ª ELO, sediada em Canoas em 15/01/1973.

Art. 3. – Ativar o 1º EMRA, com sede na Base Aérea de Belém, PA, devendo estar pronto em 15/02/1973.

Art. 6. – Dotação inicial de aeronaves para o 1º EMRA:

06 T-6D (armados), 04 T-6D (desarma- dos), 04 T-6G (desarmados), 08 L-19 e 04 UH-1H.

Apesar de não constar na Portaria de criação, o Esquadrão também recebeu al- gumas aeronaves L-19 da 1ª ELO.

 

CONSTITUIÇÃO DO 1º EMRA

 

MEIOS ORIGEM AERONAVES
Uma Esquadrilha 1º ERA North American T-6D/G
Fração de Esquadrilha 1ª ELO Cessna L-19A/E
Fração de Esquadrilha 3ª ELO Cessna L-19A/E

Fonte: Livro Histórico do 1º EMRA

 

O recebimento de helicópteros Bell UH-1H ocorreu em 1973, com os novos aparelhos sendo trasladados em voo dos Estados Unidos, diretamente para a Uni- dade. Já os aviões Neiva T-25 Universal foram recebidos em 1975, com a incum- bência de substituir os veneráveis North American T-6D/G.

Durante a sua existência, o 1º EMRA participou de inúmeras operações e mis- sões especiais, como o Projeto RADAM, ocasião em que foi criada a 4ª Esquadri- lha, com um efetivo de 26 homens para operar exclusivamente quatro helicópte- ros UH-1H. A operação teve início em 30 de janeiro de 1975, em Surucucu (RR), e foi encerrada em 20 de outubro de 1976, em Abonari (AM).

 

T-25 do 1º EMRA, em 1975 (Foto: Autor)

 

 

Nesse período, foram voadas 4.136 h e 30 min, realizadas 1846 visitas técnicas, tendo operado de 22 localidades-base e efetuada a abertura de 699 clareiras.

O Esquadrão Falcão também partici- pou do Projeto DINCART, que foi rea- lizado com o profissionalismo e a opera- cionalidade característicos da Unidade. A demarcação de fronteiras no Oeste e no Norte do país também foi apoiada pelas aeronaves do Esquadrão Falcão.

Atendendo à nova evolução organiza- cional das unidades operacionais da FAB, estabelecida no início dos anos 1980, o 1º EMRA, pela Portaria nº R-239/GM3, de 9 de setembro de 1980, teve a sua deno- minação alterada para Primeiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (1º/8º GAv), subordinada, diretamente, ao COMAT, pas- sando a executar as seguintes Tarefas Ope- racionais: Transporte Aéreo, Ligação e Ob- servação, Busca e Salvamento e Operações Aéreas Especiais. O “Reconhecimento e Ataque” não mais faria parte da Unidade.

 

 

AERONAVES OPERADAS PELO 1º EMRA

 

 

AERONAVE DESIGNAÇÃO PERÍODO DE UTILIZAÇÃO
North American T-6D/G 1973 – 1975
Cessna Bird Dog L-19A/E 1973 – 1980
Bell Huey UH-1H 1973 – 1980
Neiva Universal T-25A/C 1975 – 1980
EMB810 Sêneca U-7/A 1980

Fonte: Livro Histórico do 1º EMRA

 

A HERÁLDICA DO 1º EMRA

 

 

 

1º Emblema do 1º EMRA 1973 – 1976

2º Emblema do 1º EMRA 1976 – 1979

3º Emblema do 1º EMRA 1979 – 1980

 

 

AS CORES DAS AERONAVES DO 1º EMRA

North American T-6D/G (1973 – 1975)                           North American T-6D/G (1973 – 1975)

 

Cessna L-19A/E Bird Dog (1973 -1980) Padrão com o primeiro emblema (1973)

 

Bell UH-1H Huey (1973 – 1980)

Primeiro padrão de camuflagem (1973)

Cessna L-19A/E Bird Dog (1973 -1980) Padrão com o terceiro emblema (1980)

Bell UH-1H Huey (1973 – 1980)

Padrão de pintura adotado a partir de 1979

 

 

 

Neiva T-25 Universal (1976 – 1980)                                  EMB 810 Sêneca II U-7 (1980)

 

 

 

 

Tendo como sede a Base Aérea de Reci- fe (BARF), em Pernambuco, o 2º EMRA foi previsto pelo Decreto nº 66.314, de 13 de março de 1970, e ativado pela Portaria nº R-002/GM3, de 17 de abril de 1973, a partir de 15 de julho de 1973.

O Esquadrão Poti foi constituído com o pessoal e o material do Primeiro Esqua- drão do Quinto Grupo de Aviação (1º/5º GAv), que foi desativado em 15 de julho de 1973, sendo as suas aeronaves Dou- glas B-26 Invader transferidas para o Pri- meiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (1º/10º GAv), sediado em Gua- rulhos (SP), como pode ser observado na transcrição ao lado:

Portaria R002/GM3, de 17/4/1973

Ativação e desativação de Unidades:

Art. 1. – Desativar, em 15/7/1973, o 1º/5º GpAv, com sede na BARF.

Art. 2. – Ativar em 15/7/1973, o 2º EMRA, com sede na BARF.

Art. 3. – Determinar a transferência para o 1º/10º GAv, das aeronaves Dou- glas B-26, do 1º/5º GpAv, com todo su- primento e material.

Art.4. – Transferir para o 2º EMRA as instalações e pessoal do 1º/5º GpAv.

Art.5. – Dotar o 2º EMRA com as se- guintes aeronaves:

10 T-6D, 02 T-6G, 06 L-42 e 04 OH-4.

 

 

CONSTITUIÇÃO DO 2º EMRA

 

MEIOS ORIGEM AERONAVES
Três Esquadrilhas 1º/5º GAV Dos estoques da FAB

Fonte: Livro Histórico do 2º EMRA

 

O 2º EMRA recebeu aeronaves North American T-6D/G, Neiva Regente ELO L-42 e os helicópteros Bell OH-4 Jet Ranger, remanejados de outras unidades da FAB e do então Parque de Aeronáutica dos Afonsos (PAMA AF). No decorrer de sua exis- tência, a Unidade também foi equipada com os monomotores Neiva Universal T-25 e os helicópteros Bell UH-1H. No final de 1974, os Bell OH-4 foram destinados para outras Unidades.

AERONAVES OPERADAS PELO 2º EMRA

 

AERONAVE DESIGNAÇÃO PERÍODO DE UTILIZAÇÃO
Bell Jet Ranger OH-4 1973 – 1974
North American T-6D/G 1973 – 1975
Neiva Regente ELO L-42 1973 – 1980
Bell Huey UH-1H 1974 – 1980
Neiva Universal T-25A/C 1976 – 1980
EMB 810 Sêneca U-7 1980

Fonte: Livro Histórico do 2º EMRA

 

Durante a sua existência, o 2º EMRA participou de inúmeras operações da FAB na Região Nordeste do Brasil, com desta- que para o apoio a desabrigados pela seca, bem como no combate à erradicação das plantações de maconha no chamado “Po- lígono da Maconha”, localizado no Esta- do de Pernambuco, em colaboração com a Polícia Federal.

A Unidade também participou com destaque nas Manobras Reais da FAB realizadas nos anos de 1977 e 1978, empregando os seus aviões T-25 e os helicópteros Bell UH-1H. Por outro lado, o 2º EMRA também cedeu tri- pulações de helicópteros para a reali- zação do Projeto RADAM e o Projeto DINCART.

Atendendo à nova estruturação da FAB para os EMRA, a Unidade passou a denominar-se Segundo Esquadrão do Oi- tavo Grupo de Aviação (2º/8º GAv), pela Portaria nº R-239/GM3, de 9 de setem- bro de 1980, subordinada, diretamente, ao COMAT, passando a executar as se- guintes Tarefas Operacionais: Transporte

Aéreo, Ligação e Observação, Busca e Sal- vamento e Operações Aéreas Especiais. Não mais havia o “Reconhecimento e Ataque” na sua essência.

L-42 FAB 3227 do 2º EMRA,

em Bom Jesus da Lapa (BA), em out. 1976 (Foto: José Nogueira)

 

A HERÁLDICA DO 2º EMRA

 

Emblema do 2º EMRA 1973 – 1980

 

 

 

 

 

T-25 do 2º EMRA na sua sede, em Recife, em 22.07.1978 (Foto: Autor)

Logomarca do 2º EMRA 1974 – 1980

 

AS CORES DAS AERONAVES DO 2º EMRA

 

North American T-6D/G (1973 – 1975)                             Bell OH-4 Jet Ranger (1973 – 1974)

 

 

 

 

Neiva L-42 Regente ELO (1973 – 1980) Primeiro Padrão de Pintura (1973 – 1978)

Neiva L-42 Regente ELO (1973 – 1980) Segundo Padrão de Pintura (1978 – 1980)

 

 

 

 

 

 

Bell UH-1H Huey (1974 – 1980)

Primeiro Padrão de Pintura (1974 – 1978)

Bell UH-1H Huey (1974 – 1980)

Segundo Padrão de Pintura (1978 – 1980)

 

 

 

 

 

Neiva T-25 Universal (1976 – 1980) Primeiro Padrão de Pintura (1976 – 1978)

Neiva T-25 Universal (1976 – 1980) Segundo Padrão de Pintura (1978 – 1980)

 

 

 

EMB 810 Sêneca II U-7 (1980)

 

 

 

O 4º EMRA foi previsto pelo Decreto nº 66.314, de 13 de março de 1970, com a sua sede estabelecida na Base Aérea de São Paulo (BASP), localizada em Gua- rulhos (SP). A sua ativação ocorreu pela Portaria nº R-016/GM3, de 13 de setem- bro de 1973, e a nova Unidade foi cons- tituída com o pessoal e o material do 2º ERA, que foi a última dessas Unidades a ser desativada no âmbito da FAB, de acordo com os seguintes dados:

Portaria nº R016/GM3, de 13 de se- tembro de 1973.

Desativa e Ativa Unidades Aéreas;

Art.1. – Desativar o 2º ERA, com sede na BASP.

Art.2. – Ativar o 4º EMRA, na BASP.

Art.4. – A dotação de aeronaves para o 4º EMRA, será a mesma do 2º ERA.

CONSTITUIÇÃO DO 4º EMRA

 

MEIOS ORIGEM AERONAVES
Três Esquadrilhas 2º ERA North American T-6D/G

Fonte: Livro Histórico do 4º EMRA

 

Além dos aviões North American T-6- D/G do 2º ERA, a Unidade também recebeu três aviões Neiva Regente ELO L-42, que foram trasladados diretamente da fábrica, com as matrículas FAB 3213, 3230 e 3231, e quatro helicópteros Bell UH-1H Huey, sendo três recém-adqui- ridos dos Estados Unidos (FAB 8663, 8664 e 8671) e um recebido do acervo do 3º EMRA (FAB 8652). Em 2 de maio de 1975, o 4º EMRA recebeu os jatos EMB 326GB Xavante AT-26 (FAB 4479 e

4485), para substituir os T-6, dando novo alento à operacionalidade do Esquadrão.

 

 

 

 

 

L-42 FAB 3237 do 4º EMRA, em Cumbica, em 13.09.1978 (Foto: Autor)

AT-26 FAB 4554 do 4º EMRA, em Cumbica, em 26.07.1978 (Foto: Autor)

 

AERONAVES OPERADAS PELO 4º EMRA

 

AERONAVE DESIGNAÇÃO PERÍODO DE UTILIZAÇÃO
North American T-6D/G 1973 – 1975
Neiva Regente ELO L-42 1974 – 1980
Bell Huey UH-1H 1974 – 1980
EMB 326GB Xavante AT-26 1975 – 1979

Fonte: Livro Histórico do 4º EMRA

 

 

Durante a sua existência, o 4º EMRA participou das três grandes manobras re- ais realizadas pela FAB nos anos de 1976, 1977 e 1978, empregando, com eficiência, os seus jatos AT-26 Xavante.

Em 4 de novembro de 1975, o 4º EMRA iniciou a sua participação na for- mação dos Controladores-radar para a FAB, participando em Anápolis (GO), juntamente com o 3º EMRA, da Opera- ção CINDACTA, que tinha o objetivo de formar os novos Controladores de De- fesa Aérea do COPM, os quais atuariam nas interceptações com os supersônicos Mirage III da então 1ª ALADA.

A Operação durou até 3 de abril de 1976 e o 4º EMRA voou 841 h 05 min de AT-26, 188 h 30 min de L-42 e 156 h 25 min de UH-1H, tendo sido executadas 2.670 interceptações. Tal missão contri- buiu sobremaneira para a economia de meios para a FAB, pois a hora de voo do Xavante é bem mais econômica do que a do Mirage.

A Unidade teve grande destaque na participação de dois dos mais importan- tes projetos que foram executados nos anos 1970 e 1980, no âmbito do Governo Federal, que serão destacados a seguir:

OS PROJETOS RADAM E

RADAM-BRASIL

 

O Projeto RADAM, foi concebido pela Federação e organizado pelo Minis- tério das Minas e Energia (MME), por intermédio do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e com re- cursos do Plano de Integração Nacional (PIN), na pesquisa de recursos naturais na Região Amazônica.

Em outubro de 1970, foi criada a co- missão do Projeto RADAM, objetivando efetuar a cobertura da Região Amazônica por imagens aéreas de radar, empregan- do o radar de visada lateral (SLAR – side- looking airborne radar – radar aerotrans- portado de visada lateral), captadas por avião. Tal radar permite colher imagens da superfície, durante o dia ou à noite e sob a densa cobertura de nuvens e flo- restas.

Foi utilizada uma aeronave Caravelle VI R (PT-DUW nº de série 86) pela em- presa LASA – Engenharia e Prospecções Ltda., que era uma subsidiária da Empre- sa Cruzeiro do Sul, nessa missão, de 31 de maio de 1971 a maio de 1973.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com base na interpretação dessas ima- gens, foi realizado um amplo estudo inte- grado do meio físico e biótico das regiões abrangidas pelo projeto, que inclui textos analíticos e mapas temáticos sobre geo- logia, geomorfologia, pedologia, vegeta- ção, uso potencial da terra e capacidade de uso dos recursos naturais renováveis, que, até hoje, é utilizado como referência nas propostas de zoneamento ecológico da Amazônia Brasileira.

Em outubro de 1970, foi assinado con- trato entre o MME e entidades civis es- pecializadas em aerolevantamentos, para realizar o imageamento radar da Região Amazônica. Já em junho de 1971, foram iniciados os voos para obter as imagens. Assim, a aeronave Caravelle fez todo o levantamento da área e empresas de táxis aéreos iniciaram as missões específicas, denominadas de visitas técnicas de pontos pré-selecionados para a coleta dos mate- riais que eram levados para as sub-bases e depois transportados para Goiânia (GO), onde eram analisados e catalogados.

De 1971 a 1974 foram voadas 5.500 horas pelas aeronaves civis, que incluíam helicópteros, de vários tipos, e aeronaves bimotoras de apoio. Todavia, com as aero- naves civis, cerca de 55 % (cinquenta e cin- co por cento) das áreas previstas não fo- ram levantadas, por serem extremamente perigosas e os operadores civis não terem condições e nem treinamento para realizar todas as visitas técnicas, daí a ocorrência de inúmeros acidentes graves na operação.

Nesse cenário, a solução encontrada pelo MME foi convidar a FAB para pros- seguir com a missão a partir de 1975. No fim de 1974, foi firmado o convênio en- tre a FAB e o MME, sendo que os opera- dores civis saíram do Projeto.

O encargo dos levantamentos da Ama- zônia foi atribuído ao 1º EMRA, que, como já comentado, ativou uma 4ª Esquadrilha, com 26 militares e 4 helicópteros UH-1H. As missões tiveram início em 30 de janeiro de 1975 em Surucucu (RR) e prolongou-se até 20 de outubro de 1976, ocasião em que foram apresentados os números da partici-

 

pação da FAB no Projeto RADAM. Nes- se período, foram voadas 4.136 h 30 min, tendo sido efetuadas 1.846 visitas técnicas, abertas 699 clareiras e a Unidade operou de 22 bases diferentes. Todas as missões previstas e solicitadas para visitas técnicas foram realizadas.

Em julho de 1975, o MME entendeu que o projeto RADAM era muito impor- tante para o país e o estendeu para todo o território nacional, passando a denomi- nar-se Projeto RADAM-BRASIL. A FAB foi novamente acionada para atuar nas regiões onde não havia acesso por terra e novo contrato foi realizado.

O referido acordo estabelecia que o MME entregasse à FAB quatro helicóp- teros Bell UH-1H novos para a realização das missões nas inóspitas regiões do Bra- sil, aonde só este aparelho chegava. Após a conclusão do projeto, essas aeronaves seriam transferidas para o acervo da FAB.

Foi determinado pela FAB que o 4º EMRA seria a unidade responsável pela realização do Projeto RADAM-BRASIL.

As primeiras missões ocorreram em 1976 e estenderam-se até o ano de 1980. No transcorrer das missões, também parti- ciparam tripulações dos outros EMRA, para que fosse nivelado o conhecimen- to da nova tarefa, além do usufruto dos conhecimentos e da navegação em áreas remotas do País.

Durante os cinco anos de participa- ção do 4º EMRA nesse Projeto, foram realizadas cerca de 9.500 horas de voo, fato que contribuiu sobremaneira para o adestramento de suas tripulações e para o desenvolvimento do País. Após a desati- vação dos EMRA, o Projeto continuou, sendo executado pelo 1º/8º GAv e pro- longou-se até 1985.

Os dados coletados pelos projetos RADAM e RADAM-BRASIL foram

organizados e disponibilizados em 550 mosaicos de radar na escala 1:250.000, possuindo um grau e meio de lado na direção leste-oeste e um grau na direção norte-sul. Os mosaicos, disponíveis em papel comum e fotográfico, cobrem todo o território nacional e encontram-se orga- nizados conforme o Mapa Índice de Re- ferência (MIR) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

UH-1H FAB 8669 4º EMRA, em missão do RADAM, em 27.06.1979 (Foto: Autor)

 

Módulos de alojamentos do Projeto RADAM, em Furnas de Sararé (MT) (Foto: Arquivos C. Galafassi)

 

 

 

PROJETO DINCART – DINAMIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA

 

Em 1978, foi criado o Plano de Dina- mização da Cartografia (PDC/78) para intensificar o mapeamento sistemático brasileiro, com vistas a cobrir plenamen- te todo o território nacional na escala 1:250.000 e o incremento da cobertura na escala 1:100.000 (nas Regiões Centro- Oeste e Nordeste e em parte das Regi- ões Norte e Sudeste), na escala 1:50.000 (nas Regiões Sul e parte do Nordeste e Sudeste) e na escala 1:25.000 (em capitais estaduais).

O Projeto DINCART foi desenvolvi- do a partir de 1979, em decorrência de convênio firmado entre o Ministério da Aeronáutica e o Ministério do Planeja- mento (MP), com a finalidade de que fos- se elaborada uma carta de navegação atu- alizada de todo o Brasil nas escalas acima mencionadas.

As regiões mais inóspitas e de difícil acesso, como a Amazônia e o Centro- Oeste, tiveram esses levantamentos rea- lizados com a colaboração dos helicóp- teros Bell UH-1H do 4º EMRA nos dois primeiros anos e, posteriormente, contou com a participação de helicópteros e tri- pulações do 1º EMRA.

Uma missão típica do DINCART era realizada com a utilização de uma foto na escala de 1:12.000 (um por doze mil) para a navegação, onde os especialistas cadas- travam cada detalhe da área que estava sendo levantada, chegando ao extremo das minúcias, inclusive colocando os no- mes das localidades que realmente eram utilizados pelas pessoas que viviam nas mais remotas áreas levantadas.

Essa parte do Projeto era chamada de reambulação, que logo foi batizada pelos integrantes da Força Aérea como “peram- bulação”, tendo em vista que o voo era levado ao extremo dos detalhes. Os da-

 

dos de altitude, longitude e latitude eram aferidos com dados precisos, com o auxí- lio de satélites, sendo conferidos no mo- mento em que a sua órbita passava pela vertical do ponto em estudo. Tal Projeto prolongou-se até meados dos anos 1980, quando foi concluído por Unidades do Oitavo Grupo de Aviação (8º GAv).

Logomarca (1976 – 1980)

 

 

 

Dist. Op. Ae. Esp. (1973 – 1976)

 

No final de janeiro de 1979, o Esqua- drão Dragão entregou os seus AT-26 Xa- vante para o recém-criado 3º/10º GAv, baseado em Santa Maria (RS). Algumas de suas aeronaves também foram desti- nadas ao 1º/4º GAv de Fortaleza.

O 4º EMRA mudou a sua denomi- nação para 1º/13º GAv, pela Portaria nº R-239/GM3, de 9 de setembro de 1980, subordinada, diretamente, ao COMAT, passando a executar a Tarefa Operacio- nal “Ligação e Observação”. Os seus avi- ões Regente ELO L-42 foram transferi- dos para essa nova Unidade, sediada na BASC, no Rio de Janeiro, porém, os He- licópteros Bell UH-1H foram destinados ao Primeiro Esquadrão do Décimo Pri- meiro Grupo de Aviação (1º/11º GAv), sediado no Guarujá, bem como parcela de seu pessoal. O “Reconhecimento e Ataque” não se faria mais presente.

 

A HERÁLDICA DO 4º EMRA

CORES DAS AERONAVES DO 4º EMRA

 

North American T-6 (1973 – 1975)

 

 

North American T-6 – Vista inferior

 

 

 

 

 

1º emblema (1973 – 1975)

emblema (1975)

3º emblema (1976 – 1980)

North American T-6 – Vista superior

 

North American T-6 (1973 – 1975)

 

 

 

Neiva L-42 Regente ELO (1974 – 1980) Primeiro padrão de pintura (1974 – 1978)

Neiva L-42 Regente ELO (1974 – 1980) Camuflagem adotada a partir de 1978

 

 

 

 

 

 

 

Bell UH-1H Huey (1973 – 1980)

Primeiro padrão de camuflagem

Bell UH-1H Huey (1973 – 1980)

Pintura adotada a partir de 1978

 

 

 

 

AT-26 Xavante (1975 – 1979) – FAB 4554 – avião do então Ten Camazano

 

QUADRO GERAL DOS ESQUADRÕES MISTOS DE RECOHECIMENTO E ATAQUE

 

ESQUADRÃO SEDE Z. AÉREA/COMAR ATIVAÇÃO CÓDIGO
1º EMRA Belém – PA Primeira 10.11.1972 Falcão
2º EMRA Recife – PE Segunda 15.07.1973 Poti
3º EMRA Santa Cruz – RJ Terceira 19.07.1972 Águia
4º EMRA Guarulhos – SP Quarta 13.09.1973 Dragão
EMRA4 Santa Maria – RS Quinta 19.07.1971 Pantera

Fonte: Arquivos do Autor

 

EVOLUÇÃO DOS EMRA – QUADRO GERAL

 

EMRA 8º GAV SEDE COMAR AERONAVE
1º EMRA 1º/8º GAv Manaus (AM) I (atual VII) Bell UH-1H, L-19, U-7A
2º EMRA 2º/8º GAv Recife (PE) II Bell UH-1H, L-42, U-7A
3º EMRA 3º/8º GAv Afonsos (RJ) III Bell UH-1H, AS-330 Puma
4º EMRA 1º/13º GAv Santa Cruz (RJ) III L-42, U-7A
5º EMRA 5º/8º GAv Santa Maria (RS) V Bell UH-1H, L-42, U-7A

Fontes: EMAER, COMGAR, Arquivos do Autor

 

REUNIÕES ANUAIS DA AVIAÇÃO DE ATAQUE

 

 

Com o objetivo de trocar experiências e manter o intercâmbio e a camaradagem entre as Unidades Aéreas de Operações Aéreas Especiais e de Ataque, foram re- alizadas quatro Reuniões Anuais da Avia- ção de Ataque, nas quais foram tratados os seguintes tópicos:

  • Palestras com temas operacionais e de interesse da Aviação de Ataque;
  • Padronização de procedimentos ope- racionais;
  • Avaliação do desempenho do pessoal formado para os EMRA;

 

 

 

4 Mudou a denominação de 4º EMRA para 5º EMRA em 10.11.1972.

 

  • Esclarecimento aos estagiários sobre as futuras unidades em que irão servir;
  • Intercâmbio entre o 1º EIA, Unidade formadora, e as Unidades Operacionais de Emprego, dentre

Cabe realçar que sempre foram enaltecidos os lemas:

“Nem melhores, nem piores, nem diferentes…polivalentes !” “A melhor defesa é o Ataque !”

Capa do Jornal “O Joker” do 1º EIA, com os emblemas dos participantes da 1a Reunião Anual dos EMRA, realizada em dezembro de 1975, em Natal (Coleção: Maj Brig Scheer)

 

 

QUADRO-GERAL DAS REUNIÕES DA AVIAÇÃO DE ATAQUE

 

REUNIÃO LOCAL PERÍODO
Primeira Natal – 1º EIA – CATRE 07 a 10 dez. 1975
Segunda Recife – 2º EMRA 18 a 21 jul. 1976
Terceira Santa Cruz – 3º EMRA 18 a 22 jul. 1977
Quarta Belém – 1º EMRA 15 a 21 jul. 1978

Fontes: Livros Históricos do 1º EIA, do 3º EMRA, do 4º EMRA e Arquivos do Autor

 

MANOBRAS REAIS DA FAB

 

De 1976 a 1978, a FAB realizou três grandes manobras reais, empregando pratica- mente todas as suas Unidades Aéreas, com vistas a adestrá-las em mobilidade, apoio, controle e velocidade, realizando operações aerotáticas, dentre outras.

Os EMRA participaram efetivamente dessas missões e se destacaram nos campos de operação, bem como na aquisição de experiências e adestramento de pessoal. As principais sedes referidas na tabela são as utilizadas pelos EMRA nos eventos.

 

 

QUADRO-GERAL DAS MANOBRAS REAIS DA FAB

 

 

MANOBRA/ANO PERÍODO SEDE PRINCIPAL
 

 

1976

 

 

25 a 30 out. 1976

1º EMRA= Barra (BA) 2º EMRA = B.J.Lapa (BA)

3º EMRA = Uberlândia (MG) 4º EMRA = Uberaba (MG) 5º EMRA = Januária (MG)

1977 02 a 07 out. 1977 São Simão (GO)
 

1978

24 a 30 out. 1978 3º EMRA e 4º EMRA em Montes Claros (MG)

Fontes: EMAER – ECEMAR – Arquivos do Autor

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

64                                            Aviação de Reconhecimento e Ataque na FAB: A Saga dos Guerreiros Polivalentes

 

AGRADECIMENTOS

 

O autor agradece às seguintes pessoas e entidades pelo apoio e colaboração para a elaboração deste Opúsculo, que, sem a colaboração deles, este trabalho ficaria menos completo: Maj Brig José Roberto Scheer, Maj Brig Élcio Picchi, Brig Ivo de Almeida Prado Xavier, Cel Av José Maria Ribeiro Mendes, Cel Av Reginaldo dos Santos Guimarães, Cel Av Fernando da Cunha Machado Costa, Cel Av Celso Galafassi, Cel Av Nelson Luiz Nogueira de Carvalho, Cel Av Joel Fonseca, Ten Cel Esp José Nogueira, SO QAR José de Alvarenga, INCAER, MUSAL, BASP, BASC, BACO, BARF, BANT, PAMA SP, PAMA AF, Rudnei Dias da Cunha

(elaboração dos Desenhos), Paulo Fernando Laux, Mário Roberto V. Carneiro e Martin Bernsmuller.

 

 

 

 

 

 

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Conectando o passado, o presente e o futuro da cultura aeronáutica

 

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